«Sendo a última reserva da soberania, e pilar estruturante da afirmação de identidade nacional, as Forças Armadas devem ser objeto de uma cultura de compromisso e consenso institucional entre as várias forças políticas e os diferentes órgãos do Estado. Não são concebíveis as constantes e soezes intoxicações mediáticas e as cabalas contra estes militares, orquestradas por setores desiguais da nossa sociedade, que fazem ciclicamente dos Comandos o alvo dos seus temores e das suas iras adormecidas, as quais inexplicavelmente, contrariando o obrigatório dever de tutela e a expectável ação de comando são contemporizadas pelo comando do Exército, numa postura consentida ou assumida que se insere em contextos que nada têm a ver com o bem da instituição e daqueles que a servem.
Chegados a este ponto, é lícito que se pergunte quem corporiza estes setores obscuros e qual a extensão das suas metástases no nosso tecido social. Direi que, embora sendo residuais e difusos, a sua implantação é transversal, inclusivé em instituições do Estado, inclusivé no seio das nossas Forças Armadas, mormente entre aqueles que, deslumbrados com o poder, ou com a sua proximidade, perderam a alma - ou, se calhar, nunca a tiveram... Curiosa é a genética similitude da sua retórica, quando explicitamente referem «acabe-se já com os Comandos!», quando pretendem conotar os elementos que constituem essa unidade com uma associação criminosa ou uma organização terrorista, sendo estes militares possuidores de, cito, «um padrão comportamental desviante, movidos por ódios patológicos e irracionais» contra aqueles que não são Comandos. Ou que, aproveitando as boleias e as ironias dos ciclos políticos, tentam apagar a história, reabilitar e até mesmo enaltecer, todos os que, numa das datas mais importantes do século XX português, estiveram do lado errado da barricada, ao serviço de interesses obscuros; e se desdenhem os que, imbuídos do mais supremo ideal, verteram o seu generoso sangue na defesa do chão sagrado onde nasceram.»
Discurso do coronel comando Pipa de Amorim, no almoço de homenagem que militares e civis lhe prestaram, ontem, 8-9-2018, em Lisboa.
Decorreu com grande espírito patriótico a
homenagem de ontem, 8 de setembro de 2018, ao coronel comando Paulo Júlio Lopes Pipa de Amorim que juntou mais de quatrocentos militares e civis, liderada pelo
tenente-coronel comando Pedro Tinoco de Faria (leia-se a desassombrada
entrevista ao jornal i, de 7-9-2018). Participei em solidariedade com a indignação dos militares.
O coronel Pipa de Amorim foi
exonerado, em 8-5-2018, pelo Chefe do Estado-Maior do Exército (CEME), general Rovisco Duarte, de comandante do Regimento de Comandos, por ter elogiado em
discurso, no dia 13-4-2018, em cerimónia na unidade, o comando
Victor Ribeiro, herói da ação militar ordenada pelo Presidente da República contra um golpe de Estado comunista no 25 de Novembro de 1975. Foi uma decisão humilhante, pois o coronel Pita de Amorim foi removido do comando da unidade, antes sequer de um ano dos habituais dois do mandato, com o beneplácito do
almirante Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas e maçon da loja José Estêvão do Grande Oriente Lusitano (GOL) António Manuel Fernandes da Silva Ribeiro. Mas a exoneração desonrosa foi certamente determinada pelo
ministro da Defesa Azeredo Lopes e o primeiro-ministro António Costa do Governo da coligação PS-Bloco de Esquerda-PC, numa atitude vexatória semelhante à da
demissão do digníssimo general CEME Carlos Jerónimo, em abril de 2016.
Veja-se também o
discurso do lendário comando coronel Raul Miguel Socorro Folques durante a homenagem. Destaco:
«Amamos o nosso País. Servimos Portugal e os portugueses. E, em todas as circunstâncias, afirmamo-nos como cidadãos que almejamos uma Pátria mais inclusiva onde prevaleça o sentido ético, a solidariedade entre gerações e o direito à esperança. Onde nunca impere o despotismo e a corrupção.»
A indignação dos militares, dos vários ramos, é tremenda face à humilhação provocada pela
arrogância deste poder socialisto-comunista. Insisto: os militares são servidores, não são serventes! E não são cegos, nem mudos, perante a corrupção do Estado.
As promoções nas Forças Armadas não podem ser determinadas pela filiação na Maçonaria, mas pelo mérito.
A filiação na Maçonaria é incompatível com a condição de militar, muito mais do que a pertença a um partido político.
E os militares devem ser representados por generais que os liderem e defendam, em vez de, por omissão e silêncio, dar azo aos sindicatos de correia de transmissão comunista como a
AOFA (que, como é óbvio não esteve presente nesta homenagem...), uma reedição dos
SUV (Soldados Unidos Vencerão).
Convém que o Presidente da República, enquanto Comandante Supremo das Forças Armadas, intervenha, pondo o Governo em sentido, antes que o ruído do arrastar das espadas se torne ensurdecedor.
* Imagem do crachá dos Comandos portugueses picada daqui.