Está em curso uma campanha socratina subtil para ilibar de responsabilidade política o ex-primeiro-ministro na ruína do Estado. Segundo essa argumentação, José Sócrates teria contratado grandes obras públicas. e incrementado a despesa social. para aplicar uma política de crescimento decidida a nível europeu como resposta à crise norte-americana desencadeada em dezembro de 2007. Portanto, nessa linha de racio-sono subentende-se que Sócrates não o autor de uma política ruinosa, mas o uma vítima do engano e das circunstâncias, devendo, então, ser perdoado pelos portugueses.
Esse argumento foi repetido por Ana Sá Lopes (que o pôs na boca de... Angela Merkel), no i, de 16-11-2012: «por causa da crise financeira desencadeada nos Estados Unidos, e da sua propagação à Europa, os governos europeus desataram a apostar no investimento público para conter o descalabro das suas economias». Mas antes disso, já tinha difundido no livro de David Dinis e Hugo Filipe Coelho, Resgatados - Os bastidores da ajuda financeira a Portugal, Lisboa, A Esfera dos Livros, setembro de 2012, pp. 28-29:
Todavia, a política de obras socraónicas, com recurso às parcerias público-privadas para mascarar o orçamento no curto-prazo - empolando também o défice de 2005, com a vergonhosa projeção Constâncio (apesar de Santana Lopes só ter governado dois meses e onze dias desse ano), para mostrar contenção depois... -, e de agravamento do custo da despesa social, não começou em meados de 2008, por «estratégia comum» dos países da União Europeia, quando se percebeu a dimensão da crise norte-americana do subprime. Uma crise que, ao contrário, reclamava solidez financeira dos Estados em vez de agravamento de défices e da descida consequente dos ratings da dívida soberana. A política despesista começou logo após 12 de março de 2005 quando José Sócrates tomou posse. Sócrates não foi iludido, nem a política de obras públicas faraónicas impingida pela União Europeia. O motivo dessa política ruinosa foi fungível e tornou-se evidente na corrupção de Estado que assolou esses governos desastrosos.
* Imagem picada daqui.
Atualização: este poste foi emendado às 23:08 de 2-12-2012.
Limitação de responsabilidade (disclaimer): As entidades referidas nas notícias dos média, que comento, não são, que eu saiba, suspeitos ou arguidos do cometimento de qualquer ilegalidade ou irregularidade; e mesmo se, e quando, alguém é constituído arguido goza do direito à presunção de inocência até ao trânsito em julgado de eventual sentença condenatória.
Esse argumento foi repetido por Ana Sá Lopes (que o pôs na boca de... Angela Merkel), no i, de 16-11-2012: «por causa da crise financeira desencadeada nos Estados Unidos, e da sua propagação à Europa, os governos europeus desataram a apostar no investimento público para conter o descalabro das suas economias». Mas antes disso, já tinha difundido no livro de David Dinis e Hugo Filipe Coelho, Resgatados - Os bastidores da ajuda financeira a Portugal, Lisboa, A Esfera dos Livros, setembro de 2012, pp. 28-29:
«Na véspera da reunião de 7 de maio [de 2010], Sócrates telefonou a Merkel para a tentar convencer de que a situação era muito grave e de que eram necessárias medidas decisivas da Europa para conter o fogo grego.
A alemã mostrou-se irredutível.
O primeiro-ministro sabia que a sua última hipótese era Nicolas Sarkozy. Só o Presidente francês podia forçar uam resposta determinada de outros líderes europeus.
Quando chegou a Bruxelas, sexta-feira, estava há três dias sem conseguir dormir [sic!]. Ao início da tarde, uma hora antes da cimeira, encontrou-se a sós com Sarkozy. «Este é um momento de verdade para a Europa», disse-lhe.
Era o tudo ou nada.
Quando Trichet terminou a sua intervenção, Sarkozy não perdeu tempo. O Governador não fora brando a culpar os políticos à mesa pela situação de emergência e reclamou a necessidade de manter as contas sob estrito controlo. O Presidente francês não gostou a lembrou que no último Conselho não tinha ouvido do presidente do BCE uma palavra contra a estratégia comum de resposta à crise financeira de 2008: o expansionismo orçamental.
Sarkozy desafiou ainda Trichet a seguir o exemplo da Reserva Federal Americana e do Banco de Inglaterra e a usar o poder ilimitado do BCE para comprar dívida dos Estados, sempre que os mercados exigissem taxas demasiado altas.» (Realce meu)
Todavia, a política de obras socraónicas, com recurso às parcerias público-privadas para mascarar o orçamento no curto-prazo - empolando também o défice de 2005, com a vergonhosa projeção Constâncio (apesar de Santana Lopes só ter governado dois meses e onze dias desse ano), para mostrar contenção depois... -, e de agravamento do custo da despesa social, não começou em meados de 2008, por «estratégia comum» dos países da União Europeia, quando se percebeu a dimensão da crise norte-americana do subprime. Uma crise que, ao contrário, reclamava solidez financeira dos Estados em vez de agravamento de défices e da descida consequente dos ratings da dívida soberana. A política despesista começou logo após 12 de março de 2005 quando José Sócrates tomou posse. Sócrates não foi iludido, nem a política de obras públicas faraónicas impingida pela União Europeia. O motivo dessa política ruinosa foi fungível e tornou-se evidente na corrupção de Estado que assolou esses governos desastrosos.
* Imagem picada daqui.
Atualização: este poste foi emendado às 23:08 de 2-12-2012.
Limitação de responsabilidade (disclaimer): As entidades referidas nas notícias dos média, que comento, não são, que eu saiba, suspeitos ou arguidos do cometimento de qualquer ilegalidade ou irregularidade; e mesmo se, e quando, alguém é constituído arguido goza do direito à presunção de inocência até ao trânsito em julgado de eventual sentença condenatória.