Referiram-me que
Manuel Carvalho da Silva,
coordenador/secretário-geral da CGTP-Intersindical de 1986 a
Janeiro de 2012,
dirige agora a extensão de Lisboa do Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra. Fui procurar e confirmei. Verifico os factos e os laços, fundamento e concluo.
O
CES Lisboa é uma emanação capital do centro
fundado em 1978 e dirigido, desde então, pelo
Prof. Boaventura de Sousa Santos, na Universidade de Coimbra, quando derivou da Faculdade de Direito em que, de 1965 a 1969, não progredia academicamente para o novo domínio da Sociologia, na Faculdade de Economia, após mestrado e doutoramento nos EUA (Yale). Boaventura de Sousa Santos, com doutoramento em Sociologia do Direito, é também o criador, em 1996, e coordenador científico do
Observatório Permanente da Justiça Portuguesa (OPJ) no CES da Universidade de Coimbra. Da análise de desempenho dos tribunais e de outros órgãos de justiça, no Observatório, o CES passou a acumular a formação. E assim, nessa heterodoxia de avaliação (no Observatório) e de formação no mesmo organismo,
o CES coimbrão desceu à capital, em 2011, criando aí uma
extensão, no luxuoso Picoas Plaza, onde realiza cursos, com a colaboração do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público e da Associação Sindical dos Juízes Portugueses, no seu Programa de Formação Avançada Justiça XXI, nomeadamente um
curso sobre Acidentes de Trabalho, co-coordenado pelo Doutor Manuel Carvalho da Silva, aí descrito como pertencendo ao «CES/OPJ», além de um
curso sobre Regulação e Contraordenações.
O Prof. Boaventura Sousa Santos, catedrático jubilado (tem 71 anos), é um prolífico e heterodoxo sociólogo - veja-se o seu raro
Discurso sobre as Ciências, Afrontamento, 1987 ou
Crítica da Razão Indolente, Afrontamento, 2000, e em contraponto António-Manuel Baptista com
O Discurso Pós-Moderno contra a Ciência - Obscurantismo e Irresponsabilidade, Gradiva, 2002 e ainda
Crítica da Razão Ausente, Gradiva, 2004 - mas também o
mentor da esquerda radical pós-marxista. Situa-se numa plataforma giratória entre a esquerda do PS, o Bloco e o PC heterodoxo.
Uma
network constituída pelo PS esquerdo, Bloco direito e PC heterodoxo, pelo ISCTE de Lisboa e CES de Coimbra, pela Câmara de Lisboa e com um pé na máquina governativa socialista quase intacta na administração pública, com
financiamento público (!) e de grupos privados beneficiados pelo socratismo, e a
caução da Maçonaria do Grande Oriente Lusitano. Uma
network de que é mentor operacional (aos
87 anos!), desde sempre,
Mário Soares, mas na qual é central a
fação férrica, que organiza José António Vieira da Silva, em que prepondera na sombra Paulo Pedroso, a qual também integra o seu irmão João Pedroso (
CES e ao
OPJ). Uma
network que projeta a tomada do PS e do Governo, com a liderança de António Costa (engrossada taticamente pelo socratismo)
, e a reconquista da presidência da República, através de Carvalho da Silva.
Manuel Carvalho da Silva foi escolhido para «
coordenador do CES Lisboa», em 2011, conforme se pode ler na sua
página do Centro de Estudos Sociais, Laboratório Associado da Universidade de Coimbra. O seu
currículo, que terá dado um trabalhão a fazer, é longo e muito rico. Manuel Carvalho da Silva
doutorou-se em 13-7-2007 no ISCTE, numa tese orientada pelos professores António Firmino da Costa, do ISCTE, e Manuel Carlos Silva, da Universidade do Minho. António Firmino da Costa é um investigador do
Centro de Investigação e Estudos de Sociologia (CIES) do ISCTE,
amigo de Paulo Pedroso e seu colega no CIES, no
Observatório das Desigualdades, que dirige. A tese decente, que
comentei, elaborada quando Carvalho da Silva tinha a pesada direção da CGTP, cita mais vezes o Dr. António Monteiro Fernandes - autor (ó inclemência!...) do novo Código do Trabalho socialista e ex-secretário de Estado de Guterres - do que Cunhal, Marx ou Lenine, além de citar outros socialistas, como o soarista António Barreto ou os socratinos Augusto Santos Silva e Maria Manuel Leitão Marques (mulher de Vital Moreira). Uma tese que, obviamente, não podia ser orientada pelo próprio Paulo Pedroso, todavia
presente na sua defesa.
Heterodoxo do PC, aliado, há muito, da fação férrica, através da
ISCTE connection, utilíssimo na contenção, em Abril de 2008, do levantamento dos professores (ver
Expresso, de 21-4-2008),
vendidos nesses acordo iscteano e na
tentativa de consenso no novo Código do Trabalho socialista, apoiante
declarado da candidatura de António Costa à Câmara Municipal de Lisboa em 2009, Carvalho da Silva saíu de véspera da órbita tática de Sócrates, onde os ferristas se aninharam nesses anos sombrios. Sobre estas relações veja-se o meu poste «
Os Silvas», de 4 de julho de 2008, no qual denunciei o plano que estava em marcha de aliança frentista da esquerda (PS, Bloco e PC). Em contraste com o Lula brasileiro, que
confessava, em 1979, apenas ler os prefácios dos livros,
o Prof. Doutor Manuel Carvalho da Silva, docente de licenciaturas, mestrados e doutoramentos,
não padece da habitual subalternidade académica das figuras da esquerda: é tão
catedrático como Marcelo; doutorado face aos
honoris causa, mas licenciados, Durão Barroso e Guterres (e Ferro, que nem
honoris causa tem); e com tese de doutoramento rigorosa no ISCTE face à licenciatura manhosa de Sócrates. O ex-líder da CGTP, de 63 anos, estava preparado para ser o Lula de Mário Soares para lançar à eleição presidencial de 2011, mas o plano falhou devido à ruína financeira do Estado - e da esquerda... - provocada pelo socratismo. Mas a estratégia foi reciclada e refinada.
Manuel Carvalho da Silva, com um passado de líder sindical,
militância católica da juventude (e com ótima relação com o chamado
setor progressista da Igreja,
como D. Januário Torgal Ferreira), com pergaminho antifascista - em breve ex-comunista -, doutorado pelo ISCTE,
professor catedrático convidado da Universidade Lusófona e investigador universitário, dirigente de instituto social (CES Lisboa), tem o currículo certo - sindical, político e... académico - para, num contexto previsível de ruína económico-social, ser o
candidato frentista da esquerda à eleição presidencial de 2016, com o apoio do PS de António Costa, o
entusiasmo do Bloco de Louçã e a azia, medicada por sais de fruto, do PC. Uma desgraça nunca vem só.
* Imagem picada daqui.
Atualização: este poste foi atualizado e emendado às 14:49 e 16:04 de 15-3-2012.
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