A pergunta já estava sumariamente respondida, num diagnóstico duro da realidade política portuguesa que fiz nos postes «Criar as condições de mudança cultural e política», de 25-2-2018, e «Regras e caos: o exemplo de Jordan Peterson», de 5-3-2018. Mas é vantajoso sumariar e depois desenvolver.
A democracia direta, que tenho defendido, continua a ser o sistema necessário para o exercício da intervenção política. Contudo, não pode esperar-se que um sistema corrupto decida regras (as da democracia direta) que o destroem. Portanto, não pode esperar-se que o sistema se reforme, tem de ser revolucionado a partir de fora.
E seria leviandade crer que o estabelecimento de regras e a sua aplicação, por si, bastariam para tornar virtuosos homens viciados no crime e instituições degeneradas na corrupção. Ao contrário, a experiência recomenda que se ajustem os valores, se lute para alcançar o poder e, só então, se proceda à reforma das leis. Porque os protagonistas corruptos e servos - mesmo enquanto líderes!... - da longa e ramificada cadeia de corrupção, jamais consentem a alteração que os afaste.
Tal como seria ingenuidade acreditar que a conquista do poder por homens virtuosos chegaria para garantir o funcionamento escrupuloso do Estado de direito democrático no médio prazo. Como advertência, lembre-se o aforismo de John Emerich Edward Dalberg Acton, em carta a Mandell Creighton, citado por J. Rufus Fears, in Selected Writings of Lord Acton, Volume III, Indianapolis, Liberty Classics, 1988, p. 519: «O poder tende a corromper e o poder absoluto corrompe absolutamente». Para limitar as tentações, será depois preciso alterar a Constituição, as leis e a sua aplicação, para estabelecer um sistema de democracia direta, que garante o escrutínio rigoroso do governo e das instituições.
Em consequência, se o sistema partidário português está dominado pela corrupção, e amparado pela desumanidade da maçonaria, importa definir e executar um programa patriótico gradual:
- Traçar um vetor ideológico e político.
- Criar os meios.
- Organizar as hostes.
- Combater.
* Imagem picada daqui.