domingo, 25 de fevereiro de 2018

Criar as condições de mudança cultural e política

Estátua de Diógenes.
Em Sínope, cidade que atualmente pertence à Turquia.


Tal como Diógenes de Sínope, na história com que meu pai me prevenia, andei demasiado tempo com uma lanterna à procura de um homem. Todavia, o cínico grego sabia que não o encontraria, e servia-se da lanterna para mostrar que não havia; eu, crédulo como sempre fui, confiava descobrir um homem, um líder. A minha convição era a de que esse homem (ou mulher) existia. Só podia existir!... E, quando me desenganava, era em mim que via a culpa: tinha de procurar mais e melhor. Perguntava a pessoas de valor que entretanto fui conhecendo, onde havia tal pessoa, mas ninguém sabia. Pior: nos meados dos anos 2000, confesso, que até ficava aliviado quando das personalidades de renome, me diziam de algum: «esse é só viciado na droga, não é pedófilo, nem corrupto»!...

Também quando menino, ia à noite, de lanterna de petróleo, na quinta, de casa da avó até ao barracão ajudar o Ti' Chico a «tirar a corrêa» do castanho com que este Amigo, alentejano da raia, fazia canastras... Em miúdo, levava a lanterna para não me perder; já graúdo, usava a lanterna para achar... Da noite, passei para o dia, nunca largando a lanterna. Perdi-me, muito, nas minhas fraquezas, e não encontrei nenhum humano que merecesse seguir.

No beco dessa desilusão - onde sempre Deus me consolava -, abriu-se-me o sentido de que não era aos outros que devia pedir que fizessem, mas eu, e quem comigo fosse, que devia lutar. Em combate leal, nestes anos de esperança e fel, que se estenderam desde 2003, com desprezo do conforto, dos bens e da própria vida, e a ajuda de companheiros encontrados nas jornadas e a graça de Deus, venci sucessivos adversários no terreno. Porém, após batalhas e incursões, fui embatendo contra a muralha do sistema, sem meios de valia além da força de caráter. Cheguei, na reflexão das madrugadas em que se limpam as armas, à conclusão de que precisava de criar as condições para que o Bem pudesse tomar o castelo dominado pelo Mal. Pois, se não tinha representantes das ideias, e se até os bispos evitavam o púlpito e frequentavam as maçonarias, onde buscaria a palavra, a vontade e a ação?...

O contexto atual é muito desfavorável para a intervenção patriótica tomar imediatamente o poder:
  • uma cultura envolvente de dissolução social;
  • uma Igreja muda e batida internamente pelo ventos do tempo incerto;
  • um ataque sistemático à criação popular de riqueza no turismo;
  • uma pressão fiscal insuportável sobre as empresas, modernizadas, adaptadas ao palco da moeda forte e internacionalmente competitivas pelo efeito acumulado do avanço educativo do País, passadas três décadas de crise económica estrutural;
  • os meios de comunicação sujeitos ao poder político corrupto; 
  • um governo socialista-comunista que vai consolidando suavemente a sua agenda cultural;
  • um presidente que parece reconvertido da tentação mefistofélica que o desorientava, mas que não governa.
  • os partidos da pós-direita conluiados com o poder político da esquerda, na bancocracia, nos negócios, nos contratos de Estado e nos incentivos;
  • uma ocupação do aparelho de Estado pelos militantes dos partidos de esquerda,  tal como em 1975;
  • a domesticação gramsciana das organizações da sociedade civil;
  • o previsto derrube da independência judicial;
  • e, em resultado de todas estas contradições morais e políticas, uma maioria eleitoral socialisto-comunista.

Muito gostaria que outros aceitassem a chamada do bom senso íntimo, que lhes pula na consciência, de que não há rios nem santanas, nem mesquitas (!) nem cristas, que queiram derrotar o pós-modernismo herdeiro do comunismo, repor os valores cristãos, reduzir o compadrio da maçonaria aos ágapes rituais, promover o trabalho e a criação de riqueza sobre a distribuição da massa falida, governar com escrúpulo e rigor, em suma, servir a Pátria.

Não é crível que a situação atual se inverta no curto e no médio-prazo e permita a recuperação do poder. Então, importa ao setor patriótico criar as condições de mudança cultural e política. Somos nós que temos de trabalhar para criar essas condições de mudança! Nesta cruzada estou.


Pós-texto: este poste foi emendado às 22:36 de 25-2-2018.


* Imagem picada daqui.

12 comentários:

Anónimo disse...

Isto é o discurso da derrota. Já persentiamos isso há algum tempo. O Prof. Balbino Caldeira optou pelo saláriozinho, pois tem que pagar as custas judiciais e os empréstimos ao banco. É o que se chama, ficou-se pelas arrecuas. Registamos esta cedência em toda a linha. Parece até um colaboracionista de Vichy.

Anónimo disse...

Só em Portugal é a pasmaceira do costume, os carneiros dos tugas aceitando que os levem para o matadouro, silêncio dos inocentes.

Anónimo disse...

Portugal até como povo faliu. O que aconteceu este ano no Verão, obrigava qualquer povo com duas vértebras intactas a ir para a rua. E a exigir governo. Está quieto, estava calor e a praia tão boa.

Anónimo disse...

Caro professor.
Embora nem sempre tenha concordado consigo, não há dúvida que pôs em prática aquilo que apregoa “...abriu-se-me o sentido de que não era aos outros que devia pedir que fizessem, mas eu, e quem comigo fosse, que devia lutar.”, e por isso conta com a minha admiração.
São muito poucos os que estão dispostos a se sacrificar, nem que seja para se manterem verticais e/ou preservarem algum amor próprio, quanto mais para o bem geral.
São já muitas décadas a investir no desregramento, na desregulamentação, no culto do grotesco, etc, etc, e, muitos triliões gastos para que chegássemos onde chegamos. Foi, é e será, uma luta muito desigual e muito penosa, para aqueles que querem tentar deixar aos seus descendentes, porque os amam, uma humanidade mais digna desse nome. Houve, há e haverá sempre mais primatas, que só o seu umbigo é que conta, em posições importantes.
Apenas uma amostra
https://www.youtube.com/watch?v=YUYCBfmIcHM
Carlos
PS
Yuri Besmenov
https://www.youtube.com/watch?v=RS8LA-5fmrs

Vladimir Bukovsky (eu já vivi o teu futuro e não funcionou)
https://www.youtube.com/watch?v=m41Tdl5mvdg

Anónimo disse...

No dia em que a revista Donne Chiesa Mondo, uma revista do jornal oficial do Vaticano, o Osservatore Romano, sobre as mulheres na Igreja, publicou um artigo em que denuncia a “servidão” e o trabalho gratuito de freiras ao serviço de bispos e cardeais, a responsável portuguesa confirma já ter assistido a várias situações do género, e sublinha: “Agora foi notícia, mas isto não é, de todo, uma situação nova”.

“Uma vez vi uma fotografia de um cardeal que ia para uma grande celebração e ao lado dele ia uma freirinha só para segurar o chapéu dele”, exemplifica, em declarações ao Observador.

Anónimo disse...

Centro de Informação Europe Direct de Santarém, que funcionava e era uma iniciativa acolhida no Instituto Politécnico de Santarém (IPS), vai encerrar. O IPS viu ser rejeitada pela representação nacional da Comissão Europeia a candidatura que efetuou para renovar o acordo de acolhimento desta estrutura.

lusitânea disse...

O sistema não deixa o zé povinho mijar fora do penico deles.Agora os trabalhadores o que alegadamente mais querem é ter um capataz escurinho...

Anónimo disse...


Força Portugal ! Contra a colonização americana, contra a subserviência bruxelista, contra a escravatura da NATO, contra a União Europeia dos comissários irresponsáveis e dos bancos israelitas. Amizade e cooperação com os povos livres da Europa, senhora do seu destino ! Portugal não pode tornar-se em mais uma Disneytândia ! Yankees go home ! Yankees go home ! Yankees go home !

Anónimo disse...


Esquecia : sim à amizade e cooperação com a Rússia cristã de Vladimir Putin, e não ao belicismo da república maçónica dos Estados Unidos da América e da NATO, o seu braço armado, que representa, hoje em dia, a principal ameaça para a paz do mundo.

Anónimo disse...


Importante :

https://sputniknews.com/analysis/201803031062194607-russian-nuclear-weapons-upgrade-geopolitics-analysis/

Anónimo disse...

Supremo Tribunal Federal deve analisar a ação encaminhada pela defesa de Roberto Francisco Daniel, conhecido como "Padre Beto", que questiona a forma como ele foi excomungado pela Igreja Católica, em processo realizado pela Diocese de Bauru (SP) em 2013.

A decisão da igreja foi tomada após a divulgação de vídeos na internet nos quais o padre defendia temas polêmicos, como a união entre homossexuais, fidelidade e necessidade de mudanças na estrutura da instituição.

Anónimo disse...


Qual pode ser o lugar de um padre ex-católico que não respeitou a doutrina da Igreja ? Excomungou-se a si próprio. Não respeitou as regras do jogo. Pôs-se fora. Este senhor é adulto ou não é ? Mais : estamos um pouco fartos de tantas histórias de "padres" e "bispos" pró-homossexuais e pró-pedófilos. Já chega! Vão brincar entre si. Façam uma nova igreja entre si com irmãs lésbicas (que também há). Pouah!