A véspera do novo Ano é o momento de um balanço das batalhas, por Deus e pela Pátria, de 2011 em que, Do Portugal Profundo, participámos: o lavrador desta jeira, os comentadores, as fontes e os leitores. Entrámos em todas as batalhas que entendemos serem decisivas ou cruciais e não retirámos do campo, como se fazia na Idade Média para assentar a vantagem. Batemo-nos com um empenho muito maior do do que as nossas forças prometiam e os riscos aconselhavam. E sempre, procurando lutar com verdade e com honra: a única forma de combater. No resultado das batalhas, de que o ano que finda foi apenas mais uma campanha de uma longa guerra de usura, o contributo visível que, por aqui registámos e por aí, invisível, por eficácia, omitimos, é apenas o de uma cana agitada, sujeita ao vento da história que nos compele a brandi-la. Entre outras, destaco as seguintes vinte batalhas patrióticas que acelerei (por aqui não travamos...) em 2011 e o seu resultado:
- Reevangelização: uma batalha longa, cujo ganho tem sido a tomada de consciência de que nós, os católicos, já arrancaram do fundo, comecaram a assumir-se e estão em crescendo no combate cultural.
- Reeleição do Prof. Cavaco Silva como Presidente da República: a vitória foi instrumental na nossa guerra de dessocialistização do Estado e do País. O trabalho de protecção e reeleição, que não renego e ainda não desisti de que venha para o caminho justo, durou cinco anos - no livro «Acredito nos Portugueses: Campanha eleitoral de Aníbal Cavaco Silva - Presidenciais de 2011», de Março de 2011, é feita referência ao produto deste blogue. Com a mesma responsabilidade patriótica, não concordamos com a penosa complacência bloco-centralista (!) face ao sistema: nomeadamente a manutenção do procurador-geral da República Dr. Fernando Pinto Monteiro ou o silêncio perante a continuação dos dirigentes dos serviços de informação. Se o Governo não tem confiança no procurador-geral deve pedir a sua exoneração ao Presidnete da República e este deve aceitá-la. Por outro lado, é intolerável que, num Estado de direito democrático como formalmente é o nosso, existam cidadãos cumpridores da lei que, na vigência dos dois governos anteriores socialistas, tenham sido objecto de registo, intercepção electrónica, escuta, intrusão, vigilância (e ostensiva...), infiltração, perseguição, ameaça e tentativa (ai a roda da minha sorte...), clandestinamente, por estruturas de informação sem competência legal, através de agentes, colaboradores, dirigentes operacionais e mandantes. Louva-se a limpeza dos serviços de informação do Estado, realizada no final de Dezembro de 2011, e espera-se que seja total, expulsando os quadros e operacionais comprometidos com o socratismo, além de dever ser substituído o dirigente do Sistema que, de forma inédita, se manteve em funções - é absurdo que a tomada do poder nos serviços de informação demore seis meses!...
- Apoio à autonomia do poder judicial face ao controlo sistémico do poder político e denúncia dos casos Face Oculta, Universidade Independente, etc. A autonomia do poder judicial é agora maior, após a derrota de Sócrates, mas ainda falta o desmantelamento do socratismo, na cúpula da magistratura judicial e do Ministério Público, dos seus dependentes e antenas, e devemos permanecer vigilantes para prevenir que o novo poder sucumba à tentação de manter o controlo sistémico com novas moscas.
- Denúncia do enterramento de cerca de 5 mil milhões de euros de dinheiro público no BPN (um banco que valia apenas 2% do sistema bancário português), com o propósito de obter informação comprometedora sobre o Presidente da República. Falta a responsabilização política dos autores da nacionalização e a responsabilização judicial face aos indícios apresentados.
- Derrota do socratismo: culminando uma luta persistente que aqui vem desde 22 de Fevereiro de 2005, Sócrates pediu a demissão em 23-3-2011 e perdeu a eleição de 5 de Junho de 2011.
- Desmantelamento do socratismo: responsabilização judicial de todo e qualquer duvidosa parceria público-privada, e de todo e qualquer contrato que suscite dúvidas, e envio para investigação do Ministério Público de todos os indícios apurados sobre condutas de governantes; e barrela geral do Estado, com substituição de todos os dirigentes socratinos. Previ em 15-1-2011, neste blogue que «o chefe» ficaria na «posição pária de homeless billionaire, errante, desprezado e só»: não me enganei sobre a afuga e o exílio, nem sobre o nojo que o povo sente, mas ainda falta cumprir o isolamento de Sócrates. O socratismo, sem Sócrates, é um tigre de papel.
- Denúncia da ruína socratina do Estado: após demorada campanha de esclarecimento, o povo compreendeu finalmente a gravidade do problema, visível nos vários PECs, ainda que muitos, pecos, ainda não se tenham arrependido do apoio dado a Sócrates, também por culpa da omissão do novo Governo na denúncia dos desmandos socialistas. Falta ordenar e realizar a auditoria geral das contas públicas, para cálculo da factura socialista e envio para o Ministério Público de todos os indícios de corrupção encontrados. A responsabilização judicial que pretendo não é sequer pelas despesas sem cabimento orçamental, mas pela corrupção.
- Persuasão do povo sobre a condição de protectorado de Portugal, sujeito às imposições da União Europeia (e do seu directório alemão), pela Comissão e Banco Central Europeu, e Fundo Monetário Internacional (FMI). A venda, já no consulado Passos Coelho, em 22-12-2011, do grosso da participação do Estado na EDP (21%) à empresa chinesa Three Gorges é uma excepção, de agilidade diplomática, que se saúda, face à subserviência face aos interesses alemães e à política europeia, de tutela germânica, cambial e comercial ruinosas para um país pobre e pouco competitivo economicamente. Importa clamar que, debaixo desta política cambial de euro forte e política comercial de mercado aberto às importações de produtos, como têxteis e calçado, que concorrem com os portugueses na União Europeia, mas de restrição alfandegária à importação de automóveis (como os Tata indianos e os Changan chineses) e de outros produtos em que preponderam a Alemanha e a França.
- Denúncia de fraude eleitoral na eleição do Presidente da República, de 23-1-2011, para lhe retirar legitimidade, através da «trapalhada das alterações de local de voto e de mudança do número de eleitor nesta eleição sem prévia comunicação directa aos eleitores, a propósito da substituição do bilhete de identidade pelo Cartão do Cidadão» - cerca de 270.875 (3,26% de votantes eventualmente impedidos de votar) e cerca de 1.108.623 eleitores-fantasma; e denúncia da discrepância entre os números oficiais do Tribunal Constitucional e os números do Governo (Direcção-Geral da Administração Interna) - o Tribunal Constitucional considerou menos 113.247 eleitores inscritos e menos 60.448 votantes do que a DGAI. O resultado foi... o abafamento da fraude eleitoral - em vez da Comissão Nacional de Eleições, ou o Presidente da República, remeterem o caso para inquérito do Ministério Público -; mas também o acolhimento contra-vontade do alerta sobre a necessidade de corrigir o recenseamento eleitoral, eliminar os eleitores-fantasmas e registar todos os votos dos eleitores - em vez de calculadoras e Excel (com colunas dançantes e votos omissos de assembleias e concelhos, no Portugal de 2011!...), apesar do contrato com a Critical Software para a elaboração e manutenção do sistema de apuramento de resultados eleitorais em Portugal...
- Apoio à causa da Vida. A promessa nuancée de Passos Coelho de um novo referendo sobre o aborto parece ter sido afastada pelo insuspeito ministro da Saúde. Dr. Paulo Macedo e não consta que nada tenha sido feito para prevenir o abuso da própria lei do aborto (abortos para lá do prazo, aborto repetidos como método displicente de planeamento familiar, subsídio de maternidade para quem aborta, pagamento pelo Estado dos abortos cirúrgicos, prioridade ao aborto sobre o tratamento e internamento de grávidas, etc.). O Parlamento debate as mães de aluguer e o testamento vital, mas desprezou uma petição de mais de oitenta mil portugueses sobre procriação medicamente assistida. Este Governo não parece sensível a reinstaurar o valor da vida, sequer a promover um debate sobre a sua protecção.
- Denúncia do bloco-centralismo sistémico, através do garrote do financiamento eleitoral, da corrupção de Estado, dos dossiês de informações socratinas, do pacto tácito de não agressão governamental ao socratismo. Neste sentido, escrevi uma carta-aberta ao Dr. Passos Coelho, presidente do PSD, a lamentar o convite a Mário Soares, em Agosto de 2011, para ser orador na Universidade de Verão da JSD. Mário Soares que tem procurado apadrinhar uma linha bloco-centralista do Governo, de aliança com o socialismo instalado no aparelho de Estado.
- A denúncia caso das viagens da Procuradoria-Geral da República entre 2008 e 2010. Se para o povo e os partidos, com excepção do Partido Socialista, o procurador-geral há muito tempo que deveria ter sido exonerado, institucionalmente a erosão de mais este caso foi acomodada.
- No novo Governo, o problema não está nas pessoas, mas na política. Dos cinco objectivos que tracei para o novo Governo - auditorial geral das contas públicas, responsabilização judicial do socratismo, barrela geral do Estado, renegociação das parcerias público-privadas (sob ameaça de envio dos negócios para o Ministério Público) e défice zero - os socialistas mantém-se ao comando do aparelho de Estado, agora já sem a desculpa da necessidade de aprovação das leis orgânicas dos ministérios, e apenas se caminhou alguma coisa na redução do défice, mas à conta de salários e pensões (nada de diminuição da despesa com parcerias, nem moratória nas obras públicas, nem recusa de finaciamneto dos prejuízos bancários privados). Está longe, sequer a perspectiva de resgate da nossa dívida que é condição de soberania. Na prática, o socialismo continua, com especial vigor nas informações, nas cúpulas judiciais, na administração pública, na economia, na segurança social e no emprego, na energia, e ainda durando na educação (porquê?!...). A excepção parece estar na Saúde, assolada pela promiscuidade público-privada, onde o ministro parece ir cortando o despesismo socialista. Vivemos, em Portugal, na União Europeia e nos EUA, numa bancocracia de tom socialista, onde a prioridade é a nacionalização dos prejuízos dos bancos privados.
- Denúncia do escândalo das Novas Oportunidades. Uma iniciativa socialista, que continua a durar e dirigida pela facção ex-férrica, do ex-ministro José António Vieira da Silva. Uma iniciativa avaliada pela própria facção que a comanda e com a ponte nos socialistas que imperam nesta área da União Europeia. Não pode haver qualquer compromisso com as Novas Oportunidades, senão o seu encerramento. Depois, importa reactivar o ensino profissional, com avaliação exigente das entidades que o ministrem, e sem negligência dos alunos que o frequentem. A subvenção da cabulice, em que o jovem aplicado nada recebe do Estado, mas se bardar-se recebe subsídio de alimentação e deslocação, tem de acabar de vez.
- Condenação da brincadeira do separatismo madeirense, que jamais deve ser voltar a ser usado para obter concessões do Governo da República; bem como da despesa à margem da lei, tal como fiz com o Estado central.
- A crítica implacável dos casos Duarte Lima (relativo ao alegado homicídio de Rosalina Ribeiro), Oliveira e Costa, Dias Loureiro e Isaltino Morais (de alegada corrupção), como fiz com os casos socialistas. Como sempre, aqui vigora a máxima de que a corrupção não tem cor.
- Em Julho de 2011, o regresso do caso da licenciatura rocambolesca de José Sócrates na Universidade Independente, com as revelações de docentes (também em 21-12-2011) e funcionários no julgamento em curso de dirigentes daquela universidade privada que o Governo Sócrates encerrou 18 dias (!) após surgir no Público o caso da licenciatura do primeiro-ministro, que denunciei em Fevereiro e Março de 2005, e do livro «Processo 95385» (em Novembro de 2011), do ex-vice-reitor Rui Verde. Sócrates foi convocado para depor, como testemunha, no dia 9 de Janeiro de 2012 no julgamento de dirigentes da Universidade Independente.
- A renovação da direcção da Igreja Portuguesa e das suas instituições mais influentes (Universidade Católica e Rádio Renascença) continua em suspenso. A cor púrpura genuína continua desmaiada em rosa no Patriarcado, e nas instituições dependentes - e mantém-se a política de detente (ou promiscuidade com a Maçonaria). D. José Policarpo aproveitou, em Maio de 2011, o movimento que D. Antonio Maria Rouco Varela fizera dois meses antes, e candidatou-se já no limite de idade a presidente da Confeferência Episcopal Portuguesa, provocando em consequência a sua continuidade à frente da diocese de Lisboa por mais dois ou três anos. O Vaticano sacrificou Portugal à Espanha e consentiu este capricho, pela necessidade de manter a delicada situação num país que tem quatro vezes mais almas e muito maior poder dentro da própria Igreja. Temos de esperar mais dois anos por D. Manuel Clemente que, em nome da unidade da Igreja, decidiu não afrontar a pré-candidatura de D. José Policarpo.
- O projecto de criação um jornal digital da direita moderada cristã não encontrou ainda o apoio e a coragem suficiente, mas a esperança mantém-se. É a melhor iniciativa para balançar o poder socialista de matriz anticlerical que continua a imperar no País, apesar da mudança formal de cor do executivo.
- O caso da admissão de José Sócrates na Sciences Po, em Paris, levantado por Paulo Pinto Mascarenhas e que aqui desenvolvi, continua a carecer de esclarecimentos, que aquele instituto universitário parisiense se recusa a dar, e de necessário inquérito independente. Há dois dias, o José da Loja descobriu uma referência na cache da página da Wikicem sobre José Sócrates (essa página já não funciona) a seguinte referência, datada de 3 de Outubro de 2011: «He is currently studying at Sciences Po Paris, doing a master in european affairs» (ou seja, um mestrado em assuntos europeus). Essa informação contrasta com aquela de Pierre Léglise-Costa, em 3-11-2011, na apresentação da conferência de Sócrates em Poitiers, de que o ex-primeiro-ministro estava na École Doctorale da Sciences Po, a estudar «Teoria e Filosofia Política» (sic), curso que não existe (o que existe é o Doutoramento em Ciência Política, com dois anos de parte curricular de mestrado em Ciência Política - menção Teoria Política, necessária a quem, como Sócrates não tem mestrado). Sempre o mesmo padrão: quando mais buscamos, mais porcaria aparece. Não seria melhor a Sciences Po esclarecer, de vez, as questões pendentes sobre a admissão, e condições de frequência, de José Sócrates?...
Não prevejo que 2012 seja mais doce ou fácil. Mas prometemos trabalhar, aqui e noutros sítios, para a recuperação de Portugal, do seu povo e dos seus valores. Se mantivermos a luta, qualquer que seja o desfecho temporário, como é da vida (e da morte), a vitória cumpre-se. Ano Bom.
Actualização: este poste foi actualizado às 10:10 e 10:37 de 31-12-2011.
* Imagem picada daqui: J. Pedro Gomes, Capelas Imperfeitas, Convento de Santa Maria da Vitória, 2009.
Limitação de responsabilidade (disclaimer): As entidades referidas nas notícias dos media, que comento, não são suspeitas ou arguidas do cometimento de qualquer irregularidade ou ilegalidade neste caso.