Quando. A questão é quando. Não se.
José Sócrates parecia esperar a libertação, através do recurso pendente, e por isso recusou a anilha na perna em 8-6-2015. Arriscou e... perdeu. E teve de amargar mais três meses de cadeia. Agora, neste início de setembro, inventará um pretexto qualquer para aceitar a perneira. Está preso há nove meses e é muito duro aguentar o craving numa cela. Vai sair a tempo de atrapalhar, como pretende, a campanha eleitoral de António Costa, saqueando-lhe o palco.
Eu, que compreendo a manutenção da posição do Ministério Público, preferia - já que não é possível prolongar a detenção preventiva até à sentença... - que José Sócrates ficasse em prisão domiciliária, em vez do grilhão da perneira: as TV teriam oportunidades de diretos e de reportagens frequentes à porta da nova casa, como o seu «amigo» Ricardo Salgado, ilustrados com a polícia de guarda, a registar quem entra e quem sai. Julgo até que é mais seguro para prevenir uma escapada do que correr, depois do alarme, atrás de alguém que cortou o grilhão. E não se despreze o perigo de fuga, atendendo ao seu caráter e ao precedente da sua amiga Fatinha Felgueiras (na sequência do chamado processo do saco azul): eu creio que Sócrates jamais cumprirá a pena de prisão, se a tal vier a ser condenado e ainda poderá dar entrevistas à distância nos meios favorecidos, como a sua ex-sócia, a partir do Rio, ou como o ex-primeiro-ministro Bettino Craxi, de Hammamet.
José Sócrates parecia esperar a libertação, através do recurso pendente, e por isso recusou a anilha na perna em 8-6-2015. Arriscou e... perdeu. E teve de amargar mais três meses de cadeia. Agora, neste início de setembro, inventará um pretexto qualquer para aceitar a perneira. Está preso há nove meses e é muito duro aguentar o craving numa cela. Vai sair a tempo de atrapalhar, como pretende, a campanha eleitoral de António Costa, saqueando-lhe o palco.
Eu, que compreendo a manutenção da posição do Ministério Público, preferia - já que não é possível prolongar a detenção preventiva até à sentença... - que José Sócrates ficasse em prisão domiciliária, em vez do grilhão da perneira: as TV teriam oportunidades de diretos e de reportagens frequentes à porta da nova casa, como o seu «amigo» Ricardo Salgado, ilustrados com a polícia de guarda, a registar quem entra e quem sai. Julgo até que é mais seguro para prevenir uma escapada do que correr, depois do alarme, atrás de alguém que cortou o grilhão. E não se despreze o perigo de fuga, atendendo ao seu caráter e ao precedente da sua amiga Fatinha Felgueiras (na sequência do chamado processo do saco azul): eu creio que Sócrates jamais cumprirá a pena de prisão, se a tal vier a ser condenado e ainda poderá dar entrevistas à distância nos meios favorecidos, como a sua ex-sócia, a partir do Rio, ou como o ex-primeiro-ministro Bettino Craxi, de Hammamet.
Sócrates não vai desperdiçar a oportunidade de sair da cadeia. Além de, cá fora, estar à vontade para consumir o que lhe agrade, o epicurista Sócrates - que não lida com cabras mas vende cabritos -, confinado ainda na tórrida Évora a uma cela asfixiante, à dieta forçada e ao fato de treino, vai poder receber toda a fauna do seu costume, dos fiéis caninos aos répteis esquivos, dos teimosos burros aos disponíveis camelos.
Sócrates precisa da liberdade para comandar a sua legião, estabelecendo em casa um quartel-general com ligação a oficiais de inteligência e de operações e a jornalistas de bolso. A sua estratégia compreende o ataque violento ao poder judicial (procuradores e juízes) e o restabelecimento do seu domínio sobre o Partido Socialista. Para tanto usará um feixe de ações táticas interligadas sobre a magistratura e os adversários no PS. Porque quer resolver politicamente o processo judicial e porque precisa de obter a imunidade de facto para recuperar o poder político-económico.
O primeiro objetivo do ex-primeiro-ministro é dissolver os seus processos judiciais com o ácido mediático e despedaçar as resistências judiciais com o apredejamento técnico-político pelas maçonarias. Assim, irá dirigir, a partir do seu coito, uma campanha insidiosa contra o juiz Carlos Alexandre, a procuradora-geral Joana Marques Vidal e os procuradores e polícias do processo. E poderá candidatar-se à eleição presidencial de janeiro de 2015 para, como se de uma imunidade judicial se tratasse, se montar no argumento da legitimidade democrática (mesmo que tenha um resultado inferior a 20%...) para invalidar os processos.
O segundo objetivo de Sócrates é vingar-se do abandono de António Costa, seu ex-número dois e a quem ofereceu a vitória, através de dinheiro e de votos, nas primárias socialistas de setembro de 2014. Costa é a pedra broeira que está no meio do seu caminho, a impedir-lhe retomar o controlo do PS. Notem-se as manobras preparatórias: o ataque biológico através do enxame composto pelos vetores habituais Rui Paulo Figueiredo, José Lello e José Junqueiro, no Público, de 22-8-2015; e a intoxicação química na Câmara Corporativa, de 24-8-2015 (citando um artigo de opinião de Manuel Carvalho, também do Público, em 23-8-2015). Nada de novo debaixo do sol flamejante.
É. Quanto mais Sócrates aquece, menos força tem o PS...
Limitação de responsabilidade (disclaimer): José Sócrates Carvalho Pinto de Sousa, arguido indiciado, em 24-11-2014, pelos crimes de corrupção ativa por titular de cargo político, de corrupção ativa, de corrupção passiva para acto ilícito, de corrupção passiva para acto lícito, de branqueamento de capitais, de fraude fiscal qualificada e de fraude fiscal (SIC, 26-11-2014) no âmbito da Operação Marquês, recluso detido preventivamente no Estabelecimento Prisional de Évora sob o n.º 44, goza do direito constitucional à presunção de inocência até ao trânsito em julgado de eventual sentença condenatória.