sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Nacionalização do BES e piratização de Estado - o caso Tranquilidade


ABC (agosto de 2014). Me ligá vai. Nadadouro.


A alienação particular (e não em operação pública de venda, em bolsa) ao Apollo Global Management por 50 milhões de euros da Companhia de Seguros Tranquilidade, mesmo considerando o seu passivo e as habituais promessas de injeção de capital, insere-se naquilo que designei o paradigma de piratização do Estado (venda a pataco de grandes empresas e ativos valiosos, expurgadoss de dívidas e de responsabilidades financeiras), que tem sido praticado por este Governo, após o modelo de ubíqua e desavergonhada corrupção de Estado do socratismo. Venda a pataco, em negociação particular que prevejo venha a ser realizada também com o Novo Banco BES, tal como com CTT, Águas de Portugal, TAP.

Recordo que a Tranquilidade tinha sido entregue em penhor pela Espírito Santo Financial Group ao BES por 700 milhões de euros - um valor de avaliação que o Banco de Portugal aceitou... - como penhor das provisões ordenadas (em março de 2014?) pelo mesmo Banco de Portugal para reembolsar o montante de papel comercial das holdings do grupo vendido aos balcões do BES. Em 5 de junho de 2014, filtrou-se no Económico, que o grupo Espírito Santo previa vender a Tranquilidade por 500 milhões de euros. Aliás, também se sabe agora que o papel comercial vendido pelo BES era bastante superior aos 700 milhões de euros de provisões que o Banco de Portugal ordenou.


Limitação de responsabilidade (disclaimer): As entidades referidas nas notícias dos média, que comento, não são suspeitas ou arguidas do cometimento de qualquer ilegalidade ou irregularidade nestes casos, com excepção daqueles pelos quais estão indiciados. E mesmo quando arguidas gozam do direito à presunção de inocência até ao trânsito em julgado de eventual sentença condenatória.

2 comentários:

Anónimo disse...

O fandango de Carlos Costa é muito mais duro para o contribuinte português, do que a valsa de Vítor Constancio.

Quem veio a público, menos de uma semana antes de criar o "banco mau", dizer que o BES estava sólido, rapidamente muda de avaliação, e depressa se transforma ouro em lixo.

Na Idade Média, existiu a alquimia, a arte de transformar estrume em ouro.

Carlos Costa em conjunto com os Espírito Santo, transformaram aquilo que diziam ser ouro em lixo pestilento para o português honesto pagar.

Carlos Costa deveria ser incriminado, por crimes contra o contribuinte português. Assim como Carlos Tavares, que ainda em 2014 aceitou e defraudou muitos investidores, assegurando que o BES era sólido.

Aliás, porque será que Ricciardi, é dado por idóneo, e dirige o BESI, quando fazia parte da Administração do BES, da ESFG, ESI e afins?

Que tubaros terá Ricciardi diferentes de Ricardo?

Anónimo disse...

Se fosse nos EUA, a CMVM e o Ministério Público (MP) estariam neste momento a recolher o nome de todos os que estiveram nesse Conselho de Ministros e de todos os que trabalharam no processo no Banco de Portugal nesses dias. Estariam a obter autorização de um juiz para receber uma listagem de todos os telefonemas que Marques Mendes fez nos dois dias antes das declarações. E haviam de cruzar esta lista com os nomes de quem vendeu ações do BES na quinta e sexta-feira. Com certeza que estariam pessoas ricas, famosas e atuais governantes nas listas, mas não eram precisas escutas, fugas de informação e devassa da privacidade em que o nosso MP se especializa. Bastava cruzar duas listas de nomes e pedir explicações a quem surge em ambas. Talvez afinal haja algumas Martha Stewart portuguesas.