terça-feira, 15 de outubro de 2013

A liquidação da dignidade




A crise nas relações do Estado angolano com o Estado português, que culminou - por enquanto... - com o discurso de hoje, 15-10-2013, do presidente José Eduardo dos Santos, sobre o estado da Nação, depois de uma campanha continuada  com auge em 13-10-2013, logo a seguir à humilhante visita a Luanda do inábil secretário de Estado da Cooperação, Luís Campos Ferreira, em colunas virulentas no «Jornal de Angola» - que os média portugueses ignoraram, destacando apenas os editoriais suaves... - contra o Ministério Público, políticos portugueses (com maior realce para Ana Gomes, intitulada «rainha das zaragatas»...) e o próprio País, não distinguindo entre o Estado e o povo, carece aqui da concretização de princípios de dignidade moral prévios à eclosão desta etapa:
  1. Portugal não é o Grupo Espírito Santo.
  2. O problema maior das relações externas de Portugal não é a conclusão (ou não...) da venda da Escom à Sonangol (Estado angolano), que justifique a nomeação do atual ministro dos Negócios Estrangeiros, Rui Machete.
Nas relações internacionais, como na vida, quem muito se abaixa, descobre-se-lhe o traseiro. Porque a debilidade governativa principal surge da vontade de obter vantagens em negociatas para as quais são os dirigentes estrangeiros convidados.

E quanto mais se curva, mais se é humilhado. Então, não é vergando com pressão política, através de reuniões e telefonemas, o Ministério Público, que a posição do Estado português melhora. É através do respeito que se faz respeitar.

Portugal está numa situação ruinosa devido à corrupção política dos últimos anos. Por outro lado, a economia e a sociedade portuguesa dependem largamente das exportações para Angola e do emprego e do estabelecimento de empresas e das remessas de dinheiro dos portugueses aí residentes. Essa circunstância torna o poder negocial português, em condições normais - e abstraindo das comissões dos governantes - muito diminuto. Que ainda mais se reduz - ao contrário do que se pensa -, se o País for mais envergonhado pelo Governo. Portugal precisa muito da rica Angola e Angola precisa pouco do pobre Portugal. O regime atual angolano precisa apenas de Lisboa (nem sequer do resto do País), para bênção dos capitais, diversão e recuo, em condições que não encontra noutro lado - a deferência noutras países ocidentais não é a mesma.

Mas se assim é - e é mesmo! -, ou se modifica a lei do Estado português, se torna a praça de Lisboa uma offshore cega do trânsito abençoado de capitais, se firma por diploma legal a imunidade e a impunidade de cidadãos angolanos nos fluxos e aplicações financeiras no nosso País, se leiloa o resto dos ativos e dos média!... Porque não se deve transferir para os tribunais a responsabilidade de subrepticiamente aplicarem duas leis em solo pátrio, resolvendo eles as questões de natureza política. E, assim se acaba, de vez com a farsa e assuma o Governo que perdeu a independência nacional e que o executivo é apenas o liquidatário de credores e financiadores estrangeiros.

Ou se recupera do arcaz da História a perdida dignidade. Que, à vista deste caso (e apesar do pseudoarrependimento de última hora), não parece existir no poder político português. E que resolveria o imbroglio através do respeito de cada Estado pela autonomia do outro.


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11 comentários:

Anónimo disse...

Este é só mais um prego no feretro de uma nação que se chamou Portugal. Os tugas, espécie que habita o extremo ocidental da Europa, quiseram renegar o passado de Portugal, assente na ideia peregrina de que Portugal envergonhava os subditos de Abril. Tudo o que se relacionava com o passado do Império, deveria ser olvidado e até mesmo tabu.

Claro está que os tugas encabeçados pelo traidor Soares, não perceberam que os ventos da História quando mudaram em 1974, teriam uma posterior consequência. Os tugas foram também ingénuos, ao pensar que se viam livres da "pesada herança" das Colónias, e que se iriam integrar na sofisticada Europa, bem mais moderna e mundana do que as selvas de África.

Enganaram-se. A Europa tem assumidamente um desprezo absoluto pelos representantes dos tugas. Para a Europa civilizada, os tugas são representados pelo Eusébio, a Amália, o Zé Mourinho e o Cristiano Ronaldo. Os europeus gostam também do Algarve, de Cascais e de Sintra. O resto é inexistente. Ou seja, a Tugolanddia não passa de uma região patusca e de folclore.

Como o tuga pensa que é esperto, percebeu que a Europa civilizada quer pôr o folclore na linha, à bela maneira dos Impérios que põem as regiões indisciplinadas na linha. E então, o tuga que é chico-esperto, achou que não queria ser um mero paquete da Europa, e mandou os megarefes Espirito Santto, mas também os appariittchiks da maçoonaria e da Opus Dei, para a Selva africana, para voltarem ao velho saque aoo melhor estilo colonial.

O Engenheiro Eduardo dos Santos, que até não é burro, e tem uma licenciatura por um universidade Azeri, percebeu que teria a oportunidade histórica da revange. Ou seja, estava na hora de mostrar aos herdeiros dos portugueses, que a Rainha Ginga seria vingada.

O tuga está agora numa complicada encruzilhada. Ainda por cima, para azar dos poucos portugueses vivos, a nação tuga está dirigida por um conjunto de mentecaptos, que vão desde o Soares, ao Cavaco, ao Relvas, ao Sócrates, ao Passos ou ao Júdice.

Como a chico espertice só resulta em acções pontuais, e nunca a longo-prazo, Portugal vai-se baixar ao poder crescente da nação mais rica de África (Angola é dos maioores produtores mundiais de petróleo, de diamantes, de minério, etc.).

Os portugueses ainda vivos vão ter que supportar a ignomínia que ainda se acentuará. Os tempos da herança de D. João I acabou!

Unknown disse...

estes imbroglios, com poderes "democraticos" angolanos são o sal que torna a vida mais animada. penso que ninguem com negocios que contam se preocupa muito com fantasias de parcerias fantochas. Negocio como sempre vai seguir ,os blogueiros como eu vão debitar fantasias coloridas e talvez prejudicados sejam os que querem trabalhar lá que vão ter uma seca e meca mais comprida. o resto é poeira poetica.a corrupção continua como sempre =prospera

Anónimo disse...

Uma ignominia. As nossas elites financeiras, políticas, judiciais, militares estão abaixo muito abaixo.

Anónimo disse...

Quando não temos honra até os cães nos mijam nas pernas.

Anónimo disse...

Perguntem ao dr Mário Suástica onde está o Eldorado que ele prometeu com a entrega das províncias ultramarinas aos representantes do imperialismo soviético.
E perguntem ao Engº Dos Santos,onde ganhou ele tanto dinheiro.Nunca se lhe conheceu profissão,além da de revolucionário comunista.
Perguntem aos filhos de Abril porque gostam tanto das negociatas com ditadores assassinos e corruptos e detestavam a ditadura suave de Salazar.

Anónimo disse...

Directamente da sargeta:

http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?id_news=662392

O antigo ministro socialista, Augusto Santos Silva, reagiu ontem à noite, na TVI24, à declaração feita pelo Presidente de Angola, José Eduardo dos Santos, na qual anunciou o fim da parceria estratégica com Portugal, defendendo que as palavras do líder angolano constituíram «um misto de ameaça e de bluff».

«A declaração do Presidente de Angola é um misto de ameaça e de bluff», afirmou o ex-governante socialista, defendendo que «o bluff ganhou importância porque a vítima do bluff [Portugal] tinha previamente pedido desculpa».

Anónimo disse...

angola como qualquer outro país governado por um ditador está a precisar de uma intervenção humanitária que ponha . Os americanos andam a fazer isto há décadas nos países com petróleo. Nós se calhar já aprendiamos o business model e aplicavamos ao caso angolano...

Anónimo disse...

A maçonaria começa a ficar preocupada.

http://economico.sapo.pt/noticias/alberto-martins-reuniu-com-embaixador-de-angola_179560.html

O presidente da Comissão de Negócios Estrangeiros, Alberto Martins, esteve hoje reunido com o embaixador de Angola em Portugal, José Marcos Barrica.

O encontro ocorre depois de ontem o presidente de Angola, José Eduardo dos Santos ter proferido um discurso duro na Assembleia daquele país, em que revelou que as relações entre Portugal e Angola "não estão bem".

Alberto Martins é agora presidente do grupo parlamentar do PS, mas mantém as funções de presidente da Comissão de Negócios Estrangeiros

Anónimo disse...

O Vale e Azevedo é sacristão.

http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?id_news=662465

O ex-primeiro-ministro José Sócrates acredita que ele é «o chefe democrático que a direita sempre quis ter». Palavras proferidas numa entrevista ao semanário Expresso, que será publicada no próximo sábado.

O jornal revelou que a entrevista a José Sócrates, no âmbito do lançamento do livro «A Confiança no Mundo», terá mais de dez páginas e será abordado vários assuntos, entre os quais, e evidentemente, a situação política nacional, o caso Freeport, o momento do PS, a crise da dívida e a relação com o seu ex-ministro das Finanças, Teixeira dos Santos.

Anónimo disse...

Abriu a vaga para chefe dos dealers da Carregueira.

Anónimo disse...

Nada contra o povo Angolano. Pelo contrário. Mas a democracia angolana mete nojo. É como a Rússia: uns czares.
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Portugal devia era buscar parcerias noutras praças. Paises como os Escandinavos, a Austrália, Nova Zelandia, Chile, Canada...e por ai vai. Paises de BEM !
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Ou, se a questão é arranjar dinheiro para o deficit...para pagar as pensões, enfim, para manter o socialismo e os vermelhões sindicais, então vamos criar aqui o porto seguro da cocaína para a Europa...
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Ou alguém pensa que a riqueza proveniente dos desvios da riqueza patrocinada por uma ditadura de corrupção, os diamantes de sangue e outros ilícitos são mais "brancos e puros" que a COCA ?