quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

A dose e o tempo do efeito vacina do socratismo


Nota um comentador do blogue, via, Diário Económico, de 16-2-2011, que a Societé Génerale revelou que o Banco Central Europeu (BCE) já comprou, desde o ano passado, 18 mil milhões de obrigações do Estado português para conter a subida da taxa de juro dos títulos da dívida nacional, o que corresponde, segundo o banco de investimentos, a cerca de 15% da dívida do Estado português. O valor da dívida do Estado, contando todas as verbas e encargos desorçamentados, há-de ser o dobro do que o Governo admite, mas, mesmo assim, a ajuda do BCE ao Governo português tem sido excepcional.

Quem acompanhe a variação das cotações das obrigações do Estado português a dez anos, e também as, mais pressionadas agora, obrigações a cinco anos  nota - como me dizia um amigo - uma luta incessante entre bulls e bears, na qual o BCE (e Banco de Portugal?) faz o papel de urso que trava os movimentos de subida dos touros (os investidores empresariais e particulares). A taxa de juro das obrigações do tesouro português a cinco anos cruzou novamente, nesta manhã, a barreira dos sete por cento: está em 7,05% às 12:11 de 17-12-2011 (máximo do dia nos 7,13%). Note-se que, como tem explicado, o Jorge Costa do Cachimbo de Magritte, à medida que se pressente a possibilidade de bancarrota as taxas das obrigações dos prazos mais curtos tendem a aproximar-se e até podem ultrapassar as dos prazos mais longos porque os investidores entendem que o Estado terá ainda menos capacidade de pagar no curto prazo do que no longo prazo após a recuperação económica. O Jorge Costa cita o Prof. Álvaro Santos Pereira que pergunta hoje, 17-11-2011, no seu blogue Desmitos:


«Quanto é que nos está realmente a custar o financiamento da dívida pública a estas taxas de juros em relação ao que nos poderia custar esse mesmo financiamento se recorressemos ao FEEF e ao FMI? Valerá a pena resistir a um financiamento mais barato (se for bem negociado) só para manter o governo em funções?»

A segunda pergunta não pode ser omitida e os partidos da oposição, a Comissão Europeia e o Banco Central Europeu, têm de ser confrontados com o custo financeiro (e de bem-estar do povo) de uma taxa de juro dois por cento mais caro do que a previsível cobrada pelo Fundo Europeu de Estabilização Financeira. Como tenho dito neste blogue, o País não deve sofrer por causa de cálculos políticos incertos. O efeito vacina - o povo ainda crente na virtude mítica do socialismo capitalista corrupto sofrer a ruína financeira e económica do socratismo para desejar erradicá-lo - tem de ser moderado: se a dose da vacina e o tempo de exposição ao bacilo forem muito grandes, o doente não fica imunizado, fica com doença crónica ou... morto.

notícia do Diário Económico enfraquece o argumento do Governo socialista de que não está a receber o apoio necessário da União Europeia. Sem mecanismo de flexibilização aprovado, o BCE tem ajudado na compra de dívida do Estado português mais do que o actual consenso de intervenção consente. Não é provável que Portugal possa esticar mais a corda do apoio europeu, o qual, aliás, não consegue prensar as taxas para lá do ponto de resistência dos mercados. Mais, apertando muito, pode rebentar.


* Imagem picada daqui.


Actualização: este poste foi actualizado e emendado às 16:23 e 21:52 de 17-2-2011; e actualizado às 16:33 de 17-2-2011.


Pós-Texto 1 (16:33 de 17-2-2011): Recomendo a leitura do duro e franco poste «Uma questão de sobrevivência», que o Jorge Costa escreveu hoje, 17-2-2011, a convite, no Delito de Opinião.

Pós-Texto 2 (15:27 de 18-2-2011): Um leitor nosso lembra que além destes 18 mil milhões de ajuda ao Estado, o BCE emprestou aos bancos portugueses cerca de 41 mil milhões  (até final de Janeiro de 2011)
. Mas o Governo ainda se queixa de falta de ajuda da União Europeia.

6 comentários:

Mani Pulite disse...

O APOIO DO SR.TRICHET E DO BCE À MANUTENÇÃO DA DITADURA SÓCRETINA É UMA DAS PÁGINAS MAIS NEGRAS DE TODO O PROCESSO DE CONSTRUÇÃO EUROPEU INICIADO EM 1950.FELIZMENTE EM OUTUBRO DE 2011 O SR.TRICHET PARTE SEM DEIXAR SAUDADES.

Caboclo disse...

Tem gente como Tavares Moreira do http://quartarepublica.blogspot.com/2011/02/pib-em-2010-07-que-vamos-pagar-com.html#comments

que acha que o Psd não deve assumir o leme da nação agora porque agora é hora de socrates desfazer os nós que fez .
Mas é muita ingenuidade pensar que socrates é capaz ou está interessado em desfazer nós..
Será só ingenuidade ? ou é algo mais ?

Anónimo disse...

Até podem reduzir os cargos de chefia na administração pública, mas com certeza é necessário que existam chefias para que hajam responsáveis. Agora, o maior problema são os quilos de ASSESSORES,boys do PS, que auferem muito mais que as chefias, que não têem responsabilidades directas...apenas dão uns bibates...e populam que nem abelhas pelos ministérios.
QUOTA LIMITE DE ASSESSORES É PRECISO!!!

Anónimo disse...

Uma sociedade que idolatra as crianças e os jovens e que abandona e agride os seus idosos, é uma sociedade desprovida de valores.

Mani Pulite disse...

O ABRANTADO SALMOURA ACHA QUE AS VERDADES NÃO DEVEM SER DITAS MAS SÓ AS MENTIRAS.PARA O SALMOURA OS DOGMAS DA FÉ FORAM SUBSTITUÍDOS PELO DOGMA DE QUE PORTUGAL NÃO ESTÁ NEM NUNCA ESTARÁ EM RECESSÃO.PERCEBEMOS AGORA MELHOR A FATAL ATTRACTION DO SALMOURA PELO MAIOR MENTIROSO NACIONAL,O GRANDE E INCOMPARÁVEL INJINHEIRO DA TRETA.O COSTA QUE SE CUIDE QUE O SALMOURA AINDA VAI TENTAR DESPEDI-LO.

Anónimo disse...

"It is another step down the road to where Spain now comes into focus," said Brian Dolan, chief currency strategist at Forex.com in Bedminster, N.J. If Portugal joins Greece and Ireland in seeking a lifeline, the "small fries" of the euro-zone sovereign debt crisis exit the stage for the spotlight only to shine on much-bigger Spain and Italy, he said.

The euro could come under increasing pressure if those larger countries start to attract attention, he said.

http://online.wsj.com/article/BT-CO-20110217-713151.html