quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

Em louvor de Catalina Pestana

«Um pensamiento en tres estrofas» No son los muertos los que en dulce calmaLa paz disfrutan de su tumba fria,Muertos son los que tienen muerta el almaY viven todavia. No son los muertos, no, los que recibenRayos de luz en sus despojos yertos.Los que mueren con honra son los vivos,Los que viven sin honra son los muertos. La vida no es la vida que vivimos,La vida en el honor, es el recuerdo.Por eso hay muertos que en el mundo viven,Y hombres que viven en el mundo muertos.
Antonio Muñoz Feijoo (poeta colombiano, 1851-1890).


Faleceu este sábado, Catalina Pestana, a heróica provedora da Casa Pia de Lisboa. A Dra. Catalina dedicou a vida ao serviço dos outros. Mulher autêntica de convicão e consequência, empenhou-se até à medula nas causas políticas e sociais em que acreditava.

No final de 2002, imediatamente após a difusão da ponta do longo novelo de abuso sexual de crianças da Casa Pia, que corrompeu a instituição até ao topo, foi nomeada provedora da Casa Pia. Esperava o poder que a sua firmeza, e proximidade ideológica ao Partido Socialista, abafasse o escândalo e o contivesse nas paredes da instituição, protegendo o nível político, maçónico e pseudo-filantrópico. Contudo, Catalina percebeu rapidamente pelos relatos das crianças, que se tratava de uma rede pedófila que envolvia os mais altos escalões do poder, as suas taras e os seus crimes, no abuso de meninos heterossexuais da instituição criada para proteger os órfãos, lhes rasgava a inocência e lhes destruía a vida. Face a patéticos protestos de inocência, pediu exames nunca feitos, e perante conselhos de encobrimento, manteve-se à frente das crianças abusadas, constituindo a sua muralha defronte às ameaças, aos dardos mediáticos e aos conselhos do poder. Não teve problema na veiculação das denúncias dos meninos de figuras do máximo relevo do Partido Socialista, da Maçonaria e dos média, pois acima da relação política estava a defesa dos órfãos, a exposição da verdade e o serviço do povo. Sofreu sob essa terrível pressão política, um acidente vascular cerebral, mas continuou sem medo, e até ao fim, na vanguarda da proteção dos menores abusados, na denúncia dos factos perante a polícia e os tribunais. Acabou por ser substituída no cargo de provedora da Casa Pia pelo poder socialista que ousou confrontar, mas continuou na causa de defesa das crianças em risco e sujeitas a abusos e maus-tratos ao fundar a Rede de Cuidadores.

Teve neste combate contra a rede pedófila que controlava o Estado - desde logo a Casa Pia, instituição estatal - a colaboração de patriotas e o apoio popular. Mas a libertação dos meninos da Casa Pia do jugo dos poderosos, e a limpeza parcial e temporária do Estado dos tarados criminosos abusadores de meninos, não teriam sido possíveis sem a sua liderança.

Conheci-a vários meses depois de ter iniciado neste blogue a luta contra a rede pedófila de controlo do Estado - não todo, nem sempre, mas uma parte e durante dezenas de anos. Quis consultá-la sobre um assunto porque sempre tive o maior escrúpulo na verificação dos factos alegados, relativamente a um excelso figurão da praça, esse abusador de meninas, que conseguia passar pelos pingos da chuva do escândalo, mediante o pagamento de alguns milhares de euros a uma das vitimas, a quem disse que não se queixasse pois tinha tido o privilégio ter de ter passado pelas suas mãos... Recebeu-me imediatamente, confirmou o relato da vítima e descansou-me na análise. Foi minha testemunha em processos judiciais de que fui alvo por veicular os relatos oficiais dos jovens e a interpretação dos crimes alegados, e de que saí honrado. Colaborei, com outros patriotas, nessa luta de denúncia de abusos e limpeza do Estado, com sacrifício pessoal, familiar, profissional e público. Sem meios, sem dinheiro, sem ligações institucionais ou políticas, e contra a máquina horrível do poder político, maçónico, mediático e económico, conseguimos o sucesso que beneficiou os órfãos e limpou temporariamente o Estado. Outros coisas de consequência fizemos, que não interessa revelar. O efeito pessoal foi que deixámos de ter vida pública, perdemos as ilusões políticas, e arrostámos a perseguição da rede pedófila e dos seus lacaios. Fomos, afinal, no corolário de tanto trabalho e risco, apenas servos inúteis. Mas servimos o bem, servimos o povo humilde, servimos Deus misericordioso, servimos a Pátria ingrata. Não esperávamos outra paga, nem menos sacrifício.

Apesar de, como salientaram Pedro Namora e Felícia Cabrita, não ter tido o reconhecimento devido por parte do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que, ao contrário do que usa em qualquer fait divers, se eximiu de comparecer pessoalmente nas exéquias na igreja da Cruz Quebrada, curvando-se perante o seu serviço humano e patriótico, nem do Governo de António Costa, companheiro da fação ferrosa atingida, que ignorou o seu passamento para o Paraíso que pedimos a Deus que lhe abra, Catalina Pestana permanecerá como exemplo de heroísmo no bom combate que a vida exige. Condolências à sua família e amigos, louvor ao seu serviço cristão e paz à sua alma. Catalina vive!

segunda-feira, 24 de dezembro de 2018

Vida



Celebramos na vida, que é eterna, a vitória sobre a morte. A morte é um episódio na existência que perdura. Os mortos não morrem, transitam para um estado de graça e redenção, de onde velam por nós. Ficam em espírito connosco e acompanham a nossa penitência em busca do perdão que liberta e pacifica.

No prazer e no conforto pouco espaço parece restar para Deus. Contudo, Deus acolhe a nossa angústia e mantém-se disponível para ouvir a nossa oração.

Não há maior pobreza, diz o povo, do que a pobreza de espírito. A pobreza não é apenas material - nobre e redentora. A sociedade cada vez menos pobre materialmente: de 1990 a 2015, a pobreza extrema no mundo reduziu-se de 2 mil milhões para 705 milhões. Mas a pobreza espiritual parece crescer. E não há quem dê conta dessa pobreza espiritual, desorientada a própria Igreja no labirinto ideológico do marxismo, do relativismo e do ateísmo, que ensarilhou o Ocidente. 

Criados para a eternidade, à imagem e semelhança de Deus, caímos no prazer efémero e sucumbimos à comodidade. Perdemos a noção de absoluto, que julgamos atingir nos ápices de euforia. Tudo é relativo, menos o relativismo. Esforçamo-nos e torcemo-nos para a alegria do instante, como se o fugaz fosse duradouro. E sujeitamo-nos à conveniente aparência, como se a forma importasse mais do que a substância do coração.

Nesta transição, voltamos-nos para Deus e Sua Mãe. Na mãe, a nossa e de todos, sofrida e caridosa, encontramos esse milagre da vida que opera o Amor e concede o perdão. Deus nos abençoe para o ano decisivo que nos convoca!

segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

Segredos de justiça há muitos!...

O Conselho Superior de Magistratura já abriu algum processo de averiguações sobre eventual profanação do segredo de justiça e da obrigação de reserva face a esta notícia do Expresso, de 15-12-2018, que atinge o juiz Carlos Alexandre?
«Ivo Rosa, o juiz responsável pela fase de instrução do processo em que está também acusado o ex-primeiro José Sócrates, tem estado a recolher elementos para apurar até que ponto pode ter algum fundamento a tese de que Carlos Alexandre ficou como juiz de instrução ao longo da investigação do caso em resultado de uma alegada manipulação na forma como os processos-crime foram distribuídos em setembro de 2014, quando o TCIC passou a ter dois juízes em vez de apenas um.»


Limitação de responsabilidade (disclaimer): As personalidades objeto das notícias dos média, que comento, não são arguidas de qualquer ilegalidade ou irregularidade. E, quando na situação de arguidas, gozam do direito constitucional à presunção de inocência até ao trânsito em julgado de eventual sentença condenatória.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2018

Testa di Ferro


Era filho de Carlos II de Sabóia e de Beatriz de Portugal (filha de D. Manuel I).  


Recomendo a leitura da resenha da imprensa feita pelo José, na Porta da Loja, no poste «José Sócrates e o homem do saco», de 1-12-2018, com especial destaque para a reportagem de Felícia Cabrita no Sol, de 1-12-2018, «Casa onde Sócrates vive na Ericeira era de magnata angolano». Sócrates que, entretanto, em declaração à SIC, em 30-11-2018, se (não) explicou sobre o dito apartamento propriedade do seu «primo muito querido» chargé d'affaires José Paulo Bernardo Pinto de Sousa, dito o seu testa de ferro, recuado em Benguela, até o governo de António Costa solicitar a cooperação judicial angolana ao presidente João Lourenço.

domingo, 2 de dezembro de 2018

Os duzentos milhões de euros do primo Bernardo e a vida de luxo de Sócrates


Do Parque das Nações, em Lisboa, José Sócrates mudou-se para um apartamento de luxo, na Ericeira, noticiou o CM, em 2-12-2018.

Porém, como quase tudo com o engenheiro falso, quando se cava terra, em vez delegumes, descobre-se a minhoca. Como no seu amigo Lula, a explicação vem num samba de um nota só: não é nada meu... Sócrates tem o vício de não se privar de nada.

O apartamento frente ao mar, onde Sócrates agora vive, com várias suites e jacuzzi, terá sido comprado há pouco mais de um mês, em 16-10-2018, alegadamente por 431 mil euros, num esquema sinuoso de dação em pagamento de uma alegada dívida, pelo primo Bernardo, José Paulo Bernardo Pinto de Sousa. Bernardo aka «o Gordo» do «Pinóquio», há dezenas de anos testa de ferro de «o Chefe», o homem dos cheques (encontrados em Coruche), da Mecaso, holding imobiliária da família, e da Calçoeme. Empresas que se cruzam numa teia interminável: à Sovenco, de 1989, com Armando Vara; ao aterro da Cova da Beira, com o seu compincha António Morais, o amigo Carlos Santos SilvaHorácio Luís de Brito Carvalho (da HLC do Siresp, que António Costa, então ministro da Administração Interna, renegociou em 2016), recuado em Inglaterra onde liderou a HLC Environmental Holdings Limited, falida em 2012, mas que desenvolveu meganegócios na área da energia e do  ambiente no Brasil no tempo de Lula; e muitos mais que neste poste, por economia de tempo, me dispenso de citar.

Alegadamente, segundo a revista Sábado, de 26-5-2018, o primo Bernardo administra uma fortuna de mais de duzentos milhões, conforme documentação enviada pela Union des Banques Suisses à investigação do processo Marquês. Bernardo, que é arguido do processo Marquês, está recuado em Angola, mas também circula pelo Brasil.

Estou plenamente convicto de que a nova situação de Angola, onde o presidente João Lourenço precisa de ajuda das autoridades portuguesas para recuperar o dinheiro desviado do Estado por cliques ligadas ao poder na anterior presidência, colaborará rapidamente com o Governo português, caso o primeiro-ministro António Costa queira, e peça ajuda na resposta na eventual comparência do primo Bernardo perante a justiça portuguesa. Tal como no caso de Hélder Bataglia, «o Viajante», outro familiar de Sócrates, que apesar do mandado de captura internacional, alegadamente, se passeava de barco no Mediterrâneo, sem ser detido em portos espanhóis onde beneficiava da proteção do Cesid, a secreta espanhola, por causa de negócios de armamento que terá intermediado...

Creio ainda que o novo Brasil, do presidente Jair Bolsonaro, já não pode ser usado como lugar de recuo por foragidos à justiça. Da mesma forma que a nova administração brasileira, com o heróico Sérgio Moro na Justiça, certamente estará interessada na responsabilização criminal e eventual extradição de Duarte Lima, outro amigo de José Sócrates, a quem, alegadamente, terá vendido a magnífica Quinta dos Muros Altos, em Janas, Sintra, que denunciei, neste meu blogue. em abril de 2005, e que terá ficado em nome de uma offshore (Airlie Holdings) do testa-de-ferro Bernardo e que se mantém no círculo socratino.

Basta António Costa, líder do Governo e do PS, querer. Ou Costa tem medo que o canário cante, para não cair sozinho, como consta que terá ameaçado em conversa com Mário Soares, na prisão de Évora?...


Limitação de responsabilidade (disclaimer): As personalidades objeto das notícias dos média, que comento, não são arguidas de qualquer ilegalidade ou irregularidade, para além dos casos em que sejam.. E, quando na situação de arguidas, gozam do direito constitucional à presunção de inocência até ao trânsito em julgado de eventual sentença condenatória.