«Danny Dalton (Tim Blake Nelson): Corruption charges!... Corruption?!... Corruption is government intrusion into market efficiencies in the form of regulation. That’s Milton Friedman. He got a goddamn Nobel prize. We have laws against it precisely so we can get away with it. Corruption is our protection. Corruption keeps us safe and warm. Corruption is why you and I are prancing around in here instead of fighting over scraps of meat out in the street. Corruption... is how we win.
Bennet (Jeffrey Wright): You broke the law, Mr. Dalton.
Danny Dalton: Oh, who gives a shit!».
Stephen Gaghan, Syriana, 2007.
Guião: Stephen Gaghan, Robert Baer (See no Evil, 2003). Nota: atualizei o texto, face ao script original, transcrevendo o que foi dito efetivamente na fita.
Para lá da dor e do sacrifício, existe a necessidade de prosseguir. Só há um caminho.
Um só é bom. Continua a farsa da comissão parlamentar de inquérito ao descalabro do BES/GES, em que uns simulam perguntar e os outros fingem responder. A promiscuidade nem sequer se disfarça e parece geral: desde a retórica de perguntas sofistas inócuas, à resposta desaforada e despudorada, ao tom familiar do tratamento, à iniludível comunicação não verbal dos protagonistas, à confrangedora geografia da sala, tudo enoja. Compare-se com a audição no Senado norte-americano, em 27-4-2010, dos gestores da Goldman Sachs sobre a atuação dos bancos de investimento durante a a crise financeira.
Veja-se que nas comissões de inquérito parlamentar portuguesas, qualquer testemunha (mesmo que arguido de crimes graves) se senta no lugar de honra (!), ao lado direito do presidente da comissão. Neste caso do BES, o advogado Francisco Proença de Carvalho (filho de Daniel) até tinha um lugar à mesa ao lado de Ricardo Salgado, na audiência de 9-12-2014, com a mesma dignidade formal dos deputados, em vez de se sentar atrás, como os assessores parlamentares. Não é por causa da falta de espaço, ou de orçamento, que o parlamento português não tem uma sala onde cada pessoa se sente na posição que deve: é por causa da promiscuidade entre os entalados e o poder político.
Ainda não chegou a conta da nacionalização do BES, sob a forma do mecanismo de resolução, inintelígel para o povo. A fatura chegará, pouco a pouco (quem vier atrás que feche a porta...) aos bolsos do povo, sob a forma de traça: impostos, taxas, redução salarial e inflação (que isto de fazer dinheiro não é uma solução mágica, como os defensores da teoria do controlo do «quantitative easing» julgam). Aquando da nacionalização encapotada do BE, disse-me um financeiro notabilíssimo, a quem consultei para averiguar a dimensão do custo que o povo teria de suportar, que eu não contasse a fatura do BES para o povo em dez BPNs (cerca de 80 mil milhões de euros), como supunha - o BES tinha dez vezes (cerca de 20%) a quota de mercado do BPN (cerca de 2%) -, mas em vinte vezes (160 mil milhões de euros), devido à exposição internacional do grupo, em contraponto com o doméstico BPN... Devagar, mas pesando o acumulado. a conta irá aparecendo na volta dos acórdãos dos tribunais portugueses (como nos processos após as nacionalizações de 1975), a obrigatoriedade do Estado português pagar as indemnizações decididas por tribunais estrangeiros e as indemnizações, em dineiro, dívida e géneros, obtida por pressão de outros governos (que mais venderemos: o chão pátrio?).
O edifício legal na regulação económica em Portugal foi construído especificamente para permitir, e proteger, a corrupção económica e financeira. Não há crime sem lei. E, como sublinha o José, o crime de gestão danosa, na lei portuguesa atual, só se aplica a organismos públicos. Neste estertor da democracia representativa, não há relação entre lei e moral. Que fazer? Recuperar o Estado para o povo. Para mudar, precisamos de semear a esperança. É isso que fazemos diariamente.
É bom começar pela justiça, que é sempre o nome da paz. Vivam os patriotas Carlos Alexandre, Rosário Teixeira e Amadeu Guerra, que assumem corajosamente a responsabilidade de julgar e de promover a justiça! Há um efeito pedagógico da justiça sobre a pusilanimidade dos abusadores. Não importa a pena, em si, de um ou de outro, muito menos a vingança, mas o efeito dissuasor que a mesma garante. Por isso, é decisiva a batalha do processo Marquês - como deveria ter acontecido na investigação do caso dos submarinos, arquivado em 17-12-2014 para consolo da antiga, e nova, aliança Portas-socialistas e da ala portista do PSD. Uma laica aliança engrossada proximamente com um pretenso de salvação nacional PS (Costa)-PSD (Rio)-CDS (Portas - who else?...).
Insisto que é decisivo descobrir o negócio manhoso da venda da Vivo (além do da compra da Oi...), no Brasil, pela PT - onde predominava Ricardo Salgado, através do BES e da Ongoing (um veículo próprio de Ricardo Salgado), e as chorudas comissões associadas. Não se pode dissociar do caso Marquês, este, e outros negócios de Estado, como as parcerias público-privadas da Mota-Engil e as outras. Precisamos de engaiolar canários para que se come a ouvir o trinado convulsivo.
Só se vive uma vez. Não precisamos de conforto, mas de estar à altura da missão que Deus destina a cada um. Para ganhar esta batalha, temos uma janela de dez meses, até às eleições legislativas de outubro de 2015. E tem de ser esgrima pública, em vez da desleal emboscada sistémica dos salões, onde impera o poder político corrupto e a Maçonaria. Até vir o golpe de Estado constitucional de mudança de leis e de magistrados para consolidar a corrupção de Estado... Ala!
Atualização: este poste foi atualizado ás 10:31 de 19-12-2014.
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8 comentários:
Os portugueses estão a habituar-se à vetusta indignidade. Já não vão sair disso, porque não têm força como povo. Antes, os portugueses preferem a versão angolana "das catorzinhas", isto é, os portugueses preferem continuar a ser o porto de abrigo do tráfico internacional de dinheiro, com origem de Angola, da China ou do Brasil.
Portugal continuará o programa Visa Gold, para olear a economia corrupta da aliança entre o imobiliário e a banca, em parceria com os políticos democraticamente eleitos.
Portugal continuará refém dos angolanos, nas várias parcerias, do BPI à NOS (casamento com os merceeiros Azevedos), GALP, etc.
Se em Portugal houvesse dignidade, não seria dado destaque no Parlamento ao Chefe do maior escandalo financeiro da nação, que dá pelo nome de Ricardo Salgado. A diferença entre Portugal e as Honduras ou a Guatemala é nenhuma.
O síndroma das "catorzinhas" (temos que arranjar dinheir, venha ele de onde vier, pode vir do tráfico de seres humanos ou dos cocaleros, pois precisamos de manter a caríssima máquina do Estado) persistirá, com a anuencia até do velho partido comunista, em versão estalinista tuga, pois também faziam parte dos receptores de donativos de Don Ricarso, el Caudillo!
Olha o Centrão de Negócios brasileiro!
http://www.jornaldenegocios.pt/economia/justica/detalhe/ex_director_da_petrobras_envolve_28_politicos_em_esquema_de_corrupcao_no_brasil.html
O ex-director de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, citou durante os depoimentos à polícia federal o nome de 28 políticos, incluindo um ministro, senadores e deputados, que estariam envolvidos no esquema de corrupção da petrolífera brasileira.
De acordo com o diário Estado de São Paulo, que teve acesso à lista, entre os envolvidos estariam António Palocci, ex-ministro dos governos de Lula da Silva e Dilma Rousseff, a ex-ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, o actual ministro de Minas e Energia, Edson Lobão, e o presidente do Senado, Renan Calheiros.
A Reforma da Administração pública não se fez.
O número de municípios poderia cair quase para metade com uma Reforma do poder local. As empresas municipais poderiam ser todas extintas. No passado não existiam e ninguém deu pela sua falta.
As escolas com contrato de associação continuam aí quando nas regiões em causa existem escolas públicas com condições para acolher os alunos.
O Estado continua a pagar livros escolares quando as novas tecnologias oferecem alternativas muito mais baratas.
As universidades são um poço de desperdício. Falta uma Reforma nacional que adapte a oferta ao mercado de trabalho e reduza o número de curso. Fica mais barato um curso de Biologia com 150 vagas em Coimbra que 3 ou 4 cursos de Biologia espalhados por universidades menores. Com uma Reforma desta natureza seria possível melhorar a qualidade do Superior e poupar muito dinheiro.
As Instituições de Solidariedade Social com as Misericórdias à cabeça são um enorme buraco que suga o dinheiro dos nossos impostos. Replicam o faz a Segurança Social ou o SNS e recebem cerca de 2 mil milhões do Orçamento de Estado. Uma Reforma do Estado Social e uma total independência das IPSSs em relação aos dinheiros públicos permitiria uma poupança brutal. O mesmo raciocínio vale para as Fundações: se não têm recursos para existir, desapareçam. Bastam os benefícios fiscais.
A existência da RTP não tem qualquer sentido face ao avanço tecnológico que ocorreu no sector. Privatize-se.
Os salários devem ser adaptados à nossa produtividade. Há países de Leste com indicadores económicos próximos dos nossos que têm salário mínimo mais baixo. Reduzam-se salários e simultaneamente reduzam-se impostos. O poder de compra não será assim muito afectado e a economia ficará mais competitiva.
O sector da construção civil é um cancro que destruiu o país. Cure-se a doença. Para isso, as mais valias imobiliárias decorrentes da valorização dos solos urbanos devem ser taxadas a 100%. Esta medida libertará muitos solos para investimentos agrícolas e industriais.
A Administração Pública precisa de prestar mais atenção às pequenas poupanças. Por exemplo, há centenas de quilómetros de estradas com excesso de iluminação pública. Nas auto-estradas a iluminação também poderia ser parcialmente desligada durante a madrugada. Pequenas poupanças que valem milhões de euros.
E muito mais haveria a dizer.
Recordo que há sectores protegidos que poderia ser mais abertos à livre concorrência com reflexo no emprego e no crescimento económico. Mecanismos de protecção são muitos e até a ASAE é um deles.
O Governo acha que reduzirá a dívida paulatinamente com um crescimento económico incipiente, a ajuda dos parceiros europeus e a regulação do défice com impostos altos e fascismo fiscal.
A emigração será um dos resultados destas políticas.
Luís,
Tem toda a razão. Deveria ter nascido noutro país ou noutra época.
De resto, nada do que propõe será possível, pois o Dr. Passos ou o Dr. Costa vão continuar a existir. O Dr. Portas também. Os chefes do gang, Soares e Cavaco, ainda vão demorar a morrer, mas mesmo depois da sua morte, ficarão por cá, o Dr. Rio e o Prof. Marcelo, assim como o Dr. Ferro, ou o Dr. Marques Mendes.
Aguente ou emigre.
Excelente análise sobre a AR.
Aqueles deputados manifestam orgulho em estar na sala com o Salgado.
Isto vai melhorar imenso o cv daquela gente.
Este circo, vai-nos saír muito caro. A oligarquia dominante,custa-nos muito dinheiro,com um estado a sacar de uma forma coersiva.
Resta honrar a Pátria.
Hoje fui a Évora de Mota com um Engil no toutiço....depois de tratar das PPPs com o Cadastrado 44 fui ao Fialho pela 5ªAuto Estrada Liboa-Porto comer Cuelho já Caçado....
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