quinta-feira, 17 de abril de 2014

Guardião



Recebi esta tarde, de minha irmã, uma esplêndida notícia.

O Papa Francisco nomeou hoje, 17-4-2014, como novo bispo auxiliar de Lisboa, o cónego José Augusto Traquina. A Santa Sé já não é o que era: o padre Zé Augusto vai a bispo sem passar por uma universidade romana...

Nascido lá no extremo oeste da minha freguesia de Évora de Alcobaça, quase na ponta norte da diocese de Lisboa, escuteiro que formou gerações de adolescentes e jovens (como este seu amigo discípulo), vocação amadurecida mais do que chamada tardia, o novo bispo José Augusto Traquina, é carismático e popular, homem excecionalmente bom, muito alegre, delicadíssimo no trato, extremamente simples, caloroso, de um discernimento proverbial e de uma capacidade de persuasão notável, de palavra ponderada e de decisão segura. Nascido pobre, manteve-se frugal. Modesto, e sem nunca lhe notar sequer um pingo de vaidade, sempre o previ bispo, e creio que também a maioria dos que o conheceram.

Fiel, firme na doutrina e moderno no estilo e na preocupação prioritária com os mais humildes (assim ao modo do estilo do Papa Francisco) não apenas na assistência social, mas também pastoral (sobre a qual fez uma tese de grande valia), enquanto ouvinte paciente e atento e mediador na resolução de problemas pessoais e institucionais, ao mesmo tempo que disponível para o diálogo com os não crentes e para se mover em território hostil. 

Homem do terreno, mas com traquejo de trato institucional, começa o seu serviço na Igreja após a ordenação com a gestão das vocações nos seminários da diocese, e, depois, finalmente, satisfeito o seu pedido de atribuição de uma paróquia, primeiro no Bombarral e depois em Benfica (Lisboa), ao mesmo tempo que desempenhava outras tarefas vocacionais e administrativas, localmente na direção de centros paroquiais e para a diocese.

Polivalente, músico (viola...) que toca, canta e compõe, interessado pelos média (na escrita e edição de imprensa e autor de programa de rádio em meados da década de 80). Criador de eventos e persistente na sua realização, animador de reuniões, com enorme habilidade na condução de assembleias e dirigente responsável.

Sério - traquina só de nome, o qual que também tem Maria com especial dedicação -, mas com sentido de humor, simpático e gerador de simpatia, e de conversa agradável. Com jeito especial para os mais novos e os mais velhos, trata cada pessoa como única e central.

Excelente evangelizador, foi profeta mesmo nas suas terras de Alcobaça, antes e depois da ordenação sacerdotal, o que demonstra bem a valia da sua bondade e do seu poder de conversão. Generoso, concentrado exclusivamente - e sem descanso... - no serviço dos outros, desligado de honrarias, estou certo que será como bispo auxiliar do Patriarca de Lisboa, senhor D. Manuel Clemente, o que é como padre e homem. 

Diria que o novo bispo José Augusto é tudo quando um bispo de sempre deve ser e tudo o um pastor de hoje beneficia. Quiçá, a concretização do Monumento a São Bernardo, em Alcobaça, no passado sábado, e o poste de ontem que me roubou o título de hoje, fosse já um sinal do que aí vinha: esperam-nos novos tempos e melhores ventos.

A nova missão representará para si um esforço, mas servidor de Deus e da Igreja, há-de desempenhá-lo com a lucidez e o empenhamento que Cristo lhe concedeu. Deus o abençoe!


Pós-Texto (17:18 de 19-4-2014): Também foi designado, nesta ocasião, bispo auxiliar de Braga, o cónego Francisco Senra Coelho, muito bem preparado para a função que agora o papa Francisco lhe confia e Deus requer. Deus o abençoe e auxilie!

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