Na esgrima florentina da política tuga - para usar um qualificativo de um leitor amigo -, se inserem as declarações que destapam, mais do que escondem, vontades de mais e mais. Dinheiro. Na política doméstica, o poder tangibiliza-se em dinheiro, tout court. E não é o dinheiro para alcançar e manter o poder; é o poder para alcançar dinheiro, muito dinheiro.
Noutra frente, acontecem os surtos da justiça, como, em 11-12-2012, as buscas às casas do ex-ministro Teixeira dos Santos, do ex-secretário de Estado Costa Pina, do ex-presidente das Estradas de Portugal Almerindo Marques - como antes, em 26-9-2012, do ex-ministro Mário Lino, do ex-ministro António Mendonça e do ex-secretário de Estado Paulo Campos e da sua colaboradora Ana Tomás. Noutro plano, inclinado, a busca, em 6-12-2012, ao patriota Medina Carreira - já descrita como um «engodo» - que certamente será esclarecida em breve. Neste caso, como nos noutros, uma busca, que é um procedimento muito doloroso, não significa culpabilização. Mas é o sinal de que a justiça, e a investigação que a promove, não discrimina origens e lados. Embora, a lei do Estado, que é feita pelos mesmos homens que o mal servem, permita que uns se socorram do Espírito Santo de orelha, enquanto outros se salgam. Dir-se-á que o cerco da investigação aperta em direção ao cume, mas, lá longe, parece estar a salvo das buscas e das rogatórias. Na verdade, está a salvo por causa do medo dos outros, mesmo se a situação o preocupa até à ansiedade do ataque preventivo... Mas a impunidade não dura para sempre: isto é País de explosões que, num instante, bloqueiam pontes e se atiçam com papeletas da ladroeira...
Noutra atmosfera, a privatização da TAP entretem-se no compasso de espera que também compreendemos noutro negócio de além-atlântico, primeiro vetado, porque se trataria de um ativo estratégico, e duas semanas depois consentido. Olho vivo e pé ligeiro, assustados os funcionários, esfumados os intermediários e diluídos os interlocutores reais numa multidão que vai até à secretária e ao porteiro, acertado o preço, disfarçado o preço de mais-ou- menos-trinta-e-cinco-milhões-de-euros (!) de compra de uma companhia de bandeira pela habitual engenharia financeira que porá o custo num montante acima do valor bolsista da Apple, lá se fará o negócio. Depois a RTP, outro negócio de Estado, em que o motivo não é o lucro, mas o poder, e a consolidação de um protetorado, cada vez mais vil, cada vez mais humilhante.
Negócios, jazidas de ouro offshore, temporadas no Brasil, New York e Londres, e a convicção ingénua de que a felicidade suprema se obtém pela acumulação desmedida do dinheiro - enquanto se afligem, nas largas noites de insónia, pelo medo de que a tranferência da conta x para a conta do cartão de crédito y é, mais cedo ou mais tarde, detetada por algum procurador teimoso e algum juiz imparcial. A corrupção não consente a segurança de ninguém. É essa a ironia: rouba-se por causa de uma segurança que ainda se degrada mais pelo facto do roubo.
Atualização: emendado às 11:03 de 23-12-2012.
Limitação de responsabilidade (disclaimer): As entidades referidas nas notícias dos média, que comento, não são suspeitas ou arguidas do cometimento de qualquer ilegalidade ou irregularidade nestes casos e mesmo quando, e se, na situação de arguidas gozam do direito constitutucional à presunção de inocência até ao trânsito em julgado de eventual sentença condenatória.
Noutra frente, acontecem os surtos da justiça, como, em 11-12-2012, as buscas às casas do ex-ministro Teixeira dos Santos, do ex-secretário de Estado Costa Pina, do ex-presidente das Estradas de Portugal Almerindo Marques - como antes, em 26-9-2012, do ex-ministro Mário Lino, do ex-ministro António Mendonça e do ex-secretário de Estado Paulo Campos e da sua colaboradora Ana Tomás. Noutro plano, inclinado, a busca, em 6-12-2012, ao patriota Medina Carreira - já descrita como um «engodo» - que certamente será esclarecida em breve. Neste caso, como nos noutros, uma busca, que é um procedimento muito doloroso, não significa culpabilização. Mas é o sinal de que a justiça, e a investigação que a promove, não discrimina origens e lados. Embora, a lei do Estado, que é feita pelos mesmos homens que o mal servem, permita que uns se socorram do Espírito Santo de orelha, enquanto outros se salgam. Dir-se-á que o cerco da investigação aperta em direção ao cume, mas, lá longe, parece estar a salvo das buscas e das rogatórias. Na verdade, está a salvo por causa do medo dos outros, mesmo se a situação o preocupa até à ansiedade do ataque preventivo... Mas a impunidade não dura para sempre: isto é País de explosões que, num instante, bloqueiam pontes e se atiçam com papeletas da ladroeira...
Noutra atmosfera, a privatização da TAP entretem-se no compasso de espera que também compreendemos noutro negócio de além-atlântico, primeiro vetado, porque se trataria de um ativo estratégico, e duas semanas depois consentido. Olho vivo e pé ligeiro, assustados os funcionários, esfumados os intermediários e diluídos os interlocutores reais numa multidão que vai até à secretária e ao porteiro, acertado o preço, disfarçado o preço de mais-ou- menos-trinta-e-cinco-milhões-de-euros (!) de compra de uma companhia de bandeira pela habitual engenharia financeira que porá o custo num montante acima do valor bolsista da Apple, lá se fará o negócio. Depois a RTP, outro negócio de Estado, em que o motivo não é o lucro, mas o poder, e a consolidação de um protetorado, cada vez mais vil, cada vez mais humilhante.
Negócios, jazidas de ouro offshore, temporadas no Brasil, New York e Londres, e a convicção ingénua de que a felicidade suprema se obtém pela acumulação desmedida do dinheiro - enquanto se afligem, nas largas noites de insónia, pelo medo de que a tranferência da conta x para a conta do cartão de crédito y é, mais cedo ou mais tarde, detetada por algum procurador teimoso e algum juiz imparcial. A corrupção não consente a segurança de ninguém. É essa a ironia: rouba-se por causa de uma segurança que ainda se degrada mais pelo facto do roubo.
Atualização: emendado às 11:03 de 23-12-2012.
Limitação de responsabilidade (disclaimer): As entidades referidas nas notícias dos média, que comento, não são suspeitas ou arguidas do cometimento de qualquer ilegalidade ou irregularidade nestes casos e mesmo quando, e se, na situação de arguidas gozam do direito constitutucional à presunção de inocência até ao trânsito em julgado de eventual sentença condenatória.
10 comentários:
Até parece, que estamos de regresso aos bons tempos do Ouro do Brasil.
Que o digam o Dr. Relvas e o seu amigo, Seu José Dirceu.
Ser amigo de Dirceu é ser bandido?
Então o Lulla,amigo das nossas esquerdas não foi quem apoiou o Dirceu? Não são ambos do PT?
E ser amigo de Sócrates,não é crime? De Soares? Dos pedófilos que estão na AR?
É o Relvas...
Lá porque o Relvas é do Partido que foi do Sá Carneiro, pode ser amigo dos amigos da Esquerdalha, que é uma vítima.
Vai-te catar, Oh laranajinha do BPN. Os laranjinhas são tão ladrões como os rosas. Basta ver as negociatas entre Sampaio e Cavaco. Loureiro ou Coelhone.
Os laranjas fingem que não roubam tanto como os rosas. São iguais.
E nós não admiramos o PC ou o Bloco.
Queremos a MUDANÇA DE REGIME. Se não vier a bem, virá a mal. Há por aí muito candidato a Buíça.
Nós queremos que vós tenhais juízo.
Não é com presunções que se condena ninguém.Há que falar com propriedade.
O BPN não foi um golpe,há dois momentos.Um,quando os Loureiros e Coelhos (sempre na sombra das críticas) fizeram trafulhice.Outro momento,o mais grave,quando os xuxas do governanço socretino decidiram lá meter os milhares de milhões saídos da bolsa dos portugueses,em vez de deixar falir o banco ou aceitar o plano Cadilhe.
Portanto,nós queremos é ter juízo e falar com exactidão.
Mandar papaias balofas,qualquer traste sabe.
O BPN é laranja, e o o governo quando nacionalizou o banco o buraco não chegava ao 1000 milhões, os resto estava debaixo do tapete laranja.
Liza Minnelli
Pronuncia-se "laiza", portanto com um único Z
e não
Lizza Minnelli
http://pt.wikipedia.org/wiki/Liza_minnelli
http://en.wikipedia.org/wiki/Liza_Minnelli
http://www.imdb.com/name/nm0591485/
http://www.imdb.com/title/tt0068327/
O Governo nacionalizou o que havia e sabia bem o que nacionalizava,até demais.
E eu também sei.
"Nós",não sabemos e provávelmente nunca saberemos.Limitamo-nos a presumir que sabemos e a participar do folclore.
O Dr Caldeira que é uma pessoa lúcida e inteligente devia, se me permite, a nivel das cupulas do PSD transmitir o gde desagrado que existe na população Portuguesa relativamente as medidas que o governo de Passos tem implementado. Passos Coelho é , já o provou e prova diáriamente uma pessoa mal preparada , que não faz a minima ideia do que anda a fazer, que nem acessores à altura tem e que sempre que abre a boca ofende o povo de forma cruel. Em relação às reformas o PM nem sabe do que fala.As pessoas descontaram o que os serviços lhes retirava a cada mês para terem uma reforma.Quem viveu na ex-colonias (para que esse tempo de serviço contasse para a aposentação )tiveram de descontar duplamente (na ex-colonia onde trabalharam e de novo aqui no territorio). Agora, depois de descontos fabulosos constatam que a sua reforma vai ser drasticamente cortada porque à frente dos destinos de Portugal está uma "cambada" de garotos mal preparados,e inconscientes. . Isso é de uma INJUSTIÇA e uma vigarice total. O senhor Passos corte na reforma dos Deputados que ao fim de 8 anos de serviço já tem uma gde aposentação e aos gestores publicos que recebem milhões.
Isto já não é um país, é um local de facinoras insensiveis , mal formados e incompetentes.
Faço minhas as palavras do Sr. Comentador das 11: 10.
Não acrescento NADA pois creio que ele disse TUDO o que há a dizer sobre o assunto.
Desejo um Santo Natal para o Dr. Balbino Caldeira e todos os Srs Comentadores deste excelente Blogue.
Tudo comeu. Ainda há muita gente a comer. Reformados aos 50 anos, foram aos milhões. Muitos reformados NUNCA descontaram um centimo, e têm direito a reforma. Estima-se que existam 400 mil reformas que nunca descontaram um centimo, em grande parte, por via da situação de viuvez.
Disseram às pessoas que estavam a descontar para as suas reformas. Mentira. Os que estão agora a trabalhar, é que estão a pagar as reformas dos que usufruem hoje.
Depois, houve o complemento dos idosos, houve o rendimento mínimo, há centenas de milhares de desempregados, etc.
Reformas, bye bye.
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