Angola assumiu, nos últimos anos o lugar do Brasil do séc. XIX, enquanto El Dorado de enriquecimento fácil apesar de ambiente inóspito. As casas de angolanos substituem agora na nossa paisagem urbana as faustosas casas de brasileiros da transição do século XIX para o XX.
Porém, o crescimento económico angolano sofreu um sobressalto conjuntural, com a baixa do preço de petróleo, desde este Maio de 2011, que, todavia, já retomou a inevitável subida (o petróleo e o gás são cada vez mais escassos e mais fundos). Essa baixa, que atingiu os 20%, constitui um rombo muito forte nas finanças de um país, onde o petróleo constitui 85% do Produto Interno Bruto (PIB), 95% das exportações e 85% das receitas do Estado (dados de 2009, do Departamento de Estado norte-americano). Ainda que Angola, o maior produtor africano de petróleo, só venda 2,2% de petróleo refinado face ao volume do bruto. Nesta circunstância conjuntural de redução da receita, o consequente aperto nos pagamentos transmitiu-se imediatamente à economia.
Aos estadistas e banqueiros portugueses pareceu que Angola podia ser uma espécie de salvação portuguesa, nomeadamente da banca (BCP, BES...), um trunfo que os gregos não tiveram. Mas a aflição obrigou os jogadores portugueses a destrunfarem e, nesta altura, restam aos jogadores comprometidos com seis anos de socratismo apenas duques e ternos: duques sem dinheiro e ternos surrados.
Aliás, o Estado e o empresariado angolano, nos seus grandes investimentos em Portugal, apesar de uma ou outra fraude de espertalhaços tugas que parece amiúde custar caro aos autores, escolheram quase sempre as cerejas do bolo e não parece que possa existir do actual Governo, a mesma cumplicidade socratina na venda de participações na PT e outras através de financiamento directo (CGD...) do próprio Governo. Aliás, Lisboa nunca foi a praça dos investimentos financeiros angolanos, que preferem Londres e Nova Iorque. Esmifrada a lucratividade do mercado português, o interesse angolano relativamente à economia portuguesa concentra-se na compra de participações nos bancos portugueses... em Angola, no alargamento da actividade de bancos de origem angolana em Portugal (veja-se o notável caso do Banco BIC) para cativar o dinheiro da diáspora e na compra de participações em empresas portuguesas globais (Galp, PT, EDP, etc.). A tecnologia e a experiência portuguesa, na finança, nas telecomunicações, na energia, nas obras públicas e construção, nas tecnologias de informação, na distribuição e nos serviços, interessam ao Governo angolano para o desenvolvimento do seu País, mas, obviamente, com o mínimo de participação nos lucros e de poder.
Procurando adaptar-se a nova conjuntura, Angola parece testar o novo Governo português, que tomou posse em 21-6-2011. Veja-se o caso da detenção, em 2-7-2011, em Luanda, de 42 portugueses sem visto de trabalho, no caso dos passaportes da Prebuild. Para além do juízo de oportunidade, que não podia ser ign orado por qualquer das partes, invulgar, se comparado com a prática portuguesa, é a sua detenção, pois bastaria a notificação de um prazo para abandonar o País, vir a Portugal, solicitar novos vistos e reentrar em Angola com autorização. A concessão de vistos de trabalho aos portugueses tem-se tornado mais difícil e o trauma da colonização, 36 anos após a independência, tem sido reavivado pelo crescimento de imigração portuguesa que o poder angolano encara sem racismo, mas com cepticismo.
Os tempos mudaram e é útil adaptarmo-nos, todos, a eles: Lisboa pode ser a Miami de Angola, mas Portugal já não é o Puto.
Pós-Texto (11:09 de 9-7-2011): Turismo de andaime
O nosso comentador Lawrence deixou uma nota na caixa que, pela sua perspicácia, respigo um trecho:
* Imagem picada daqui.
Porém, o crescimento económico angolano sofreu um sobressalto conjuntural, com a baixa do preço de petróleo, desde este Maio de 2011, que, todavia, já retomou a inevitável subida (o petróleo e o gás são cada vez mais escassos e mais fundos). Essa baixa, que atingiu os 20%, constitui um rombo muito forte nas finanças de um país, onde o petróleo constitui 85% do Produto Interno Bruto (PIB), 95% das exportações e 85% das receitas do Estado (dados de 2009, do Departamento de Estado norte-americano). Ainda que Angola, o maior produtor africano de petróleo, só venda 2,2% de petróleo refinado face ao volume do bruto. Nesta circunstância conjuntural de redução da receita, o consequente aperto nos pagamentos transmitiu-se imediatamente à economia.
Aos estadistas e banqueiros portugueses pareceu que Angola podia ser uma espécie de salvação portuguesa, nomeadamente da banca (BCP, BES...), um trunfo que os gregos não tiveram. Mas a aflição obrigou os jogadores portugueses a destrunfarem e, nesta altura, restam aos jogadores comprometidos com seis anos de socratismo apenas duques e ternos: duques sem dinheiro e ternos surrados.
Aliás, o Estado e o empresariado angolano, nos seus grandes investimentos em Portugal, apesar de uma ou outra fraude de espertalhaços tugas que parece amiúde custar caro aos autores, escolheram quase sempre as cerejas do bolo e não parece que possa existir do actual Governo, a mesma cumplicidade socratina na venda de participações na PT e outras através de financiamento directo (CGD...) do próprio Governo. Aliás, Lisboa nunca foi a praça dos investimentos financeiros angolanos, que preferem Londres e Nova Iorque. Esmifrada a lucratividade do mercado português, o interesse angolano relativamente à economia portuguesa concentra-se na compra de participações nos bancos portugueses... em Angola, no alargamento da actividade de bancos de origem angolana em Portugal (veja-se o notável caso do Banco BIC) para cativar o dinheiro da diáspora e na compra de participações em empresas portuguesas globais (Galp, PT, EDP, etc.). A tecnologia e a experiência portuguesa, na finança, nas telecomunicações, na energia, nas obras públicas e construção, nas tecnologias de informação, na distribuição e nos serviços, interessam ao Governo angolano para o desenvolvimento do seu País, mas, obviamente, com o mínimo de participação nos lucros e de poder.
Procurando adaptar-se a nova conjuntura, Angola parece testar o novo Governo português, que tomou posse em 21-6-2011. Veja-se o caso da detenção, em 2-7-2011, em Luanda, de 42 portugueses sem visto de trabalho, no caso dos passaportes da Prebuild. Para além do juízo de oportunidade, que não podia ser ign orado por qualquer das partes, invulgar, se comparado com a prática portuguesa, é a sua detenção, pois bastaria a notificação de um prazo para abandonar o País, vir a Portugal, solicitar novos vistos e reentrar em Angola com autorização. A concessão de vistos de trabalho aos portugueses tem-se tornado mais difícil e o trauma da colonização, 36 anos após a independência, tem sido reavivado pelo crescimento de imigração portuguesa que o poder angolano encara sem racismo, mas com cepticismo.
Os tempos mudaram e é útil adaptarmo-nos, todos, a eles: Lisboa pode ser a Miami de Angola, mas Portugal já não é o Puto.
Pós-Texto (11:09 de 9-7-2011): Turismo de andaime
O nosso comentador Lawrence deixou uma nota na caixa que, pela sua perspicácia, respigo um trecho:
«Foram 40 passaportes mas podem ser 40.000! A maioria do pessoal que lá trabalha é com visto de turista! Eu, de brincadeira (...) digo aos meus amigos que Angola descobriu um nicho no mercado turístico que é o Turismo de Andaime! É o país com mais turistas em andaime! Estes passaportes "apanhados" são jogo político apenas! Para fazer "jogo sujo" em qualquer coisa, porque sabe-se que "turistas" tugas lá, é mato!»
* Imagem picada daqui.
9 comentários:
Ora bem.
Mas, entretanto, alguns escolhos:
1. A Nomenklatura angolana ainda é generalizadamente ressabiada.
2. Não se pense que os angolanos aceitarão pagar, e não mandar. Aliás, isso já se passa até com a própria banca. O BPI foi obrigado a ceder 51% à Unitel (de uma das filhas do Regime), do seu Banco do Fomento.
3. Ser mandado por angolanos, não é o mesmo que ser mandado pelos EUA (face aos britânicos, que cederam o poder à sua ex-Colónia). Ou seja, a "gasosa" é uma prática comum em Angola. Quererá Portugal entrar mais pela "gasosa" do que é prática actual?
4. Fará mais sentido, Portugal ficar a ser comandado pelo Brasil. Esse sim, uma potência emergente, quer pela sua dimensão geográfica, quer pelo seu potencial económico e financeiro, quer pelos imensos recursos naturais.
Já agora, o episódio dos portugueses expulsos diz muito sobre o estado miserável da nação portuguesa.
Foram apanhados pelo SEF de Angola, porque um "esperto tuga" trazia na mala, mais de 30 passaportes para ver se conseguiam o visto em Portugal!!!
Portugal está ao nível do Bangladesh e das Honduras, a nível de ratings. Mas, a nível de mentalidade, a nação portuguesa está também ao nível do Terceiro Mundo.
Algures em Portugal, deverá estar a formar-se um novo Botas.
http://economico.sapo.pt/noticias/estudo-recomenda-a-fusao-de-municipios_122316.html#comentarios
As autarquias precisam de reavaliar a sua viabilidade económico-financeira, o que pode resultar na reestruturação e eliminação de alguns dos actuais dos municípios portugueses.
A recomendação consta de um estudo da responsabilidade da Saer e da Caixa Geral de Depósitos, intitulado Cidades e Desenvolvimento.
O memorando de entendimento entre a ‘troika' e Portugal prevê a redução do número de autarquias, mas o Governo de passos Coelho tem dado sinais contrários a esta medida. O próprio programa de Governo fala em fusão de órgãos autárquicos e não em fusão de municípios. E o secretário de Estado da Administração Local, Paulo Júlio, referiu ao Diário de Notícias que "reduzir o número de câmaras não é um eixo basilar do projecto de reforma do Governo".
O estudo apresentado hoje faz uma avaliação da situação dos municípios e apresenta algumas sugestões para que as cidades se concentrem na produção de riqueza para conseguir competir ao nível internacional. "A cidade tem de ter uma posição nos fluxos internacionais, senão definha, afirmou Poças Esteves, o coordenador do estudo
Foram 40 passaportes mas podem ser 40.000!
A maioria do pessoal que lá trabalha é com visto de turista!
Eu, de brincadeira e porque já estive para ir para Angola nesse pressuposto, digo aos meus amigos que Angola descobriu um nicho no mercado turístico que é o Turismo de Andaime!
É o país com mais turistas em andaime!
Estes passaportes "apanhados" são jogo político apenas!
Para fazer "jogo sujo" em qualquer coisa, porque sabe-se que "turistas" tugas lá, é mato!
Portas visita três países lusófonos na primeira deslocação
O ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, vai deslocar-se a Angola, Moçambique e Brasil no final do mês, uma viagem que aposta nas vertentes da diplomacia económica, língua e comunidades portuguesas.
O périplo lusófono de Paulo Portas começa a 21 de julho em Angola e termina a 25 em Brasília, disse à agência Lusa o porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros, Miguel Guedes.
Além dos países lusófonos, o chefe da diplomacia desloca-se ao Peru, a 27 e 28 de julho para representar Portugal na tomada de posse do novo Presidente do país, Ollanta Humala.
http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?section_id=12&id_news=520520
Agora sim, concordo com o Sr Silva quando diz que as empresas de rating não são para levar a sério. Ontem dizia que não deviamos diabolizar essas mesmas empresas de rating. Está certo agora.
Concordo com a Cristas quando diz que não temos graveto para cumprir a nossa parte do PRODER. Ontem dizia que não aproveitávamos as massas vindas da UE para a agricultura. Está certa agora.
Por agora fico por aqui porque amanhã há mais. Cada vez tenho mais a certeza que é muito fácil falar. O dificil é fazer.
E, também , há muitas coisas que o Dr ABC dizia ontem e que agora o obrigam a estar calado.
E a procissão ainda vai no adro!...
Esses meninos que por aí falam no turismo de andaime devem ser funcionários publicos! Gostava de vê-los inseridos no mercado de trabalho da construção e serem confrontados com propostas do tipo ou vais para Angola ou vais para a rua...é muito bonito falar do alto do poleiro da moralidade dos outros quando temos emprego garantido pelos contribuintes, ou reforma que ainda é melhor
Auditoria geral ao BPN e à SLN e a todas as transacções desde há dez anos a esta parte.
Ou vão varrer o lixo para debaixo de tapete?
Parece que o anónimo das 13:54 para além de ter uma grande falta de humor, lê as coisas conforme mais lhe dá jeito!
Eu, se fosse, ia também com visto de turista!
E ia trabalhar para o mato meu caro!
Não sou funcionário público nem nunca fui!
Sempre trabalhei nas indústrias extractivas e transformadoras (que não de petróleo).
Quando chamo turista de andaime não estou a menosprezar quem lá está nessa situação.
Também lá tenho um familiar!
Leia bem antes de comentar mal!
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