A explicação para este hiato no blogue Do Portugal Profundo é a preparação do jornal digital Inconveniente (https://inconveniente.pt). O planeamento, organização e execução, deste projeto decorre há cerca de oito meses e ocupou parte do tempo que a este blogue costumo dedicar. Com ânimo e esforço, o Inconveniente foi lançado neste 1 de fevereiro de 2021, conforme previsto.
Várias vezes havia aqui assinalado que era necessário um jornal digital livre em Portugal. Fui fazendo contactos, mas o pavor da perseguição e punição do poder político, demovia potenciais participantes. Contudo, não desisti.
O receio de eventuais investidores de serem prejudicados os seus negócios direta e indiretamente pelo poder político afasta financiamento para um projeto de maior dimensão. A realidade de um país regressivamente pobre, onde a redistribuição desigual da riqueza é bastante maior do que a sua criação e no qual as empresas, investidores, e a sociedade civil, não podem correr o risco de desafiar o Estado e uma parte prefere até o seu encosto, um projeto nos média tem de suportar-se, pelo menos inicialmente, com o trabalho voluntário. E depois, quem quiser, pode ajudar financeiramente, com equipamento e com trabalho, no desenvolvimento do jornal para maior e melhor fluxo de informação.
Então, como escrevo no editorial deste jornal digital Inconveniente, que dirijo, após uma análise da situação e da história, um grupo de patriotas juntou-se para fazer um jornal livre. Porque é necessário e tem de ser possível.
Concluímos que a política, a sociedade, a cultura, a economia e as finanças de Portugal estão presas pela ideologia totalitária do politicamente correto, a pele de cordeiro do marxismo cultural. Luta com outras classes – mulheres contra homens, negros contra brancos, homossexuais contra heterossexuais… –, mas luta. Em vez de trabalho, de congregação, de liberdade e de paz.
Por outro lado, as elites parecem amedrontadas e resignadas aos novos costumes do poder, ao qual estão encostadas, e não têm ânimo para prescindir do conforto para mudar a situação. Tal como prevenia José Ortega y Gasset, em 1914, nas Meditaciones del Quijote, “eu sou eu e a minha circunstância e se não a salvo a ela não me salvo eu”.
Não há salvação no egoísmo. Temos um dever, mesmo servos inúteis que somos, de servir os outros. Nesse serviço que é coletivo, pois não estamos, nem podemos estar, sós, mudamos as impiedosas circunstâncias. Porém, não é possível mudar a política corrupta, a sociedade corrompida, a cultura censurada, a economia arruinada e as finanças vazias, sem meios. Atualmente, esses meios são os de informação e comunicação. Só através desses meios se descobre e difunde a verdade. E, então, a mudança será viável. Mesmo que, para a nossa comodidade e risco, seja Inconveniente.
É este o nosso estatuto Editorial do Inconveniente.
1. O Inconveniente é um jornal digital plurimédia que serve a verdade, a vida, a dignidade da pessoa humana e a liberdade.
2. O Inconveniente separa a informação da opinião nas notícias, investigações, reportagens, entrevistas e outras peças jornalísticas.
3. O Inconveniente é um meio livre e sem coutos.
4. O Inconveniente advoga a proteção dos direitos, liberdades e garantias dos indivíduos e cumpre escrupulosamente a lei do Estado de direito democrático.
5. O Inconveniente respeita todas as crenças e filosofias.
6. O Inconveniente acredita que a verdade liberta as pessoas e defende a liberdade de expressão.
7. O Inconveniente é apartidário e independente de qualquer organização ou grupo de interesses financeiros, económicos, culturais ou sociais.
8. O Inconveniente dirige-se a um público intergeracional, sem distinção económica, cultural ou social, e pretende acolher leitores, comentadores, doadores e apoiantes, numa comunidade de informação e opinião.
9. O Inconveniente rejeita todos os totalitarismos e discriminações de pessoas com base na etnia, política, religião, filosofia e grupo social, cultural e económico.
10. O Inconveniente estimula o debate de opinião.
11. O Inconveniente procura reunir um conjunto alargado de especialistas setoriais e cronistas.
12. Quando o Inconveniente errar, corrigirá imediatamente a notícia logo que apure a verdade. E concederá aos visados nas notícias espaço para que possam apresentar a sua versão dos acontecimentos, reservando-se também o direito de contestar essa interpretação.
Assim Deus nos beneficie com a sua Graça.