domingo, 26 de março de 2017

A necessidade de refundação da direita portuguesa



A convição esquerdista nos costumes não é o único mal das direções atuais do PSD de Passos Coelho e do CDS da delegada Assunção Cristas. Sem efeito, os jotas eternos poderiam crer nas barrigas de aluguer, no aborto livre, na adoção de crianças por casais homossexuais, no casamento homossexual, na eutanásia e na liberalização das drogas... Mas essa convicção íntima, de modernidade, de finesse politicamente correta - assim à moda de Teresa Leal Coelho, mas sem doideira -, não tinha de ser aplicada, tendo em conta o posicionamento conservador do povo da direita. Até porque a conjuntura internacional mudou e o totalitarismo do politicamente correto está moribundo.

O problema maior é a ideia entranhada nos políticos profissionais da direita de que se não recolhem a preferência dos cidadãos é por causa de não serem suficientemente iguais ao adversário nos costumes liberais. Essa ideia tacticista enleva os aparelhistas dos partidos da direita à histeria coletiva de adesão techno aos valores da esquerda radical, ao mesmo tempo que se esforçam a tentar demonstrar que são mais austeritários no Governo. O que também não agrada ao povo, que tem a memória mais viva do aperto da troika do que do despesismo socratino.

Ora, quando a esquerda radical, sucede, pela manha costista, em manter o pagamento de salários, pensões e subsídios, em reduzir o défice orçamental face ao PIB em 2016 para 2,06%, e com a economia a andar até acima da média dos países do euro (1,9% de crescimento homólogo no último trimestre de 2016), se a proposta de costumes é a mesma, o que resta de posicionamento diferente de PSD e CDS?... Noves fora, nada.

A direita portuguesa precisa de uma refundação: uma inequívoca proposta política conservadora nos costumes e uma prática política anticorrupção.


* Imagem picada daqui.

sexta-feira, 24 de março de 2017

10,75%!?...

"Caixa paga 10,75% pela emissão de dívida perpétua", Jornal de Negócios, 23-3-2017.

A bancocracia costista obriga o contribuinte a pagar um juro de 10,75% pelos 500 milhões de euros de obrigações da CGD, em vez de pagar, por exemplo, 3% se fosse consentido ao pequeno e médio aforrador (que recebe um juro de 1% nos depósitos a prazo da banca nacional) aceder à compra desses títulos. Motivo: não desviar dinheiro dos depósitos a prazo de outros bancos e... da própria Caixa!...

domingo, 19 de março de 2017

O horror do aborto seletivo

O horror do aborto seletivo por causa do sexo da criança ganhou uma justificação médica politicamente correta nos países ocidentais. Segundo o Mail Online, de 18-3-2017, afirmou a Dra. Wendy Savage (!...), perita ética (?!...) da British Medical Association, que a lei britânica que proíbe o aborto para escolha do sexo deve ser alterada, pois a saúde da mãe será afetada se for forçada a ter um bebé do sexo género errado e convém evitar à criança o sofrimento de ser indesejada... Mesmo essa norma legal é inútil: a mãe pode invocar outro motivo. A justificação ética favorece o aborto seletivo por causa do sexo da criança, Às seis semanas de gravidez, logo na primeira ecografia, muitos bebés vão ter o destino do esgoto traçado, apenas por se situarem do lado errado do útero.

O eugenismo tornou-se outra vez, depois do nazismo, doutrina oficial: foi adotado pelo totalitarismo do politicamente correto. Um admirável mundo novo de designer babies com os genes certos, obtido pelo aborto, pela manipulação genética e pela eutanásia. Uma cultura de morte.

sábado, 18 de março de 2017

Teste do algodão de pertença ao sistema


Recomendo a leitura da crónica de Alberto Gonçalves, no Observador, de 18-3-2017, «O comentador de "direita": uma profissão de futuro».

Quem são esses comentadores de direita? Críticos q.b., modo português suave, brandinhos. De cócegas, de cócoras, de bruços. Colabos avençados, sempre à cata de um tacho na quinquilharia do socialismo corrupto. Bobos pagos para catarse do fausto do castelo.

Tempo houve em que o teste do algodão, o contract killing, para se abrirem as portas do céu dos média de confiança e depois do poder, era afirmar que acreditavam na inocência de Paulo Pedroso. Agora, é mostrar solidariedade com o «engenheiro» Sócrates pela demora na acusação do maxiprocesso Marquês (28 arguidos até ao momento), uma demora causada pelos próprios envolvidos ao girarem o dinheiro por paraísos fiscais com tradição de dificultar a resposta a cartas rogatórias de autoridades de outros países. Uma espécie de benefício do infrator: o beneficiário do esquema faz circular o dinheiro recebido por vários países fiscais para lavá-lo, apagar o rasto e possibilitar a prescrição com a prevista demora sucessiva dos paraísos fiscais em fornecer informação bancária, além dos recursos e petições que apresenta e que originam adiamentos no processo; e depois quando apanhado (quando é!) queixa-se do suposto suplício a que é sujeito pelo atraso da acusação, quando usufrui da liberdade que o garantismo politicamente correto lhe consente.

O melhor teste de algodão de pertença ao sistema corrupto é chamar «engenheiro» a quem não é, nem nunca foi. Um homem responsável, não apenas pelos milhões alegadamente recebidos, em parte já apurados na operação Marquês, mas pela ruína que provocou à Nação: o suicídio de insolventes, falidos e desempregados, a morte de doentes com cirurgias adiadas por subfinanciamento de hospitais, a dor de doentes sem dinheiro para remédios, a fome de crianças e velhos, as famílias destroçadas pela insuficiência económica, a desistência da universidade de estudantes com pais desempregados, os sonhos evanescidos dos jovens, o sofrimento de um povo sem presente nem, ainda, futuro sofrível.

Não têm vergonha? Nenhuma: são donos do mundo. Proclamam da tribuna dourada: coitadinho do tirano que sofre o horror da lei!

No fim das contas que os sistémicos, de direita e de esquerda, fazem aos ganhos previstos em cada vez que se vendem, as vítimas - abusadas, mortas, doentes, famintas, insolventes, desempregadas, isoladas, ignorantes e miseráveis - da corrupção política não têm o direito à dignidade da justiça, de proteção nem de compensação. Quem tem direito à indignação mediática são os arguidos poderosos da ficção em que virtualmente nos arrastamos.


Limitação de responsabilidade (disclaimer): as entidades referidas nas notícias dos média, que comento, enquanto arguidas gozam do direito à presunção de inocência até ao trânsito em julgado de sentença condenatória.

quarta-feira, 15 de março de 2017

Aos costumes dizem... nada!

Os motivos pelo qual o povo conservador, da direita e do centro, deve votar no PSD de Pedro Passos Coelho (ou no nuancé CDS de Assunção Cristas):
  1. É a favor do aborto.
  2. É a favor do casamento homossexual.
  3. É a favor da adoção de crianças por casais homossexuais (defende que as crianças só devem ter direito legal a um pai ou a uma mãe).
  4. É a favor das barrigas de aluguer.
  5. É a favor da ideologia do género.
  6. É a favor do consumo legal de drogas.
  7. É a favor da eutanásia.
  8. É mais austeritário do que António Costa.
O último ponto faz toda a diferença! Isso dos valores não interessa nada!... A ditadura do politicamente correto está moribunda na Europa e nas Américas, mas tem na direita dos interesses portuguesa quem a defenda e a promova. Os resultados das sondagens são medíocres, mas logo melhoram se o povo reacreditar. O socialismo liberal de Coelho e de Cristas é melhor do que o PS...


segunda-feira, 6 de março de 2017

Mixórdia amarga

A peça «Procurador suspeito de corrupção emprestou dez mil euros ao juiz Carlos Alexandre», do Público, datada de 2-3-2017, compara o juiz Carlos Alexandre a... José Sócrates! Tal como Sócrates, Carlos Alexandre também teria «afinal» (!...) um amigo rico, apesar do que tinha contado em entrevista à SIC, de 8-9-2016: «eu não tenho amigos, amigos no sentido de pródigos»!... O socialistémico JN, em e-3-2017, é ainda mais torcido: «Carlos Alexandre obteve empréstimo de amigo suspeito de corrupção». E aí rola o sistema a falácia da culpa por associação.

O Público não insinua: diz que os investigadores da Operação Fizzna qual ex-procurador «Orlando Figueira é suspeito de ter sido pago por Manuel Vicente, hoje vice-presidente angolano, para arquivar dois processos que o incriminavam», e que foi recentemente «acusado dos crimes de corrupção, branqueamento de capitais, violação do segredo de justiça e falsificação de documento», «descobriram» (!...) que o juiz de instrução que decretou a prisão preventiva de José Sócrates e tem sido um cruzado da justiça contra a corrupção de Estado, «sempre tem um amigo pródigo» (sic)!...

Custa a crer que os polícias e os procuradores da Operação Fizz tenham escrito que o juiz Carlos Alexandre tivesse um «amigo pródigo». Portanto, a peça do «jornalismo trash», em que o José classifica o novo Público, assinada por Ana Henriques - mas certamente sujeita à direção de David Dinis, co-autor da hagiografia «Resgatados», de 2012, sobre a resistência épica do primeiro-ministro Sócrates, e dos seus assessores, a pedir o resgate financeiro à União Europeia e ao FMI, depois da bancarrota com que derrubaram a economia do País - interpreta, e mal, o que investigadores responsáveis jamais diriam. Acresce ainda, para compor o ramalhete de rosas, a legenda venenosa da peça: «a Carlos Alexandre não pareceu suspeita a subida do amigo na vida». A coisa não é, então, uma notícia, mais parecendo uma publi-reportagem encomendada...

Quais os factos referidos nesta peça do Público:
  1. o então procurador do DCIAP, de Cândida Almeida, amigo de Carlos Alexandre há cerca de 25 anos, emprestou ao juiz «dez mil euros» para prosseguir a reconstrução de uma casa em Mação, um valor que este lhe pagou seis meses depois, quando recebeu nova tranche do crédito na Caixa Agrícola. Ora, o Observador, de 3-3-2017, revela que foi o BPA-Europa (atualmente Banco Atlântico), ligado à Sonangol, que, em alegada retaliação por Carlos Alexandre não se ter subjugado à vontade do regime de Luanda em vários casos, nomeadamente de Álvaro e outros nipoti, comunicou ao Banco de Portugal, a transferência feita por Carlos Alexandre para a conta de Orlando Figueira para pagamento do referido empréstimo.
  2. o procurador terá entregue na Sonangol - acionista do BCP onde Orlando Figueira passara a colaborar como jurista após deixar o Ministério Público -, o currículo do filho de Carlos Alexandre, finalista de Engenharia Química no Técnico, que, entretanto, arranjou emprego noutro lado, tendo o próprio magistrado travado essa hipótese.
«Ó inclemência! Ó martírio!». Então não querem lá ver tamanho escândalo!... Mergulhe-se na mixórdia amarga um verdadeiro juiz e lave-se já o falso engenheiro do processo Marquês em que é arguido por corrupção!...


* Imagem picada daqui.


Limitação de responsabilidade (disclaimer): as entidades referidas nas notícias dos média, que comento, enquanto arguidas gozam do direito à presunção de inocência até ao trânsito em julgado de sentença condenatória.

quinta-feira, 2 de março de 2017

Diferenças

Observador, de 1-3-2017, publicou uma crónica de Luís Aguiar-Conraria com o título «À luz de moonlight: a homofobia mata» que contém interpretações que devem ser refutadas, tal como o artigo em que se baseia “Difference-in-differences analysis of the association between state same-sex marriage policies and adolescent suicide attempts”, de Julia Raifman, Ellen Moscoe e S. Bryn Austin, publicado em 20-2-2017, no JAMA Pediatrics, de larga difusão nos meios liberais. Uma crítica mais extensa pode ser encontrada no artigo «No, a study did not show that same-sex “marriage” laws reduce teen suicide rates - sloppy statistics and sad science», de William M. Briggs, de 23-2-2017.


Com todo o respeito, vamos aos factos:
  1. É errado dizer, como Luís Aguiar Conraria, que «a aprovação das novas leis do casamento levaram a uma redução de 7% nas tentativas de suicídio entre jovens LBGT».
  2. Nesse trabalho de Raifman, Moscoe e Austin, é indicada uma redução em termos absolutos das tentativas de suicídio dos jovens de 0,6%, a que corresponde a 7% de redução, no modelo, em termos relativos nos estados que legalizaram o casamento homossexual face ao período anterior.
  3. Raifman, Moscoe e Austin, não indicam o número de suícidios, mas as tentativas de suicídio relatadas pelos próprios jovens (self-reported suicidde attempts). 
  4. Cito os resultados do estudo de Raifman, Moscoe e Austin:
    «um valor ponderado de 8,6% de todos os alunos do liceu (28,5% dos 231.413 alunos que no estudo se identificaram como minorias sexuais) relataram tentativas de suicídio antes da aplicação das políticas de casamento de pessoas do mesmo sexo. As políticas de casamento entre pessoas do mesmo sexo são associadas a 0,6% (95% de intervalo de confiança, –1,2 a –0,01 pontos percentuais) na redução de tentativas de suicídio, representando uma redução, por causa da aplicação de políticas de casamento entre pessoas do mesmo sexo, de 7% na proporção de alunos do liceu que tentaram o suicídio.» (Tradução minha).

  5. Os autores não referem os números de tentativas de suicídio relatadas pelos demais jovens.
  6. Existem estados norte-americanos onde não houve redução, mas aumento de tentativas de suicídio relatadas pelos próprios.
  7. Os autores crêem ter isolado o fator da redução dos suicídios dos jovens homossexuais: a legalização do casamento dos mais velhos nesses estados. 

Em Portugal, a malvada da direita (a conservadora) e a Igreja Católica, atacadas no artigo de Luís Aguiar-Conraria, no Observador, por estarem do presumido lado errado da história, estão é demasiado caladas na afirmação dos valores, por medo de contrariar o totalitarismo do politicamente correto. Os motivos principais são: na direita dos interesses, a ideia de que isso-dos- costumes-não-interessa-nada-pois-o-que-conta-é-o-dinheirinho; e na Igreja, hierarquia e povo, a ideia temerosa de que se nos calarmos ninguém implica connosco. Ora, basta! Não podemos demitir-nos de afirmar os valores, os quais são muito mais importantes do que o dinheiro.

Então:
  1. Casamento é a união entre um homem e uma mulher. 
  2. A adoção de crianças por casais homossexuais não deve ser permitida: todas as crianças, incluindo as órfãs, têm direito a um pai e uma mãe.
  3. O aborto é um crime contra a vida do nascituro e não deve ser legalizado, nem gratuito, nem atribuído subsídio de maternidade à mãe.
  4. A eutanásia é um crime. A ninguém é legítimo tirar a vida de ninguém.
  5. O tráfico e o consumo de drogas deve ser sancionado.
  6. O abuso sexual de crianças é um crime cujas penas devem ser endurecidas, não deve prescrever e a idade de consentimento deve subir dos 14 anos, para evitar o abuso de meninos de 14 anos por homens, como agora se justifica.
  7. Cabe ainda afirmar que todas as ofensas contra homossexuais não são legítimas e, se tiverem relevo criminal, devem ser sancionadas. Não há grego, nem judeu, nem escravo nem livre, nem homem nem mulher. Outra coisa é chamar casamento ao que não é ou descriminar crianças por causa do politicamente correto.

quarta-feira, 1 de março de 2017

O disco riscado do desesperado Sócrates

José Sócrates aproveitou a publicação do recente livro de Cavaco Silva, «Quintas-feiras e outros dias», em 16 de fevereiro de 2017, como boleia para regressar à gambiarra política, através da TVI do seu amigo Sérgio Figueiredo, no Jornal da Noite, de ontem, 27-2-2017, numa entrevista de meia hora em horário nobre, por Judite de Sousa, na sequência da constituição de Zeinal Bava e Henrique Granadeiro como arguidos do processo Marquês. Cavaco Silva devia saber que nunca ninguém se deve meter com um inimigo em dissolução.

Negou a evidência da bancarrota que provocou nas finanças do País, o sequestro que pediu ao FMI e à União Europeia em que colocou o País sob protetorado. Insiste na mentira de o resgate financeiro do País só ocorreu por causa do alegado chumbo do PEC IV. Ora, o empréstimo de 78 mil milhões do FMI e da União Europeia não foi decidido de um dia para o outro: há longos meses que o assunto estava a ser estudado e a conselheira do FMI, Estela Barbot, já tinha dado uma entrevista a explicar que o resgate era inevitável atendendo ao sequestro das finanças públicas, bem antes do ministro Teixeira dos Santos ter avisado que o já não havia dinheiro nos cofres...

Rodou uma vez mais, no gira-discos do amigo, o disco riscado do chamado «caso das escutas». Esse caso, a que chamei Operação Encomenda consistiu na recuperação pelos seus serviços, em 18-9-2009, a dez dias das eleições legislativas, de um caso velho de 17 meses (!), difundindo um mail privado do jornalista Luciano Alvarez datado de 23 de abril de 2008, sobre black ops do socratismo efetuadas sobre a Presidência da República. Ainda em tempo: a armadilha do «caso das escutas», contou com a ajuda de António Manuel Costa Peixoto, aka Miguel Abrantes, maçon da influente Loja Convergência (de António Vitorino, Vitalino Canas e Rui Pereira) do Grande Oriente Lusitano, e coordenador do blogue Câmara Corporativa, que alegadamente, segundo o Observador, de 7-2-2017, terá recebido cerca de 76 mil euros, de José Sócrates, via «O Amigo» Carlos Manuel Santos Silva. O facsimile do mail do jornalista Luciano Alvarez, de 17 meses antes, foi publicado nesse blogue no dia da pseudo-notícia do DN, blogue onde consta que também escrevia, sob a capa de quem quase escapava, Fernando Medina, hoje presidente da CM Lisboa, entidade para o qual o filho António Mega Peixoto trabalha. O motivo desta operação negra, na qual foi sacrificado - pelo próprio Cavaco Silva... -, Fernando Lima, assessor do Presidente? A vitimização amplificada pelos meios controlados pelo PS para ganho eleitoral e vingança da traição que Sócrates sentiu de Cavaco Silva no negócio de compra da TVI pela PT no qual esperava o silêncio do Presidente («o preço da paz») por conta da entrega das rádios da Media Capital ao genro.

E não justificou o espavento em que vivia - e vive!... -, nem os milhões e o património que lhe são atribuídos por testemunhas e pelo Ministério Público.

A situação judicial de Sócrates parece desesperada.

O decisivo apoio político é cada vez mais estreito e fluido: os ratos abandonam o navio e só consegue socorrer-se, e mal, de quem lhe deve favores, pois já não dispõe da sua principal arma: as informações. O kompromat torna-se obsoleto de dia para dia. Numa espécie de grito da viúva, apelou à influente irmandade antirreligiosa com uma tirada tosca sobre Cavaco Silva:
- «Como pode ser tão... tão jesuítico!... Jesuítico... no sentido de maldoso e deturpador dos factos...»

Foi indisfarçável a contração do seu gorgomilo quando Judite de Sousa mencionou (aos 23:42 da entrevista) que Bava e Granadeiro tinham sido recentemente constituídos arguidos do processo Marquês. Mesmo no ator Sócrates, o corpo não consegue dissimular a contradição da mente: a barreira defensiva dos braços, as mãos postas em oração, e os habituais gestos da cabeça a dizer que não face ao que argumenta ou sim face ao que desmente...