Tão ladrão é o que vai à vinha, quanto o que fica à espreita - diz o povo. A não participação de membros no tráfico de influências e na corrupção não isenta de responsabilidade legal, nem moral. A cumplicidade é criminosa; e o conhecimento de crimes obriga legalmente à participação judicial. A ignorância não é um delito, mas a ingenuidade não pode justificar o que é público e notório. Homens e mulheres de bem não podem pertencer à maçonaria.
Em Portugal, a maçonaria alargou o seu comando e controlo das grandes cidades ao interior, do Estado às autarquias, das organizações humanitárias às instituições da sociedade civil. As eleições tornaram-se atos simbólicos: redes de maçons - grandes eleitores secretos -, decidem candidatos nos partidos e lugares nas instituições, organizam o sufrágio e amanham os resultados. A formal democracia representativa e pluralista foi transformada numa paródia na qual os cidadãos são os bobos da corte da elite maçónica.
Em Portugal, como noutros países da Europa, bispos frequentam os ágapes rituais e padres fazem vista grossa ao enfileiramento de cristãos e ao domínio crescente das comunidades por esta irmandade secreta de sinais e toques, visceralmente oposta a qualquer dogma. A filosofia antirreligiosa e desumana da maçonaria, as suas alegorias e símbolos - que seria leviandade crer que não têm consequência espiritual... -, a sua prática de favorecimento imoral dos irmãos face aos simples, deveriam ser expostos. Ao contrário, uma casula de silêncio cobre essa influência perniciosa, a vontade degenera em conforto e a promiscuidade é fundamentada como diálogo. As homilias omitem, as sacristias abafam e as instituições paroquiais toleram as infilitrações. O nível de influência ubíqua das maçonarias sobre o País - o maior desde os tempos da primeira República - é propiciado pela resignação da Igreja.
E, todavia, permanece em vigor a Declaração sobre a Maçonaria, emitida pela Sagrada Congregação para a Doutrina da Sé, de 26 de novembro de 1983, assinada pelo prefeito cardeal Joseph Ratzinger e então aprovada pelo Papa João Paulo II:
Atente-se ainda no artigo «Reflections a year after Declaration of Congregation for the Doctrine of the Faith: irreconcilability between Christian faith and Freemasonry», do Osservatore Romano, de 11 de Março de 1985, cujos excertos traduzo. Aí, para reafirmar a «básica irreconciliabilidade entre os princípios da Maçonaria e os da Fé cristã», se cita, a carta Custodi do Papa Leão XIII ao povo italiano, de 8-12-1892: «Lembremo-nos de que a Cristandade e a Maçonaria são essencialmente irreconciliáveis». Explica-se nesse artigo - que não é assinado, mas é como se fosse... - que, independentemente da hostilidade ou não da Maçonaria para com a Igreja, essa irreconciliabilidade existe no nível mais profundo da fé e dos seus «requisitos morais». São esses requisitos morais que devem impedir qualquer género de promiscuidade entre a Igreja portuguesa e a Maçonaria. Pois, «de facto, só Jesus Cristo é o Mestre da Verdade e apenas n'Ele podem os cristãos encontrar a luz e a força para viver de acordo com o plano de Deus, trabalhando para o verdadeiro bem do seu rebanho». Seja a Maçonaria «irregular» (em Portugal, principalmente o Grande Oriente Lusitano) ou regular (a Grande Loja Legal de Portugal), ela é incompatível com a fé católica e a Igreja. Nesse sentido, veja-se Ullate Fabo (2010), em «O segredo da Maçonaria desvendado».
Estamos a chegar, em Portugal, ao nível do escândalo da loja italiana P2. O poder da maçonaria cresce na medida da satisfação dos membros e da exclusão dos outros, cujo mérito para nada conta, e que sofrem perseguição no trabalho, na sociedade e perante o Estado, simplesmente por quererem ser... livres.
* Imagem picada daqui.
«Permanece portanto imutável o parecer negativo da Igreja a respeito das associações maçónicas, pois os seus princípios foram sempre considerados inconciliáveis com a doutrina da Igreja e por isso permanece proibida a inscrição nelas. Os fiéis que pertencem às associações maçónicas estão em estado de pecado grave e não podem aproximar-se da Sagrada Comunhão.
Não compete às autoridades eclesiásticas locais pronunciarem-se sobre a natureza das associações maçónicas com um juízo que implique derrogação de quanto foi acima estabelecido, e isto segundo a mente da Declaração desta Sagrada Congregação, de 17 de Fevereiro de 1981 (cf. AAS 73, 1981, p. 240-241).
O Sumo Pontífice João Paulo II, durante a Audiência concedida ao subscrito Cardeal Prefeito, aprovou a presente Declaração, decidida na reunião ordinária desta Sagrada Congregação, e ordenou a sua publicação.
Roma, da Sede da Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé, 26 de novembro de 1983.
Joseph Card. Ratzinger
Prefeito
+ Fr. Jérôme Hamer, O.P.
Secretário»
Atente-se ainda no artigo «Reflections a year after Declaration of Congregation for the Doctrine of the Faith: irreconcilability between Christian faith and Freemasonry», do Osservatore Romano, de 11 de Março de 1985, cujos excertos traduzo. Aí, para reafirmar a «básica irreconciliabilidade entre os princípios da Maçonaria e os da Fé cristã», se cita, a carta Custodi do Papa Leão XIII ao povo italiano, de 8-12-1892: «Lembremo-nos de que a Cristandade e a Maçonaria são essencialmente irreconciliáveis». Explica-se nesse artigo - que não é assinado, mas é como se fosse... - que, independentemente da hostilidade ou não da Maçonaria para com a Igreja, essa irreconciliabilidade existe no nível mais profundo da fé e dos seus «requisitos morais». São esses requisitos morais que devem impedir qualquer género de promiscuidade entre a Igreja portuguesa e a Maçonaria. Pois, «de facto, só Jesus Cristo é o Mestre da Verdade e apenas n'Ele podem os cristãos encontrar a luz e a força para viver de acordo com o plano de Deus, trabalhando para o verdadeiro bem do seu rebanho». Seja a Maçonaria «irregular» (em Portugal, principalmente o Grande Oriente Lusitano) ou regular (a Grande Loja Legal de Portugal), ela é incompatível com a fé católica e a Igreja. Nesse sentido, veja-se Ullate Fabo (2010), em «O segredo da Maçonaria desvendado».
Estamos a chegar, em Portugal, ao nível do escândalo da loja italiana P2. O poder da maçonaria cresce na medida da satisfação dos membros e da exclusão dos outros, cujo mérito para nada conta, e que sofrem perseguição no trabalho, na sociedade e perante o Estado, simplesmente por quererem ser... livres.
* Imagem picada daqui.
13 comentários:
Em relação a Santarém, dá-se conta que a autarquia é “tradicionalmente maçónica”. O atual presidente da câmara, Ricardo Gonçalves, faz parte da GLLP (Grande Loja Legal de Portugal), ao contrário do seu antecessor, Moita Flores, que foi do GOL (Grande Oriente Lusitano).
Uma verdadeira praga.
Como pode o país alguma vez progredir e acompanhar o crescimento de outros países que já estiveram atrás de nós, quando temos uma função pública dominada por protecionismos e cumplicidades de partidos e de seitas como a opus dei ou a maçonaria e onde é feita tábua rasa do mérito individual?
Se vemos um carro velho de janela aberta com música aos berros é porque o condutor é labrego. Esperamos que tenha manga cava e um lápis entalado na cartilagem da orelha.
Mas o que tem o carro velho com a música, ou a manga cava com o lapis na cartilagem, a ver com a maçonaria ou opus dei?
Ele há cada imbecil!!!
A maçonaria, seja qual for a obediência, não é senão o avental do judaísmo, cujo objetivo principal é a destruição da civilização cristã, começando pela demolição da Igreja Católica.
Não esqueçamos que para o Talmude, livro sagrado dos judeus, no tratado "Gittin", f. 56b, Jesus, no outro mundo, foi condenado a "ferver na merda" para a eternidade. Bonito, não é ?
António, possìvelmente não lerá os comentários por não ter tempo. Não importa. Se acaso o fizer receba os meus parabéns pelos seus excelentes textos, sobretudo este último que é de antologia. Continuo a lê-lo com frequência, nem podia ser doutro modo. Por norma não envio comentários por me desgostar ler alguns indignos desde patriótico espaço e que por aqui se vão perpetuando. Os mesmos que caso o António os lesse apagá-los-ía de imediato, tenho a certeza absoluta.
Como sabe sou sua admiradora incondicional desde os primórdios do Processo Casa Pia. O trabalho incansável que desenvolveu pràticamente sòzinho - sem nunca esquecer o grande Pedro Namora, outro ser superior que travou a mesma heróica batalha - para o apuramento da verdade sobre a rede de pedofilia de Estado, coloca-o no patamar mais elevado onde se perpetuarão os maiores patriotas da nossa geração.
Por tudo isto e o mais que fica por dizer, renovo-lhe o meu profundo agradecimento. E peço-lhe que nunca esmoreça nessa sua inabalável força em combater o Mal em favor do Bem, a prova disto ficou mais uma vez brilhantemente plasmada neste seu último e imperdível texto. Neste transparece tudo quanto distingue a nobreza elevação de espírito do ser humano dos seres ignóbeis e rastejantes.
Maria
Leia-se: "... tudo quanto distingue a nobreza de espírito do ser humano na sua plenitude, daqueles que não passam de seres infra-humanos, ignóbeis e rastejantes".
Maria
Até o Panteão está sob ataque. Para o Panteão iam pessoas que serviam a Pátria agora até os que dela se serviram parecem ser candidatos.
Com todo o respeito este texto é exagerado contra a maçonaria, sobretudo a regular que obriga na crença em Deus para ser admitido contrariamente a outra ateísta e libertaria bem representada por cá pelo GOL que nos deu a triste carbonária na primeira republica. Conheço alguns maçons regulares e sao católicos e pessoas de bem. A constituição da maçonaria tradicional e regular foi feita pelo padre Anderson em Londres no principio do século 18. Alguns dos nossos últimos reis eram maçons.
Veja também do lado da Opus Dei. O poder que tem realmente e o que faz por cá.
Respeitosamente.
Estou muito interessado em saber como estabeleceu que esse Jesus, dos vários Yeshuas que aparecem no Talmude, é o homem que foi crucificado em Jerusalém em 33 DC.
Sr Anónimo, lamento intervir, a indigestão já vinha bastante agravada depois de ler o artigo original deste blog, mas entretanto, entre um chorrilho de comentários que me merecem perder tanto tempo como o próprio texto original, ou seja, nenhum, deparei-me com o seu comentário, e tenho de me manifestar, se me permite... Pelo que escreve só consigo presumir duas hipóteses:
1-Tem curiosidade e volta e meia lê umas coisas por aí, mas a ignorância ainda é em dose suficiente para o colocar quase ao nível do muito pobre e medíocre autor deste artigo neste blog. Um conselho, aprenda a distinguir laicismo de ateísmo, e vá estudar a fundo as Constituições de Anderson, os Landmarks, as regras das obediências, dos supremos conselhos dos Ritos, e o historial de VASSALAGEM à corôa britânica, etc e tal e afins... É que o desgraçadinho do autor deste blog ainda não deu conta que a Maçonaria é tão secreta, mas tão secreta, que se encontra tudo na internet, é só uma questão de saber filtrar e interpretar de forma sensata e inteligente as informações que surgem...
2-Pertence aos regulares, mas há uma diferença entre "fazer parte de" e ser "reconhecido como tal", e vem para aqui como o mais puro exemplar dos ratos de embarcação, a sacudir a poeira dos ombros, quando vê toda a sua espécie sob ataque, e aponta o dedo aos do lado como sendo os mauzinhos, tentando salvar o rabiosque a dizer "ai ai ai nós não, nós até obrigamos o pessoal a ter uma crença, e até vamos beijar a mão ao senhor padre cura"
Se fôr o segundo caso, abstenha-se de comentar ou falar, volte ao 1° grau e fique caladinho e sentado no seu lugar, ou então faça-se homem e defenda a ordem em geral, pois os princípios e valores que regem tanto os grandes orientes como as grandes lojas são iguais, e comporte-se como um homem livre e de bons costumes, e acima de tudo não cometa o verdadeiro crime de conspurcar e envergonhar nomes como Gomes Freire de Andrade ou Norton de Matos.
P. S. - Quanto à Opus Dei, pergunto-me se não será precisamente quem está por trás deste texto, aliás quem sabe se o autor do blog não será um fervoroso membro dessa bela família que, ao contrário da Maçonaria, não foi nem proibida nem perseguida nem viu os seus elementos presos ou assassinados durante o Estado Novo...
Se causei algum melindre, foi mera consequência da aleivosia com que as personalidades se enchem de impáfia e escrevem como quem regorgita pequenos pedaços de peixe consumido na ceia da noite anterior, cujo gongorismo e demagogia só provam que a dialética pós-sofística foi a mais vil, perigosa e traiçoeira das armas criadas pelo ser humano, mesmo incluindo o Ziklon B.
Cumprimentos,
Tríplices!!!
Um muito obrigado a quem escreveu o ultimo comentário. Poupou-me tempo de dar uma lição de história a quem escreveu sobre a maçonaria neste blog.
Ingenuidade nasce connosco. Cultura adquire-se com conhecimento e interpretação das coisas.
O que não me parece ser o caso. Perguntou-me se esse "sr." saberá se quer o que é um maçon.
Respeitosamente
Stradivarius
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