«Buscas ao PS e PSD por suspeitas de corrupção e tráfico de influênciaSob investigação estão suspeitas de corrupção em ajustes directos das autarquias a militantes socialistas e sociais-democratas. Procuradoria-Geral Distrital de Lisboa confirma megaoperação com cerca de 70 buscas.»
Não são apenas o PSD (brilhante reportagem de Luís Rosa, no Observador) e o PS. Nem só gente que, nas eleições internas do PSD, apoiou Pedro Santana Lopes, o qual simultaneamente anuncia sair do PSD para fundar novo partido, na onda liberal da moda; nem, no PS, os costistas. Todos iguais; e quem ousa diferente é triturado. A maçonaria é a proteção última desta carbonária da corrupção.
Os partidos tornaram-se organizações criminosas na transição do milénio e a obsolescência da democracia representativa agrava-se. Pluralista é apenas um adjetivo sem consequência prática. O voto que conta é o dinheiro.Sem o móbil da ideologia, trata-se apenas de conseguir comissões e tachos. Um tráfico muito mais rendoso do que o da droga: o tráfico do dinheiro.
Os jotas passaram a caciques, muito mais ferozes e desonestos do que os anteriores. De criados (assessores) chegaram a senhores do poder pela crueldade de procedimentos (sem qualquer limite, como explicava Clausewitz. Sem instrução - ou com diplomas manhosos -, sem competências técnicas, escolheram no final da adolescência a via mais fácil de rendimento: o crime, a preguiça do gabinete e a intriga telefónica, o tráfico de votos nas eleições internas e de influências no financiamento/contratos, a corrupção mais sórdida. A justificação que sussuram para a corrupção que fazem é a da defesa da tribo. Uma tribo já sem totem, nem moral. Uma competição de nós (eles) contra os outros - em que o «nós» é variável, pois a traição é contínua.
As eleições internas são viciadas pelos jotas caciques, seja na inscrição de militantes, seja até na chapelada, quando nenhum outro modo é possível. O financiamento partidário é apenas um disfarce dos negócios sujos que correm no país político de luvas quentinhas e comissões sombrias. As comissões pelos contratos não acabam nos sacos azuis, mas em gavetas de casas luxuosas ou cofres de banco discretos.
Supera-se até, sem a mínima vergonha, a tangentopoli da primeira República italiana, para atingir o descaramento dos funcionários fantasmas do Brasil, pois, além destes «assessores» não trabalharem nas juntas de freguesia (e outras organizações do Estado) onde o seu some consta da folha de pagamentos, o dinheiro desses salários e avenças dos boys reverte (em parte...) para o saco azul de fações jóticas. O destino parece ser o pagamento de quotas partidárias dos bandos a quem se deu casas sociais camarárias (ou gebálicas ou do Estado) em troca de filiação da família e voto interno assíduo, a alimentação das máquinas de campanha e, claro, no reverso, a devolução de comissões a bolsos de influentes. Esta medina de esbulho do dinheiro público estende-se ao país, com colónias de larvas que vivem neste estrume partidário fedorento, enquanto recebem tratamento de excelências.
A corrupção do sistema político é tal que parece chegar ao amanho de pessoal de confiança para secções de voto nas eleições autárquicas e nacionais, aproveitando a legislação sistémica (e nenhum controlo, pela macónica Comissão Nacional de Eleições, dessa escolha), que concede um poder absurdo ao presidente da Câmara Municipal - sumo juiz em causa própria... - em vez de atribuir tal tarefa aos tribunais, como faz com as listas. E note-se que as eleições nacionais interessam principalmente para a comparação de tamanhos dos velhos jotinhas. É nas câmaras e juntas (!?...) que se fixa o poder nacional.
O sistema é um só e jamais aceitaria a transição para um regime de democracia direta, com eleições primárias auditadas e prestação de contas pelos eleitos. A corrupção é o motor dos partidos modernos.
Não acredito na regeneração interna, nem em moralização, afinal sem nenhum cimento ideológico que trouxesse alguma outra mobilização do que o dinheiro. Não resta aos homens e mulheres de bem nenhuma decisão honrada senão o abandono imediato dos partidos atuais. A refundação do regime vai precisar mesmo do combate cultural que tenho indicado como prioritário e de novos meios de comunicação.
* Imagem picada daqui.
Atualização: este poste foi emendado às 10:31 e 10:55 de 30-6-2018.
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2 comentários:
a culpa é do Santanaz Golpes
Miguel Relvas já é outra vez um homem licenciado. O ex-ministro, que perdera o grau de licenciado por decisão do Tribunal Administrativo do Círculo de Lisboa, fez este mês exame a duas disciplinas e passou. De acordo com a informação hoje avançada pelo semanário Sol, Relvas teve 13 a Direito Administrativo e 16 a Teoria das Relações Internacionais.
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