terça-feira, 23 de setembro de 2014

A dor atual e o tempo depois







A esperança não morre. Não se elimina, nem perante a desilusão. Mesmo quando se retarda. Depois do fim, virá o princípio. Outro. Nosso.

Não é o caso, todavia, do primeiro-ministro, oudo vioce-primeiro ministro, ou do próprio PSD. Aí são tempos de fim. Onde há muito não havia esperança. E que, pela degeneração,  de preocupação exclsuiva com o bolso e a manutenção do poder, sem sentido de Estado, sem preocupação moral nem ética. Apenas com uma imagem desligada de uma substância que se despreza. Aí a esperança não pode voltar. Porque quiçá nunca existiu. A absoluta vergonha de agora confirma o veredito há muito pronunciado.

O que a revista Sábado, «Nova denúncia ao MP no caso Tecnoforma - Investigados novos pagamentos a Passos Coelho», de 18-9-2013, por António José Vilela (ver DN, de 18-9-2014), mais a investigação de Paulo Pena e José António Cerejo no Público, de 23-9-2014, «Passos Coelho invocou "exclusividade”, Parlamento diz o contrário», e a reportagem na Visão de 18-9-2013, «A face oculta do PSD», sobre os alegados casos de Luís Filipe Menezes e promiscuidade de pagamentos públicos de campanhas privadsas e comissões de negócios, demonstram é que a corrupção é um problema mais fundo do que o de um partido (o PS) mesmo se, neste caso, pela origem, pelo comando, pela prática, e por mais anos de poder, a corrupção é maior e se ameace a volta da prodridão socratina por interposto Costa. É mais grave. É um problema de regime. Este caducou.

Todos os factos alegados a Pedro Passos Coelho - a influência para que a Tecnoforma recebesse financiamentos para uma ONG fantasma, o auferir de rendimentos disfarçados para o tráfego dos favores junto de antenas ativas que vinham do governo anterior e ficaram em postos chave no de Guterres, a manutenção da exclusividade como deputado apesar desses rendimentos chorudos (5 mil euros/mês!?...), a não mençãao desses rendimentos na declaração de IRS e a correspondente fuga ao pagamento do imposto devido, mais o pedido de subsídio de representação como cereja a coroar um bolo de estrume - podem prescrever judicialmente. Mas não prescrevem politicamente. Tal como os casos de Menezes, e do próprio PSD. Passos, doravante, será apenas o que afinal sempre foi, embaciado o reflexo suave e melífluo de uma imagem falsificada. Sem dinheiro, sem expetativa de recuperação do Estado e da economia, e agora sem estatuto de diferença de comportamento, nas próximas eleições, o povo não poupará os partidos no poder.

Se dúvidas houvesse, apesar das desculpas patéticas da falta de memória (para o recebimento 150 mil euros?!...),  o autor destes alegados factos, Pedro Passos Coelho tornou-se completamente impróprio para o desempenho de qualquer função política. Deveria ser demitido pelo Presidente da República, Mas como: se este, absolutamente inoperante, quer apenas proteger os interesses do genro e as suas costas?... Como, em Espanha (caso Bárcenas), ou em França (Sarkozy revient...), a vergonha perdeu-se e já nem se disfarça. A podridão é completa e já nem reformando um partido a democracia representativa se reconstrói.

Em guerra com o Islão - mesmo que com o alibi de alegados aliados locais -, e em ambiente de guerra fria com a Rússia, de novo, o Ocidente desfaz-se moralmente. E nesse desfazer pós-pós-modernista, quase, quase, a chegar à distopia da modernidade líquida de Zygmunt Bauman, o Ocidente também se desune interiormente.

As nuvens que pairam sobre estas terras são negras como as deste setembro.

A União Europeia, tal como a conhecemos, de livre circulação de pessoas, de um safe heaven de bem estar para os povos do sul e do leste, de liberdade de circulação dos desempregados e dos deserdados, de impedimento de normas técnicas para restrição quantitativa de importações, de moeda única, está no fim. Passará a um conjunto de fortalezas, com guerras comerciais, cerrada a novos imigrantes e ao reagrupamento familiar dos atuais e com deportação dos infratores à mais ligeira regra quebrada. E mesmo a Nato, coligação marítima responsável pela paz interna e algum respeito externo, também se tornará inoperante nessa guerra com o Islão, nomeadamente a Turquia, tal como se mostra complacente com o avanço russo para oeste e para sul, perante uma América cansada de conflitos e na volta isolacionista do seu pêndulo político.

Da União Europeia voltaremos aos Estados - talvez com união aduaneira, talvez só com zona de comércio livre, no futuro talvez sem nada... -,  às moedas várias, ao equilíbrio da moeda em função da economia, à depreciação do poder de compra dos reformados, à inflação que seguirá à deflação atual, à necessária restrição das importações.

A própria política está em mudança: da resignação popular perante políticos corruptos e do consentimento dos abusos sobre o Estado, passaremos a uma maior responsabilização popular do poder, a tumultos e à volta desesperada de guerrilhas, até à valorização do recurso ao poder militar (hoje, até agora, passivo), à redução da predominância dos bancos sobre a economia, ao fim do desemprego seletivo, ao término do prémio à ociosidade, num Estado pós-social com exigência de trabalho para comer e com reduzido apoio mesmo aos realmente necessitados. A necessidade - da guerra e da miséria - fará pelo reequilíbrio moral, o que a comunidade das sociedades atuais não permite. Não há conforto nas desgraças que nos esperam. Apenas a magra esperança da renovação posterior e do regresso de um bem estar responsável. Em qualquer caso, é preciso pensar além das ruínas e prepararmo-nos para o tempo que há-de vir, servindo a Pátria que nos motiva. Deus nos abençoe no combate que vem.


Atualização: este poste foi emendado às 22:02 de 23-9-2014.


Limitação de responsabilidade (disclaimer): As entidades mencionadas nas notícias do média, que comento, não são suspeitas ou arguidas do cometimento de qualquer ilegalidade ou irregularidade.

25 comentários:

Duarte Meira disse...

O prazo de validade deste "regime" (um caos em gestão) caducou e... não caducou. O que não caducou e ainda quase só começou é a União Europeia, "moralmente desfeita", é o Império transnacional em formação que não "voltará" aos estados nacionais, cada vez mais paroquializados, impotentes e irrelevantes.

Quando a Rússia estiver dentro na "União" e se levantar o trilateral Império (com a China e a norte-América)sobre o mundo, então veremos até onde é que irá a "distopia".

Também veremos então o que é que vale a última frase que pôs neste seu apontamento.

Não desista!

Duarte Meira disse...


Por falar em distopias e "moralmente desfeita":

http://portugalcontemporaneo.blogspot.pt/2014/09/barbarie.html

Anónimo disse...

Estivemos a ouvir os ratos do Largo, os 2 Antónios que vão ser a alternativa ao Passos Coelho. Estamos tramados!Vamos voltar ao descalabro socratino. Falam muito mas não dizem nada. Há uma grande diferença entre eles: um é mais escuro e o outro é mais claro!

Da Costa à Contracosta disse...

O Seguro já está quase apeado da cadeira e o Costa já vai no andor.
.Agora começa outra frente de batalha que consiste em apear o Passos.
A máquina socretina está bem oleada.Mete serviços de informação e tudo.

Anónimo disse...

Deixai partir as pedras todas, do convento.

Não há nada a fazer. O percurso não tem retorno. Não há volta a dar.

Só haverá uma única possibilidade de evitar a maré forte, que é a eclosão de uma guerra no Leste da Europa, que promova um exodo para o Ocidente, e que traga 500.000 ucranianos para as terras lusas.

Se não houver guerra, e a Ucrânia vier a ser esboroada, então a maré prossegue.

E não temos pena nenhuma dos portugueses. Os portugueses gostam de vigaristas, pois elegeram Isaltino, quando estava na cadeia. Muitos portugueses gostam do Sócrates, do Vale e Azevedo, do Filipe Menezes. A vigarice está entranhada na maioria da população. Enquanto não se arredar pé da golpice, a roda dentada não inverterá caminho.

Ahhhh, O Dr. Passos pode dormir descansado, pois a Tecnoforma prescreveu. Só tem que pedir uns fretes a uns quantos, a começar a PGR.

Portugal fede, e por muito tempo.

floribundus disse...

depois de 25.iv todos querem ser ricos a qualquer preço

Anónimo disse...

Caro Floribundus,até os comunas são ricos.Vide Odetes e companhia.
Mas são fortunas de esquerda.Fortunas boas.Amigas do ambiente e dos pobrezinhos.

A máquina assassina de reputações socretina está em marcha.
Fujam da frente,que o encarregado de negócios tem pressa.

Anónimo disse...

ABC: Bastante certeiro ,esta república cheira muito mal e a corrupção é sistémica.

Anónimo disse...

Alguns comentadores continuam a divergir, a falar de Costa, para não se falar do tema abordado em neste post.
Até parece que são os institucionais que pululam a net.

Anónimo disse...

Que saudades do Dr. Mário Soares. Nos tempos do Dr. Soares, não havia corrupção. Só o respeito que a nação tem pelo Dr. Soares faz chorar as pedras da calçada. O que será da nação sem o Dr. Soares? Porque não nos vem dar alento o Dr. Soares? O prestígio internacional, para lá de Badajoz, do Dr. Soares, é necessário para nos perdoarem a dívida. Portugal é pobre, mas forte, precisa que o ajudem dos malfeitores, só o Dr. Soares pode ser a caução contra esses malfeitores. Toda a gente sabe que o Dr. Soares é uma pessoa pobre e humilde, como os portugueses. Faz-nos falta um homem simples, que jamais se envolveu com o grande capital, como o Dr. Soares.

Anónimo disse...

O genro do Cavaco não quer comprar uma televisão. Para já!

http://www.jornaldenegocios.pt/empresas/media/detalhe/adquirir_uma_televisao_nao_esta_nos_planos_da_gestao_da_controlinveste_para_2015.html

Foi no debate para falar sobre a televisão de futuro, promovido pela APDC, que Vítor Ribeiro, CEO da Controlinveste, afastou a aquisição de uma televisão... Pelo menos em 2015.

O processo de reestruturação da Controlinveste começou, quatro meses depois da entrada de António Mosquito e Luís Montez como accionistas do grupo.



Em Fevereiro deste ano, Joaquim Oliveira deixou de ser o principal accionista da empresa, encolhendo a sua posição para 27,5%. Ao seu lado passou a estar o empresário angolano António Mosquito, que, ao comprar 27,5% do capital, entrou nos negócios da comunicação social.



As mudanças accionistas no grupo envolveram também Luís Montez, empresário ligado às rádios (detém rádios como a Nostalgia, SWtmn, Amália, Oxigénio e Radar) o BES e o BCP. Luís Montez, dono da promotora de espectáculos Música no Coração e accionista do ex-Pavilhão Atlântico, ficou com uma participação de 15%, tal como o BES e o BCP.



A Controlinveste Conteúdos engloba sete jornais, como o DN, o JN várias revistas, e uma estação de rádio (TSF).

Anónimo disse...

"Pedro Passos Coelho tornou-se completamente impróprio para o desempenho de qualquer função política."

A ser comprovado o que lhe é apontado,o afastamento de Passos Coelho pode dar-se por iniciativa própria,deduz-se das suas palavras.

Isto,sendo a coisa mais saudável que poderia suceder de há 40 anos para cá,na História do país,colocaria um grande problema concomitante.
Quem estaria em condições de lhe suceder?
Costa? Seguro?
Ehehehe!

Os partidos do regime são alfobres de vigaristas e aldrabões.
Os partidos comunistas no hemiciclo são piores ainda.Cóios de traidores da pátria e facínoras aspirantes a ditadores.

Quem souber,que resolva a equação.


Avante,camarada disse...

"Alguns comentadores continuam a divergir, a falar de Costa, para não se falar do tema abordado em neste post."

Mais ou menos o que o camarada faz nos outros posts,fala de Passos e o post foca o Sócrates :)
Isto podia simplificar-se e haver um post único com a foto do Passos e o pessoal atirava dardos.

Anónimo disse...

Portugal é governado por vigaristas, apenas porque os portugueses gostam dos vigaristas.

Por exemplo, o Mesquita Machado em Braga, foi eleito durante mais de 30 anos consecutivos. Deixou rabinhos na Camara, que não serão pagos tão cedo. O povo reelegeu-o consecutivamente.

Ser vigarista em Portugal, compensa.

Anónimo disse...

Não diga mal do mesquita, ele não tem um tostão em seu nome.
Não diga mal do Ricardo Salgado, ele não tem um tostão em seu nome.
Não diga mal do inginheiro, ele não tem um tostão em seu nome.
Se formos a ver o único que tem alguma coisa em seu nome é você! Cuidado!

Anónimo disse...

Se a coisa esboroar, o que interessa ou não ter alguma coisa?
Se a coisa esboroar, a gente não tem a memória de quem sacou?
Se a coisa esboroar, o poder actual é nada. Amanhã, saberemos o que fazer com todos, os que têm e os outros|

Pulhas disse...

O Soares nunca respeitou as escolhas do eleitorado.Tal como os seus apaniguados.
Quando os eleitores escolhem PSD,o PS e amigos comunistas dedicam-se a tentar derrubar o governo de todas as formas,nem que para isso usem Sampaios.São claramente um partido golpista e representam o que de pior este regime podre tem.

Nunca ninguém perguntou a Soares onde arranjou a fortuna,uma vez que tirando a actividade política,não se lhe conhecem negócios.Ou melhor,conhecem-se os que Rui Mateus denunciou.Uns tais movimentos de sacos de dinheiro sujo vindo de Macau,etc.
Será a fortuna de Soares e a de Sócrates de esquerda?
Ainda não consegui perceber o que leva um multimilionário que vive que nem um nababo,a afirmar-se de esquerda e a atacar uma suposta direita que afinal poderia estar inscrita na mesma Internacional,não fora as manobras sujas do mesmo Soares relativamente a Sá Carneiro.

Dr Frankensoares disse...

O Soares fugiu do Panteão para dizer isso?

Anónimo disse...

Contos Proibidos - Memórias de um PS Desconhecido,Rui Mateus.
Este livro foi retirado da circulação e não é reeditado porque a censura não deixa. Mas pode lèr na NET.

Palermo, Sicília disse...

A editora foi comprada e o livro retirado das bancas,sendo impedida qualquer reedição.
É esta a democracia dos Soares,Costas e companhia.

O Seguro perdeu uma oportunidade histórica de dar os nomes aos bois.Soares e Santos são dois dos capos do Partido Invisível.
Limitou-se a nomear uma figura menor.Não teve coragem e será afastado.
Ainda assim,foi o primeiro político de nomeada que fez publicamente referência à Cosa Nostra.
Como seria de esperar,a imprensa corrupta ignorou o facto ou referiu-o em tom leve,desvalorizando-o.

Anónimo disse...

Evidentemente que o Seguro iniciará o seu exílio no domingo. Regressará em força o Irmão-Gémeo do Costa de Lisboa, que é o Rio do Porto. Gente que não põe em causa a nomenklatura. Eles não querem saber da futura queda do regime. Eles querem saquear o máximo que puderam. Quando o regime cair, estão cheios. Podem é não poder na rua no futuro, mas como são muito espertos e pouco patriotas, vão prego a fundo.

Anónimo disse...

o anónimo das 25 de Setembro de 2014 às 10:19

Tretas requentadas, não se arranja alguma coisinha mais recente...

Os reformados ficam cristalizados nas brumas da memória .... é pena ...

Anónimo disse...

para quando o dossiê Passos? Não será por falta de matéria...

Anónimo disse...

Requentado,mas nunca investigado e julgado,caro xuxa.

Empresas de sucesso disse...

Foi partido político pra mim não confio todos querem apenas roubar a nação