- Os resultados agregados a nível nacional do número de votos para as câmaras municipais constituem uma vitória do Partido Socialista, ainda que tenha descido em número de votos e percentagem, uma queda do PSD, consolidação, em baixa, do CDS (apesar da subida do número de câmaras), a continuação da descida do Bloco de Esquerda e uma recuperação assinalável do PC na Grande Lisboa e no Alentejo.
O PS e as suas coligações (PS; PS-BE-PND-MPT-PTP-PAN; e PS-PTP-PND-BE) alcançaram 36,71% dos votos para as câmaras; enquanto o PSD, CDS-PP e as suas coligações (PSD; PSD-CDS; CDS-PP; PSD.CDS-MPT; PSD-CDS-PPM; PSD-PPM; PSD-PPM-MPT; PSD-CDS-MPT-PPM; PSD-MPT-PPM; CDS-MPT-PPM; PSD-CDS-PPM-MPT; CDS-PSD; CDS-MPT; PSD-MPT) receberam 34,81% dos votos - note-se que se as contas forem feitas em número de mandatos a percentagem sobe, porque os votos nos partidos pequenos perdem expressão e não valem os votos brancos e nulos... Fora coligações, o PSD reteve agora 16,69% dos votos contra 22,95% em nas eleições de 2009. Assim sendo, há uma vitória do PS, mesmo se, face às autárquicas de 2009, diminuí o seu número de votos e a sua percentagem (1.810.744 votos e 36,25% contra 2.084.382 votos e 37,67%). Além disso, o PS terá ficado com 150 câmaras municipais, o PSD com 106 e o CDS com 5. A vitória do PS, mesmo se esquálida, é condição de sustentação da sua fraca liderança até às legislativas.
O PCP-PEV (CDU) subiu em percentagem para 11,06 e em votos. O Bloco, quase sem implantação local, e descoligado do PS, caíu para 2,42%! E o CDS manteve a sua percentagem de votos, ganhou 4 câmaras, avançou noutras com a sua tática de guerrilha e coligações e deu a aparência de ter ganho o Porto no camião de Rui Moreira...
Destaque ainda para o aumento de votos brancos e nulos face às eleições autárquicas de 2009: de 2,97% passou-se a 6,82!... E ainda para a abstenção record de 47,39%!... Este voto, e ausência, de protesto deveriam fazer refletir os políticos para a necessidade de caminhar para a democracia direta, através de eleições primárias nos partidos (auditadas por organizações independentes), na escolha dos candidatos de cada partido em vez da imposição de aparelhistas e paraquedistas que alienam a vontade popular. - O mapa autárquico do País (ver infografia no Expresso, de 30-9-2013) relativamente às câmaras municipais, tingiu-se de rosa, com um ângulo vermelho da península de Setúbal ao Alentejo (e com relevo para a reconquista dos concelhos de Loures, de Évora e de Beja). O PSD fica com: uma coroa de Bragança a Chaves; umas ilhas no Minho; Aveiro litoral e uma faixa em Viseu; um laivo de Pombal ao Sabugal; Oeste Norte, Rio Maior e o concelho de Santarém; parte do distrito de Portalegre; na área metropolitana de Lisboa somente o bastião de Mafra e Cascais em minoria; abaixo de Lisboa apenas quatro câmaras isoladas no Algarve; e quatro câmaras nos Açores e redução para somente quatro na Madeira. O PC tem um crescimento significativo e recuperação na Grande Lisboa e aperta a sua tenaz sobre a península de Setúbal e Alentejo, mantendo Peniche, Constância e Alpiarça e conquistando Silves.
- Houve uma derrota do PSD sistémico e uma resistência, apesar deste Governo, do PSD sociológico. Passos Coelho e a sua fação sistémica, baseada internamente na militância trauliteira e nos sindicatos de voto, em troca de benefícios sociais, das áreas metropolitanas do Porto e de Lisboa, perderam. Esse PSD, passista-menezista, Miguel-Pinto-Luz/Marco-António-Costa, perdeu. Há uma derrota da piratização de Estado, que Passos - no seu modelo de vendas a pataco de ativos do Estado (veja-se o caso do BPN Brasil vendido por 12,3 milhões ao angolano BIC, na véspera das autárquicas) -, tem continuado do seu amigo pessoal Sócrates, face à resistência de um PSD com imagem de rigor e de administração cuidada, de matriz patriótica. Nestas eleições, o povo puniu a corrupção notória, os candidatos das negociatas e dívidas, os aparelhistas vindos de longe e os caciquitos locais, a fação dirigente PSD maçónica, com saudades de um futuro de respeito pela matriz sociológica sá-carneirista e serviço efetivo do povo.
- Não se trata apenas de uma derrota do PSD passista, mas também uma derrota do Governo Passos-Portas e da política promíscua de austeridade desigual que tem sido praticada. Sem sentido de Estado, da história e sem sabedoria para compreender os desafios, Passos fez do PSD um partido liberal num País pobre e em crise, num tempo em que o liberalismo é condenado ubiquamente, pelo beco social a que nos trouxe e com maior destaque para o Papa Francisco. Leia-se veja-se a entrevista do Papa a Eugenio Scalfari no Repubblica, de hoje, 1-10-2013, recriminando o «chamado liberalismo selvagem» que «faz os fortes mais fortes, os fracos mais fracos e os exluídos mais exluídos» da grande mesa de Deus, com idosos isolados e que traz os jovens «esmagados no presente», «sem memória do passado e sem desejo de se projetarem no futuro» - além dos adultos, eles também na mesma amargura. É também contra essa deriva ultraliberal e de prioridades face ao PSD sá-carneirista que aconteceu este resultado.
- Rui Rio tornou-se o novo vice-rei do Norte, correndo o risco do seu apoio ao candidato independente Rui Moreira, numa vitória histórica sobre o menezismo (mal apoiado por José Pedro Aguiar Branco, que afinal se perdeu nessa adesão). Uma espécie de um plebiscito à sua gestão, que ultrapassa a fronteira do concelho e do distrito e cujo efeito desce até Lisboa. Por mais que o PSD passista, sistémico e caciqueiro, estrebuche (como Miguel Pinto Luz e o menezista Ribau Esteves) e Marco António Costa ameace os dissidentes com expulsão, Rui Rio será, se tudo continuar como se espera, o novo líder do PSD, eleito no Congresso Extraordinário do PSD que há-de suceder às eleições europeias de maio de 2014 e há-de determinar o candidato às legislativas antecipadas de fevereiro de 2015, apesar do apoio da troika. A defenestração que deve acontecer no PSD não é dos resistentes, do PSD maquisard destas eleições e de matriz sá-carneirista, mas dos traidores dos anseios de recuperação patriótica e de limpeza do Estado, viciados em negociatas e nepotismo.
- Derrota de Alberto João Jardim, com perda de sete câmaras em onze. O eleitorado parece transitar para uma nova geração liderada por Miguel Albuquerque, que havia perdido as primárias da região. Embora ainda não se tenha visto ainda a última cartada de Jardim... E, se corra o risco, nesse processo instrumentalizado pela Maçonaria, de os votos transitarem por essa nova liderança pós-Jardim, no médio-prazo, para os socialistas - como aconteceu nos Açores.
- Outro protagonista foi António Costa, em Lisboa, cujo resultado de 50,9% lhe permite a habitual catapulta para uma candidatura presidencial. E, na sombra, José Sócrates, cujo projeto presidencial se esfumou e que, apesar do anúncio no Expresso, de 21-9-2013, de que, com a publicação do livro com o mémoire sobre a tortura «quer fechar o ciclo iniciado com a ida para Paris em 2001 e concluído com a defesa da tese em junho», vai ter de voltar à desculpa académica para um exílio dourado norte-americano, com a justificação de doutoramento possivelmente na Universidade da Columbia. E lá virá depois tentar corrigir o passado, dizendo que não disse o que disse, esclarecendo que os seus estudos não tinham terminado nada com a publicação do livro como terá dito ao Expresso.
- Alguns resultados específicos a assinalar, além da magna vitória, contra tudo e todos, portuense, de Rui Moreira: a derrota de Junqueiro, em Viseu, que perdeu para o sistémico relvista António Almeida Henriques, que, mesmo assim, mal por mal, ainda perdeu um terço dos votos; a perda do PSD sistémico de Moita Flores, em Oeiras, para o homem de palha de um presidiário... no concelho mais instruído do País, e do passista Pedro Pinto em Sintra, com o PSD Marco Almeida a quase ganhar; a vitória de Ricardo Rio na Braga que foi de Mesquita Machado; e, jáa agora, o bom resultado do Prof. Norberto Pires em Condeixa-a-Nova, em condições muito adversas.
- Não chega agora, em desespero, a Passos aceitar um Congresso Extraordinário do PSD, para refazer a sua base de apoio interna, recuar alguns operacionais sistémicos (como Marco António Costa) e puxar Rui Rio para um combate prematuro. Aconteça esse congresso, ou não, outro líder lhe sucederá após a débâcle das europeias de maio de 2013, eventualmente já sem Passos, refugiado no exílio dourado das areias brasileiras, como Miguel Relvas. Como diz um amigo meu, um líder só dura enquanto é eterno» - e Coelho deixou de ser, passando, noutros passos, a evanescer-se como um fogo fátuo da troika. Quiçá Passos teime, como nestas próximas eleições europeias apreesentar uma lista de candidatos constituída por: Fernando Seara, Luís Filipe Menezes, Marco António Costa, Carlos Abreu Amorim, José Pedro Aguiar Branco, Miguel Pinto Luz e Pedro Pinto...
O Congresso Extraordinário do PSD, que eu e outros patriotas ousámos propor num Pronunciamento Patriótico em 4 de dezembro de 2012, irá, realizar-se mais cedo ou mais tarde. Tínhamos, e temos, razão nos motivos e nas propostas. Mais cedo eventualmente do que cheguemos às 2.000 assinaturas necessárias. Se Passos ceder, esse congresso servirá para a discussão da linha do PSD e do Governo e para erodir a base de apoio passista. Um passo mais para o calvário do senhor (passe a blasfémia!). - Realce ainda para a enorme demora e dificuldade de acesso aos resultados eleitorais: servidor em bloqueio frequente e com confusão e erros nos números (o refresh do computador provocava, muitas vezes, um retorno aos números passados nos números de freguesias e votos!...), demora no conhecimento dos resultados até á tarde do dia seguinte! Nem tudo se explica pela junção de freguesias e pela extinção dos governos civis. Um enorme fiasco informático e organizativo do Ministério da Administração Interna (e dos seus dirigentes socratinos), que tiveram muito tempo para evitar este colapso, que abaixo documento no printscreen da página oficial de resultados.
Pós-texto (9:14 de 2-10-2013): Marco António Costa anunciou, nesta noite, a realização de eleição direta do presidente do PSD em janeiro de 2014 e de Congresso do PSD para fevereiro de 2014. É inconsequente para aquilo que o passimo pretende: por efeito do previsível mau resultado do PSD nas europeias de maio, haverá um Congresso Extraordinário do PSD no outono de 2014 para a escolha de novo líder e nova equipa dirigente para concorrer às eleições legislativas necessariamente antecipadas, provavelmente em fevereiro de 2015. Confirma-se, então, o Congresso, que por mais que se disfarce, é extraordinário.
Atualização: este poste foi atualizado às 9:14 de 2-10-2013 e 8:31 e 9:29 de 3-10-2013.
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11 comentários:
Prof. Balbino Caldeira,
Tudo certo, com excepção de: Portugal é um protectorado da Comissão Europeia, irónicamente dirigida pelo PSD, ex-MRRPP, Durão Barroso.
O poder em Portugal continuará a ser definido para lá de Badajoz, com a inerente mágoa dos quase extintos portugueses.
Rio será a reserva do PSD. Mas, cuidado que o PSD já não é o Partido de Sá Carneiro. Se começarmos em Cavaco Silva (filho dliecto de Sá Carneiro), e prosseguirmos com a troupe de Dias Loureiro, Pacheco Pereira, ou Angelo Coerreia, percebemos que o PSD já não consegue reemergir sem mácula
O PSD está para Portugal, como a Democracia Cristã estava para Itália. Era o centro de poder, com toda a corrupção concentrada.
Não sabemos porquê, mas há um paralelismo entre Giulio Andreotti e Cavaco Silva.
Portugal está como o PSD, numa encruzilhada para o abismo!
Para melhor ceifar o Passado a Seara devia ser colocada em primeiro lugar na lista para as Europeias.Nenhum PSD patriota deve dar a cara por Passos nas Europeias.Teria o mesmo destino do Menezes esmagado,humilhado,espezinhado pelo sobressalto patriótico do povo do Porto!
"sobressalto patriótico"
Só anedotas.
Estão tão conscientes do que fizeram,quanto os que elegeram o António Costa.
O resto é romance.
Com Sonasol lá vai o Ajax pela Pia abaixo...
O Moreira do lobby do Fóculdoporco.
Rui Rio deixa saudades.
Dom Máfio reapareceu para dizer que o povo odeia Passos Coelho.
O povo fala sempre pela boca do velho capo.
Por alguma razão não há um único jornaleiro que faça uma crítica a este velho traficante de influências e pai da corrupção de Estado.
Nunca o jornaleirismo português achou que "o povo" teria interesse em ouvir entrevistar o dr Rui Mateus,por exemplo.Ou conhecer os arquivos da DGS,sábiamente desviados para Moscovo e para as mãos do amigo Carlucci,o tal que sabia bem receber,sobretudo as criancinhas.Grande amigo e companheiro de D.Máfio.
São coisas sem interesse jornalístico...
Depois do Mensalão vamos ter o PTOI....
Afinal o Branco é Preto como um tição...
Isabelita dos Santos com a família Azevedo das mercearias.
Zé Eduardo, o Imperador do Fetungo, com Ricardito do Espírito Santo.
O Tuga limpa as sanitas dos descententes da Rainha Ginga!
http://economico.sapo.pt/noticias/eduardo-dos-santos-recebeu-ricardo-salgado_178479.html
José Eduardo dos Santos recebeu hoje em Luanda o presidente executivo do Banco Espírito Santo Angola (BESA), com quem analisou actividades deste banco no mercado angolano.
No final do encontro, Ricardo Salgado disse à imprensa que o BESA pretende alargar os investimentos em Angola em 500 milhões de dólares (cerca de 370 milhões de euros), tendo em vista "contribuir para o desenvolvimento económico de Angola", lê-se no despacho da Angop.
"Temos em marcha um aumento de capital para dar maior capacidade financeira para a expansão que também temos a nível regional, pois como sabem o Banco Espírito Santo Angola tem aumentado o número de sucursais em Angola de uma forma significativa ", disse.
O PSD é isto: Pedro Pinto.
Lixo que se candidata, mas se não é eleito, põe-se a milhas.
http://economico.sapo.pt/noticias/basilio-horta-quer-coligarse-com-psd-e-cdu-para-governar-sintra_178487.html
Confrontado com o cenário de o cabeça de lista do PSD, Pedro Pinto, abdicar de ser vereador com pelouro na Câmara de Sintra, Basílio Horta disse que "fala de partidos e não de pessoas" no que à possível coligação diz respeito.
interessante informação. numa proxima analise traria algo de deferente se fosse analisada as votações em função do total eleitores/total de cada concorrente e discutir-se os diferentes angulos dos independentes e possiveis evoluções. A legislação "spidada" que entrava a independencia dos candidatos tambem dá pano para vermos como a transparencia é um tema tabu.
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