Noticiou o Negócios, de 11-11-2011, pelas 11:34: «Bancos querem que o Estado entre no capital ao valor contabilístico».
Não me interessa se é apenas uma posição negocial dos bancos privados, para assegurar o melhor preço na entrada do capital público nos bancos privados - veja-se que, à hora em que escrevo (12:22 de 11-11-2011), o BCP sobe 3% para 0,103 euros com a expectativa de umaespécie de OPV do Estado com prémio de preço face ao valor actual de mercado. Trata-se, da parte dos bancos, de discutir o preço da nacionalização parcial, em que os bancos querem vender por dez o que vale... zero (isto é, ninguém os quer comprar e se quisessem que alguma instituição financeira ficasse com eles teriam de receber um dote fabuloso que cobrisse as dívidas pendentes. Esta nacionalização parcial, que se prepara, consiste numa inversão do estereótipo dos negócios salazaristas: os privados recebem o leite e o Estado alimenta a vaca com ração - e, como bónus extra, fica com o estrume do crédito mal-parado...
O dinheiro público e o Estado não são dos bancos privados, dos banqueiros e dos seus avençados. Os bancos falidos jamais recuperarão a confiança dos depositantes e dos accionistas, como ilustra o caso BPN pós-nacionalização: as marcas ficam queimadas e o reposicionamento em Marketing é muito difícil. Só uma longa nacionalização geral - que Alan Greenspan aconselha - poderia repor alguma estabilidade, mas isso seria à custa de uma montanha de dinheiro público que o Estado nunca recuperará.
O governo deve saber que o povo não concorda sequer que o Governo enterre dinheiro do Estado nos bancos privados. E se, devido ao modelo de promiscuidade político-bancária actual, enterrar dinheiro público em bancos privados falidos - que jamais recuperará - terá de ser ao valor de mercado e sem qualquer prémio de preço. Socorrer financeiramente bancos falidos já é um enorme favor e os bancos privados não estão em condições de impor qualquer condição ao Estado - que não tem, repito, qualquer interesse em lhes dar ou emprestar dinheiro. Aliás, porque aquilo que é pretendido é que o Estado acorra, ele e só ele, com dinheiro vivo para cobrir o serviço de dívida dos bancos - e não apenas com a parte correspondente ao capital que deterá/deteria nos bancos.
O Estado deve pagar a dívida vencida das empresas públicas aos bancos privados. Para lá disso, deve assegurar o pagamento dos depósitos dos particulares e instituições até ao montante legal. Mais nada. O Estado não tem de cobrir o risco dos accionistas, como não cobre de nenhuma outra empresa privada, nem o risco dos depositantes para lá do que a lei define.
Este, ou outro, Governo jamais recuperará de uma decisão de enterrar dinheiro público nos bancos privados e menos ainda da decisão inexplicável de comprar parte do seu capital a um valor acima do mercado. O Governo não pode governar contra a vontade do povo, até daquele que o elegeu.
* Imagem picada daqui.
Não me interessa se é apenas uma posição negocial dos bancos privados, para assegurar o melhor preço na entrada do capital público nos bancos privados - veja-se que, à hora em que escrevo (12:22 de 11-11-2011), o BCP sobe 3% para 0,103 euros com a expectativa de umaespécie de OPV do Estado com prémio de preço face ao valor actual de mercado. Trata-se, da parte dos bancos, de discutir o preço da nacionalização parcial, em que os bancos querem vender por dez o que vale... zero (isto é, ninguém os quer comprar e se quisessem que alguma instituição financeira ficasse com eles teriam de receber um dote fabuloso que cobrisse as dívidas pendentes. Esta nacionalização parcial, que se prepara, consiste numa inversão do estereótipo dos negócios salazaristas: os privados recebem o leite e o Estado alimenta a vaca com ração - e, como bónus extra, fica com o estrume do crédito mal-parado...
O dinheiro público e o Estado não são dos bancos privados, dos banqueiros e dos seus avençados. Os bancos falidos jamais recuperarão a confiança dos depositantes e dos accionistas, como ilustra o caso BPN pós-nacionalização: as marcas ficam queimadas e o reposicionamento em Marketing é muito difícil. Só uma longa nacionalização geral - que Alan Greenspan aconselha - poderia repor alguma estabilidade, mas isso seria à custa de uma montanha de dinheiro público que o Estado nunca recuperará.
O governo deve saber que o povo não concorda sequer que o Governo enterre dinheiro do Estado nos bancos privados. E se, devido ao modelo de promiscuidade político-bancária actual, enterrar dinheiro público em bancos privados falidos - que jamais recuperará - terá de ser ao valor de mercado e sem qualquer prémio de preço. Socorrer financeiramente bancos falidos já é um enorme favor e os bancos privados não estão em condições de impor qualquer condição ao Estado - que não tem, repito, qualquer interesse em lhes dar ou emprestar dinheiro. Aliás, porque aquilo que é pretendido é que o Estado acorra, ele e só ele, com dinheiro vivo para cobrir o serviço de dívida dos bancos - e não apenas com a parte correspondente ao capital que deterá/deteria nos bancos.
O Estado deve pagar a dívida vencida das empresas públicas aos bancos privados. Para lá disso, deve assegurar o pagamento dos depósitos dos particulares e instituições até ao montante legal. Mais nada. O Estado não tem de cobrir o risco dos accionistas, como não cobre de nenhuma outra empresa privada, nem o risco dos depositantes para lá do que a lei define.
Este, ou outro, Governo jamais recuperará de uma decisão de enterrar dinheiro público nos bancos privados e menos ainda da decisão inexplicável de comprar parte do seu capital a um valor acima do mercado. O Governo não pode governar contra a vontade do povo, até daquele que o elegeu.
* Imagem picada daqui.
12 comentários:
Dr. Balbino Caldeira
Os governantes portugueses estão, há muitos anos, reféns do Clube dos Senhores do Mundo e o Sr. Dr. sabe muito bem disso, porque por aqui têm passado muitos comentários onde isso está patente.
O seu texto é apreciável mas parece ignorar o facto.
Tudo se irá passar seguindo as directivas do clube, como até aqui.
E o Zé povo, ignorante, impotente, besta de carga, vai aguentar até cair na abjecta escravidão, quando já não puder com o peso da carga.
Bela treta, esta Democracia!
Expliquem-me lá o que se passou na Irlanda?
Será que por cá o Governo vai fazer o mesmo?
É que a Irlanda sempre foi vista, e apresentada, pela laranjada de cá como um exemplo a seguir.
Lembram-se?
O Governo se enterrar o dinheiro dos contribuintes nos Bancos falidos comporta-se como um Robin dos Bosques invertido : Rouba os Pobres para DAR aos Ricos.
Obrigado, dr. ABC, compreendi agora melhor a coisa. Um pouco, porque não sou do métier, mas o suficiente para, depois da inoculação do vírus BPN, tapar o nariz e ter o pau de marmeleiro à mão para quando der jeito.
O euro já não é o EURO.É o novo Marco Alemão da mesma forma que o BCE não é mais que o Bundesbank travestizado.11 de Novembro 2011,93 anos após se terem rendido, a Grande Alemanha está de novo,pela 3ªvez, a tentar estabelecer a sua hegemonia sobre a totalidade do Continente Europeu.O anão Pétain-Sarko colabora caninamente.
Os chacais só atacam pelas costas,só comem carne podre e fedem que se farta.
O Monteiro só trabalha depois de preso em Caxias.Tratem lá de dar o Golpe para o homem conseguir abrir um inquérito.
O ex-Director do Banco de Portugal, Aníbal, veio dizer de Washington que o Governo português deveria ser mais "amigo" dos bancos para que estes dêem crédito à economia.
Barroso veio dizer que se o Dr. Salgado ou o BCP-maçon não quiserem o dinheiro do Estado, conforme as condições que o Governo fixou, que vão pedir aos accionistas o dinheiro.
O Barroso teve a posição adequada. A banca depois de ter tido biliões de euros de lucro, nos tempos da expansão, não quer agora investir esse lucro.
Aníbal quer "apanhar" as moscas socialistas, pois tem medo da "rua". Mas, Aníbal demonstra que já percebeu que Portugl está no fim se a Alemanha fechar a torneira, e então fala contra a Merkel, e contra o BCE.
O flic-flac do Aníbal vai acabar com ele. Ele será o último PR da actual República. Ainda vai ser na sua presidencia que Portugal estourará, e ele até se torce. Aníbal, amigo, o seu papel para Portugal vai ser igual ao do Soares, afinal foram os que estiveram mais tempo no poder, e criaram um Estado insustentável chamado Portugal.
Portugal, Rest In Peace.
Portugal como Estado tem quase 1000 anos.A Alemanha pouco mais de 100 dos quais quase 50 dividida.
Com duas guerras mundiais pelo meio e sempre renascida pela inteligência e esforço do seu povo.
Por cá,especializaram-se no gamanço e na mentira.
De tal forma isto está minado pela corrupção que o próprio sistema de Justiça defende os criminosos contra o povo que lhes paga.
Onde andam oa milhões que os Bancos se fartaram de ganhar ao longo dos últimos 20 anos?
A 3ª Guerra Mundial está em marcha!
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