domingo, 25 de setembro de 2011

O perigo de brincar às traições


A resposta do Governo Regional da Madeira ao socratismo pela sua penalização face ao cesarismo dos Açores, premiando o inferior aproveitamento por estes dos recursos financeiros fornecidos pelo País e pela União Europeia, não deveria ser, numa época de grande contracção financeira, copiar a receita (era bom, era...) dos socialistas em Lisboa, de manter o nível de despesa e esconder a dívida, nos encargos assumidos e não pagos, das parcerias público-privadas, da manutenção dos privilégios e da dilação das dívidas a fornecedores. A auditoria geral às contas da Madeira deve ser feita, tal como nos Açores e no Estado português, e todas as responsabilidades apuradas. Esta é, como disse, a posição do Portugal profundo: não a das elites comprometidas que só querem auditorias e responsabilização judicial dos outros - mesmo dos casos de corrupção. E não é Alberto João Jardim, que não consta ter fortuna pessoal, apesar de três décadas de poder,  que teme o apuramento do novo crime de enriquecimento ilícito (palmas para Octávio Ribeiro, do CM, que lançou a iniciativa), aprovado no Parlamento, em 23-9-2011, com voto contra dos socialistas.

Vem isto a propósito da inadmissível ameaça de Alberto João Jardim, no jantar-comício em Santa Cruz, em 23-9-2011:
«Se Portugal vai resolver os problemas de todos os portugueses, vai ter que resolver os problemas dos portugueses do Continente e dos portugueses da Madeira, porque se há dois países - a Madeira e o Continente -, então dêem-nos a independência.»
Como foi uma orquestrada patetice o reaparecimento das bandeiras da Flama no 25-4-2011. Jogar a cartada da secessão apenas enfraquece a reivindicação de... solidariedade nacional na ajuda financeira ao Governo Regional da Madeira. O seu discurso deveria ser precisamente o contrário: afirmar a portugalidade do arquipélago e explicar o castigo da Madeira só porque não se subjugou eleitoralmente ao Partido Socialista. Alberto João Jardim, singularizado como bode expiatório do endividamento nacional, caíu na casca de banana que lhe atravessaram...

E o seu desmentido no dia seguinte, 24-9-2011, na SIC, do «desabafo» -
«Se há pessoa que tem orgulho em ser português sou eu. (...) Sou contra a independência.»
- não apaga o despropósito da ameaça de secessão, que tem sido recorrente ao longo de anos de reinvindicação financeira. Essas ameaças de flirt prejudicam a coesão nacional. E jamais devem ser aplacadas com mais dinheiro porque assim demonstram a eficácia da chantagem.

Não existe a mínima viabilidade na independência da Madeira, que nem os próprios desejam, portugueses que se sentem tanto ou mais do que qualquer outro continental ou açoriano. Como creio que, apesar do que o acusam, sucede com Alberto João Jardim. Agitar a flâmula da independência não passa de uma patetice que descredibiliza quem a faz e a organização a que pertence e diminui a admiração pela obra realizada.

Da mesma forma, são inadmissíveis as posições socialistas muito vulgares, do passado de que era melhor concederem a independência à Madeira - já que não conseguiam vencer as eleições no arquipélago.

Brincar às traições é perigoso. Deixa desconfianças e mágoas. Todos perdem.


* Imagem picada daqui.

12 comentários:

Karocha disse...

Caro Prof ABC

Bloquearam o Kaos!!!

Anónimo disse...

AJJ não deve ser demonizado. Mas, AJJ também tem que ser responsabilizado. Não podemos ter os "nossos" bons e os dos "outros" fedorentos".

Algumas das postas que vêm ao de cima, sobre o que se passa na pérola do Atlântico são aterradoras: a) a nomenklatura laranja altamente bem paga nas várias empresas do Estado ou financiadas pelo Estado; 2) as várias obras que não servem para nada (o helioporto, a marina, etc.); 3) as relações promíscuas entre responsáveis públicos regionais e as empresas adjudicatárias das obras concedidas pelo Estado.

Portugal já não é um Estado de direito, nem sequer tem no seu leme gente de bem.

O roubo, o assalto, a vigarice, são as regras dos círculos de poder. E não se venha dizer que os socialistas são os únicos.

Aliás, foi giro ver hoje a boutade do ex-candidato a PR, Basílio, vir dizer que a nacionalização do BPN foi um erro do anterior governo.

4,5 biliões de euros foi quanto custaram a todos os contribuintes portugueses, as malfeitorias do Costa, do Loureiro, do bandeira, do Teixeira, do Sócrates.

Quando a malta se queixa que vai perder 50% do 13º mês e o valor conjunto deste imposto extraordinário é de 800 milhões de euros, percebemos que teremos que aguentar 10 anos, para suportar os desvios do gangue laranja do Costa.

Portugal vai ser esventrado pelos seus credores. Os portugueses não merecem melhor.

Anónimo disse...

O que Gaspar aqui diz, significa que se houvessem protugueses vivos, estes colocariam toda a corja em Peniche e em Alcoentre, pois se não servem para se auto-disciplinarem, têm que ser responsabilizados:

http://aeiou.expresso.pt/vitor-gaspar-zona-euro-precisa-de-maior-integracao-politica=f676165


O ministro das Finanças português, Vítor Gaspar, considerou hoje que um modelo de governação da zona euro que se baseia na auto-disciplina dos países não é suficiente, e que é necessária maior integração política.


"Os acontecimentos recentes mostraram claramente que a auto-disciplina não chega", afirmou Vítor Gaspar, intervindo numa mesa redonda sobre a "Definição de um Caminho de Crescimento para a Zona Euro", durante a reunião anual do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial.

"À medida que a zona euro foi avançando acreditou-se que a auto-disciplina chegava [mas agora] é absolutamente natural regressar à união política, isso parece o caminho natural a seguir", acrescentou o ministro, perante um painel composto por Olli Rehn , comissário europeu para os Assuntos Económicos e Monetários, o investidor George Soros, Nemat Shafik, vice-diretora-geral do FMI e Gao Xiqing, que lidera o fundo de investimento chinês.

lawrence disse...

Simplesmente avançaria com um referendo aos Madeirenses perguntando se querem independência ou não.
Em função da resposta, agiria em conformidade.
E calava o "artista" do ajj de uma forma ou de outra.
Ou ficava a chatear só os ilhéus ou não tornava a falar em independência mesmo quando está bêbado.

Anónimo disse...

Parece que o Pinto Capado já não é a Rainha de Inglaterra.Il est seulement le Roy des Cons!

Anónimo disse...

Não há Cardeal que saia da construção civil sem sujar o avental.

Anónimo disse...

Caro Lawrence,a independência da Madeira não depende da vontade dos madeirenses.Tal como a independência do país basco,da Califórnia ou da Renânia,não dependem das vontades dos autóctones.
Caso assim não seja,peço a independência do Ribatejo.
Esta abrilada traidora lançou muita confusão no espírito de alguns portugueses.
Esperemos melhores dias.

Anónimo disse...

Tenho verificado que a falsa esquerda,vulgo quadrilhas de gatunos com siglas políticas,dominam completamente os meios de comunicação,com o maior despudor.
Assim,podemos constatar diáriamente que Portugal de há uns anos para cá não tem presidente da república.
Anteriormente falava-se em sua Exª,o sr PR,no dr Sampaio,no dr Mário Soares.
Agora,não há dr nem PR,apenas Cavaco.
E o curioso é que são os mesmos que se referiam ao delinquente Sócrates como engº José S.
A manipulação e a canalhice chega a este ponto.

+ou- disse...

Mas, somos esquerda de quê e de quem?... não há "direita que nos valha" desde o tal de 25/4...
Esta gente ficou deslumbrada e em "delírio traumático", desde há 37 anos a esta parte, porque lhes venderam uma enorme peta, tão grande quanto o tamanho do próprio país ainda antes da tal golpada fatal, a dos tais capitães do “pré/abril/sovietes”.
Hoje, politicamente correcto é ser-se "esquerdóide" ou parecê-lo, ou lá o quer que seja, mesmo aqueles totós `a direita, ainda de cueiros enfatuados, todos eles têm remado no mesmo e desgraçado sentido - desgraça plena para este outrora orgulhoso país - "orgulhosamente sós", então nos dizíamos!
De tão complexados nos tornámos por isso e por ser chamados de colonialistas que, agora, seremos colonizados e “à brava e à europeia…” talvez até "sodomizados" (empalados) por uma dívida infinita e impossível de pagar... por abusos e roubos de plena consciência, só de alguns por demais conhecidos...
E, o que mais magoa, é ver todos esses crápulas ainda em liberdade, cuspindo e arrotando a azedo, a todo o momento, sobre este "sereno e desmiolado" gentio, que, pasme-se, lhes continua a lamber as botas... e não só, tendo-os até na máxima estima porque neles continua a confiar os desígnios desta pobre e triste nação, desastre após desastre... até à hecatombe final (a “sra. Merkelazi” já fala em “perdas de soberania” para os não cumpridores… eles vão-se desmascarando, o assalto final está à vista).
O que esperar para (e de) tão "apagada" gente?!...
Este é o Prémio mais merecido!

Anónimo disse...

Se os Açores e a Madeira tivessem soberania fiscal, monetária e politica, obviamente que estariam muito melhor do que agora estão.

O vírus da corrupção e do esbanjamento sempre esteve em Lisboa.

Aliás as nossas províncias do interior e raianas são o exemplo e as vítimas dos poderes mafiosos centralistas de Lisboa (politica+finança+monopólios+maçonaria+corporações que esfolam os contribuintes).

A dívida da Madeira é ainda inferior a 10% das dívidas consolidadas das empresas de transportes no Continente.

Alberto João ao pé da ladroagem do Continente é um menino de coro.

Karocha disse...

Tem toda a razão anónimo!
Alguém vai preso?

Anónimo disse...

Pena que o professor tenha virado sectário fanático político e tenha deixado de ver as palhas nos olhos dos outros devido às traves que se foram formando nos seus próprios olhos. Mudou e pôs a democracia directa completamente de parte. Acha que deixou de ter interesse por haver um partido que lhe é superior em tudo, que esse tem o direito à corrupção e ao roubo impunes e sem controlo de um povo cuja soberania deixou de ter interesse.