terça-feira, 11 de janeiro de 2011

«Por indicação ou conhecimento da administração»...

«"Posso assegurar que nenhum cliente do banco foi desviado para a Caixa Geral de Depósitos (CGD) por indicação ou com conhecimento da administração".» (Realce meu)
Francisco Bandeira, presidente do BPN, cargo e rendimento que acumula com o de vice-presidente da CGD, ontem, 10-1-2011, em audição no Parlamento perante a Comissão de Orçamento e Finanças, citado pelo DN, de 11-1-2011

Qua maior garantia precisam os espíritos indignados pelas notícias, baseadas em alegada «informação interna», de desvios de clientes para o BPN  para a Caixa Geral de Depósitos - e já agora, o movimento inverso de passivos tóxicos) e de «alguma condescendência no que concerne aos antigos accionistas» -, do que a declaração de Francisco Bandeira?...

Nos EUA, a arrogância e o desprezo manifesto nas audiências do Senado é inadmissível: pelos deputados que jamais a consentiriam e pelo público norte-americano que espera o respeito devido aos seus representantes. Além disso, e sem relação com o caso em análise, o perjúrio é efectivamente perseguido pela justiça e pode acarretar uma pena de 5 anos de prisão, e os depoentes sabem que as suas declarações serão confrontadas com os mails que emitiram.

Em Portugal, o socratismo trata o Parlamento como se vê.

2 comentários:

Anónimo disse...

Caro Prof. Balbino Caldeira,

Engana-se nisto "o respeito devido aos seus representantes". Em Portugal, os Deputados não são representantes do povo, mas antes serviçais do Senhor que chefia cada Partido. Por isto, os Deputados não respondem perante o Povo, mas perante o Chefe de serviço.

Não admira por isso, que episódios como o do Bandeira mandar á fava o Parlamento, enquanto foi até aos Açores, não incomodem o Parlamento ou os Parlamentares.

Os Deputados devem o lugar ao Chefe.

Anónimo disse...

Embora concordando com o comentário anterior, deve ser sublinhado que actualmente, com o actual governo, tudo mudou para pior. A falta de respeito pela justiça e pela Assembleia da República é total. O governo socratino (des)governa autoritariamente em minoria como se fosse maioritário. Se olharmos bem para o estado actual das coisas, julgo correcto dizer-se que a democracia foi suspensa sem que ninguém se tenha alarmado.