segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

A trapalhada eleitoral e a virgindade da culpa


A culpa da trapalhada da eleição presidencial de 23-1-2011 continua, apesar do tema ser delicado para uma esquerda que quer esquecer que elas existiram.

A culpa, uma velha senhora que tende a falecer virgem e intocada, está desaparecida e ninguém a consegue descobrir. O Público, de 10-2-2011, noticia as conclusões do relatório encomendado pelo Governo à Universidade do Minho que refere «uma convergência de razões de natureza operacional e de natureza tecnológica».

Talvez explicações mais simples e claras bastassem: má-fé do Governo que não promoveu a habitual campanha de promoção da votação; não notificação dos 770 mil eleitores cujo número mudou e não realização de uma campanha publicitária de dimensão adequada que os informasse; incompetência (ou má-fé) no aumento da capacidade dos servidores que forneciam o número às juntas de freguesia e aos eleitores desorientados; e incompetência e desleixo, ou má-fé, na falta de supervisão do processo pela secretária de Estado Dalila Araújo, pelo ministro Rui Pereira e pelo primeiro-ministro José Sócrates; e falta de verificação do processo pelos dirigentes da Comissão Nacional de Eleições. Agora, apanhados com a boca rosada na botija do vinho do poder, o primeiro-ministro lamenta e atira as culpas para o ministro, que alija a carga da culpa, da secretária de Estado, que atira a culpa para o director-geral que diz que a decisão de não notificar os eleitores cujo número mudou foi conjunta com a secretária de Estado.

Além do impedimento eventual de cerca de 270.875 eleitores votarem na eleição presidencial de 23-1-2011, continua sem haver explicações detalhadas e convincentes para a discrepância brutal do número de votos e de eleitores na eleição presidencial entre os dados do Governo e os dados oficiais do Tribunal Constitucional. Ribeiro e Castro sugeriu, ontem, 13-1-2011, que o Governo peça assistência eleitoral a Cabo Verde...

Só um inquérito parlamentar exaustivo, com eventual comunicação ao Ministério Público, pode esclarecer a trapalhada e desorganização do sufrágio de 23-1-2011.


* Imagem picada daqui.

4 comentários:

António Lopes disse...

É o jogo do empurra, à norte-africano:
O cheique bate no homem; o homem bate na mulher; a mulher bate no burro; o burro (o povo) não tem em quem bater, zurra (resmunga) e aguenta tudo!

Anónimo disse...

Ó cavalheiro...

E as trapalhadas da Coelha/SLN, já foram esclarecidas, ou vão para o mesmo cemitério das mortes solteiras?

A verdade e a procura da mesma, só tem um rosto em todas as situações. Caso contrário, há maldade, oportunismo, rancor e ódio. O que neste "blog", confesso, me surpreendeu.


Passe bem.

C. S.

P.S.: mande lá mais este para o seu arquivo da censura "democrática".

+ou- disse...

Não admira, ao preço que está a água... não há ninguém verdadeiramente limpo. É pena!

Anónimo disse...

no site dos resultados da DGAI surge uma referência a "consulados apurados"? do que se trata?