Estátua de Diógenes.
Em Sínope, cidade que atualmente pertence à Turquia.
Em Sínope, cidade que atualmente pertence à Turquia.
Tal como Diógenes de Sínope, na história com que meu pai me prevenia, andei demasiado tempo com uma lanterna à procura de um homem. Todavia, o cínico grego sabia que não o encontraria, e servia-se da lanterna para mostrar que não havia; eu, crédulo como sempre fui, confiava descobrir um homem, um líder. A minha convição era a de que esse homem (ou mulher) existia. Só podia existir!... E, quando me desenganava, era em mim que via a culpa: tinha de procurar mais e melhor. Perguntava a pessoas de valor que entretanto fui conhecendo, onde havia tal pessoa, mas ninguém sabia. Pior: nos meados dos anos 2000, confesso, que até ficava aliviado quando das personalidades de renome, me diziam de algum: «esse é só viciado na droga, não é pedófilo, nem corrupto»!...
Também quando menino, ia à noite, de lanterna de petróleo, na quinta, de casa da avó até ao barracão ajudar o Ti' Chico a «tirar a corrêa» do castanho com que este Amigo, alentejano da raia, fazia canastras... Em miúdo, levava a lanterna para não me perder; já graúdo, usava a lanterna para achar... Da noite, passei para o dia, nunca largando a lanterna. Perdi-me, muito, nas minhas fraquezas, e não encontrei nenhum humano que merecesse seguir.
No beco dessa desilusão - onde sempre Deus me consolava -, abriu-se-me o sentido de que não era aos outros que devia pedir que fizessem, mas eu, e quem comigo fosse, que devia lutar. Em combate leal, nestes anos de esperança e fel, que se estenderam desde 2003, com desprezo do conforto, dos bens e da própria vida, e a ajuda de companheiros encontrados nas jornadas e a graça de Deus, venci sucessivos adversários no terreno. Porém, após batalhas e incursões, fui embatendo contra a muralha do sistema, sem meios de valia além da força de caráter. Cheguei, na reflexão das madrugadas em que se limpam as armas, à conclusão de que precisava de criar as condições para que o Bem pudesse tomar o castelo dominado pelo Mal. Pois, se não tinha representantes das ideias, e se até os bispos evitavam o púlpito e frequentavam as maçonarias, onde buscaria a palavra, a vontade e a ação?...
O contexto atual é muito desfavorável para a intervenção patriótica tomar imediatamente o poder:
- uma cultura envolvente de dissolução social;
- uma Igreja muda e batida internamente pelo ventos do tempo incerto;
- um ataque sistemático à criação popular de riqueza no turismo;
- uma pressão fiscal insuportável sobre as empresas, modernizadas, adaptadas ao palco da moeda forte e internacionalmente competitivas pelo efeito acumulado do avanço educativo do País, passadas três décadas de crise económica estrutural;
- os meios de comunicação sujeitos ao poder político corrupto;
- um governo socialista-comunista que vai consolidando suavemente a sua agenda cultural;
- um presidente que parece reconvertido da tentação mefistofélica que o desorientava, mas que não governa.
- os partidos da pós-direita conluiados com o poder político da esquerda, na bancocracia, nos negócios, nos contratos de Estado e nos incentivos;
- uma ocupação do aparelho de Estado pelos militantes dos partidos de esquerda, tal como em 1975;
- a domesticação gramsciana das organizações da sociedade civil;
- o previsto derrube da independência judicial;
- e, em resultado de todas estas contradições morais e políticas, uma maioria eleitoral socialisto-comunista.
Muito gostaria que outros aceitassem a chamada do bom senso íntimo, que lhes pula na consciência, de que não há rios nem santanas, nem mesquitas (!) nem cristas, que queiram derrotar o pós-modernismo herdeiro do comunismo, repor os valores cristãos, reduzir o compadrio da maçonaria aos ágapes rituais, promover o trabalho e a criação de riqueza sobre a distribuição da massa falida, governar com escrúpulo e rigor, em suma, servir a Pátria.
Não é crível que a situação atual se inverta no curto e no médio-prazo e permita a recuperação do poder. Então, importa ao setor patriótico criar as condições de mudança cultural e política. Somos nós que temos de trabalhar para criar essas condições de mudança! Nesta cruzada estou.
Pós-texto: este poste foi emendado às 22:36 de 25-2-2018.
* Imagem picada daqui.