quinta-feira, 29 de agosto de 2013

A inovação é a resposta ao impasse patriótico

Ainda refletindo em linha sobre a eficácia da ação política fora do sistema corrupto. Em postes anteriores, numa espécie de avaliação da ação política do setor patriótico, constituído por tantos homens e mulheres de bem, ainda que desintegrados, considerei que a falta de apoio político popular a esta plataforma se deve a dois motivos: mensagem desagradável e falta de meios para a transmitir.

Relativamente à mensagem desagradável importa reconhecer, desde logo, que a luta tem de ser seguida pelo trabalho. Isto é, o combate - que é muito útil - tem de ser explorado depois por propostas que garantam a adesão das pessoas. Ora, na atual fase de evolução da tríade do norte do mundo euro-americo-asiático a mensagem de trabalho, de sacrifício, de rigor, de autonomia, de equilíbrio orçamental e de repressão dos abusos, é impopular. Muito para lá da aversão humana ao risco o que a grande maioria pretende, por hábito e comodidade, é ainda mais Estado, visto como a fonte mais fácil de dinheiro e de apoio. Até a denúncia da corrupção chega a ser impopular, com os autores a serem vistos como profetas da desgraça, que prejudicam o fluxo normal do dinheiro e dos negócios, que não se conformam com a ordem sistémica das coisas (os boys e o pote), que põem em causa o crédito da concedido pela troika - o meu salário/subsídio/pensão.

Se a mensagem patriótica é desagradável aos cidadãos, a falta de meios é um problema ainda maior. É certo que existem os novos meios - correio eletrónico, internet, blogues e redes sociais -, mas a sua frequência é muito menor do que a da TV. Por exemplo, apesar de todo o furor opinativo sobre o mobile viewing, a verdade é que, segundo um relatório da Thinkbox divulgado em 23-8-2013, no Reino Unido, a audiência em computadores portáteis, smartphones, tabletes, foi de apenas 1,5% da audiência televisiva no primeiro semestre de 2013, o que correspondeu a apenas 3 minutos e 30 segundos por dia, em média. As redes sociais - Facebook à cabeça - funcionam hoje mais como newsgroups e canal de conversação do que crónicas de um parágrafo ou diletantes estados de alma, para lá da reação em cadeia e dos trending topics vertidos para os média tradicionais. E os blogues, que perderam o fulgor das caixas de comentários, mantém-se como sítios de opinião e de produção de informação, mas tendendo para canais quase-confidenciais especializados e já não holísticos, genéricos, de dimensão próxima dos jornais. Mas blogues e redes sociais têm um audiência ínfima em comparação com a televisão e até com os jornais digitais. Do outro lado do espelho, nos média tradicionais, os jornais em papel são hoje quase almanaques de museu, reconvertidos em jornais digitais com magras receitas próprias, as rádios dão música, e noticiários curtos, para automobilistas e ambiente de trabalho, e a televisão mantém-se como o grande meio de comunicação de massas. Na televisão e nos jornais digitais, o acesso dos patriotas é censurado: não passam as informações que produzem nem a opinião que expendem. Ainda que as modernas tecnologias de informação e de comunicação tenham mudado o mundo e que uma faúlha mediática, mesmo a mais panfletária e rude (por exemplo, ptnewshub.com), possa ter um efeito pro memoria devastador, e pior se for em inglês, a ideia dominante no poder, como há oitenta anos, é que se forem controlados os meios, o povo não conhecerá a mensagem.

Sobre este impasse patriótico, recomendo assistir à lição do ator Kevin Spacey na James Taggart Memorial no Edinburgh International Television Festival, em 22-8-2013 (texto completo no Telegraph). Um pequeno excerto:
«the lesson that the music industry didn't learn: Give people what they want - when they want it - in the form they want it in - at a reasonable price - and they’ll more likely pay for it rather than steal it»
Portanto, se não existe dinheiro, até no mercado espanhol, para a sustentação de um canal de televisão independente do poder (isto é, transação de publicidade e subsídios por não-notícias) como confessou, em 9-4-2013, Federico Jiménez Losantos, resta, como tenho insistido a criação de um diário digital patriótico.

Não podemos desculpar-nos com a eficácia dos adversários, mas admitir a nossa ineficiência e mudar de tática. Em suma, inovar e arriscar, em vez de insistir em melhorar um modelo já antigo (ver «Steve Ballmer's big lesson for the rest of us», de Julia Kirby, Bloomberg, 26-8-2013).


* Imagem picada daqui.


Limitação de responsabilidade (disclaimer): As entidades referidas neste caso, objeto das notícias dos média, que comento, não são acusados de qualquer irregularidade ou ilegalidade neste poste.

15 comentários:

Anónimo disse...

Welcome to the new world. Quando o Washington Post é vendido por 300 milhões de dólares e o canal de televisão financeiro CNBC teve em Julho de 2013, 37.000 espectadores num dia e o Correio da Manhã TV se vangloria de ter 11.000 espectadores no seu canal de televisão, se vê que a mudança está aí. Vivemos em disrupção. Beppe Grillo e Obama foram eleitos graças às suas estratégias online. Contudo, o dono da Fox e da Sky News, Murdoch, é um dos mais poderosos do mundo. Não há uma fórmula única. Sabe-se que sem luta, não há vitória. Isto até parece linguagem marxista. Não é. O combate é o único caminho. O outro caminho é a indignidade.

Anónimo disse...

http://www.publico.pt/economia/noticia/antonio-barreto-considera-dificil-futuro-entendimento-entre-politica-e-economia-1604238

O sociólogo António Barreto considerou hoje que “vai ser difícil” o entendimento entre o mundo da política, do negócio e da economia, aliança que durou vários anos e que foi quebrada por causa da crise financeira.

“Já não é possível fazer negócios como há dez anos, auto-estradas como há dez anos, já não é possível fazer swaps como há dez ou há cinco anos, já não é possível fazer PPP [Parcerias Público-Privadas] como há 10 anos ou há 15, ou há 8 anos ou há seis anos”, disse.

“Estes fenómenos, - que parecem fenómenos de banditismo, corrupção, promiscuidade, chamem-lhe o que quiserem, retirem agora a parte moral disto - estas coisas colaram as partes, colaram o negócio, a banca, as empresas as multinacionais, as autarquias, o governo central, os partidos principais, isto conseguiu sobreviver, simplesmente agora já não é possível, já não há dinheiro”, afirmou.

Anónimo disse...

Mais uma imensa vergonha do governo e a morte lenta das instituições

Nota curricular — Vogal Autoridade Concorrência
1 — Dados Pessoais:
Nome: Nuno Rocha de Carvalho
Data de Nascimento: 13 de maio de 1977
Naturalidade: Lisboa, Portugal
2 — Formação Académica:
2000 — Licenciatura em Direito, pela Faculdade de Direito de Lisboa,
Universidade de Lisboa
2001 — Pós-Graduação em Direito da Comunicação, pela Faculdade
de Direito da Universidade de Coimbra
3 — Atividade Profissional:
Junho 2008 até ao presente — Diretor Jurídico da Sagestamo — Sociedade
Gestora de Participações Sociais Imobiliárias, S.A.
Abril 2003 a junho 2008 — Advogado sénior no Departamento
Imobiliário, na Uría Menéndez Abogados, S.L.P. — Sucursal em Portugal
(Lisboa)

Anónimo disse...

Admira-me, mas pouco, o Dr ABC não dizer nada ao facto da Manuela Moura Guedes ir apresentar um concurso na RTP.
Aliás, o Dr ABC nunca disse nada, ou disse muito pouco, quando um número inusitado de jornalistas encheu o "mar" de gentes da área do governo.
Em outros tempos era motivo para um sem fim de criticas, de suspeitas.
Mudam-se as "caras". mudam-se as vontades.
Apre....

Anónimo disse...

http://www.noticiasaominuto.com/politica/102015/relvas-foi-crucificado-e-s%C3%B3-saiu-por-n%C3%A3o-suportar-a-chacota

Ao mesmo tempo, Cunha Vaz dispara críticas contra a classe jornalística, sendo incisivo nas considerações que tece a alguns profissionais. Chega, inclusive, a apontar nomes de jornalistas que terão aceitado “encomendas”, segundo palavras suas. “Há jornalistas dispostos a fazer favores a amigos”, concretiza.

Anónimo disse...

http://www.noticiasaominuto.com/fama/102024/convite-a-moura-guedes-para-voltar-%c3%a0-rtp-partiu-do-ex-marido

A ideia de convidar Manuela Moura Guedes para apresentar o programa ‘Quem quer ser milionário’, na RTP, partiu da Valentim de Carvalho, produtora dirigida por Francisco Vasconcelos, por sinal, ex-marido da jornalista, escreve o Diário de Notícias (DN) desta quinta-feira.

É, inclusive, aquela empresa que vai pagar o salário a Manuela Moura Guedes. Vasconcelos explicou ao DN que "Manuela não está em saldo", sendo que foi a produtora que fez "uma poupança para poder investir nela”, admitiu o presidente, adiantando que se trata de "um investimento a médio prazo".

Francisco Vasconcelos foi o primeiro marido de Manuela Moura Guedes, e têm um filho em comum.

Em declarações ao DN, a jornalista admitiu que respirou "de alívio [porque] estava há quatro anos inactiva".

Anónimo disse...

Retratos de um Portugal decadente. Uma ex-jornalista, ex-deputada, ex-esposa, actual esposa, anda a suspirar porque arranjou uma prateleira.

Faz lembrar o Sócrates, que fingiu ir fazer um doutoramento e agora é consultor da venda de sangue na América Latina.

Em comum, entre Moura Guedes e Sócrates, a RTP.


Irónias.

Anónimo disse...

Vocês não têm tomates para fazer nada!

Anónimo disse...

Quem, o Sócrates?

Anónimo disse...

Achas que o Sócrates quer a Democracia Directa?
Ganha tomates e faz alguma coisa inovadora.

COMUNICAÇÃO PATRIÓTICA disse...

Moura Guedes deve passar rápidamente de apresentadora de concurso para directora de informação da RTP e despedir de imediato o "cumentidor" Sócretino.

UNIÃO GERAL DOS TOMATES-UGT disse...

Posso certificar que o Sócretino não tem tomates.Quando aqui se quis inscrever foi examinado e rejeitado por não os ter...

O BURRALINO disse...

QUANDO É QUE O BURRALINO VAI PARA A MOBILIDADE COM CARROÇA E DEIXA DE RECEBER PALHA LOGO A SEGUIR?

Anónimo disse...

O Sócretino tem os tomates atrás...

Anónimo disse...

Aqui não há medo. Aqui não houve medo, quando se enfrentou o monstro pedófilo, alicerçado na Irmandade, na sede do Rato e que entranhava até nas outras sedes de poder.

Aqui não houve medo, quando se enfrentou o maior Vigarista de Portugal, após 1974. Desmascarou-se a vigarice sob a forma de pseudo-licenciatura do candidato a Duce Tuga. Agora, o escroque vende sangue na América Latina.

O combate faz-se de diferentes maneiras. Às vezes, minando o adversário de forma permanente e constante, é mais produtivo do que afrontá-lo. A hidra dos poderes financeiros e da Irmandade são grandes, e não são derrotados pelo confronto. Antes, pelo desgaste. A sua incompetência será o seu principal inimigo, nós temos a certeza disso.

Todos os dias se demonstra aqui, que não há medo, apesar da existência de poderes legais com fundo pouco confiável.