terça-feira, 21 de junho de 2011

Eleição de Assunção Esteves como presidente da Assembleia da República

Compreendo o motivo da escolha, e eleição em 21-6-2011, da deputada Assunção Esteves para Presidente da Assembleia da República, depois do insucesso da candidatura de Fernando Nobre. Por aqui, não nos agradava a escolha Nobre - ser deputado era uma coisa e presidente outra... -, nem rejubilamos com a assunção de Esteves, que é agora, substituta legal do Presidente da República.

A escolha de uma mulher, de pendor esquerdista - mesmo se já não é casada com o socialista José Lamego -, de imagem à Meg Ryan e prò-opção-da-mulher na questão do aborto, do tipo boa aluna e de perfil baixo, pretende representar uma conciliação política no Estado, aliás visível no agrado que a sua candidatura ganhou no sector esquerdo da Assembleia, ao conseguir 186 votos (quando o PSD apenas tem 108 deputados e o CDS 24) na primeira eleição. Todavia, muito melhor do que a infâmia da ocupação do lugar de segunda figura do Estado por Jaime Gama durante estes anos rosa-choque. Espero da nova presidente do Parlamento a independência e o serviço patriótico que se lhe exige, bem com a colaboração institucional com os outros órgãos de soberania.

Por aqui, exerceremos a vigilância habitual. Não creio que a presidente do Parlamento Assunção Esteves vá ser um contrapeso da acção do Governo ou uma barreira ao legítimo escrutínio do socialismo.


* Imagem picada daqui.


Actualização: este poste foi emendado às 10:36 de 23-6-2011.

9 comentários:

Anónimo disse...

Foi engraçado ver o Zé Socrático a sentar-se junto da Sra. Passos Coelho. E logo ele, que não levou a F.

Mentiroso disse...

Sempre interessante de ler.

Carlos Pires disse...

Mas para si é um problema ela ser mulher? E que relevância tem o facto de ter sido casada com X ou com Y?

Isabel disse...

Também estranhei as observações sobre Assunção Esteves. O ter-se livrado de um marido socialista só a ambos diz respeito e, possivelmente, só a dignificará. Ou será que, para além da misoginia da observação depreciativa "mulher", associada à "de pendor esquerdista", temos a acrescentar a "beatice" do estigma aos divorciados? Como mulher, católica divorciada, impedida injustamente(na minha insignificante opinião ) de aceder
à Eucaristia por "crime de amor",espero enganar-me. dada a estima que tenho tido por este blogue.Há contudo um antecedente, o inadvertido"chefe de família" de há uns tempos. Lamento ainda o depreciativo do look Meg Ryan. Eu acho óptimo e de um chic discreto. Será que uma moçoila de arrecadas ou um cacique local bigodudo estaria melhor? Desculpe, professor, o blog é seu e escreve nele o que bem entende, contudo, tal como o ter sido "antifascista" nunca foi, para mim, critério de nobreza cívica, o mesmo se passará com quem foi "antisocretino". É preciso mais e esse "mais" penso que, felizmente Pedro Passos Coelho está finalmente a trazê-lo: o "antiprovincianismo" , sem o qual jamais seremos um país moderno .

António Balbino Caldeira disse...

Caro Carlos Pires

Nenhum problema por ser mulher. Era o que por aqui faltava era que isso significasse alguma depreciação. O que por aqui tenho contestado é a inclusão de mulheres para compor ramalhete: as mulheres entendidas como minoria - vai-lá-buscar-uma-mulher-para-compor-a-lista...

O relevo é que já não é casado com José Lamego. E isso deve ser dito para que não se acuse de ser.

Não é por esses factos que me resrrtvo, mas pelos outros que expliquei.

António Balbino Caldeira disse...

Cara Isabel

Estranho eu o seu comentário, que julgo imerecido.

Creio que Assunção Esteves foi escolhida por ser mulher e também de pendor esquerdista. E respeito aqueles que entendem que o facto de ser mulher, e de esquerda, nada influenciou a escolha.

Trata-se da promoção de um segmento que se trata como minoritário, em vez de tratar em pé de absoluta igualdade, como creio as mulheres merecem e apreciam.

O look à Meg Ryan não a deprecia. Significa que tem uma imagem moderna, o que também ajudou à sua escolha.

Não concordo com a discriminação positiva - a escolha de alguém por ser mulher - porque creio na igualdade. E também confesso que não aprecio a defesa sexista da mulher ou do homem: as pessoas valem, e devem valer, pelo que são. E defender isto não é misoginia, nem provincianismo, creio.

Não escondi que preferia alguém que não tivesse a conotação de esquerdismo e não fosse favorável à despenalização do aborto. É a minha opinião e respeito as outras.

Isabel disse...

Caro professor
Plenamente de acordo, há dias li que é desejável a chegada do dia em que ninguém pronuncie ou escreva " Foi a primeira mulher a...". Se porventura, fui injusta na minha apreciação do seu post, peço desculpa. Contudo, parece-me que Assunção Esteves foi eleita por mérito próprio e não para preencher qualquer quota. O Dr. Pedro Passos Coelho vem-me surpreendendo cada vez mais pela positiva e, justamente pela mesma modernidade de pensamento e acção que , em Sá-Carneiro, me fez entender a hipocrisia "libertária" da esquerda. Julgo encontrar muito do legado aparentemente perdido em Camarate, neste novo/velho PSD: o patriotismo do Hino Nacional cantado com a devida solenidade; a escolha de governantes jovens "de mãos limpas" e...a tão necessária modernidade(não confundir com atitudes fracturantes).
Obrigada pelo seu esclarecimento

António Balbino Caldeira disse...

Cara Isabel

Já cá não está quem estranhou. E compreendo a sua mágoa - um dia se mudará a interpretação do preceito, tal como se mudou a interpretação da missa de corpo presente no caso de suicídio. É Deus que julga e não cabe ao homem condenar, mais a mais sem processo... Mais: essa alteração não significa a bênção do divórcio ou do casamento de alguém divorciado (e marido ou mulher vivos).

Não tiro o mérito a Esteves - até a cumprimentei com uma flor... - mas é áspera (o aborto...) e inclinada para o lado esquerdo demais para o meu gosto. Uma mulher - brinco com as palavras por causa da misoginia de há pouco - quer-se meiga e direita... A sério, agora: creio que a sociedade portuguesa já chegou ao patamar da igualdade e dispensa o paternalismo da discriminação positiva de tratar a mulher como flores para compor ramalhetes políticos.

Retribuo-lhe a desculpa pelo meu repentismo: sei que não me julga mal. Julgo-me insuspeito de sexismo e depois também me exaspero...

Isabel disse...

Caro professor
Para concluir este aparente diferendo, reafirmo-lhe a grande estima que voto ao blog através do qual, magistralmente e com uma acuidade rara, nos ajudou a todos a chegar à libertação. Também eu me orgulho de, enquanto professora, ter estado sempre na frente do combate ao aluno cábula que nos coube aturar. Nós, professores, sei-o pela enorme corrente de gente dos mais diferentes quadrantes que se uniu para o desmascarar, tirámos-lhe a maioria absoluta. Foi o princípio do fim do inominável. O que me parece, agora que respiramos melhor, é que, concordando com a "barrela" necessária, não devemos instalar-nos na auto-suficiência que ainda hoje caracteriza a cáfila socialista pelo passado "antifascista". Concordo com o Infelizmente falecido Dr.Hernãni Lopes, na defesa que fazia dos princípios e valores como estando na génese do nosso descalabro económico-financeiro. É por isso que os considero tão importantes.
Discordo do "patamar de igualdade"
atingido. Julgo-nos longe disso. Repare que até nos EUA foi mais fácil eleger um negro do que uma mulher.
Sou do tempo em que o marido, em Portugal, ainda tinha o direito a "devolver" a esposa na noite de núpcias e, assim sendo, só posso, por amor à justiça, ter sido uma aguerrida feminista. Hoje, já suporto bem as injustiças, embora as continue a denunciar e sobretudo, a não permitir que me afectem. E não deixo de ser católica ou de amar genuinamente o Santo Padre, só porque dele discordo em dois ou três aspectos. Habituei-me a preferir as Igrejas vazias e parece-me assim estar mais perto do Deus em que creio, um Deus de bondade e perdão.
Creia na minha consideração e que verdadeiramente lhe agradeço o tempo que me dispensou.