terça-feira, 11 de fevereiro de 2020

Tancos (7)



A questão principal da investigação paralela da Polícia Judiciária Militar sobre o furto e recuperação do armamento dos paióis de Tancos não é o ministro Azeredo Lopes, o primeiro-ministro António Costa e o Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa, saberem alegadamente dessa investigação à margem da lei (após a procuradora-geral da República Joana Marques Vidal avocar o processo), mas de alegadamente a terem autorizado e mantido.

Num estado de Direito democrático, em que as forças armadas estão subordinadas ao poder político, nenhum militar jamais ousa realizar qualquer operação, se tal não for ordenado pela cadeia de comando do poder. Ainda mais numa investigação tão delicada.

É natural que o Estado quisesse recuperar urgentemente o armamento furtado, pelo risco de aquisição e utilização de grupos terroristas - veja-se até o interesse dos israelitas neste assunto - e pelo embaraço internacional do País na Nato. Mas não é aceitável abandonar os militares envolvidos na operação, que acabaram sacrificados, expostos, detidos e arguidos, enquanto os políticos alegam nada saber do que possivelmente autorizaram e mantiveram - como aconteceu com o caso dos GAL em Espanha, que atuaram de 1983 a 1989.

Os políticos tinham de resolver a situação que criaram, em vez de abafarem a situação e de condecorarem e promoverem os potenciais whistleblowers que os poderiam incriminar. Enquanto descalçavam os operacionais.

António Costa, Azeredo Lopes e Marcelo Rebelo de Sousa e portaram-se como se o Estado fosse deles e à lei e à justiça devessem... nada. E Costa e Marcelo ainda beneficiaram in extremis da imunidade de audição...


Limitação de responsabilidade (disclaimer): As entidades mencionadas nos postes das notícias que comento, não são suspeitas ou arguidas do cometimento de qualquer ilegalidade ou irregularidade no processo de furto e recuperação do armamento dos paióis de Tancos. E quando na situação de arguidas gozam do direito à presunção de inocência até ao trânsito em julgado de eventual sentença condenatória.

1 comentário:

Anónimo disse...

Razão tinha o mini do ataque ao invocar enredo de romance policial.
Polícias e ladrões - filme de acção em Tankos