sexta-feira, 13 de novembro de 2020

Ajuda para trabalho patriótico

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quinta-feira, 12 de novembro de 2020

A trampa e o mau cheiro



A vitória de Joe Biden (Joseph Robinette Biden Jr.), do Partido Democrata, na eleição presidencial dos EUA de 3 de novembro de 2020, implica uma mudança nas relações internacionais para além da política interna. Os resultados estão a ser objeto de reclamação em diversos estados, principalmente por causa do voto por correspondência que aumentou muito por causa do receio da doença da Covid-19, mas os casos apurados de fraude ocasional e desvio de votos não parecem alterar a vitória em cada estado e na federação. Porém, é provável que o Senado continue com maioria de republicanos, os quais podem obstaculizar as políticas 'liberais' (palavra que significa "esquerda" na América do Norte). Ao passo que a Câmara dos Representantes se manterá com maioria do partido Democrata, ainda que mais reduzida.

Joe Biden parece afetado por um declínio cognitivo evidente e que o debilitará ainda mais por motivo da idade (Biden fará 78 anos em 20 de novembro de 2020) e da exigência da função. A vicepresidente Kamala Harris, de pendor radical de esquerda, ainda que pragmática sobre o poder, tenderá a assumir um papel político crescente até à sucessão formal. Além disso, apesar da reabertura económica e social pós-Covid-19, a pressão dos políticos e meios de comunicação da esquerda romântica poderá fazer de Biden um Kerenski americano, avassalado pela revolução marxista politicamente correta e sujeito à represália republicana de inquéritos no Senado e investigações judiciais aos negócios que a família do vicepresidente fez na Ucrânia e na China. 

Além do escândalo do Obamagate, na qual Biden também terá estado envolvido. Já agora, atente-se ao desaparecido agente maltês da CIA, Joseph Mifsud, cujo passaporte foi encontrado no aeroporto da Madeira em 5 de Agosto de 2017, e que terá sido encarregado pela agência de espionagem norte-americana para plantar informação, em 2016, num jovem e inexperiente assessor da campanha de Trump, George Papadopoulos (cf. Deep State target, 2019) de que os russos queriam ajudar o candidato republicano, sendo a informação recolhida depois por um embaixador da Austrália na Grã-Bretanha, amigo de Bill e Hillary Clinton, Alexander Downer, a quem Papadopoulos confessou essa promessa de apoio numa noite de copos num bar, passada pelo diploma australiano à CIA - e daí se abriu a investigação a Trump que degenerou no falido impeachment. Porém, à distância, a espionagem de Obama/Clinton resultou porque enfraqueceu Trump com o processo de impeachment e prejudicou a sua reeleição.


Transformação da política interna dos EUA

A transformação da política interna dos EUA tem, em minha opinião, três vetores principais: acesso à nacionalidade dos imigrantes ilegais; políticas de esquerda nos costumes; e políticas socialistas na economia. 

Nos EUA, os imigrantes ilegais seriam cerca de 10,5 milhões no ano de 2017, segundo uma avaliação modesta do Pew Research Center (20-8-2020) face a uma população residente de 331 milhões. A imigração da América Central e da Ásia tenderá a aumentar num ritmo mais acelerado. A batalha eleitoral era também uma batalha pela alma da América, não do propagado caráter, mas outra: a defesa xenófoba de uma América maioritariamente branca face ao melting pot de origens várias e o medo de colonização inversa pelos mexicanos e do aumento da criminalidade. Essa América perdeu. 

As políticas de esquerda nos costumes vão ser promovidas, em obediência à mediática pressão do totalitarismo do politicamente correto: defesa do aborto livre e gratuito até ao nascimento (partial birth-abortion), liberalização de drogas, casamento homossexual, adoção de crianças por casais homossexuais, barrigas de aluguer, redução do financiamento das polícias e abrandamento no combate à criminalidade, consentimento dos monopólios tecnológicos de comunicação e computadores (Google, Facebook, Twitter, Apple) e censura do discurso dos cidadãos, nomeadamente  nas redes sociais.

As políticas socialistas na economia, que a esquerda deseja, excede a saúde e ensino superior tendencialmente gratuito nas escolas privadas (com subvenção das propinas) - que são consensuais na Europa -, mas agravamento fiscal sobre as famílias e as empresas, agravamento das taxas sobre as empresas industriais e agrícolas num Green New Deal de custo astronómico e marginalmente inconsequente, e aumento da subsidio-dependência que prolonga a pobreza em vez de promover o trabalho.


Mudança nas relações internacionais

A mudança nas relações internacionais consistirá num corte com o isolacionismo do presidente Donald Trump, uma recuperação do multilateralismo, na desmontagem do protecionismo comercial, no abandono do projeto do muro na fronteira com o México, no endurecimento retórico da política externa face à Rússia, no apaziguamento com a China, e em maior envolvimento bélico nos conflitos do Médio Oriente (Síria, Líbia, Iémen).

A política norte-americana oscila entre o isolacionismo e o intervencionismo externo. Os republicanos tendem a ser mais isolacionistas do que os democratas, mas nem sempre é assim, pois, por exemplo, os presidentes Bush, pai e filho, eram globalistas. Trump foi um isolacionista que queria recolher as tropas e evitar começar ou continuar guerras, enquanto cedia posições aos russos, não só no Médio Oriente, como no cordão sanitário envolvente (Crimeia, Ucrânia, etc.) e procurava travar o expansionismo chinês.

A recuperação do multilateralismo significa um maior consenso com aliados e opositores nas organizações internacionais, o regresso ao Acordo de Paris sobre o clima (com aceitação de taxas desiguais sobre a indústria norte-americana, face à China, e transferência de dinheiro para países pobres em África) e à Organização Mundial de Saúde, ao mesmo tempo que alivia os países europeus de despesas militares no quadro da Nato (Trump exigia o cumprimento pelos países da organização do objetivo de 2% do PIB em gasto com a defesa).

A desmontagem do protecionismo comercial que Joe Biden fará, desde logo por chantagem do estado chinês por causa do financiamento de 1,5 mil milhões do Banco da China, na empresa onde o filho Hunter tem 10% de quota uma visita de Estado do pai ao país cujo dossiê lhe estava atribuído pelo presidente Obama, e por pressão dos financiadores (Bloomberg e monopólios tecnológicos). O défice comercial que continuou a aumentar com Trump - apesar do reerguer de barreiras alfandegárias e de perseguição das tecnológicas chinesas (Huawei e a guerra pelas redes de 5G) com pressão sobre países aliados -, e agravar-se-á com Biden. Os países europeus, com a Alemanha em maior grau, poderão esperar um desagravamento aduaneiro.

O endurecimento da política face à Rússia será pouco mais do que retórico e formal. Não se espera que o presidente Biden envolva os EUA nas guerras de fronteira da Rússia.

O apaziguamento com a China não será apenas no comércio, com a celebração de um acordo que reduza impostos alfandegários e restrições quantitativas e de acesso a tecnologia, mas também no alívio da contenção do imperalismo chinês sobre Taiwan e Mar do Sul da China, Ásia e África.

O envolvimento bélico nos conflitos do Médio Oriente regressará, por exigência interna de aliados islâmicos e da CIA, com especial evidência na Síria, na Líbia e no Iémen.

A América livra-se da trampa de Trump, do seu ostensivo desprezo pela verdade, do seu divisionismo político e da sua oratória conflituosa. Make America Great Again era mais um lamento do que uma política possível: o aburguesamento norte-americano tende a ser suplantado pelo trabalho intenso dos chineses. A nova rota chinesa da seda (Belt and Road) expressa um imperialismo da nova superpotência dominante. A esquerda mediática rejubila e os cidadãos crentes nas notícias censuradas, filtradas e enviesadas, acreditam num mundo cor-de-rosa onde vai nascer o homem novo prometido pelo marxismo, vitorioso da nova luta de classes racial e sexual. Um mau cheiro exala do pântano. Apenas mais uma ilusão.