sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Uma estratégia para a libertação próxima do socratismo


O impasse de Portugal tem de ser resolvido. Apresentamos os dados que podem influir na equação do poder - e do País -, o objectivo e uma estratégia.

Os dados:
  1. O Governo do Partido Socialista, liderado por José Sócrates arrasta a Nação para o desastre económico, político e social, sem conseguir inverter o declínio, nem combater a corrupção e moralizar o Estado, nem assegurar a solvência e a independência efectiva da República, nem equilibrar as finanças públicas, nem recuperar a economia, o emprego e o investimento, nem travar a perda de rendimento e de bem-estar do povo.
  2. O Presidente da República toma posse em 9 de Março de 2011.
  3. O Bloco de Esquerda informou, ontem, 10-2-2011, que apresentará uma moção de censura no dia seguinte, 10-3-2011, à tomada de posse do Presidente da República, uma moção que será votada no prazo de cinco dias, segundo estipula a Constituição (art. 194.º n.º 2).
  4. O Congresso do Partido Socialista decorre de 8 a 10 de Abril de 2011.
  5. A cimeira europeia extraordinária para discutir a crise da dívida portuguesa e de outros países está marcada para 11 de Março de 2011.
  6. A aprovação de uma moção de censura provoca a queda do Governo (alínea f do n.º 1 do art.º 195 da Constituição), mas não a dissolução do Parlamento.
  7. Se, por não existirem condições de governabilidade com a actual configuração do Parlamento e a posição das forças políticas, o Presidente da República dissolver a Assembleia da República, as eleições deverão realizar-se no prazo de sessenta dias, conforme estabelece a Constituição (art. 113.º n.º 6). Isso colocaria as eleições antecipadas para a Assembleia da República nunca antes de meados de Maio, pois o Presidente deverá consultar os partidos políticos representados no Parlamento e ouvir o Conselho de Estado  (art. 133.º alínea e da Constituição).
  8. A taxa de juro das obrigações do Estado português a dez anos subiu ontem, 10-2-2011, a 7,64%, mas, depois da intervenção excepcional do Banco Central Europeu (que tinha deixado de o fazer), voltou artificialmente a 7,3%, posição onde hoje se encontram.

O objectivo: a libertação do povo do jugo do socratismo.

Uma estratégia, em três etapas:
  1. A União Europeia, e os seus órgãos, nomeadamente a Comissão Europeia e o Banco Central Europeu (BCE), não podem continuar a cobrir a gestão ruinosa do Governo Sócrates, levando o País a pagar juros insuportáveis (no lume brando de 7,3%) e, indirectamente, condições leoninas em empréstimos privados, pois essa cobertura política - ceteris paribus, como a do exército egípcio ao ditador Hosni Mubarak - apenas degrada o País, encarece e aumenta o volume do socorro financeiro necessário e adia a solução. Nem as forças políticas da oposição e as próprias instituições do Estado podem apoiar ou consentir, diplomaticamente, essa cobertura destrutiva para o País
  2. Sem o apoio artificial da União Europeia, nada mais restará a Sócrates do que vergar-se ao pedido de socorro financeiro do Fundo Europeu de Estabilização Financeira, por ocasião da cimeira europeia de... 11 de Março de 2011, quando o Bloco apresentar a moção de censura.
  3. Feito o pedido formal de apoio - para lá dos rogos telefónicos desesperados -, e apresentado ainda pelo Governo Sócrates o novo pacote de austeridade ao País, exigido como contrapartida do socorro financeiro pela União Europeia, fica claro, perante o País e a condição apresentada pelo Presidente da República em 21-12-2010, que o Governo falhou, esgotando a sua acção possível. Então, se, com a habitual prudência e sentido de Estado, o Presidente da República concluir que, por emergência nacional, falta de condições de governabilidade de novo governo e mudança de relação entre as forças políticas, deve ser dissolvida a Assembleia da República, um calendário possível aponta  para a dissolução e convocação de eleições durante o próximo mês de Março de 2011 e a sua realização em Maio de 2011, ainda antes do Congresso do Partido Socialista, para conceder a este partido uma oportunidade leal de se apresentar ao sufrágio, com a questão do líder resolvida.

A posição que apresento tem por motivo a Pátria. Pode a vacina doer, o que não pode é prolongar-se o sofrimento do povo às mãos gananciosas de um poder iníquo, como agonia desesperante. Portugal precisa de libertar-se de vez do socratismo: não pode haver hesitação, nem pavor do combate decisivo. É hora!


* Recriação da imagem a partir daqui e dali.


Actualização: este poste foi emendado às 19:44 de 14-2-2011.

15 comentários:

Essa agora disse...

O pateta do Sócrates deve seguir quanto antes o exemplo do Mubarack. Ou então está o caldo entornado...

Mani Pulite disse...

O MUBARAK PORTUGUÊS TEM DE PARTIR RÁPIDAMENTE.O POVO PORTUGUÊS EXASPERADO NÃO PERDOARÁ A QUEM INTERNA OU EXTERNAMENTE PROLONGAR ARTIFICIALMENTE A PRESENÇA DE SÓCRATES NO PODER.A LIBERDADE E A DEMOCRACIA TÊM DE VENCER EM PORTUGAL COMO ESTA NOITE NO EGIPTO.

floribundus disse...

a sua exposição está impecável. sente-se que é professor.
qualquer jornalista usaria 10 vezes mais palavras para dizer 1/10,com falta de sistematização e objectividade.
insista
insista

Nuno Martins de Pina disse...

Estou completamente de acordo....

Anónimo disse...

E quem será o Omar Suleiman?

Mas, ainda ontem, o tal de "Engenheiro" berrava no Parlamento, qual Ministro da Informação de Saddam.

Quando se manda o "Engenheiro" Vale e Azevedo para Mayfair de Caracas?

Caboclo disse...

demorou...

Anónimo disse...

Sócrates vai ser PM até 2015 e em 2016 sucederá ao Sr. Prof. Cavaco Silva como Presidente da República.
Escrevam o que eu digo.

Anónimo disse...

Essa figura amoral vai passar.
Com a nova composição da AR,após novas eleições,o socratinismo será varrido.Infelizmente pelas piores razões,pelo tacticismo partidário e não pelos efeitos nefastos e devastadores para a sociedade portuguesa.
O que não suporto é que chegados aí,se parta para outra etapa branqueando completamente toda a ignomínia e numa cegueira completa não se aproveitem os ensinamentos,única virtude deste consulado de flibusteiros.
O socratinismo deu muitas lições aos portugueses,que me dispenso de focar aqui.
Um dos mais importantes foi ter revelado a promiscuidade entre partidos políticos e orgãos de justiça.
Afirmo aqui que se não for investigada a miríade de ilegalidades a que temos assistido,nada mudará e Portugal continuará nos caminhos da miséria.
Exige-se uma investigação independente,que não responda perante os homens de mão dos partidos e das seitas secretas.
A confiscação dos biliões em offshores e outras riquezas em património imobiliário que têm sido acumuladas pela classe política e empresariado clientelar,delapidando o património do Estado.
Penas de prisão,para o que se deve alterar a lei,coisa possível e aceite universalmente como se viu no caso Casa Pia.
Se não for este o sinal dado às organizações do submundo,vamos continuar a ser roubados,enganados e entre lamentos e auto comiseração,o povo mais atrasado e pobre da europa.
Albânia ibérica.

Pável Rodrigues disse...

Depois de ler atentamente este post e os comentários que ele mereceu, só me posso felicitar pelo facto do futuro de Portugal, quer queiramos que não, já não depender da nossa classe política.
Retornando à problemática das «Joint venture», eu prefiro de longe a dupla FMI/Merkel às associações que por cá fazem, ou fizeram, furor : Sócrates/Vara, P.Coelho/Ângelo Correia, Louça/Jerónimo, Cavaco Silva/Dias Loureiro,etc,etc.
Todas elas muito "Joy" para os próprios e seus apaniguados, mas ruinosas e degradantes para Portugal.

Mani Pulite disse...

O SÓCRETINO ESTÁ A FAZER COM A MOÇÃO VIRTUAL DE CENSURA DO BLOCO O MESMO QUE FEZ COM O OE DE 2011 NO QUE DIZ RESPEITO AO PSD.NO OE ANTES DE SER APRESENTADO O PSD JÁ O DEVIA TER APROVADO.COM A MOÇÃO ANTES DE EXISTIR O PSD JÁ A DEVIA TER REJEITADO.A TENTAÇÃO DITATORIAL DO SÓCRETINO REVELA-SE NA VONTADE DE SER O CHEFE DO PARTIDO ÚNICO OU PELO MENOS NO FÜHRER DO PS/PSD.TUDO EM NOME DO INTERESSE NACIONAL DE QUE O SÓCRETINO É O PRINCIPAL INIMIGO.O HOMEM QUE CONDUZIU PORTUGAL À BANCARROTA NÃO PODE DAR LIÇÕES DE INTERESSE NACIONAL A NINGUÉM.SÓ PODE ENSINAR BÓIS A ROUBAR OU DELAPIDAR.QUANTO À OPOSIÇÃO DEVE MANTER A SUA AUTONOMIA E NÃO SE SUBMETER AOS DIKTATS DO SÓCRETINO.QUANDO ELE DISSER QUE DEVEM FAZER UMA COISA,FAÇAM EXACTAMENTE O CONTRÁRIO.OS PORTUGUESES AGRADECEM SE SE COMPORTAREM ASSIM.

Mani Pulite disse...

UMA ADENDA E UM DESAFIO.INJINHEIRO DA TRETA SÓCRETINO:SE, EM RESPOSTA À MOÇÃO DE CENSURA VIRTUAL DO BLOCO, NÃO APRESENTARES NO PRAZO DE 72 HORAS NO PARLAMENTO UMA MOÇÃO DE CONFIANÇA ACUSAR-TE-EI DE NÃO DEFENDERES O INTERESSE NACIONAL E A ESTABILIDADE E DE NÃO OS TERES.

Anónimo disse...

Aumenta o número de Socialistas que quer o fim do Socretinismo.

Este é mais um:

http://economico.sapo.pt/noticias/nao-acredito-que-o-fmi-aceite-socrates-quando-chegar_110148.html

- Então defende esse pedido de ajuda?
Não quero dizer que venha o FMI porque me lembro da dureza dessa época, mas é preciso não esquecer que o Governo de Sócrates já impôs grande parte das medidas que o FMI costuma impor. Naquela altura, o FMI começou pelo princípio, agora volta e vai começar pelo fim e é muito natural que tenha de "torcer" um pouco mais as medidas do Sócrates. Há cinco anos, se liderasse o Governo, tinha mandado vir o FMI, continuava a governar apoiado por ele, seria a solução. Em 1983, criámos uma coligação para isso e o FMI trabalhou com o Governo que estava no poder. Mas Sócrates não será capaz fazer o mesmo. Por isso, ou ele se retira ou não acredito que o FMI o aceite quando chegar.

- A concretizar-se, será uma operação mais dura?
Vai ser pior porque já estamos submetidos à crise, às medidas do Sócrates e depois virão ainda as medidas do FMI. Naquela altura também não estávamos sobrecarregados com o custo da dívida. Actualmente estamos a gastar tanto com o juro que não temos dinheiro para alterar a forma de governar. Isto vai durar muitos anos, mesmo com os métodos de trabalho do FMI e a sua honestidade de procedimentos.

- Onde é que Portugal tem errado?
Não se está a fazer alterações necessárias na administração pública, nem na máquina geral. Nunca os últimos governos incentivaram a poupança. Nós gastamos acima das nossas posses e o Governo não diz que os portugueses têm de poupar e aumentar a produtividade. O que temos de fazer é por a agricultura e a pesca a funcionar e exportar mais.

Anónimo disse...

http://online.wsj.com/article/SB10001424052748703786804576137970877519428.html?mod=googlenews_wsj

FRANKFURT—Portugal faces a fresh test of its ability to raise cash after a weak post-sale performance of a major bond issue, together with confusion about rules for any future bailouts of euro-zone members, pushed its benchmark 10-year yield to a new euro-era high.

Weak sentiment toward Portugal and its planned sale of 12-month Treasury bills could affect Italy and Spain, both of which have bond auctions planned for next week. Unclear, of course, is how the departure of Egyptian ruler Hosni Mubarek will affect the demand for the euro zone's riskier assets.

Investors have long fretted about whether Portugal would be the next country to require a bailout, after Greece and Ireland, and a surge in yields to what many consider to be unsustainable levels, outpacing the jump in U.S. Treasury yields, has revived those fears. Although yields pulled back Friday, they remain well above 7%, the level at which analysts say the country can't repay its debts over the long term.

Portugal on Monday raised €3.5 billion of five-year funds after receiving more than €7 billion of offers. But the sale "was not well-digested," according to Nomura. The bond recently yielded 6.66%, up from 6.457% when it was priced, as investors struggled to interpret the outcome of the weekend summit of European leaders, which avoided any further decisions about the bailout fund, known as the European Financial Stability Facility.

The 10-year yield climbed to 7.51% Thursday before pulling back to 7.16% late Friday, still up from 7.05% late Monday, after the bond sale.

"The concern is that there will be nothing concrete that might reassure the markets as to the capacity to reform the euro zone" before European heads of state meet on March 25, Natixis analysts said in a note. If nothing is decided by then, Portuguese yields could continue to be pegged high by the markets at levels that are "simply unsustainable," they added.

Anónimo disse...

Sokas já era. Até D. Sebastião, depois de aparecer do nevoeiro, fez mais por Portugal.

Isabel disse...

Brilhante post, Professor!Assim a sua voz lúcida seja ouvida... Toda a argúcia é pouca para livrar este pobre país da insuportável canga que vai sufocando tudo e todos. Ser governado por brutos é difícil de suportar por um dia que seja. E já lá vão pelo menos seis anos.
Orgulho-me de pertencer à classe dos professores, aquela que primeiro detectou, naquele que os media vendiam como o"Desejado", um ignorante, cábula, ardiloso e tirânico. E que mais ferozmente o combateu, embora, até hoje, sem sucesso. Por corporativismo ou defesa de direitos adquiridos? Bem menos do que pelo diagnóstico que cedo dele traçámos e pelas mil e uma afrontas que a nossa dignidade lhe sofreu.