segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Balanço consolidado da eleição presidencial

Assenta a poeira suja nas terras revoltadas e desfaz-se, pelo remanso da maré, a espuma fugaz nas praias frias, depois da agitada campanha da eleição presidencial de 2011. Consolidados os factos, e depois de servida a prioridade política, é altura de fazer um balanço da eleição.

Em primeiro lugar, o vencedor. Contra todos à esquerda e, à direita, contra franjas maçónicas e radicais cristãos de indignação selectiva, o Prof. Cavaco Silva ganhou a eleição, logo na primeira volta. Venceu quase sozinho, com magro apoio institucional e hostilidade dos media, e raros combatentes na esgrima violenta de uma guerra de cerco socretino que não teve quinze dias, mas cinco anos. Venceu contra três candidatos socialistas - os oficiais Manuel Alegre e Defensor de Moura e o candidato Fernando Nobre, de ideologia socialista e apoio soarista -, além do aliado José Manuel Coelho, que terá recebido apoio logístico e informação suja do aparelho socialista. Mas não só. Derrotou o Partido Socialista, com a máquina governamental, com a sua estrutura de informações e o seu controlo asfixiante dos media. O candidato comunista, Francisco Lopes, não concorria com Cavaco, mas para segurar o eleitorado comunista, o que conseguiu.

Que consequências podemos tirar das eleições relativamente aos candidatos?
  1. Por mais que a quisessem reduzir, e teimem em condicionar, o Prof. Cavaco Silva ganhou. Não adianta enfatizar a abstenção e comparar-lhe os votos: foi eleito na primeira volta da eleição, tal como há cinco anos, e com maior percentagem do que em 2006 (52,95% contra 50,54%). A comparação dos votos com Sampaio não resulta como os socialistas querem: como notei, Cavaco teve mais votos na sua reeleição em 2011 do que Sampaio em 2001 - ainda que na reeleição tenho tido menor percentagem do que este. Na abstenção, devem ser descontados os cerca de 1.108.623 eleitores-fantasma (referindo a estimativa rápida do Prof. Jorge de Sá, o Prof. Marcello Rebelo de Sousa fez ontem, 30-1-2011, na TVI, uma confusão ao mencionar 2/3 de eleitores estrangeiros que não podem votar - os outros podem?!... - quando Jorge de Sá pressupôs 2/3 de eleitores estrangeiros maiores de 18 anos, em vez de 81,55% de taxa semelhante à população nacional) e os cerca de 270.875 votantes eventualmente impedidos de votar (3,26% do universo) pelo exposto boicote do Cartão do Cidadão - que não parece ter prejudicado os mais instruídos e mais jovens votantes da esquerda (vocalizara palavra «esquerda» sempre com a entoação da palavra de ordem do Bloco, na sua versão ruidosa anterior a 2011). A abstenção no território nacional não seria assim, de 52,48% (o número oficial), mas apenas, conforme calculei aqui, 42,9%... Aliás, o tema da abstenção morreu com as notícias do boicote governamental da eleição, como foi removida a lama do BPN, quando se percebeu a mão roxa socialista por detrás da indignação mediática.
  2. Manuel Alegre perdeu duas vezes. Perdeu nos votos e perdeu na forma. E a forma, para um poeta, é quase tudo. A forma como imputou, falsamente e sem provas, ao Prof. Cavaco Silva os crimes de «tráfico de influências» e «favorecimento pessoal» (Sol, 6-1-2011) - repito sempre os linques para que não se possam desmentir as imputações - é vergonhosa. E perdeu nos votos: entre 2006 e 2011, Alegre teve uma redução no número de votos de 26,15% (contra 19,01 de Cavaco); e mal suplantou o candidato Fernando Nobre, desfavorecido pela censura televisiva do crescimento da sua preferência nas sondagens. Por conforto pessoal, não quis arriscar a dissidência no PS e acabou preso na contradição dos apoios do próprio PS e do Bloco de Esquerda.
  3. Defensor de Moura foi apenas mais um joguete do PS socretino, no lançamento de acusações impróprias para consumo eleitoral. Imputou ao Prof. Cavaco Silva os crimes de «negócios ilícitos, favorecimentos» (RR, 28-12-2010) e insistiu no crime de «favorecimento» (DN, 5-1-2011), mas, afinal, apenas conseguiu 1,57% contra 4,49% do candidato Tiririca (com o alguém chamou a José Manuel Coelho), que aliás foi mais vago nas acusações.
  4. E Fernando Nobre teve 14,1% e agregou, à maneira Manuel Alegre há cinco anos, os votos da esquerda desiludida com a corrupção política e ideológica socialista, isto é dos desiludidos do PSD e uma grande fatia dos votantes do Bloco que desprezaram a jogada táctica (falhada...) de Francisco Louçã sobre o PS. Nobre pode voltar, mas, como se sabe e viu, cinco anos é o tempo de tornar alguém alegre em muito triste.

E quais são os efeitos da eleição presidencial sobre os partidos?
  1. O PS perdeu. Por que já não tinha força interna para impor Nobre e temia o esfrangalhamento ainda mais rápido do partido, Sócrates não cedeu ao conselho de Mário Soares e cedeu em apoiar oficialmente Alegre. Pouco lhe interessava: queria ser ele o candidato, mas a situação económica deslizante condenou-o a ser espectador de bancada. O PS de Sócrates não vale apenas dezanove por cento, mas dá a impressão de assim é. Mas a maior derrota é a do PS ter preparado e lançado a lama sobre o Presidente  - que chegou a operações dos serviços de minuciamento simultâneo de dossiês negros às redacções -, serem lançados ministros nas últimas semanas contra o Presidente com grosserias para evitar a temida erosão da votação em Alegre, e ter perdido. Não se pode atacar um rei e falhar. Por mais que Mário Soares tente a recomposição do partido, a perda do poder pelos socialistas é inevitável e a sua travessia do deserto não parece vir a ser consolada por um qualquer maná profano.
  2. O PSD ganha por ter apoiado Cavaco Silva. Passos Coelho não cedeu à tentação irredentista, de uma espécie de secessão da sua antiga facção anti-cavaquista, e capitalizou os votos de Cavaco. Em política, o que parece também é.
  3. O Bloco foi derrotado, como disse, pela má opção táctica de Francisco Louçã e agora, como alguém me dizia, para emendar o erro, tem de atacar ferozmente Sócrates, seu ex-proto-aliado.
  4. O PC manteve o seu eleitorado fiel.
  5. E o CDS-PP pode tentar surfar a onda da vitória do Presidente, pelo apoio que lhe deu e por ter decidido conter a colcaboração socretina de lançam,ento de um candidato próprio.

Terminada a batalha presidencial, recolhidas as frustrações socialistas após as acusações de «rancoroso» (Mário Soares, DN, 25-1-2011) e «cruel» (Almeida Santos, Sol, 30-1-2011) ao Prof. Cavaco Silva (pelos discursos da noite eleitoral) - em contraste com a piedade de Manuel Alegre e do próprio Mário Soares -, acusações que disfarçam as imputações directas de crimes que os candidatos socialistas fizeram ao Prof. Cavaco Silva e os ministros ao Presidente da República e o boicote anti-democrático da eleição pelo Governo, através do estratagema do Cartão do Cidadão, começa a mãe de todas as batalhas: a conquista do poder ao Partido Socialista de José Sócrates.


* Imagem picada daqui.


Actualização: este poste foi actualizado às 16:09 de 31-1-2011.

sábado, 29 de janeiro de 2011

O reaparecimento em massa dos eleitores-fantasma nas presidenciais de 2011

Os ministros Pereiras atiram culpas um ao outro (DN, 29-1-2011) sobre o boicote governamental à eleição presidencial, através da trapalhada com o Cartão do Cidadão, que pode ter deixado cerca de 270.875 eleitores (3,26% do total) eventualmente impedidos de votar. E que tal se fossem demitidos os dois?...

Deixo ainda uma pergunta sobre o recenseamento socialista: o vultuoso contrato de limpeza dos cadernos eleitorais no primeiro Governo Guterres não chegou para montar um sistema que evitasse, nesta era da internet, o reaparecimento em massa dos eleitores-fantasma, que calculei serem, neste eleição de 2011, cerca de 1.108.623?...

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Mais factos e números sobre o boicote governamental da eleição presidencial de 2011

Revelou o Público, de hoje,  28-1-2011 que cerca de 42 mil eleitores em 1.289.902 eleitores (só nestas 40 maiores freguesias do País) tiveram dificuldade em votar na eleição presidencial de 2011 e não se sabe quantos eleitores terão sido impedidos de votar por causa da falta do número de eleitor. Um exerco da notícia:
«Numa ronda pelas 40 freguesias com maior número de eleitores em Portugal, que representam um universo de 1.289.902 inscritos, as estimativas feitas pelos autarcas deixam concluir que pelo menos 42 mil pessoas tiveram dificuldades em votar e recorreram às juntas. Destas, uma parte terá mesmo desistido, mas é impossível quantificar ao certo quantos acabaram por não depositar o seu voto na urna». (...)
"Esta situação não é inédita. Já aconteceu nas três eleições de 2009 - europeias, legislativas e autárquicas", sustenta o presidente da Junta de Castelo Branco, Jorge Neves (PS). Nesse ano, havia 1,5 milhões de pessoas com o novo cartão. Agora, são 4,4 milhões.»
(Realce meu)

E, segundo a Agência Financeira, o Dr. Paulo Portas (chapeau!) denunciou hoje, 28-1-2011, no Parlamento, o boicote do Governo socialista à eleição presidencial:
«O líder do CDS disse ainda ter informações de que os serviços pediram um reforço da verba para que fosse possível enviar cartas aos cidadãos que mudaram o número de eleitor e perguntou se essa verba foi ou não recusada pelo ministro das Finanças.
"Em 2009 foram escritas 400 mil cartas que custaram cerca de meio milhão de euros. Em 2011 era preciso escrever um milhão de cartas e custava o dobro (...). O que os serviços eleitorais pediram para conseguir fazer o trabalho das eleições (...) foram 9,8 milhões de euros para fazer a primeira volta totalmente em condições", disse. No entanto, acrescentou, "foi-lhes dado 0,7 ME, 13 vezes menos". Sócrates disse no plenário que não teve conhecimento de qualquer pedido.» (Realce meu)

A ser verdade, a denúncia do Dr. Paulo Portas evidencia o boicote governamental à eleição presidencial de 2011.

Se aceitarmos os valores oficiais, em 2010, de 9.427.728 eleitores em Portugal (território continental, Açores e Madeira), o número de eleitores atingido pelo trapalhado do cartão simplex pode chegar a cerca de... 306.973 eleitores!... Se, no entanto, usarmos o valor corrigido que calculei, em 26-1-2011, para o número mais justo de 8.319.105 eleitores no Continente, Açores e Madeira, no ano de 2010, com base na população residente com capacidade eleitoral, a quantidade de eleitores atingidos pela trapalhada da organização governamental da eleição presidencial de 2011 pode ser de cerca de 270.875 (3,26% de votantes eventualmente impedidos de votar). Números assustadores que não podem ser menosprezados perante a suspeita de uma questão democrática seriíssima como são os indícios de boicote governamental à eleição presidencial.

Agora, considere-se o número corrigido de cerca 270.875 eleitores que podem ter sido impedidos de votar (além dos 4.479.615 eleitores que conseguiram fazê-lo) e o número de eleitores-fantasma (1.108.623), que determinei no meu poste de 26-1-2011 - e que baixam o universo de eleitores de Portugal Continental, Madeira e Açores, no ano de 2011, para 8.319.105. E a abstenção na eleição presidencial de 2011 seria, afinal, de 42,9% (em vez dos oficiais 52,48%)...

O PS de Sócrates tem grande dificuldade em organizar eleições livres e justas: depois do alegado «plano governamental de controlo dos media» que enviesou as eleições parlamentares de 2009 , o boicote eleitoral à eleição presidencial de 2011...

Fez muito bem o Dr. Miguel Macedo em prevenir: «o ministro da Administração Interna e o primeiro-ministro, não pensem que se vão esconder atrás da demissão de dois directores-gerais». Mas falta a consequência: inquérito judicial para apuramento de responsabilidades na organização da eleição presidencial de 2011. Não chega à Comissão Nacional de Eleições (CNE) sacudir a responsabilidade na supervisão do processo eleitoral e na avaliação da forma como a eleição decorreu, dizendo que para a próxima eleição deverá ser diferente: a CNE tem de mandar instaurar o competente processo judicial. Se não o fizer, deverá ser chamada a atenção pelo Presidente da República, e os partidos apresentarem uma queixa judicial sobre este boicote eleitoral. Portugal não não pode ser um País do terceiro mundo, onde para que as eleições sejam livres e justas, tenha de existir supervisão internacional.


Pós-Texto (23:24 de 28-1-2011): O meu professor do ISCSP-UTL (de Análise de Conteúdo, a meias com o Prof. J.J. Gonçalves) Dr. Jorge de Sá, director da Aximage, estimou, para o Correio da Manhã, um número total actual de 8,37 milhões de eleitores e um número de eleitores-fantasma nos cadernos eleitorais de 1,25 milhões. Números, bem como o impedimento do voto, que o jornalista António Ribeiro Ferreira destaca no DN, de 27-1-2011.
O Prof. Jorge de Sá parece fazer o cálculo para o número total de eleitores (em 2011, um valor total oficial de 9.656.472 eleitores) em território nacional e no estrangeiro - Enquanto eu fiz o cálculo só para o território nacional, com base na população residente. O número a que cheguei, no meu poste de 26-1-2011, com os pressupostos indicados e os últimos dados gratuitos disponíveis no sítio do Instituto Nacional de Estatística (INE), para o território nacional em 2011, foi próximo desse valor: 8.319.105 eleitores em Portugal; e um número nos cadernos eleitorais de 1.108.623 eleitores-fantasma. O número de eleitores portugueses, em Portugal (número corrigido de 8.319.105) e no estrangeiro (valor oficial de 228.744), de acordo com o meu cálculo é de 8.547.849 eleitores. Como não temos estatísticas de população do INE para corrigir os eleitores estrangeiros e a taxa de votação no estrangeiro na eleição de 23-1-2011, foi de apenas 5,54%, é útil tratar apenas do caso do território nacional já que não existem dados para corrigir os inscritos no estrangeiro.

A afronta do ministro Pedro Silva Pereira ao Presidente da República



«Un ministre, ça ferme sa gueule, si ça veut l'ouvrir, ça démissionne».

Jean-Pierre Chevènement, ministro francês de Estado e da Investigação e Tecnologia, na altura da sua demissão em 2-2-1983 (no II Governo de Pierre Mauroy, na presidência Mitterand)

O ministro da Presidência, Pedro Silva Pereira, veio, em 25-1-2011, atacar a legitimidade democrática, e tentar condicionar a acção, do presidente da República reeleito. E em cima do escândalo da trapalhada eleitoral governamental à participação dos cidadãos com Cartão Simplex na eleição presidencial preveniu e da evidente campanha de promoção da abstenção. A declaração do ministro, que é politicamente uma espécie de porta-voz do primeiro-ministro, foi produzida dois dias depois das eleições, já fora dos calores da derrota de domingo e constitui uma afronta intolerável ao Presidente da República em funções.

Parece que o ministro da Presidência não se sabe calar. Mas, se não sabe, é bom que o ensinem.


* Imagem picada daqui.

A indignação selectiva da esquerda e os ataques a Cavaco Silva

O candidato socialista Manuel Alegre imputou ao Prof. Cavaco Silva os crimes de «tráfico de influências» e «favorecimento pessoal» (Sol, 6-1-2011); outro candidato socialista, Defensor de Moura imputou ao Prof. Cavaco Silva os crimes de «negócios ilícitos, favorecimentos» (RR, 28-12-2010), tendo insistido no crime de «favorecimento» (DN, 5-1-2011); e outro candidato, que terá concorrido com o apoio da máquina socialista na recolha de assinaturas e certidões, José Manuel Coelho, fez também insinuações directas de corrupção - a excepção foi o contido e educado Dr. Fernando Nobre. Do que foi esclarecido, as imputações são falsas e não foram apresentadas provas desses sugeridos crimes, nem nas notícias posteriores foi evidenciada a prática de qualquer crime.

Mas foi Cavaco Silva quem, pelos justos  e sóbrios desabafos de alma na noite eleitoral sobre a campanha negra e falsa contra si movida, foi criticado como «rancoroso» (sic), dois dias depois, em 25-1-2011, no DN, pelo piedoso Dr. Mário Soares, seu antecessor (onde está a contenção praticada pelos ?...), que, aliás insistiu no ataque, em 27-1-2011, enquanto louvava o comportamento do candidato José Manuel Coelho. O Dr. Soares não pratica a regra americana (e de sentido de Estado) de que um (ex)presidente não ataca  outros (ex)presidentes.

Não defendo, na política, o recurso aos tribunais para lavar ofensas de presumida difamação, que na praça pública se devem resolver e o povo, mais esperto do que o julgam, acaba por decidir. Mas o que diria a esquerda mal-pensante, se o Prof. Aníbal Cavaco Silva, Presidente da República, fosse tão implacável  com Manuel Alegre, que lhe imputou os crimes de corrupção acima referidos, e apresentasse queixa judicial contra ele, como Alegre foi, com queixa por difamação (Processo nº 2544/10, 7TDLSB DIAP, Secção 02/04, 23/6/2010), contra o tenente-coronel João José Brandão Ferreira que lhe fez acusações sobre o seu comportamento político?!...


* Imagem picada daqui.


Limitação de responsabilidade (disclaimer): As personalidades e entidades referidas nas notícias dos media que comento não são arguidas do cometimento de qualquer ilegalidade ou irregularidade e, mesmo quando arguidas, gozam do direito constitucional à presunção de inocência até ao trânsito em julgado de eventual sentença condenatória.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Perseguição política aos defensores da vida




A Autoridade para a Comunicação Social (ERC) abriu um processo, em 10-1-2011, e ameaça punir, com pesada coima e suspensão de tempo de antena, o partido Portugal Pro Vida (PPV) por causa de uma queixa relativa à inclusão de imagens («7 segundos»!) reais de fetos abortados, no seu tempo de antena televisivo, de 22-10-2010. A estupenda resposta, datada de 19-1-2011, do partido liderado pelo Prof. Luís Botelho Ribeiro pode ser lida na íntegra no sítio do PPV.

A ERC parece querer intervir e determinar o conteúdo político dos tempos de antena. As imagens de assassínios e cadáveres não chocam, como não chocam outras imagens chocantes. Só chocam os fetos mortos: quando são abortados, não são, na perspectiva dominante politicamente correcta, vistos como humanos, mas como uma espécie de monstros... Coisas chocantes...

Casa Pia: depois da tragédia, a farsa

(Actualizado)

No início de "O Dezoito de Brumário de Luís Bonaparte" (MARX, Karl, Der 18te Brumaire des Louis Napoleon, Die Revolution, New York, 1852), Karl Marx admite que a História se repete (como sugeria Hegel),  mas com a farsa sucedendo à tragédia.

No caso da Casa Pia, a tragédia foram os abusos, seguida da esgrima judicial e mediática, nas luzes e nas sombras, até à decisão de primeira instância. A farsa é agora. O episódio da agitada e desculpabilizante entrevista de Carlos Silvino (Bibi)  conduzida por Carlos Tomás, passada na SIC, em 25-1-2011 e na RTP em 26-1-2011 (e os episódios subsequentes de encontro de Carlos Silvino, com Hugo Marçal, noticiado em 26-1-2011 novamente pela SIC), segue apenas o guião previsto. Uma farsa em que o povo jamais acredita, por maior que seja a ampliação mediática pelas antenas de confiança e a perseguiçãpo dos jovens abusados.

Do Portugal Profundo, expresso toda a minha solidariedade às vítimas dos abusos sexuais da Casa Pia, aos denunciadores do horror, aos investigadores, aos magistrados e a todos aqueles que contribuíram para a descoberta e exposição da Verdade.


Actualização: este poste foi actualizado às 20:33 de 28-1-2011.


Limitação de responsabilidade (disclaimer): Os arguidos do processo Casa Pia, mesmo após condenação na primeira instância, de que recorreram, gozam do direito constitucional à presunção de inocência até ao eventual trânsito em julgado da sentença condenatória.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Uma democracia-fantasma?

A questão do recenseamento eleitoral, e dos eleitores-fantasma, e a sua influência na dimensão da abstenção nestas presidenciais não foi até agora abordada, mas pesa na interpretação que há-de ser feita dos resultados. É que o problema na eleição presidencial não se circunscreveu ao boicote encapotado da eleição, com o alibi do Cartão do Cidadão (já identificado nas eleições de 2009) através da mudança sem aviso de secção de voto, mudança de freguesia sem aviso/notificação, impedimento de acesso em tempo ao número de cartão de eleitor e não realização de campanha para esclarecimento dos eleitores, nem de incentivo ao voto.

Perguntou um comentador do blogue sobre a discrepância exorbitante no número de eleitores e da população residente em Portugal com 18 e mais anos.

Fui investigar e junto alguns factos.

Relativamente aos eleitores, de acordo com os dados do portal Eleições Presidenciais da Direcção-Geral da Administração Interna (DGAI) do Ministério da Justiça:

Comparando agora com a população residente em Portugal, segundos dados do Instituto Nacional de Estatística:
  1. Em 2009 (último valor conhecido), a população residente em Portugal era 10.637.713.
  2. A população residente dos 0-14 anos era de 1.616.617.
  3. Assumindo, por conveniência, que existe uma distribuição proporcional desta população dos 0-14, por anos, então, o número de pessoas residentes em Portugal dos 15 aos 17 anos, em 2009, seria 346.417 (através da análise de sensibilidade, o valor com a utilização do segmento dos 15 anos 24 anos pouco variaria, situando-se nas 354.430 pessoas).
  4. Assim, em 2009 (há um ano) o número de pessoas residentes em Portugal com 18 e mais anos seria 8.674.679 pessoas.
  5. Porém, em 2008 (último ano conhecido), o número de estrangeiros residentes em Portugal era de 436.020.
  6. Aplicando, um factor semelhante (81,55%, embora a taxa de imigrantes solitários e sem filhos seja maior do que nos nacionais) da população total residente em Portugal, pode calcular-se que em 2008, o número de estrangeiros em Portugal com mais de 18 anos não seria menor do que 355.574: um número que se poderá deduzir (descontando a diferença de ano entre 2008 e 2009) ao valor total de população residente em Portugal em 2009, levando o número de cidadãos nacionais a residir em Portugal em 2009 com mais de 18 anos para não mais de 8.319.105 pessoas.

Mas, se há um ano (em 2009), o número de residentes em território nacional com 18 anos e mais era cerca de 8.319.105 pessoas, já o número de eleitores no final de 2010 era de 9.427.728... Subtraindo, e descontando o facto dos dados dos eleitores serem de 2010 e os da população serem de 2009, verifica-se que existem cerca de 1.108.623 eleitores a mais no recenseamento eleitoral em Portugal do que a população com mais de 18 anos (idade eleitoral), isto é, 11,76% do total de eleitores do recenseamento em 2010.

Segundo os dados da DGAI, a abstenção na eleição presidencial de 2011 no território nacional foi de 52,48% (no estrangeiro, a abstenção foi muito maior: 94,6%).

No território nacional, deduzindo os 1.108.623 eleitores-fantasma dos cadernos eleitorais do Governo, e tendo em conta o número de 4.479.615 votantes (e um valor corrigido de eleitores de 8.319.105 pessoas, conforme acima procurei demonstrar), nesta eleição presidencial de 2011 alcançar-se-ia no território nacional uma abstenção de 46,15% (em vez dos oficiais 52,48% da propalada maior abstenção de sempre em eleições presidenciais). Sem contarmos com o boicote governamental da votação de eleitores que, por causa da sua adesão ao Cartão do Cidadão, não conseguiram votar, num número que até agora não ´foi contabilizado...

O problema do empolamento artificial do recenseamento tem de ser resolvido de vez. Mas importa que o Ministro da Justiça explique o crescimento paranormal de 592.491 (6,7%) entre 2006 e 2010 do número de inscritos nos cadernos eleitorais.


Pós-Texto (21:26 de 26-1-2011): A confissão do boicote eleitoral do Governo socialista
Num sinal de frustração com a derrota e de mau perder, o ministro Pedro Silva Pereira argumentou, ontem , 25-1-2011, na Rádio Renascença que Cavaco Silva é «com menos votos do que na primeira eleição e é o Presidente reeleito que obtém menor percentagem» (presume-se que de votos).
Jorge Sampaio teve 55.55%, em 2001 e Cavaco Silva agora 52,95%, mas Sampaio teve também menos votos na reeleição (2. 401.015 em 2001, contra 3.035.056 em 1996). A eleição de 2001 teve 4.449.800 votos e a de 2011 um valor superior de
4.491.422, ainda que as percentagens de abstenção (50,29% em 2001 e 53,42% em 2011) sejam significativamente divergentes pelo efeito de empolamento do número de eleitores nos cadernos eleitorais desactualizados.
De qualquer modo, a referência ao valor elevado da abstenção que o Governo socialista se esforçou tão diligentemente por cumprir com boicote administrativo e recusa da habitual campanha mediática maciça de recomendação aos eleitores para cumprirem o seu dever cívico, é uma espécie de confissão de culpa. Isto é, louva-se o que se fez...


* Imagem editada daqui.


Actualização: este poste foi emendado às 22:24 de 26-1-2011 (erro na transcrição da população dos 0 aos 14 anos, que não afectava os cálculos) e 23:09 de 28-1-2011; e actualizado às 19:40 e 21:26 de 26-1-2011.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

O boicote do Governo socialista à eleição presidencial

O boicote governamental da votação de um número indeterminado de cidadãos na eleição presidencial de domingo, 23-1-2011, não pode ser resolvido com um pedido de desculpa do ministro, uma auditoria e a justificação de dificuldades técnicas. O impedimento de votação - uma espécie de lockout eleitoral - de cidadãos eleitores é um assunto muito sério em democracia e tem de ter consequência: demissão do ministro da Administração Interna, do secretário de Estado, dos directores do ministério envolvidos e dos dirigentes da Comissão Nacional de Eleições (CNE); e investigação judicial.

O Ministério da Administração Interna não pode reduzir o assunto aos «sistemas de SMS, o portal do eleitor e o 'call-center'» porque há uma série de decisões tomadas que conduziram a este resultado. Um resultado que já se previa, atendendo aos problemas públicos com a votação com Cartão do Cidadão nas eleições de 2009. Quais foram as decisões premeditadas pelas quais o Governo socialista deve responder?
  1. Não envio a todos os eleitores do novo número de eleitor;
  2. Não envio a todos os eleitores da nova freguesia de votação;
  3. Mudança de local e secção de voto de eleitores, na mesma freguesia
  4. Não envio a todos os eleitores da nova secção de voto na mesma freguesia;
  5. Não realização da necessária campanha nas televisões e demais media, prevenindo os eleitores do problema.

Estas decisões não foram, que se saiba, contestadas pela Comissão Nacional de Eleições e o povo não foi prevenido, em tempo, desta dificuldade. A Comissão Nacional de Eleições, se entendia - e tem a obrigação legal de verificar - que havia problemas, tinha de os denunciar publicamente para que fossem postas em acção, sob pressão dos outros partidos, as medidas correctivas e o escrutínio não fosse manchado com a alegação de fraude. O objectivo indisfarçável era um maior abstencionismo da população idosa e menos instruída que provocasse uma diminuição e desmotivação do voto preferencial no Prof. Cavaco Silva, que, todavia, consegui ser eleito á primeira volta, mesmo sob este boicote eleitoral.

Estas decisões tomadas pelo Governo socialista inseriram-se numa tremenda campanha de promoção do abstencionismo, em que os media de confiança, e a própria RTP, participaram. O resultado está à vista: o escrutínio não foi regular e a responsabilidade é do Governo socialista.

domingo, 23 de janeiro de 2011

A fraude da eleição presidencial

A trapalhada das alterações de local de voto e de mudança do número de eleitor nesta eleição sem prévia comunicação directa aos eleitores, a propósito da substituição do bilhete de identidade pelo Cartão do Cidadão, constitui uma fraude eleitoral organizada para retirar legitimidade política ao vencedor da eleição e futuro Presidente da República. O problema não é novo: já se tinha passado nas eleições legislativas, embora numa dimensão muito menor e sem alteração das mesas mde voto de eleitores de freguesias maiores.

Não é negligência: é fraude eleitoral. Não estamos no séc. XIX onde a forma de comunicação entre o poder e os cidadãos era o edital pespegado na porta da freguesia ou da igreja. Estamos no tempo da informática, das comunicações fluidas, da internet, da tlevisão e rádio. Este processo fraudulento foi planeado e orquestrado e culmina uma campanha de promoção da abstenção realizado pelos serviços governamentais e pelas suas antenas nos media, quando se tornou claro que os candidatos socialistas, e especialmente Manuel Alegre não atingiam valores honrosos para os socialistas.

O Governo não promoveu, como devia, por que não quis, uma campanha maciça de esclarecimento dos eleitores, prevenindo os que trocaram o bilhete de identidade por Cartão do Cidadão, directamente (por carta) e através dos meios de comunicação sobre a alteração do número de eleitor, dos locais de voto para o local de residência e de mudança de secção de voto para os que continuaram a residir na mesma freguesia. E não quis por que lhe dava jeito que o novo presidente tivesse uma legitimidade diminuída por abstenção mais elevada.

Não se trata apenas das centenas de milhar de eleitores que sofreram esta mudança do número de eleitor e de local de voto, sem que tivessem sido disso informados directamente, por carta, e pelos media. É também o efeito desmobilizador dos que são enviados para outros locais na mesma freguesia, dos que não conseguiram aceder ao seu número de eleitor porque o sítio da internet do Ministério estava em baixo, ninguém atendia o telefone e nas secções de voto não existiam dispositivos de leitura do novo número, dos que se fartartam de esperar nas filas criadas por causa deste problema, das respectivas famílias e amigos que foram prevenidas do problema e decidiram não sofrer essa maçada.

Portanto, importa:
  1. Denunciar esta fraude eleitoral, que envergonha o País na imprensa internacional, apresentar protesto junto dos órgãos próprios e justificar a abstenção também com este motivo.
  2. Exigir a demissão do ministro, secretário de Estado e dirigentes do processo, pela bagunça originada.
  3. Promover um inquérito judicial - judicial! - para investigar as ordens emitidas, a negligência premeditada e responsabilizar criminalmente os autores desta fraude eleitoral.
  4. Obrigar o Governo a publicar o número de eleitores prejudicados pela trapalhada deste escrutínio: o número de eleitores que aderiram ao cartão do cidadão e mudaram de número de eleitor; o número de eleitores que mudaram de freguesia de voto (por mudança de residência no cartão do cidadão); o número de eleitores que foram transferidos de secção de voto na mesma freguesia, sem que o soubessem; e a abstenção de cada um destes três grupos. 
  5. Instaurar um inquérito judicial à RTP pela divulgação de uma sondagem sobre o valor da abstenção, porque a abstenção era um dos principais resultados em análise nestas eleições para conferir força política, ou não, ao vencedor - esta manobra foi feita em conjunção com a trapalhada da votação.

Parabéns à Helena Matos que teve a coragem de denunciar o problema.

Termino este poste às 19:53 de hoje, 23-1-2011, antes de conhecer qualquer resultado eleitoral ou sequer sondagem.


Pós-Texto (21:18 de 23-1-2011): Exigir responsabilidade pela trapalhada eleitoral
A Comissão Nacional de Eleições (CNE) sacudiu, já hoje, 23-1-2011, a responsabilidade pela trapalhada para a Direcção-Geral da Administração Interna e admite que não foi assegurado «o livre e representativo exercício do direito de voto»... Disse a CNE:
«A Comissão Nacional de Eleições recomenda que, em futuros actos eleitorais, os dados constantes do recenseamento eleitoral possam, de forma eficaz e em tempo útil, ser acessíveis a todos os cidadãos que o solicitem, só assim se assegurando o livre e representativo exercício do direito de voto, constitucionalmente consagrado.»

O Prof. Cavaco Silva, que antes de tomar posse do segundo mandato para o que foi hoje, 23-1-2011, reeleito, é Presidente da República, deve exigir responsabilidades por esta trapalhada que coloca muito mal o regime democrático português, sujeito a um autoritarismo político que enviesa o livre escrutínio do povo. Uma eleição presidencial é um assunto muito sério com o qual não se pode brincar. Esta eleição presidencial de Janeiro de 2011 é a eleição menos democrática do pós-25 de Abril. Isto é inadmissível.


Actualização: este poste foi actualizado às 20:09 e 22:01 de 23-1-2011; e emendado actualizado às 21:18 e 21:43 de 23-1-2011.

Blogue Ilhas Selvagens

O Pedro Quartin Graça vem desenvolvendo um notabilíssimo trabalho no seu blogue Ilhas Selvagens de divulgação destas ilhas da Madeira. Visite, aprecie e apoie.

sábado, 22 de janeiro de 2011

Blogue Trends to You

Foi lançado um novo e muito interessante blogue sobre tendências de Marketing: Trends to You. Visite.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

O factor Dia 23: eleições dois dias depois dos cortes salariais

O que não está a ser considerado nas sondagens feitas na última semana é o facto de a eleição presidencial se realizar no dia 23, após um fim de semana de ressaca da redução salarial dos funcionários públicos e outros assalariados, que viram hoje, sexta-feira, 21, o recibo encolher. A situação é ainda mais injusta do que a excepção de que foram vítimas, porque além dos escalões com taxas diferenciadas provocarem injustiças, constar existir má aplicação dos cortes salariais nas folhas de vencimento.

Creio que este Factor do dia 23 se reflectirá no resultado ainda mais baixo de Manuel Alegre e no crescimento da votação em Cavaco Silva. A injustiça da redução salarial dos funcionários públicos tem de ser posta em evidência no sprint final da campanha do Prof. Cavaco Silva.

Desespero e lama

(actualizado)


Prossegue o ataque desesperado dos socialistas (Manuel Alegre, Defensor de Moura, ministros, deputados e dirigentes socialistas) e dos aliados (José Manuel Coelho, Louçã e Rosas) ao Prof. Cavaco Silva, agravado pela previsão de derrota eleitoral dos socialistas nas últimas sondagens publicadas. Devo recordar que os candidatos socialistas chegaram a fazer ao Presidente Cavaco Silva imputações, falsas e sem provas, de crimes: o candidato Defensor de Moura («negócios ilícitos, favorecimentos», RR, 28-12-2010, tendo insistido no «favorecimento», DN, 5-1-2011); e Manuel Alegre («tráfico de influências» e «favorecimento pessoal», Sol, 6-1-2011). E até a oficiosa Edite Estrela falou em «nebulosa» e falta de transparência - Diário Económico, 27-12-2010.

Vale-tudo e até tirar olhos aos portugueses para não verem nos media a reposição da verdade.

A ideia socialista (PS e Bloco) é esta: não interessa se a insinuação é mentira, basta repeti-la muitas vezes e impedir que o esclarecimento seja veiculado... a tempo. Como aprenderam com o contra-ataque socialista no período de reflexão na véspera das eleições de 14 de Março de 2004, em Espanha.

Os pretextos do ataque socialista a um homem sério são não-notícias e uma falácia.

As não-notícias são:

  1.  A repetição de notícias antigas sobre o Prof. Cavaco Silva ter comprado em 2001 e vendido em 2003 (quando não tinha funções públicas) acções da SLN, holding detentora do BPN (sociedade não-cotada em bolsa), numa transacção legítima, regular e legal - o que ninguém põe em causa! -, como fizeram outros e a preços semelhantes aos de outros, e tendo pago os respectivos impostos e referido essas transacções na declaração de rendimentos (a fonte da notícia foi a declaração do próprio...). Mesmo assim, os socialistas entendem que... Cavaco deve explicar, naquela atitude dos adolescentes que insistem sucessivamente na pergunta «porquê» a qualquer justificação dos pais para não lhes fazerem qualquer vontade...

  2. A permuta de uma vivenda no centro de Montechoro, no Algarve, por uma vivenda na praia da Coelha - esclarecida no JN, de 20-1-2011. A ideia que se insinua é de que Cavaco recebeu um tratamento de favor nessa troca. Eu já passei várias vezes à porta da célebre vivenda Marani, em Montechoro - cujo nome foi usado para fundamentar a origem rural do professor, no costumeiro ataque do preconceito burguês meio-letrado que redunda no maior apoio de alguém de origem modesta e, assim, mais identificado com o povo - e a casa estava muito bem situada e não valer menos do que uma outra, mesmo nova, num aldeamento na praia da Coelha (aliás, cujo nome foi usado para o mesmo fim de reduzir o adversário á saloiice...). Também neste caso, e publicada a escritura, não vi, nem se lhe apontou (!), qualquer ilegalidade, irregularidade ou iletimidade, nessa transacção. Porém, também aqui, depois dos esclarecimentos se continua a pedir explicações!...

A falácia é: o Prof. Cavaco é amigo de fulano e beltrano e, portanto, é responsável pelo que eles fizeram... Fulano e beltrano são José Oliveira e Costa e Manuel Dias Loureiro. Não consta que Cavaco Silva alguma vez tenha sido amigo de Oliveira e Costa, este foi seu secretário de Estado e Cavaco não o reconduziu no segundo Governo. Manuel Dias Loureiro foi seu colaborador no PSD e seu ministro, tendo em 2005, quatro anos depois da compra das acções da SLN e três anos antes das notícias de ilegalidades e irregularidades no BPN, sido indicado para o Conselho de Estado pelo novo Presidente Cavaco Silva, que, apesar destas críticas, conseguiu a sua demissão do dito órgão. Dias Loureiro é amigo sim, mas de José Sócrates, aliás escolhido para apresentar a sua biografia oficiosa «O Menino de Ouro», em 30-6-2008, em que, «hiperbólico», parecia «um fervoroso militante socialista»... Qual é a responsabilidade de alguém pelos actos cometidos por amigos seus, que só vieram a ser conhecidos anos depois?...

O Dr. Louçã e outros dirigentes do Bloco, tão calados e tão colaboracionistas de Sócrates na reacção aos escândalos de alegada corrupção do Governo, bufam falácias na expectativa de entrar na próxima remodelação do Governo. E o PS faz insinuações despudoradas ao Presidente na tarefa de vazar lama da corrupção do seu pântano para o quintal limpo do vizinho, procurando reduzir o desastre eleitoral socialista de domingo e apagar os seus próprios erros na escolha dos candidatos e na táctica eleitoral vergonhosa.


Pós-Texto (17:34 de 21-1-2011): Ainda a casa da praia da Coelha
O caso da vivenda da Praia da Coelha, permutada com a Vivenda Marani, derivou para a questão da sisa da nova casa (em construção), e de uma licença de obras caducada e que veio a ser novamente pedida e concedida... Apesar da conhecida seriedade do Presidente, ainda há, como Manuel Alegre, quem lhe atire lama sob a forma de insinuações de falta de pagamento de impostos... Creio que as últimas notícias, apenas beneficiam Cavaco. Teria sido melhor que Alegre se abstivesse... de reduzir a abstenção do adversário...

* Edvard Munch, Despair, 1892, Thielska Galleriet, Stockholm.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

O apoio chinês e a contrapartida do levantamento do embargo na venda de armas

Uma nova hipótese da razão da ajuda chinesa a Portugal e Espanha (e à Europa) na compra secreta de títulos de dívida pública, a somar áquelas já apresentadas: a contrapartida do levantamento do embargo de venda de armas à China, que os norte-americanos pretendem manter e que dura desde o massacre de Tiananmen, em 1989. Recorde-se, ainda, de que Portugal é actualmente membro do Conselho de Segurança da ONU.

Paquistão vai fornecer enfermeiros a Portugal!...


«Pakistan to provide qualified nurses to Portugal» (o Paquistão fornecerá enfermeiros qualificados a Portugal), Daily Times, 19-1-2011:
«A decisão foi alcançada numa reunião [no Abu Dhabi] entre o presidente [paquistanês] Asif Ali Zardari e o primeiro-ministro José Sócrates à margem da cimeira World Future Energy» (tradução minha).

Para quem contesta o périplo da pedinchice dos tostões, aqui fica um dos êxitos da viagem à Arábia. A informação sindical, datada de 11-5-2010, de que «a taxa de desemprego entre os enfermeiros recém-formados ultrapassa os 50%» deve ser apenas propaganda sindical porque, se houvesse desemprego no sector, o Governo Sócrates não admitia importar enfermeiros do estrangeiro.


Pós-Texto (11:36 de 20-1-2011): Desmentido-que-não-desmente
O Governo já veio fazer o habitual desmentido-que-não-desmente. A notícia do jornal paquistanês diz:
«Os governos do Paquistão e Portugal decidiram na terça-feira (18-1-2011) criar um grupo de trabalho conjunto para examinar a possibilidade de exportar enfermeiros qualificados para Portugal.» (Tradução minha)

O Governo socialista «afirma que não fez qualquer acordo para recrutar enfermeiros paquistaneses». Isto é não desmente que o assunto foi discutido entre Sócrates e Zardari, nem que foi decidido criar o grupo de trabalho conjunto para discutir o assunto. O problema da diplomacia é que a tecnologia, como a Internet, não se compadece com o secretismo e as decisões nas costas do povo.


Actualização: este poste foi actualizado às 11:46 de 20-1-2011.


* Imagem picada
daqui.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Campanha contra Cavaco: insultos e desespero

Depois do torpedo/«chefe de facção» de Santos Silva, o «corifeu de lamúrias» de Alberto Martins (que também repetiu o «chefe de facção»). Aliás, o dicionário Priberam indica como um dos significados de «corifeu», a expressão «chefe de seita»... A sucessão de impropérios que os socialistas atiram contra o Prof. Cavaco Silva parece fazer de um concurso rosáceo de insultos, para catarse da pena da derrota inevitável.  Os insultos encomendados dos ministros socialistas ao Presidente da República sinalizam o desespero e o receio da votação do próximo domingo, 23-1-2011.

Por mérito especial das suas qualidades de seriedade, genica e clareza, e da decisão assumida de falar a verdade ao povo sobre a degradação financeira, económica e social do País, o Prof. Cavaco Silva vai ganhar à primeira volta.

A sua vitória será maior por mérito seu e também por demérito da campanha negra, que os socialistas armaram e executaram contra o seu carácter - uma campanha suja que o povo não valida, contesta e reprova, porque não duvida da sua honra e rigor. Se uma campanha contra o carácter é normalmente censurada pelos eleitores, uma campanha de imputações caluniosas repugna pela sua falsidade e pela tentativa de enlamear um homem limpo. Ora, o que os socialistas deveriam ter evitado, como recomendam os manuais, era despertar os potenciais abstencionistas da direita e do centro, que sentiam menos motivação, devido à circunstância do primeiro mandato, e à perspectiva de uma vitória tranquila. Com esta campanha de mentiras sucessivas e insinuações repetidas, irão provocar o efeito contrário: aumento da percentagem de votos e aumento do número de votos em Cavaco.

A campanha e a previsível vitória marcam ainda uma reconciliação do povo com Cavaco Silva e com a República, resultado da convicção de que é possível ter à frente do Estado quem represente e execute, sem receio nem torpor, a vontade popular.


* Imagem editada daqui.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

O périplo da pedinchice e a ruptura iminente de tesouraria do Estado português


ida, vinda e regresso, do ministro das Finanças aos Emirados Árabes Unidos, nesta semana do pagamento de salários, pensões, subsídios sociais (além dos juros), sugere uma ruptura iminente de tesouraria do Estado português.

Motivos:
  1. As necessidades de financiamento do Estado português  em 2011 são de cerca de 39 mil milhões de euros. Isto significa cerca de 3,25 mil milhões de euros por mês e a quota de Janeiro ainda não está assegurada.
  2. Depois do cancelamento espanhol, o leilão internacional de Obrigações do Tesouro portuguesas, que os mercados tinham detectado estar a ser simulado, torna-se quase impossível.
  3. O leilão de Bilhetes do Tesouro de curto prazo tem como condicionantes o limitado aforro nacional e o desvio dos depósitos dos depauperados bancos nacionais.
  4. Portugal não pode recorrer facilmente a um syndicate of banks (conjunto de bancos) fortes - como a Espanha hoje, 18-1-2011, que se financiou a dez e quinze anos junto de «BBVA, Barclays, BNP Paribas, Citigroup, Santander e Société Générale», pois os bancos nacionais estão muito endividados e os grandes bancos internacionais não confiam no Governo socialista - ainda que o NYTimes revele, hoje, que Portugal pretende fazê-lo «este ano»...
  5. Segundo o WSJ, de hoje, 18-1-2011, os dezassete países do Eurogrupo (os países do euro) não se entenderam na reunião de de ministros das Finanças, ontem, 17-1-2011, em Bruxelas sobre o aumento do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (ESFS) de 440 mil milhões de euros para um bilião, a taxa de juro a praticar, a compra pelo próprio fundo de títulos de dívida de Estados a quem os mercados não fiam (Portugal é agora o mais aflito) e a dilatação do prazo de pagamento da Grécia para que não entre na bancarrota. É previsível que um acordo só se alcance na cimeira de 24-25 de Março de 2011.
Sócrates está num beco. Não tem dinheiro, nem espaço, nem tempo, nem imunidade.


* Imagem picada daqui.


Actualização: este poste foi emendado às 18:05  e 19:50 de 18-1-2011. Agradeço a um leitor pelo aviso de erro numa data.

O endividamento secreto do Governo socialista

Ontem, 17-1-2011, eventualmente por saber da procura insuficiente a valores suportáveis, o Governo espanhol cancelou leilões de dívida e passou à angariação de dinheiro emprestado junto de um grupo de bancos. Todavia, ao contrário do Governo português na sua colocação privada de dívida, comunicou imediatamente o montante angariado, o prazo de maturidade, a taxa de juro, das instituições políticas, nem sequer do povo.

O Governo português, que se queixa preventivamente da intervenção presidencial, não informou, que se saiba, o Presidente da República, nem o Parlamento, das condições de concessão de empréstimos (que não são apenas financeiras...) na colocação privada de dívida, neste início de Janeiro de 2011. Qual é a justificação do Governo socialista, na sua manobra eleitoral de diversão contra o Presidente para esconder as condições desse endividamento privado?... A Constituição e as leis do País não consentem que o endividamento internacional do País seja secreto e à socapa das demais instituições democráticas e dos cidadãos. É que quem contrai a dívida é o Governo socialista, mas quem a tem de pagar é o povo...


* Imagem picada daqui.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

O exemplo de insubordinação do ministro da Defesa Santos Silva



Ontem, 16-1-2011, indirectamente, o subordinado ministro da Defesa mandou o Comandante Supremo das Forças Armadas portuguesas não se meter «onde não é chamado»!...

Não sei se o Ministro da Defesa de Portugal, o Prof. Doutor Santos Silva, o equívoco que gosta de «malhar na direita» e teorizar sobre a «sarjeta», cumpriu o serviço militar. Se, como é uma espécie de tradição socialista dos ministros da Defesa - desde António Vitorino, que vi virar as costas aos soldados em parada quando estes lhe apresentavam as armas -, não cumpriu, e ficou inapto ou teve a sorte, ou o engenho, de ficar dispensado; ou se, chamado às fileiras, apresentou-se, não foi para Paris, como dizia o poeta João Conde Veiga, e serviu como pôde e o deixaram, e esteve distraído quando o instruíram na hierarquia militar.

O Prof. Cavaco Silva, que, tal como eu, também deve ter tido instrução nocturna no Morro das Vacas, feito G.A.M. no Cemitério dos Cavalos e subido, sedento, a ladeira empinada de volta do Vale de Estacas, no regresso ao quartel, depois da MarCor (no meu tempo o alferes, depois da ordem penosa «à vontade tiram os quicos», justificava que o exercício seria só em corrida porque em Santarém... não havia mar) sob zénites de calor insuportável, e mantém nas cerimónias militares o raro sentido aprumado que os sargentos de Cavalaria ensinavam, aprendeu a hierarquia militar. Provavelmente, como eu e outros, que a tropa pouco tinha mudado dos anos 60 para os 80, na parada Macontene, nas tardes infindáveis de instrução, aguentadas estoicamente de pé, foi sujeito ao método pedagógico do enchimento: quando falhávamos na miríade de divisas e galões, enchíamos. Decorámos depressa...

Do que me lembro, e se pode confirmar na foto acima, o ministro da Defesa ostenta cinco estrelas prateadas e o Presidente da República seis... Talvez o Prof. Santos Silva não saiba, ou se tenha esquecido, ou, depois de ser nomeado ministro da Defesa, não tenha lido as suas obrigações e deveres, ou seja fraco demais para recusar ordens de insulto e grosseria de quem jamais o devia ter incumbido da peça provocatória mal ensaiada, ou até julgue que pode despir, ao fim de semana, a condição do cargo que mal ocupa, comportando-se como um jovem trotskista mal-educado. Mas tem de se lhe dizer: é uma irresponsabilidade tremenda para a coesão e obediência das forças que sub-dirige, e a dignidade do Estado, que o ministro da Defesa seja malcriado para o Presidente da República, Comandante Supremo das Forças Armadas. Por falta de estatura política e de maneiras sociais, não ofende apenas o respeito devido ao Presidente e aos militares, que sentem a desconsideração do seu Comandante-em-Chefe como tendo sido feito a eles mesmos e ao Estado: ofende a sua própria dignidade, pois os insultos voltam-se sempre contra quem os profere.


* Imagem picada daqui.

Fosse Qatar...

«Está na hora, está na hora». Que vá depressa, deseja o povo. E que fuja para onde quiser, como o general tunisino Zine al-Abidine Ben Ali. Em vez de andar a esmolar dinheiro emprestado, que partisse de vez. Era bom que Sócrates fosse. Fosse Arábia Saudita, fosse Qatar.

Já vai tarde!...

«José Eduardo Bettencourt demitiu-se da presidência do Sporting», CM, 15-1-2011. Prefiro que o meu clube seja dirigido por um financeiro, ou alguém com formação e experiência em gestão, que não ponha em causa a solvabilidade do clube e siga na linha do projecto Roquette. Mas tem de ser um financeiro ou gestor que perceba de futebol e tenha bom senso nas escolhas decisivas.

sábado, 15 de janeiro de 2011

As cinzas de Outono

Com a informação e a prudência que têm, alguém acredita que, na iminência da mudança do poder efectivo em Portugal, os chineses virão socorrer o BCP, cujas cotações a Caixa Geral de Depósitos vai mantendo com muito esforço e despesa pública, e, no caso de entrarem com uma participação, se manterão no núcleo socratino contra o novo Governo social-democrata? Nas actuais circunstâncias financeiras é um absurdo pensar que o socratismo manterá o controlo do maior banco privado nacional (aliás, de qualquer um) após o Outono socialista de 2011. A perda do poder político real também acarreta a perda do poder financeiro e económico: quem não comeu, comesse, não se podem guardar fatias...

Na véspera da queda do socratismo - e a véspera é agora! - todos os grandes accionistas do BCP, dos berardos mais volúveis ao maçon mais empedernido, como a finança e os grandes grupos económicos, mais os gestores público-privados ex/pós-socratinos (Bavas, Mexias e tutti quanti), por muito grande e cheio que seja o baú do spymaster Dr. José Almeida Ribeiro, jurarão amor eterno ao novo poder social-democrata, através de promessas de financiamento eleitoral (semelhantes, aliás, à mudança de 1995...) e aliança firme após a instalação do novo Governo, e garantirão a próxima substituição dos serventuários nas empresas públicas e controladas, relegando um ou outro, como espécime raro, para as prateleiras douradas do merchandising do poder e o chefe para a posição pária de homeless billionaire, errante, desprezado e só. Quando o Outono chegar no seu esplendor de cinza e verde, virá para todos.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Perseguição do regime do PAICV à imprensa livre em Cabo Verde


A perseguição da imprensa não afecta ao regime do PAICV, de José Maria Neves e Pedro Pires, em Cabo Verde, o semanário Já e o jornal online Liberal, sugere que cresce a tentação de chapelada nas eleições de 6 de Fevereiro de 2011 no arquipélago.

Eleições livres e justas exigem imprensa livre. A comunidade internacional deve pressionar o PAICV a respeitar as condições democráticas de realização de eleições, nomeadamente a liberdade devida de concurso eleitoral do MpD. De outro modo, sucumbindo à tentação autoritária, o PAICV aproxima-se das ditaduras do continente onde o sufrágio livre não é respeitado, como na Costa do Marfim.

Lá como cá, a mudança de poder, mesmo num contexto de grande impopularidade do partido reinante, é muito difícil de aceitar. Mas a indignação do povo e a censura da comunidade internacional ajudam a refrear o autoritarismo e a recriar condições para eleições livres e justas.


* Imagem picada daqui.

O problema do apoio da China ao Governo Sócrates


A ler no Diário de Notícias, de hoje, 14-1-2011, o artigo: «Dívida: O preço que a China impôs a Portugal», por Luís Reis Ribeiro. Um excerto:
«A China quer entrar ou ser parceira privilegiada em bancos e empresas estratégicas portuguesas que lhe permitam reduzir as barreiras às suas próprias exportações, inundar a Europa de produtos, beneficiar de apoios fiscais, aduaneiros e de fundos comunitários para a inovação e energias renováveis, e usar Portugal e as suas empresas como 'trampolim' para reforçar posições em África, designadamente na construção de grandes infra-estruturas e construção civil em Angola e Moçambique, dizem vários entendidos em questões internacionais e fontes próximas dos negócios. Política e estrategicamente, o facto de Portugal ser membro do Conselho de Segurança das Nações Unidas nos próximos dois anos também é visto como "um forte incentivo para que a China se aproxime de Portugal nesta fase", disse fonte diplomática. (...)
Várias notícias nos últimos meses deram conta de um forte interesse chinês em entrar no capital do BCP (até 10% do total), da Petrochina, Sinopec e CNOOC poderem entrar no negócio petrolífero da Galp no Brasil e de se querer abrir o porto de Sines a capitais chineses. Uma eventual réplica do que aconteceu com a Cosco, que comprou parte da exploração do porto do Pireu, na Grécia, por cerca de 30 anos.
A entrada em Sines é vista como uma forma de a China garantir algum controlo, ainda que indirecto, sobre os custos de entrada (alfandegários) das suas mercadorias em Portugal e na Europa. Além disso, foram já assinados acordos que aproximam formalmente os interesses da China à PT, EDP, Banco BPI, entre outras empresas.»

Porém, a China deve saber que o apoio prestado ao Governo Sócrates, nesta altura, é um acto hostil contra o povo português e que o novo Governo não honrará as contrapartidas secretas desse apoio, seja a eventual venda de votos  portugueses no Conselho de Segurança, seja o acolhimento de participações estratégicas chinesas nas grandes empresas nacionais, seja a transformação do porto de Sines (e de Lisboa...) num porto mafioso semelhante a Nápoles, seja a cedência de negócios em África.

A forte penetração comercial chinesa no pequeno e médio comércio em Portugal, das grandes às pequenas comunidades, é um assunto delicado, visto como desagradável pela poupulação, não só por motivos étnicos censuráveis, mas fundamentalmente pelo desemprego e perda de bem-estar que origina. Este motivo acresce à repulsa de um protectorado financeiro chinês e a protecção chinesa dada a um Governo moribundo e impopular. Os ganhos imediatos que agora obtenha serão custos no relacionamento futuro com Portugal.

Mais vale à China, nesta fase de transição política em Portugal, aguardar a mudança do poder e iniciar, então, com lealdade, uma aproximação comercial leal ao nosso País.


* Imagem do dragão picada daqui.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

A sina chinesa

Recomendo os interessantes artigos:

O ministro das Finanças admitiu a participação da China no leilão de ontem, 12-1-2011
, tal como já se sabia do empréstimo chinês secreto na colocação privada de dívida de cerca de  mil milhões de euros, em 5-1-2011, para um prazo de um ano e meio, com uma taxa de juro (4,75%) que é superior à que os mercados exigem para os três anos. Segundo o Negócios, Teixeira dos Santos respondeu à CNN  que não está habilitado a dizer...
«Questionado se terá sido suporte da China que beneficiou o leilão de dívida pública ontem realizado por Portugal, o ministro português respondeu que “sim, poderá ter sido esse o caso, mas não estou habilitado” a dizer “se estiveram presentes neste leilão e que quantidade compraram”.»

E, entretanto, sem cão, Sócrates caça com gato. Como, afinal, o Governo não tem dinheiro para pagar juros, salários, pensões e subsídios, de Janeiro, sem recorrer a ajuda externa - e a eleição presidencial ser a 23 de Janeiro não ajuda... -, vai fazer, em 19-1-2011, um leilão de bilhetes do Tesouro com um prazo de maturidade de doze meses (prazos cada vez mais curtos e taxas cada vez maiores...), evitando os mercados internacionais para não sobrecarregar o apoio chinês e não arriscar uma taxa mais elevada do que os proibitivos 6,9% de juros nas obrigações a dez anos (13-1-2011)... O problema é que a venda de bilhetes do Tesouro é, como dizia o treinador Jaime Pacheco, «uma faca de dois legumes», pois o crédito a taxa mais baixa do que a dos mercados internacionais afunda mais os bancos portugueses, cujos depósitos dos particulares escorrem para estes títulos do próprio Estado.

Não se pode abusar, insisto, do amigo chinês para duas tarefas simultâneas: o adiamento da morte do moribundo Governo socialista e a ilusão da salvação chinesa do domínio socialista-maçónico no BCP, que permita ao socratismo manter o banco nas suas mãos depois da eleições de Outubro de 2011, na sequência do apelo do Governo socialista ao FMI/União Europeia.


* Imagem picada daqui.

O senhor abade de Santa Eulália

Sinalizando a derrota próxima, numa jogada à McCain (quem diria?!...), Manuel Alegre exortou Cavaco Silva, em 10-1-2011, a suspender a campanha eleitoral «para explicar o que é que se está a passar, esta subida dos juros da dívida - que é uma subida que não corresponde à realidade, artificial, que é uma injustiça» (sic). Dois dias depois, em 12-1-2011, no rescaldo da operação eleitoral socialista dos foguetes da dívida, Alegre desdiz-se quando um jornalista lhe pergunta se agora já não é necessário suspender a campanha...

O Prof. Cavaco Silva já lhe tinha respondido no dia anterior que isso revelava «ignorância da política externa». Creio que o Presidente está enganado: não é só da política externa. Nas várias áreas da governação, o Doutor de Argel é como, nas ciências eclesiáticas, o senhor abade de Santa Eulália, de «Gracejos que Matam», o primeiro volume das Novelas do Minho, de Camilo: «ignorantíssimo por livre vontade e voto deliberado».

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

A operação eleitoral de venda de dívida do Estado


A operação eleitoral do Governo para venda de dívida correu menos mal. O Governo empenhou-se em garantir o financiamento de 1250 milhões de euros - num leilão denunciado como «combinado» -, pediu ajuda extraordinária ao Banco Central Europeu para comprar títulos portugueses no mercado secundário e baixar-lhe a taxa de juro antes da emissão, anunciou uma «folga orçamental de 800 milhões de euros» nas vésperas do leilão e, no dia anterior, apareceu no estrangeiro o boato oficial do Governo ter recebido cerca de 4 milhões de euros de crédito da China. O resultado do leilão permitiu ao Partido Socialista lançar os foguetes e bater as palmas, deixando o trabalho de apanhar as canas para depois da eleição presidencial, que espera agora mais confortável pela expectativa mediática de que o FMI/União Europeia já não é necessário num País com 6,91% de taxa de juro de obrigações públicas a dez anos. Os governantes podem apresentar as faces rosadas, mas é de vergonha da situação negra do País.

Aliás, o ministro das Finanças admitiu, em 12-1-2011, que «20 por cento» da procura foi «da parte de investidores domésticos» (CGD?) - resta saber se a compra também teve a composição da procura. Não estão anunciadas novas emissões de dívida no calendário de leilões de 2011 do Instituto de Gestão da Tesouraria e do Crédito Público (IGCP). Presumo que o Governo tenha assegurado dinheiro para pagar salários, pensões e subsídios no final deste mês, juntando-lhe a dita «folga». Todavia, depois de 23 de Janeiro, o Governo Sócrates precisa de pagar prestações e também a fornecedores. A dívida cresce, o orçamento não se reeequilibra, as reformas adiam-se, a economia estrafega, o povo sofre. O Estado socialista.


Actualizações: este poste foi actualizado às 23:32 de 12-1-2011.

* Imagem picada daqui.