quarta-feira, 22 de janeiro de 2020

Correção sobre a notícia do homicídio de Luís Giovani

Não se confirma que a morte do estudante Luís Giovani dos Campos Rodrigues, após ter sido vítima de bárbara agressão em 20-12-2019, em Bragança, tenha sido causada por um grupo de rapazes ciganos, como neste blogue, eu tinha dito em 8-1-2020, que alegadamente havia ocorrido porque uma fonte credível me havia contado.

Do Portugal Profundo, tenho a maior honra em reconhecer  e pedir desculpa aos visados e leitores sempre que erro. Esperei até poder confirmar a informação relativa não apenas aos cinco agressores já detidos ,mas também aos outros dez envolvidos na espera e agressão aos quatro estudantes cabo-verdianos. Esta informação em nada muda a posição antirracista deste blogue, afirmada em cada um dos textos que publiquei sobre o assunto. E também não foi pelo erro da origem do homicídio, mas com a justificação absurda de ódio racial que o Facebook, em 9-1-2020, bloqueou e baniu todo o conteúdo do meu blogue: de outro modo, quando um jornal publica uma informação que vem a revelar-se falsa também teria todo o seu conteúdo bloqueado no Facebook e o próprio jornal ser banido dessa rede social. Presumo que a informação errada que divulguei sobre o origem do homicídio de Luís Giovani possa ter provindo da mesma fonte original que também levou ao engano o inspetor Carlos Anjos, comentador de assuntos criminais da CMTV, com quem não falei.

A Polícia Judiciária deteve cinco indivíduos (que fonte da PJ, designou como «núcleo duro» do grupo), que estão já em prisão preventiva, indiciados pela agressão ao jovem cabo-verdiano, dos quais apenas um deles, segundo fonte da PJ ao Observador, de 17-1-2020, «apenas um dos suspeitos tem ascendentes familiares na comunidade cigana, mas que nenhum deles mantém contacto com essa mesma comunidade» e desmentiu motivação racial no homicídio. Creio, no entanto, que é prematuro concluir que se tratou de crime por «motivos fúteis», como fez o diretor nacional da Polícia Judiciária, Luís Neves, em 16-1-2020.

No entanto, aquém do erro sobre a origem do homicídio de Luís Giovani, do que publiquei no meu poste de 8-1-2020, confirma-se que:
  1. Os agressores eram cerca de 15 indivíduos em «três grupos armados de cintos, ferros e paus» estavam à espera dos jovens cabo-verdianos, 20 minutos depois do bar fechar (os jovens haviam ficado no interior a conselho da segurança do bar). Segundo me disseram mas não posso confirmar, quem esperava os jovens cabo-verdianos eram os indivíduos que tinham provocado o confronto no bar e cerca de uma dezena de outros que estavam num jantar e que foram chamados para reforço por um dos elementos do grupo.
  2. O grupo em causa «é suspeito de outras agressões» (Expresso, de 10-1-2020). Ainda que me digam agora que um dos jovens agredidos anteriormente - e que foi hospitalizado -, alegadamente pelo mesmo grupo, era do Paquistão e não do Bangladesh (como eu disse neste blogue em 8-1-2020).
  3. E, alegadamente, insistem que o confronto no bar foi propositadamente provocado no bar Lagoa Azul, não por causa de os jovens cabo-verdianos quererem passar à frente na fila de pagamento, mas pela simulação de ofensa (um rapaz cabo-verdiano, que não era Giovani, ter esbarrado com uma rapariga), seguido de empurrão do «'suposto namorado'» da rapariga, a que o rapaz cabo-verdiano teria respondido com outro empurrão e em seguida levado um soco do «'suposto namorado'» (ver Jornal luso-luxemburguês Contacto, de 3-1-2020). Dizem-me que essa provocação fazia parte do modus operandi do grupo.
Mais me dizem que, alegadamente mas não posso confirmar, um dos elementos do grupo agressor teria ido buscar um taco de basebol (fonte do DN, na notícia de 17-1-2020, fala num «pau em forma de moca») ao carro e que esse terá sido o instrumento da «violenta paulada na cabeça» (Contacto, de 8-1-2020) que vitimou o jovem. Depois dessas agressões, Luís Giovani ainda terá corrido umas centenas de metros e veio a desfalecer então. «Fonte judicial» (ou judiciária?) referiu ao DN, de 17-1-2020, que terá ocorrido um segundo conjunto de agressões no local onde o corpo foi encontrado. Esta notícia do DN, de 17-1-2020, menciona «que houve agressões de ambas as partes, do grupo de Giovani e do grupo dos detidos», mas não se percebe deste trecho se isso se refere às primeiras ou a estas referidas segundas agressões.

Recorde-se que, inicialmente, a morte do malogrado Luís Giovani, que ocorreu no Hospital de Santo António, no Porto, em 30-1-2020 (dez dias depois das agressões em Bragança), não foi determinada como resultando das agressões, pois a autópsia foi inconclusiva. Aliás, o infeliz comunicado da PSP de Bragança, em 10-1-2020, referia que a polícia tinha encontrado o Luís Giovani «inanimado e com forte odor a álcool proveniente do vomitado no seu vestuário» (o traumatismo craniano provoca vómito...), o que poderia dar a entender que o jovem, «alcoolizado», teria caído e batido com a cabeça, o que causaria a sua morte.

Note-se ainda que, apesar do choque do crime e do modo brutal como ocorreu, a família de Luís Giovani e a associação de estudantes cabo-verdianos de Bragança distinguiram sempre entre o comportamento do grupo agressor, a forma acolhedora como são tratados no Instituto Politécnico (ali estudam cerca de 1.200 alunos de Cabo Verde) e a comunidade bragantina.

6 comentários:

  1. Era realmente peta. A fonte não era, de todo, credível. E assim se lançou um boato lamentável.Por uma daquelas coincidências incríveis, foram falsamente apontadas culpas a ciganos. Foi mesmo coincidência.

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  2. Claro que sim, foi apenas uma coincidência. Ele há coincidências do camandro...

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  3. ao menos pediram desculpas á comunidade cigana e cabo verdiana, por estes "erros", que são tão comuns na mentalidade racista lusitana?...

    ou limitam-se a ficar fechados no vosso bunker, em "pedidos de desculpas escondidos" em jeito de mais uma "fake news" de "pseudo sociabilização"?

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  4. Quando se ouve a noticia de um crime, é normal que se pergunte quem foram as vitimas e os supostos criminosos. Ora é sabido que a informação relativa aos criminosos só é dada, em regra, quando se trata de nacionais ou estrangeiros brancos. Quando nada é, com naturalidade, informado sobre as pessoas suspeitas do crime, o leitor ou ouvinte parte logo do principio que se trata de alguém pertencente às minorias protegidas. E isto não acontece só em Portugal. Que eu saiba, acontece também noutros países europeus. Trata-se de um efeito perverso de uma prática comprovadamente errada na atitude das autoridades e media perante estrangeiros.

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    1. "Ora é sabido que a informação relativa aos criminosos só é dada, em regra, quando se trata de nacionais ou estrangeiros brancos"

      Nunca vi uma notícia dizendo explicitamente "um autor do crime é um cidadão português de etnia caucasiana" (essa conversa do "caucasiano" também tem muito que se lhe diga, mas isso é outra história... por sorte não temos cá chechenos ou abkhazes para gerar equivocos); até há pouco tempo, era exatamente quando o acusado era um português branco que ninguém dava informação étnica (provavelmente que se presumia que "é português branco se nada for dito em contrário") - o mais parecido foi mesmo este caso de Bragança, em que a dada altura tiveram que dizer "dos 5, só um é cigano".

      Dito isto, concordo que haver uma política exlicita de não revelar a origem étnica de acusados tem realamente esse efeito perverso - a partir do momento em que um dado tipo de crime está muito associado a uma etnia, começa-se a assumir que todos os crimes desse tipo foram cometidos por alguém dessa etnia.

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  5. "a partir do momento em que um dado tipo de crime está muito associado a uma etnia, começa-se a assumir que todos os crimes desse tipo foram cometidos por alguém dessa etnia."

    Como assim? Se 70% dos homicídios são cometidos dentro da família em contexto de violência doméstica e heranças ou por vizinhos em contendas de limites de terras ou traição, os outros 20% são motivos fúteis e raramente em contexto de assalto!

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