terça-feira, 11 de junho de 2019

Desilusão e combate


«Eh! croule donc, société! meurs donc, vieux monde!». 
                                                              Huysmans, Joris-Karl (1884). À rebours.


Recomendo o discurso do João Miguel Tavares, presidente da Comissão Organizadora das Celebrações do 10 junho, em Portalegre. É um retrato da desilusão de uma geração (a minha) com a corrupção da classe política.

A mudança do paradigma político-social da corrupção e da cunha, para a honestidade e o mérito, exige apenas a vontade do povo.

Contudo, o povo das gerações dos maduros (1930-1945), geração do pós-guerra ou baby-boomers (1946-1963) e geração X (1964-1977), está resignado, e tem votado no socialismo, mais ou menos dégradé, que se atualizou com as causas do relativismo pós-moderno e se diverte com as momices dos bobos da corte.

Por outro lado, as gerações mais jovens - a geração Y dos Milenários ou Millennials (nascidos entre 1978-1994) e a geração Z (que cunhei como florzinhas de estufa, nascidos depois de 1995), estão ainda mais afastadas da política e, por circunstância de conforto (providenciado pela carinhosa mamã Família e pelo anafado papá Estado sob controlo do grande Irmão da Maçonaria), pouco dispostas ao risco e sacrifício de realizar a revolução do sistema.

É muito difícil agora a mobilização do povo para a mudança: a corrupção «segura e quente» para quem nela se abriga e aquece; a alienação bastante grande; e os fatores disruptivos do sistema no resto do mundo, que têm provocado o crescimento da extrema-direita, como a imigração maciça e a criminalidade, têm ainda pouca incidência. Além disso, a dissolução interna das hostes cristãs causa desorientação.

Mas é também por causa dessa dificuldade que importa renovar o bom combate: direto; e cultural. Não basta o combate cultural, nem chega o combate direto. Estes são da dois vetores da estratégia para a mudança que importa cumprir. Assim deus nos ajude!

2 comentários:

  1. “Olha para o que eu digo e não olhes para o que eu faço”.

    O povo, na sua filosofia popular, sintetiza a sua ciência empírica numa linguagem proverbial, como acabei de citar.


    Nem sempre é verdade, mas é quase sempre que o político diz uma coisa e faz outra; diz que é proibido fumar ali e ele é o primeiro a fumar mesmo ali. Qualquer pessoa que aconselha dá o melhor conselho, mas nem sempre ela o realiza.

    Isto acontece até com o pregador que o povo diz: “ Bem prega frei Tomás o que ele próprio não faz”.

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  2. Não me impressiona nada o discurso do Tavares.
    Umas críticas veladas e com punhos de renda ao sistema corrupto. Sempre com o cuidado de não tocar em nomes ou grupos.
    Para culminar, e agradar ao Bloco de Esterco, decerto apavorado com a possibilidade de entrar no Index súcio-comuna, lá faz a referência fatal aos "portugueses" do Bairro da Jamaica. Esses patriotas, como se pode verificar pela algaraviada ignorante e pejada de ódio do comentário anterior.
    Este Tavares pode dormir descansado. O tacho não está em perigo.

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