segunda-feira, 5 de setembro de 2011

O padastro da democracia portuguesa


Mário Soares discursou na Universidade de Verão do PSD, em Castelo de Vide, na sexta-feira, dia 2 de Setembro de 2011, e o evento suplantou as expectativas. Não na crítica, de que escapou Passos Coelho, à organização anfitriã, que era esperada, seja pela venda «por tuta e meia» do património (o BPN no qual o socialismo socratino torrou 5 mil milhões de euros!) seja pelo cumprimento do memorando de entendimento... que o seu PS ajustou com a União Europeia e o FMI (tal como ele próprio fez no passado, num tempo em que desprezava o impacto  sobre os pobres dos compromissos dos seus governos com o FMI). As realidades são «mutáveis», porém o patriarca socialista pretende que a doutrina seja a mesma, obsoleta. Mas a surpresa veio da adesão que teve no encontro social-democrata: do elogio que elevou a «um dos pais da democracia portuguesa» (o seu «amigo» Carlos Coelho) ao aplauso dos assistentes. O convite foi um erro, como chamei a atenção em 4-8-2011, porque Soares voltou para estrangular o PSD num laço sistémico fatal e a sequela desta ferida vai durar.

Francisco Sá Carneiro, patrono da Universidade de Verão do PSD e cujo nome constava, como habitualmente, no cartaz na parede atrás do orador, há ter-se torcido Lá onde descansa, com o convite a quem o ofendeu soezmente. E mais ainda com o assentimento dos jovens e adultos da reunião perante a violência das suas críticas ao Governo PSD-CDS, como se o inimigo maior do partido de Sá Carneiro e de Cavaco, fosse agora, para corrigir uma orfandade emocional que resultou do ataque pretérito interno a Cavaco Silva, o novo oráculo e mentor do partido e patrocinador meta-sistémico de uma aliança contra-natura do socialismo instalado na administração pública e do PSD suave. Não são «novos caminhos» e «novas soluções» (como disse Pedro Santana Lopes): são becos velhos e buracos antigos. O PSD socialistizou-se?

As palavras passadas são o espelho da nova face. Reteve o José, de uma entrevista de Mário Soares à Grande Reportagem em 1985, onde o então primeiro-ministro dizia: «as empresas públicas e privadas que não têm condições de rendibilidade devem reconverter-se ou morrer», «não podem é subsistir, acumulando prejuízos, à custa dos contribuintes» e «os postos de trabalho não podem ser mantidos artificialmente, à custa do erário público». Mudam-se os tempos...


Muito pouco se faz sobre a Terra que, mais cedo ou mais tarde, nela se não saiba. Ao contrário de Miterrand, Soares não falará no fim de vida sobre as suas trevas e sombras. Não pode. Mas, por maior que seja a cobertura esquerdista politicamente correcta, um dia serão conhecidos todos os seus factos rosa-choque: o financiamento socialista nos idos pós-revolucionários, mais detalhadamente do que Rui Mateus soprou; a sua fortuna pós-25 de Abril; a sua responsabilidade activa nos genocídios de Angola, de Moçambique e de Timor; o seu papel na tentativa de divisão do PSD com a ASDI; o vexame das vítimas da Casa Pia e a protecção dos arguidos e condenados no processo (recorreram da sentença da primeira instância); a sua traição aos camaradas ferristas e entronização de Sócrates; o apoio a Sócrates quase até ao fim e a «punhalada» de última hora. Nessa altura, hão-de arrepender-se os participantes que, como se viu e ouviu nas reportagens televisivas e se leu na imprensa escrita, gritaram, por ingenuidade ou negligência sua e nossa vergonha, «em verdadeira apoteose», o seu slogan eleitoral «Soares é fixe!»...


Limitação de responsabilidade (disclaimer): Mário Alberto Nobre Lopes Soares, referido nas notícias dos media e literatura que comento, não é arguido do cometimento de qualquer ilegalidade ou irregularidade.


Actualização: este poste foi emendado às 22:07 de 5-9-2011 e 9:33 de 6-9-2011. O Blogger está a proceder a uma mudança de interface e é possível que se verifiquem erros de formatação. Mas o «à» a mais na entrevista de Soares é um erro meu. Conto sempre com a atenção e indulgência dos leitores - agradeço ao Paulo Lopes mais uma.

16 comentários:

  1. Uma vergonha! Com que então "Soares é fixe"?

    Tenham vergonha "meninos", tenham vergonha vergonha!

    Napoleão

    ResponderEliminar
  2. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderEliminar
  3. El 38,2% de los europeos sufre algún trastorno mental

    http://www.elmundo.es/elmundosalud/2011/09/05/neurociencia/1315232878.html

    Encontrei a explicação para o grito "Soares é fixe"

    Napoleão

    ResponderEliminar
  4. Entre os Pintos e os Coelhos venha o Diabo ou a Máfia e escolha.O velho Padrinho limitou-se a revelar qual é a verdadeira natureza do PSD actual.A mesma do PS de Sócrates.Ambos casos de polícia.Ambos dominados pela mesma organização "discreta" com certificado P-2.

    ResponderEliminar
  5. O Velho padrinho foi a Castelo de Vide garantir o financiamento com dinheiros públicos da sua Fundação Privada.

    Os laranjinhas enganaram-se na palavra, deveriam ter gritado Soares é Faxe, pois há uma Melancia que vive a 200 m do hotel e poderia ter ouvido

    ResponderEliminar
  6. Eu nunca compreendi como é que uma besta destas continua a ser fixe, depois dum "Acordo de Luzaka"... e, fora esse um não propositado erro, como não pesar todo o embuste que esta sinistra personagem é?!... e tanto mal que a Portugal tem causado.
    É preciso ser-se muito tanso e "sereno"... só mesmo de "tugas"!

    ResponderEliminar
  7. Estamos decadentes como nação. Soares é um dos maiores responsáveis por essa decadência. Soares ainda acabará num qualquer exílio, se durar mais uma dezena de anos.

    Soares percebeu em 1975, que Portugal estava no fim, logo após o fim do Império, que ele apressadamente quis acabar. Muito idealismo, misturado com revanche e com muitos dinheiros internacionais à mistura.

    Teve como comparsa de negócios, o Santos, o execrável advogado de Lourenço Marques, que preparou grande parte da venda do poder português em África, sem contrapartida futura, como fizeram os britânicos e os franceses.

    Quando teve que acolher o FMI, que se seguiu às negociatas com o amigo Americano, Carlluci, percebeu que tinha criado um monstro sem espaço de sobrevivência, chamado Tugolândia. Daí, lançou-se na saga da venda à Europa.

    Lançou o slogan, "a Europa está connosco".

    É de facto o grande Padrasto do Portugal Falhado e em fim de linha.

    A Independência já só é formal. Nos próximos anos, provavelmente até a formalidade deixará de o ser. Soares é o Pai Tirano.

    Soares é lixo, meninos Jotas, candidatos a futuros Boys.

    Vão trabalhar, laranjinhas.

    ResponderEliminar
  8. No fundo, Mário Soares é o federador e o politico mais representativo do espaço ideológico do PSD.

    Tanto assim é que muitos militantes do PSD apoiaram a sua 1ª candidatura a PR, e na segunda teve o apoio oficial do PSD, sendo 1º Ministro, Cavaco Silva.

    Afinal, qual é a novidade?

    Soares é fixe!

    E os jotinhas laranjas são bué de fixe!

    ResponderEliminar
  9. Enganou a miudagem.

    Eu tinha um amigo que lhe chamava "O Pai da porra da pátria"

    ResponderEliminar
  10. Fora o irmão que morreu na miséria!

    ResponderEliminar
  11. Não é mentira, não me pode acionar!!!

    ResponderEliminar
  12. O Anónimo das 23:44 é fixe: se alguém tiver dúvidas dê um saltinho até lá e volte a ler o que ele escreveu: Soares o federador.

    ResponderEliminar
  13. Soares foi o 1º coveiro de Portugal. Daí para cá todos lhe seguiram os passos. Portugal antes do 25 de Abril de 1974 tinha realmente muito dinheiro para aguentar esta marmelada até agora

    ResponderEliminar
  14. Relvas ja chegou no fim a este dourado tacho mas ainda vai ver se arranja alguma coisita

    ResponderEliminar
  15. O Relvas é um Dias Loureiro em construção...

    ResponderEliminar
  16. O Soares não presta, nunca prestou.
    Aliás, pertence à mesma cepa maçónica do Relvas, que está a empurrar Passos para o abismo.
    Enquanto isto não for entendido, pobre Portugal...

    ResponderEliminar

Os comentários são da exclusiva responsabilidade dos seus autores. Serão eliminados os comentários injuriosos detetados ou que me sejam comunicados.