quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Armando Vara: «Joy venture (...) entre justiça e comunicação social»

(Actualizado)



Ouvi, cerca das 14 horas de hoje, 9-2-2011, no jornal da SIC, o socialista Dr. Armando Vara à entrada do Tribunal Central de Investigação Criminal de Lisboa (TCIC) - ver video abaixo -, onde iria ser ouvido pelo juiz Carlos Alexandre no âmbito do processo Face Ocultaqueixou-se de uma «espécie de joy venture (...) entre justiça e comunicação social» num Estado de direito. Armando Vara queria dizer «joint venture» (empreendimento conjunto»), mas o que conseguiu pronunciar foi «joy venture» - à vista desta exuberância no Inglês, as reuniões de negócios do banqueiro com gestores  e executivos financeiros devem ser curtidas...

O Dr. Armando Vara tirou o curso de Relações Internacionais no mesmo sítio (Universidade Independente), onde o seu amigo José Sócrates obteve o seu de Engenharia Civil - a biografia de Armando Vara na Wikipédia está incompleta no curriculum académico que, todavia, é recheado com uma desconhecida frequência do curso de Filosofia (!) na Universidade Nova... Não sei se do Estado de direito, Vara não terá o mesmo, público e mais notório, entendimento  do seu amigo. Nem sei se, na Universidade Independente, a sua prestação académica na língua inglesa foi similiar ao do seu amigo José Sócrates em Inglês Técnico, mas é provável que a sua preparação na língua inglesa tenha sido semelhante ao desembaraço actual em Inglês de um e de outro.

Vara e Sócrates já tinham sido colegas em Direito, na Universidade Lusíada - Sócrates esteve lá inscrito entre 1987 e 1993, mas não terá realizado qualquer cadeira (ver o meu livro Dossiê Sócrates, 2.ª edição, 2009, p. 186). Um colega de Vara na Lusíada contou-me que  assistiu aí, em Junho/Julho de 1990, a uma sua oral de Ciência Política e Direito Constitucional perante o assistente... Dr. Jorge Lacão, na qual se recorda que o docente, e colega socialista, levava as mãos à cabeça por o deputado (nessa altura) Armando Vara nem sequer saber a diferença entre «proposta de lei» e «projecto de lei»!... Vara terá passado no exame com 10 valores e a indignação de quem assistiu à sua oral.

O aborrecimento de Armando Vara é sobre alegadas fugas de informação da acusação para os media e sobre a alegada dificuldade da defesa o fazer. Não é o que se tem visto, se contarmos o número de inserções de notícias da defesa, e a cobertura noticiosa garantida, e o número e intensidade dos ataques aos sóbrios magistrados detentores dos processos críticos. A situação é diferente dos EUA, onde a esgrima verbal dos intervenientes é mais equilibrada e os magistrados não estão sujeitos à reserva incapacitante e às insinuações da defesa.



Em Portugal, a relação entre magistrados e os media não é um «empreendimento alegre» (joy), nem sequer «conjunto» (joint), mas um drama e solitário: juízes e procuradores isentos são fustigados na praça pública sistemicamente pelas ofensas de advogados de defesa de arguidos e suspeitos entalados, escapando do pó dos processos, em fase pública, apenas um ou outro trecho mais ou menos inócuo.


Pós-Texto 1 (19:47 de 9-2-2011): A «fantochada» de Armando Vara
Apesar da dificuldade de se defender de que se queixou, à saída da audiência, Armando Vara terá dito, segundo a SIC, que «a acusação "é absurda, para não dizer uma fantochada", e que não é digna de um Estado de Direito». Chamar «fantochada» à acusação - e nessa linha o procurador autor da acusação - é que é ser digno do Estado de direito... Noutro sistema, talvez tivesse de ser mais respeitador dos tribunais...


Pós-Texto 2 (22:18 de 9-2-2011): «Questões de ordem técnica»
Também merece relevo a notícia do Público, de 9-2-2011, «TMN justifica destruição de registos telefónicos do Face Oculta com questões de ordem técnica». Diz a notícia:
«A TMN justifica a destruição de parte dos dados de tráfego telefónico de vários arguidos do processo Face Oculta, incluindo Armando Vara (ex-vice-presidente do BCP), Rui Pedro Soares (ex-administrador da PT), Mário Lino (ex-ministro das Obras Públicas) e de Paulo Penedos (ex-assessor da PT), com razões de ordem técnica. (...)
Em 11 de Janeiro de 2010 o juiz pediu informação relativa ao período entre 27 de Janeiro de 2009 e 30 de Novembro de 2009. A TMN, contrariamente a outras operadoras, só enviou os dados a partir de Agosto. (...)
Tal significaria que em Janeiro de 2010, quando a informação foi pedida pelo juiz, a TMN ainda teria os dados relativos a Julho. Contudo eles não chegaram ao processo. Isto, diz a TMN, devido ao atraso no tratamento do pedido, que a empresa apenas respondeu a 17 de Maio, quatro meses após o primeiro pedido ter sido feito.»

Não é necessário acrescentar qualquer comentário. Resulta da minha experiência que, para desmontar o sistema, não há nada melhor do que os factos. Crus. Duros. Insofismáveis.


Actualização: este poste foi actualizado às 19:47 e 22:18 de 9-2-2011.


Limitação de responsabilidade (disclaimer): Armando António Martins Vara, arguido no processo Face Oculta, acusado de três crimes de tráfico de influências, goza do direito constitucional à presunção de inocência até ao trânsito em julgado de eventual sentença condenatória.

9 comentários:

  1. A seguir, para cúmulo do ridículo, acrescentou qualquer coisa como: se não sabem o que é (a joy venture), eu explico...Pois...os burros somos nós! Pouco depois, o amiguinho Sócrates tratava um jornalista por "você" como é, aliás seu mal-educado hábito. Que belo par de burgessos!

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  2. Isabel

    Ele explicou aos jornalistas que «joy venture» (sic) significava «parceria», não se dando conta, na ignorância, de que explicava uma coisa básica a quem provavelmente dominava melhor o inglês do que ele.

    O que fez é um daqueles erros que identifica a capacidade do indivíduo. Permite perceber que é a indivíduos deste teor de instrução e de intelecto, que detém o poder real do País.

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  3. De: Silvino Potêncio

    Francamente Amigos Comentaristas (ou será Comendadores?...) a rapaziada que anda por aí aos "Xutos e Pontapés" sacou bem a jogada!
    Isto foi um dicurso porreiro páhhh... (na giria diriamos até foi very well à brava...)
    Quando se está na berlinda é preciso "en joy the moment" e show sempre um smaile p'ro Ti Juiz Meretrizimo, carago!
    - inté parece que voismecê num aprendeu nada, mê ermãon!... eu hein?...
    Ai!... ólarilólela... cumeste num ái ninhum!

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  4. E a taxa de juro das obrigações do tesouro a 10 anos, já vai nos 7,36%.

    Lembram-se do Teixeirinha ter falado no limite máximo de 7,0%?

    http://www.bloomberg.com/apps/quote?ticker=GSPT10YR:IND

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  5. Já agora,contou-me, em tempos, alguém de confiança que o turboprofessor de Sócrates não sabia o que "poderia significar stainless steel" e manifestou publicamente essa ignorância.Na altura,pensei que estavam a brincar comigo, mas, dada a evidente ignorância desta gente, deduzi que ele até conhecesse a palavra "steel" (afinal, julgo que se trata de um Professor Engenheiro), ignorando, todavia, o significado de "stainless", que já será palavra demasiado erudita.

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  6. Vivi quase toda a minha vida profissional fora de Portugal, Director / gestor de uma empresa multinacional americana. Saber comunicar e expressar-se correctamente em inglés era um must para qualquer gestor ao nivel em que eu estava. É inconcebivel, como é que um individuo como este Armando Vara tenha sido administrador de um banco privado em Portugal, utilizando um diálogo tao pobre e uma ignorancia tao grande em coisas tao basicas como a palavra " joint venture ", uma figura do diccionário empresarial tao corrente. Joy venture ...disse ele..que gente tao ridicula e se me permitem "" labrega ""

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  7. Circulou em tempos na internet uma carta assinada pelo suposto Dr Armando Vara, onde o mesmo escrevia DISPENÇA com "Ç", em vez de escrever DISPENSA
    Essa carta acho que era dirigida ao Presidente do BCP.

    Luis de Lisboa

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  8. EXISTE MESMO UMA JOY VENTURE,SEUS IGNORANTES.A JOY VENTURE VARA-SÓCRATES DOS PINDÉRICOS DA PILHAGEM À GRANDE E EM INGLÊS TÉCNICO.

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  9. Bem estaríamos nós se a questão se limitasse à pronuncia de " joint venture "! O problema é que a formula não se esgota na dupla Vara/Sócrates. Temos, também, Passos Coelho/ Ângelo Correia, Noronha do Nascimento/Pinto Monteiro e, ainda, Cavaco Silva/Dias Loureiro. Quem aposta um tostão furado em qualquer uma dessas "joy venture"?

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