quinta-feira, 12 de novembro de 2020

A trampa e o mau cheiro



A vitória de Joe Biden (Joseph Robinette Biden Jr.), do Partido Democrata, na eleição presidencial dos EUA de 3 de novembro de 2020, implica uma mudança nas relações internacionais para além da política interna. Os resultados estão a ser objeto de reclamação em diversos estados, principalmente por causa do voto por correspondência que aumentou muito por causa do receio da doença da Covid-19, mas os casos apurados de fraude ocasional e desvio de votos não parecem alterar a vitória em cada estado e na federação. Porém, é provável que o Senado continue com maioria de republicanos, os quais podem obstaculizar as políticas 'liberais' (palavra que significa "esquerda" na América do Norte). Ao passo que a Câmara dos Representantes se manterá com maioria do partido Democrata, ainda que mais reduzida.

Joe Biden parece afetado por um declínio cognitivo evidente e que o debilitará ainda mais por motivo da idade (Biden fará 78 anos em 20 de novembro de 2020) e da exigência da função. A vicepresidente Kamala Harris, de pendor radical de esquerda, ainda que pragmática sobre o poder, tenderá a assumir um papel político crescente até à sucessão formal. Além disso, apesar da reabertura económica e social pós-Covid-19, a pressão dos políticos e meios de comunicação da esquerda romântica poderá fazer de Biden um Kerenski americano, avassalado pela revolução marxista politicamente correta e sujeito à represália republicana de inquéritos no Senado e investigações judiciais aos negócios que a família do vicepresidente fez na Ucrânia e na China. 

Além do escândalo do Obamagate, na qual Biden também terá estado envolvido. Já agora, atente-se ao desaparecido agente maltês da CIA, Joseph Mifsud, cujo passaporte foi encontrado no aeroporto da Madeira em 5 de Agosto de 2017, e que terá sido encarregado pela agência de espionagem norte-americana para plantar informação, em 2016, num jovem e inexperiente assessor da campanha de Trump, George Papadopoulos (cf. Deep State target, 2019) de que os russos queriam ajudar o candidato republicano, sendo a informação recolhida depois por um embaixador da Austrália na Grã-Bretanha, amigo de Bill e Hillary Clinton, Alexander Downer, a quem Papadopoulos confessou essa promessa de apoio numa noite de copos num bar, passada pelo diploma australiano à CIA - e daí se abriu a investigação a Trump que degenerou no falido impeachment. Porém, à distância, a espionagem de Obama/Clinton resultou porque enfraqueceu Trump com o processo de impeachment e prejudicou a sua reeleição.


Transformação da política interna dos EUA

A transformação da política interna dos EUA tem, em minha opinião, três vetores principais: acesso à nacionalidade dos imigrantes ilegais; políticas de esquerda nos costumes; e políticas socialistas na economia. 

Nos EUA, os imigrantes ilegais seriam cerca de 10,5 milhões no ano de 2017, segundo uma avaliação modesta do Pew Research Center (20-8-2020) face a uma população residente de 331 milhões. A imigração da América Central e da Ásia tenderá a aumentar num ritmo mais acelerado. A batalha eleitoral era também uma batalha pela alma da América, não do propagado caráter, mas outra: a defesa xenófoba de uma América maioritariamente branca face ao melting pot de origens várias e o medo de colonização inversa pelos mexicanos e do aumento da criminalidade. Essa América perdeu. 

As políticas de esquerda nos costumes vão ser promovidas, em obediência à mediática pressão do totalitarismo do politicamente correto: defesa do aborto livre e gratuito até ao nascimento (partial birth-abortion), liberalização de drogas, casamento homossexual, adoção de crianças por casais homossexuais, barrigas de aluguer, redução do financiamento das polícias e abrandamento no combate à criminalidade, consentimento dos monopólios tecnológicos de comunicação e computadores (Google, Facebook, Twitter, Apple) e censura do discurso dos cidadãos, nomeadamente  nas redes sociais.

As políticas socialistas na economia, que a esquerda deseja, excede a saúde e ensino superior tendencialmente gratuito nas escolas privadas (com subvenção das propinas) - que são consensuais na Europa -, mas agravamento fiscal sobre as famílias e as empresas, agravamento das taxas sobre as empresas industriais e agrícolas num Green New Deal de custo astronómico e marginalmente inconsequente, e aumento da subsidio-dependência que prolonga a pobreza em vez de promover o trabalho.


Mudança nas relações internacionais

A mudança nas relações internacionais consistirá num corte com o isolacionismo do presidente Donald Trump, uma recuperação do multilateralismo, na desmontagem do protecionismo comercial, no abandono do projeto do muro na fronteira com o México, no endurecimento retórico da política externa face à Rússia, no apaziguamento com a China, e em maior envolvimento bélico nos conflitos do Médio Oriente (Síria, Líbia, Iémen).

A política norte-americana oscila entre o isolacionismo e o intervencionismo externo. Os republicanos tendem a ser mais isolacionistas do que os democratas, mas nem sempre é assim, pois, por exemplo, os presidentes Bush, pai e filho, eram globalistas. Trump foi um isolacionista que queria recolher as tropas e evitar começar ou continuar guerras, enquanto cedia posições aos russos, não só no Médio Oriente, como no cordão sanitário envolvente (Crimeia, Ucrânia, etc.) e procurava travar o expansionismo chinês.

A recuperação do multilateralismo significa um maior consenso com aliados e opositores nas organizações internacionais, o regresso ao Acordo de Paris sobre o clima (com aceitação de taxas desiguais sobre a indústria norte-americana, face à China, e transferência de dinheiro para países pobres em África) e à Organização Mundial de Saúde, ao mesmo tempo que alivia os países europeus de despesas militares no quadro da Nato (Trump exigia o cumprimento pelos países da organização do objetivo de 2% do PIB em gasto com a defesa).

A desmontagem do protecionismo comercial que Joe Biden fará, desde logo por chantagem do estado chinês por causa do financiamento de 1,5 mil milhões do Banco da China, na empresa onde o filho Hunter tem 10% de quota uma visita de Estado do pai ao país cujo dossiê lhe estava atribuído pelo presidente Obama, e por pressão dos financiadores (Bloomberg e monopólios tecnológicos). O défice comercial que continuou a aumentar com Trump - apesar do reerguer de barreiras alfandegárias e de perseguição das tecnológicas chinesas (Huawei e a guerra pelas redes de 5G) com pressão sobre países aliados -, e agravar-se-á com Biden. Os países europeus, com a Alemanha em maior grau, poderão esperar um desagravamento aduaneiro.

O endurecimento da política face à Rússia será pouco mais do que retórico e formal. Não se espera que o presidente Biden envolva os EUA nas guerras de fronteira da Rússia.

O apaziguamento com a China não será apenas no comércio, com a celebração de um acordo que reduza impostos alfandegários e restrições quantitativas e de acesso a tecnologia, mas também no alívio da contenção do imperalismo chinês sobre Taiwan e Mar do Sul da China, Ásia e África.

O envolvimento bélico nos conflitos do Médio Oriente regressará, por exigência interna de aliados islâmicos e da CIA, com especial evidência na Síria, na Líbia e no Iémen.

A América livra-se da trampa de Trump, do seu ostensivo desprezo pela verdade, do seu divisionismo político e da sua oratória conflituosa. Make America Great Again era mais um lamento do que uma política possível: o aburguesamento norte-americano tende a ser suplantado pelo trabalho intenso dos chineses. A nova rota chinesa da seda (Belt and Road) expressa um imperialismo da nova superpotência dominante. A esquerda mediática rejubila e os cidadãos crentes nas notícias censuradas, filtradas e enviesadas, acreditam num mundo cor-de-rosa onde vai nascer o homem novo prometido pelo marxismo, vitorioso da nova luta de classes racial e sexual. Um mau cheiro exala do pântano. Apenas mais uma ilusão.

8 comentários:

  1. Claro António,

    Tem uma capacidade para análises muito boa. Desta vez, contudo, não se deixe enrolar nem substime o poder das elites:

    https://www.theepochtimes.com/election-data-team-to-call-1-25-million-voters-over-anomalies-in-6-contested-states_3578114.html?utm_source=newsnoe&utm_medium=email&utm_campaign=breaking-2020-11-13-5

    Este jornal é um dos mais sérios, bem entendido que anti-socialista também, que pode encontrar nos EUA. O resto da maioria da comunicação social trabalha para os patrões do Sr Biden.

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  2. PS: como sugestão: para quando uma análise sua da carta e/ou conferência do Arcebisbo Dom Viganò sobre a Nova Ordem Mundial?

    https://www.youtube.com/watch?v=jxQqIhP1djo

    Um abraço,

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  3. Gostei do seu artigo, e também do blog, uma saudação

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  4. Gostei muito do seu artigo e do seu blog em geral, obrigado

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  5. Caro autor, V. Exa deve rever este artigo, cheio de mentiras e falsidades.

    É certo, que as eleições foram falsificadas, em detrimento de Trump. Não há dúvida nenhuma.

    Este seu artigo foi prematuro e mal fundamentado, porque a vigarice foi anunciada, faz muito tempo. Aoinda em Outubro de 2020, o próprio criminoso e incompetente Biden, anunciou no seu Twitter, que estabeleceram o maior sistema de vigarice eleitoral, na história recente dos EUA.

    Citação: "Biden (25 Oktober 2020) “We have put together the most extensive and inclusive voter fraud organisation in the history of American politics”.

    Basta reler o devido jornalismo professional norte-americano e não consultar o jornalismo mentiroso de toda a esquerda.

    Obrigado!

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  6. Eu vivo fora de Portugal e estou muito agradecido por isso, apesar de amar a minha pátria e não voltar as costa a ela e um dia querer voltar, pagando qualquer preço necessário e alto.

    Eu aprendi, que os jornais portugueses não valem um corno, para assim dizer. E este blogue é da maior importância, e com certeza odiado pelos idiotas no poder.

    Existem muito poucas pessoas corajosas em Portugal. Isto tem as suas razões.

    Nos EUA houve mais uma cabala, uma intriga, do pior que se pode imaginar. Contra Trump.

    Para os amantes da verdade, que contina a ser o único fundamento de toda a ciência, que muitos dizem gostar, isto é um processo inaceitável.

    As eleições lá terão grande repercussões também em Portugal. Lisboa por exemplo, e o Porto também, querem ser líderes nas tecnologias completamente estúpidas, chamadas "verdes".

    Tudo isso só funciona com subvenções, com o nosso dinheiro, que vai faltar noutros cantos. Estão a enriquecer uma canalha que já é mito rica, em nosso detrimento.

    Quem desejar informar-se sobre a intriga que leia americanthinker.com por exemplo.

    Porque uma coisa contina certo. Toda a esquerda portuguesa pensa, que v. sois idiotas, não dignos de saber a verdade. É por isso, que eles vos mentem, desde 1974 o mais tardar. O resto é conhecido.

    É sabido que foi a fundação do criminoso Soros que vendeu os computadores a muitos estados nos EUA. Máquinas cuja intenção só é, pode ser, assegurar a vitória sempre para os mesmos. Para a esquerda ladrona e racista. Sim, toda a esquerda é racista. O principal alvo, é o cristão. O ódio da esquerda contra os valores augustos cirstãos é o máximo. Foi sempre assim. Por isso, foi um grande erro, permitir todos esses partidos, nesto nosso país. Só trouxe miséria e desgraça e injustiça para muitos.

    Por isso, informem-se sem qualquer medo, até ser possivel. Porque muitos vão ficar surpreendidos com a verdadeira cara desse falso Biden, que adora Göbbels.

    Fonte: https://www.americanthinker.com/blog/2020/12/why_sidney_powell_gets_the_galileo_treatment.html

    Muito obrigado pela vossa preciosa atenção

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  7. Assinalam-se hoje 18 anos após a invasão do Iraque pelas forças Americanas e Inglesas. Uma invasão absolutamente sem pretexto credível, que se tornou o maior crime do século XXI. Esta invasão traduziu-se simplesmente na morte de centenas de milhares de pessoas, num país onde a sociedade civil havia já sido devastada pelas sanções anglo-americanas. A invasão provocou também milhões de refugiados, destruiu grande parte do país e instigou um real conflito, que gradualmente tem vindo a destruturar e a desmoronar o Iraque e toda a região. Como se não bastasse, está ainda hoje presente, na nossa cultura moral e intelectual, um círculo de iluminados, que declara este evento completamente atroz e genocida, como “A libertação do Iraque”. Estes pretextos de “estabilização” têm, portanto, obviamente contornos paradoxais, à semelhança do que tem sido a história dos EUA, no que toca a intervenções geopolíticas. Quando, no caso do Iraque, a invasão pelos Estados Unidos deixa um país completamente arrasado com centenas de milhares de mortos e refugiados, acompanhados de tortura bárbara e destruição, e o país se torna num dos mais infelizes do mundo, despoletando conflitos internos na região, e fomentando a organização de grupos extremistas, isso sim, é chamada “Estabilização”.

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