sexta-feira, 13 de dezembro de 2019

Óctopedes




Notícias do Brasil relativas à 69.ª etapa da operação Lava Jato devem gerar novo inquérito sobre José Sócrates, agora sobre a sua intervenção no negócio da Oi com a Portugal Telecom (PT). Veja-se esta notícia d'O Antagonista, de 10 de dezembro de 2019.
«Como conselheiro da Anatel, Zunga promoveu até reuniões de Lulinha com José Sócrates
Brasil 10.12.19 13:49
Por Claudio Dantas
Na investigação da Operação Mapa da Mina, o MPF destaca o papel de José Lucimar Zunga Alves, o Zunga, amigo que Lula que trocou o cargo de gerente da Brasil Telecom pelo Conselho Consultivo da Anatel.
Segundo o MPF, Zunga mantinha “relação próxima” com Lulinha, Kalil Bittar e Jonas Suassuna, “e, ao mesmo tempo em que exercia função de conselheiro da Anatel, agia em prol de interesses comerciais da Gamecorp”.
Três meses depois de assumir o posto na Anatel, Zunga viajou a Portugal com Lulinha, Kalil e Jonas. Lá, mantiveram encontros com Henrique Granadeiro da Portugal Telecom e o então primeiro-ministro português, José Sócrates.
Num email de 7 de junho de 2008, Zunga agradece a recepção, encaminha fotos das reuniões e deixa claro que defendia os interesses da Gamecorp, numa “tentativa de buscar parcerias futuras para o Grupo”».
E ainda as seguintes reportagens:
  1. «Cronologia do esquema de Lulinha com a Oi», n'O Antagonista, de 10-12-2019. 
  2. «Como funcionava o suposto esquema de corrupção entre as empresas de Lulinha e a Oi», na Gazeta do Povo, de 10-12-2019.
  3. «Entenda o elo das empresas de Lulinha, Oi e o sítio de Atibaia», segundo a Lava Jato, no Estado de São Paulo, de 10-12-2019.
  4. «Procurador: “maior ativo” da Gamecorp para Oi/Telemar era Lulinha», no Metrópoles/Estado de São Paulo, de 10-12-2019.
  5. «Entenda operação da PF que liga a Oi a filho de Lula e o sítio de AtibaiaFolha de São Paulo», na Folha de São Paulo, de 11-12-2019.
Com efeito, alegadamente, não houve apenas comissões pagas no negócio de venda da parte da PT na Vivo à Telefónica, mas também de comissões no negócio da Oi com a PT.

Note-se que foi neste blogue que chamámos à atenção, em devido tempo, e insistimos, sobre o saldo de 350 milhões de euros, entre a proposta de compra da quota da PT na Vivo (30% da empresa) pela Telefónica em 25 de junho de 2010, por 7,15 mil milhões de euros, vetada em 25 de junho de 2010 pelo primeiro-ministro José Sócrates, através das 500 ações douradas (golden share) do Estado na empresa, com o argumento de que essa quota da PT na Vivo pertencia aos "interesses estratégicos do País" e o seu consentimento, pelo mesmo Sócrates, agora pelo valor de 7,5 mil milhões de euros, em 28 de julho de 2010, trinta e três dias depois... 

O segundo negócio, concluído em outubro de 2013, foi apresentado ao contrário em Portugal, como se fosse uma compra pela PT de uma participação de 22,38% na Oi, quando, na verdade, conforme noticiou o avisado Financial Times nessa altura, se tratou da venda da PT à brasileira Oi... Na nova empresa CorpCo, que resultou da fusão, a PT ficou limitada a apenas 7,5% dos votos... Portanto, é necessário também investigar a alegada intervenção de José Sócrates no negócio da Oi, com Lula e o seu filho mais velho, Lulinha (Fábio Luís Lula da Silva). Depois, na sequência da queda do Grupo Espírito Santo e das notícias do endividamento da PT, o fundo de investimento Altice comprou a PT à Oi, por 7,4 mil milhões de euros.


* Imagem picada daqui.


Limitação de responsabilidade (disclaimer): José Sócrates Carvalho Pinto der Sousa e outras entidades referidas nas notícias do média, que comento, não são, que eu saiba, suspeitos da prática de quaisquer ilegalidades ou irregularidades no negócio de fusão da Oi com a PT. E, mesmo quando na situação de arguidos, como é o caso de alegada comissões recebidas na venda da participação da Portugal Telecom (PT) na brasileira Vivo, gozam do direito constitucional à presunção de inocência até ao trânsito em julgado de eventual sentença condenatória.

1 comentário:

  1. Falemos de um país imaginário. A directora de informação do único canal público é prima direita do Primeiro-Ministro e o director de informação do maior canal privado é irmão do Primeiro-Ministro. Acredita na liberdade de imprensa nesse país imaginário?

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