quinta-feira, 23 de agosto de 2018

A infiltração da Maçonaria nas organizações de caridade da Igreja




A rápida penetração e domínio da Maçonaria sobre Portugal, inclusivé no interior, com aceleração nos últimos anos, tem beneficiado da negligência episcopal e paroquial sobre a irreconciabilidade da pertença a esta organização - qualquer que seja a obediência ou loja - com a fé cristã (Declaração da Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé, de 10-3-1985). Esta Declaração, que expressa a posição da Igreja, é clara:

«a inscrição nas associações maçónicas “está proibida pela Igreja” e os fiéis que nelas se inscreverem “estão em estado de pecado grave e não podem aproximar-se da Sagrada Comunhão”».

A irreconciabilidade absoluta da Maçonaria com a fé cristã fundamenta-se no seu caráter antidogmático, relativista, gnosticista, panteísta e deísta, e na discriminação desumana entre os irmãos e os profanos. Muito mais do que a simbologia esotérica. E a «dúplice modalidade» de serviço de Deus e do diabo, de defender a Pátria ou a organização, obedecer à função ou à loja Além do GADU e dos princípios, o móbil da adesão e pertença à organização é a prática do tráfico de influências, da corrupção, e do controlo do acesso e da imunidade. Os filhos de Hiram Abiff colhem as patacas da árvore, enquanto os profanos andam à maçã do chão...

Ainda mais urgente de atender é a infiltração de maçons das instituições de caridade ligadas à Igreja, para além das aqui já referidas na Universidade Católica Portuguesa e na Rádio Renascença e da promiscuidade da participação de bispos em ágapes maçónicos. Esta inserção, com maior acuidade nas canónicas santas casas da misericórdia, não ocorre pela obrigação de solidariedade social, mas da conspícua atração pelo seu rendimento e vasto património, com o propósito do uso, fruição e disposição pelos diletos filhos da viúva, em detrimento dos simples mortais órfãos do poder. É muito mais apetecível e fácil tomar uma casa já feita e dirigida por septuagenários do que erguer um tempo de solidariedade com esforço e recursos de gente interesseira. E a sua antiga natureza de «santa», designação que eliminam logo que podem, confere adicionalmente um atestado de respeitabilidade muito útil no chiqueiro da política atual.

O controlo de uma santa casa da misericórdia, ou outra instituição de caridade ligada a à Igreja, não é certamente apresentado em pranchas e decidido, dentro da loja, ou do triângulo, mas nos seus passos perdidos - os nossos, que nos afadigamos na vida comum. O processo não consiste num mítico master plan centralizado, habitualmente mencionado nas teorias da conspiração, mas vulgar: o maçon A fala com o B e o C, agregam um conjunto de profanos ingénuos - que desconhecem a condição secreta dos promotores -, e constituem uma lista para a tomada de uma misericórdia. Se o «ordinário diocesano» se abstiver de verificar as listas de candidatos, como tem dever canónico de fazer, e as homologar de cruz, segue a rusga de apanhar papalvos para votar. Conquistada a instituição com a máquina eleitoral jótica, logo cooptam outros maçons, filiam a clientela política e montam o comércio de contratos, repartição de tachos e troca de negócios e favores. Santa Casa? Só se for dos anjinhos comidos por parvos, perante a vista grossa de lentes eclesiásticas baças, felizes na ignorância do «don't ask, don't tell»...

Ora, chega! É hora de exigir um compromisso inequívoco de honra aos membros dos órgãos dirigentes das instituições católicas de caridade e de outras atividades, de não filiação na Maçonaria. Mesmo que a negação pelo maçon faça parte da conduta ritual, o compromisso tem efeito dissuasor.

A descristianização em curso radica na falta de coragem. A abstenção não tem justificação.


* «Câmara de reflexão» para o ritual de iniciação na Maçonaria.

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