quarta-feira, 2 de março de 2011

O pedido de socorro financeiro e a preparação de novo plano de austeridade

A contenção da taxa de juro das obrigações do tesouro nacional nos últimos dias sugere que José Sócrates terá dito a Angela Merkel, na sexta-feira, 25-2-2011, que estava disposto a solicitar o socorro financeiro da União Europeia e, em troca, pedido o apoio político da chanceler alemã para que o Banco Central Europeu (BCE) lhe continuasse a travar a subida da taxa de juro até às cimeiras europeias de Março e fosse alcançado um esquema menos embaraçante para si de ajuda financeira ao Estado português.

O trabalho diplomático, directo e com o apoio de outros países, junto das agências de notação financeira parece ter conseguido a suspensão da avaliação negativa até às cimeiras europeias - veja-se a manutenção, hoje, do rating «A-» do Estado português pela Standard and Poor's (veja-se, para comparação, a notícia da Bloomberg), avisando a agência que pode descer a nota na próxima revisão até dois níveis. O Governo parecia estar previamente avisado disso, daí nova emissão de dívida, através de bilhetes de tesouro de curto-prazo, beneficiando da previsível descida ligeira da taxa de juro nos mercados financeiros.

Por coincidência prevista, neste 2 de Março de 2011, José Sócrates vai à reunião com Angela Merkel, para o qual esta o terá convocado no dia 25-2 (com Zapatero, Merkel foi a Madrid, a Sócrates chama-o a Berlim...) , acompanhados por Teixeira dos Santos e Wolfgang Schäuble, o que significa que o encontro se destina a preparar o plano de socorro financeiro ao Estado português, a modalidade, o montante e as condições do empréstimo e a supervisão da sua execução, bem como a contrapartida de novo plano de austeridade e de reformas económicas gravosas para o bem-estar do povo.  O Governo informa que o secretário de Estado dos Assuntos Europeus, Pedro Lourtie, também vai porque é preciso dar a ideia de que José Sócrates, líder de um Estado com 2,14% da população da União Europeia, com 27 países (e cerca de 2,5% do capital do BCE, subscrito pelos dezassete países da Zona Euro), com a dívida que tem e carente como está, pudesse impor à Alemanha a alteração do modelo institucional europeu!...

Sócrates procura uma saída que lhe permita receber o grande empréstimo da União Europeia/FMI, sem que pareça que foi ele que o pediu!... Sócrates pretende que o FMI, que contribui com um terço dos 750 mil milhões de euros do Fundo Europeu de Estabilização Financeira, não participe na supervisão da execução orçamental e da utilização do empréstimo, para que os opositores não possam dizer que o «o FMI entrou em Portugal», como se, nestas condições, isso fosse possível e, sendo, fizesse alguma diferença... Isto é, Sócrates quer dar a entender que o Estado português receberá apoio financeiro para pagar juros, salários, pensões, subsídios e aos fornecedores, no quadro de um esquema europeu geral de protecção do euro, de reacção face a eventual nova crise petrolífera, de luta contra a especulação global, de tudo menos a sua incompetência na condução do País. Pouco adianta: o Governo Sócrates não cairá pela vergonha do pedido de socorro financeiro: sucumbirá à reacção popular e à diminuição da preferência dos eleitores, que serão aproveitadas pelas oposições, após o anúncio do próximo pacote de austeridade e de reformas económicas gravosas a que será forçado para aceder ao empréstimo.

Pós-Texto (12:22 de 2-3-2011): Natal é quando Sócrates quiser
Já depois de ter publicado este poste, vi primeira página do CM, de hoje, 2-3-2011, e concluí que está certa a minha conjectura sobre a preparação de novo plano de austeridade em troca do socorro financeiro da União Europeia/FMI.


* Imagem do primeiro-ministro recortada daqui.

7 comentários:

  1. Manuel Rodrigues Vaz2 de março de 2011 às 11:44

    Tanta obsessão cansa. Não tenho muita empatia pelo Sócrates, mas com tanta insistência, arre porra que é demais! Abaixo as pessoas que se acham iluminadas! Estou a caminho de o estar a apoiar directamente. Ainda por cima quem tem um advogado de defesa da estirpe do José Maria Martins, está tudo dito.
    Rodrigues Vaz

    ResponderEliminar
  2. Hoje, Sócrates reuniu com Merkel. Esta, olhando para ele ter-se-á lembrado do seu ex-Ministro da Defesa Karl-Theodor Guttemberg que hoje mesmo pediu a demissão por se ter sabido que uma parte da sua tese de doutoramento tinha sido por ele plagiada. E terá pensado: "Que raio de País é este que mantém como PM um gajo destes que se licenciou a um domingo depois de arremedos de provas enviadas por fax! E tudo foi público, está publicado em livro e desistiu da queixa que apresentou contra o autor desse livro!"

    ResponderEliminar
  3. Sócrates foi a Berlim à habitual reunião das quartas-feiras com a «presidenta» de Portugal.

    E Cavaco?

    Non comment....

    ResponderEliminar
  4. JÁ DESMENTIRAM O NATAL.AGORA TEMOS A CERTEZA QUE É VERDADE.

    ResponderEliminar
  5. A Angela tem eleições Caro Prof. ABC!

    ResponderEliminar
  6. Cavaco tem que tomar conta dos netinhos.

    ResponderEliminar
  7. Desde que não cortem nos 20 motoristas do Sócrates, para mim está tudo bem. Gosto de saber que ele anda bem guiado.

    ResponderEliminar

Os comentários são da exclusiva responsabilidade dos seus autores. Serão eliminados os comentários injuriosos detetados ou que me sejam comunicados.