domingo, 27 de fevereiro de 2011

Golpe e contra-golpe: o sistema e o povo


Sono qua! Estamos cá todos! Sempre.

Vamos lá escrever com as letras todas, que é para isso que elas servem: o sistema quer erradicar o juiz Dr. Carlos Alexandre de presidente do Tribunal Central de Instrução Criminal (TCIC) de Lisboa - veja-se a reportagem de Carlos Enes, na TVI (na véspera, na véspera..., de 24-2-2011, o poste de José Manuel Fernandes no Blasfémias, em 25-2-2011, e o poste poste do José na sua nova Conta na Loja, em 24-2-2011. Quer fazê-lo porque entende que o magistrado se opõe aos desígnios de imunidade e impunidade para as personagens e organizações que o compõem. Conhecendo-o, sabem que não o podem aliciar, fazer ceder, sequer vacilar. Nem o podem derrubar porque cairia, inteiro, com muito estrondo e larga onda de choque.

Noticiaram os media que, debaixo do alto desígnio do novo mapa judiciário do Governo, lá vem um segundo juiz para o TCIC. Rodeia-se a resistência incontornável e espera-se que o juiz reaja à ofensa de alegada e falsa baixa produtividade e de nomeação de alguém para suprir a falsa necessidade, abandonando o seu lugar.

O problema judiciário - e digo-o com as palavras todas, que não as poupo nem encolho - não é do juiz, que cumpre a função que a sociedade, por interposto Estado, lhe confiou, nem é só do Governo, nem dos conselhos judiciários (compostos por representantes dos magistrados e da Assembleia da República), mas também dos partidos da oposição, no qual avulta o PSD.

Aliás, os conselhos judiciários, e as comissões especializadas, não podem ser uma coutada da Maçonaria, uma forja escura de acordos meta-políticos para os quais se convoca a anuência dos representantes da direita. As grandes decisões nesses conselhos não são tomadas sem a concessão desses representantes - de outro modo, votariam vencidos, indignar-se-iam, denunciariam e revoltar-se-iam. Se os partidos da oposição não quiserem que o juiz saia, manifestam-se e o juiz ficará; se estes cederem, por causa de qualquer compromisso de irmandade, o juiz partirá. Neste ambiente de fim de regime, o Governo não tem força para sustentar uma decisão berlusconiana em causa própria, contra o protesto das oposições.

Mas a perseguição ao juiz não acontece apenas nesta tentativa de lhe reduzirem a autonomia e de lhe abrirem a porta de saída, pois também é sugerida a eventualidade do processo disciplinar, se não acatar a interpretação do presidente do Supremo Tribunal de Justiça, juiz Noronha Nascimento - na posição de juiz de instrução - e não mandar destruir imediatamente, sem consultar as partes, as escutas do processo Face Oculta que envolvam o primeiro-ministro. Como o José, na Conta na Loja, conta e o jornalista Carlos Rodrigues Lima documenta, no DN, em 24-2-2011. Não adianta evocar a acção de D. Afonso IV, sugerir processos disciplinares e indemnizações ou usar o escárnio (ver Sol, de 24-2-2011) para lidar com quem apenas se limita a cumprir a lei, não muda de argumento para justificar o incompreensível e rejeita o uso de processos administrativos em tribunal, como a inédita figura jurídica da «extensão procedimental» (sic) ou decisões sumárias sobre escutas-que-não-podem-ser-ouvidas-por-ninguém-inclusivamente-por-aqueles-que-as-ouvem-para-concluir-que-não-podem-ser-ouvidas.

Tudo isto cheira mal e sabe ainda pior, como um vinho azedo, cujo odor não ilude o nariz atento e o seu travo acre não engana o palato avisado. Cheira a vinagre e sabe a rolha. Têm sido demais as batalhas em que se recua, se deixa terreno, se abre mão de posições, em nome de uma oportunidade mítica, na qual a guerra se decidiria de um golpe, instantâneo e perfeito. Esse momento e essa perfeição não existem, pois não há balas de prata que derrubem o adversário com uma contundência infalível. O que há é atrito e erosão, que desgasta a solidez do poder de pés de barro - como temos demonstrado. Há fragor e medo, audácia e cobardia, risco e medo. Se não se tivesse recuado tanto nestes anos de corrupção de Estado, não se tinha de recuar mais: impunha-se, desde logo, respeito e pavor. Em vez da míngua de oposição e a evidência do colaboracionismo e da cumplicidade. A justiça não era uma batalha para perder; era - é! - o teatro de operações mais delicado do poder iníquo, o itinerário que percorre mais vulnerável. Por isso mesmo, e pela moral que deve mandar mais no comportamento dos homens do que conveniências tácticas obscuras, não se pode ceder! Pelo contrário, é tempo do contra-golpe.

Quem combateu nestes anos todos, combateu pela moral, pela justiça, pela liberdade, pela democracia, pelo desenvolvimento, pela humanidade de cada indivíduo ser igual a outro qualquer - grego ou judeu...  Não combateu, nem se esmifra, para substituir uns pelos outros, ambos iguais e os mesmos, cara de uns/focinho de outros, a peste. Portanto, nós, aqui, ali e por aí, combateremos qualquer poder iníquo e exporemos qualquer desvio da rota da recuperação de Portugal. E antes da iniquidade perturbar a revolução que a substituição do poder no País comporta, era bom que o PSD se pusesse a pau com a escrita e não deixasse comer as papas requentadas em cima do miolo cozido, por causa da pressão de uma qualquer fraternidade pseudo-elitista obsoleta e anti-democrática ou pela expectativa de imunidades futuras.


Actualização: este poste foi emendado às 22:20 de 27-2-2011 e 1:21 de 1-3-2011.

8 comentários:

  1. Simplesmente brilhante. Tenho a certeza que a maioria dos juizes deste pobre pais não vacilará perante este poder desavergonhado e iníquo.

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  2. A geração À RASCA pensou que era tirar uma licenciatura de 3 anos e ter um futuro garantido e brilhante? pois não é! As gerações anteriores esforçaram-se, alguns nem acesso à faculdade tiveram, os que estudaram estudaram 5 e mais anos...a geração À RASCA nunca lutou por nada, alheou-se da política como se isso não interessa-se pra nada, que são todos iguais. Muito graças ao seu alheamento é que estamos a gramar com os políticos que temos.Pois é,acordaram agora, chegaram à conclusão que afinal é necessário lutar, é necessário dar algo à sociedade sem ser só receber. Espero que não se fiquem por um 12 de Março. Lutem, esforçem-se! Uma geração que cehga aos estágios com uma arrogênci atroz com os mais velhos, dão erros ortográficos gravíssimos, aprendam a ser mais humildes! Cada geração tem a sua luta!

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  3. Depois de MUBARAK E KADAFHI,
    teremos os jovens sem futuro portugueses, a marcar revoluções pela net, e fazer cair SÓCRATES?

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  4. Atenção, PERIGO IMINENTE!

    Eles querem acabar com a Língua Portuguêsa e os de cá são CONIVENTES!

    http://elosclubedelisboa.blogs.sapo.pt/

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  5. O CASO DO JUIZ CARLOS ALEXANDRE É UM TESTE PARA O NOVO CAVACO.ESPEREMOS QUE NÃO FALHE,QUE A FIRMEZA SUBSTITUA A TIBIEZA.

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  6. Cavaco Silva vai ser o Presidente do fim de Regime. O novel Marcelo Caetano. Irá para o Brasil, ou talvez para Moçambique, para relembrar o serviço militar na Guerra Colonial.

    1) A retirada da regionalização de Sócrates, do menú.
    2) A entrevista do maior mandante do país, Salgado, ao Expresso, dizendo que não quer eleições.
    3) O mais influente advogado do país, Proença, vem dizer que não quer eleições.
    4) As grandes manifs de Março, estão a chegar. E o Prof. Marcelo colocou a fasquia nos 50.000, para a geração à rasca. Virá ainda a da CGTP, com os habituais 150.000.
    5) Os 9 biliões que serão precisos para pagar os salários dos funcionários públicos, só nas próximas semanas.
    6) A debacle que se sente no sector empresarial.
    7) As taxas de juro chegarão aos 8% nas próximas semanas.
    8) A fantochada do encontro Merkel/Sócrates, terá grandes consequências em Abril.

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  7. Sempre gostei de ver esta série. O que nunca me passou pela cabeça é que a realidade viesse a ultrapassar a ficção

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  8. Tranquem as fronteiras, enquanto é tempo, que a ladroagem encartada já está a fazer as malas, para se pôr ao fresco.
    As reservas de voo estão feitas e o dinheirinho, sabiamente gamado, está a bom recato nas offshores.

    Os lorpas dos tugas que se ponham a pau, ou ficam a xuxar no dedo, como é norma!...

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