O paradoxo do totalitarismo do politicamente correto é a aparente suavidade dos meios de coação. Apenas aparente. Porque a polícia do pensamento também é violenta, na medida em que dobra psicologicamente o indivíduo. Trata-se de uma espécie de waterboarding (afogamento simulado) virtual em que o indivíduo arrisca o afogamento social, um ostracismo interno, para além da punição profissional, se contrariar a ideologia única admissível.
A escatologia ambiental é apenas mais uma que procura ingenuamente resolver a falta de fé nas palavras, que não passam. O fim da Terra e do tempo ocorreria por causa dos pecados capitalistas dos homens: a indústria, a agricultura intensiva, o consumo, os fármacos e os químicos, a energia nuclear, os hidrocarbonetos, os plásticos e a exploração de matérias-primas finitas. A manipulação genética, individual e social, faz-se em simultâneo, à adoração panteísta do «ambiente», do qual o homem passa a ser o objeto em vez do sujeito. A morte do homem - que não do animal ou da planta - é, afinal, toda boa, do salto no ventre, ao sono da veia até ao coma do imprestável (o velho, o doente, o deficiente). Uma ideologia absoluta que impõe que tudo é relativo (valores, instituições, relações, fenómenos) e líquido, menos ela mesma. Até a Igreja está a ser atraída por este novo bezerro de ouro a que chamamos Nada (o vazio da descrença).
Um pós-modernismo, ou relativismo, ou politicamente correto - marxismo transmutado de superação de Deus pela descrença, de dissolução do ser, primeiro da sociedade e depois do indivíduo. Dir-se-á que é apenas filosofia. Mas, para quem for atento, verá nesta doutrina totalitária uma consequência prática e tangível: a lei garante o abuso e a sua aplicação garantística protege-o. Como exemplo, veja-se a segurança pública: os militares tornam-se polícias de vigilância, os polícias tornam-se mediadores entre vítimas e criminosos, os criminosos tornam-se vítimas da sociedade, as vítimas tornam-se bombeiros, os bombeiros tornam-se acusados e os acusados políticos de negligência evaporam-se na irresponsabilidade. E quando a tragédia acontece, varre-se o lixo da verdade para debaixo do tapete político que tudo encobre, sejam os incêndios de 14 a 16 outubro de 2017, o furto de armamento em Tancos ou os atentados do Islão belicista. O resultado da irresponsabilidade concorre para a degradação social que, por sua vez, justifica a doutrina totalitária.
O efeito deste delírio ideológico, e da corrupção política associada, é o cansaço do povo e o regresso do autoritarismo, patente nos EUA e Rússia e emergente no Brasil e na Europa. Contudo, as elites mediáticas preferem fechar os olhos ao beco de desordem social e abuso, onde a corrupção nos conduziu. Siga a marcha do relativismo!...
Ótima análise. Agora, a solução?
ResponderEliminarO islão belicista. A fórmula é pleonástica, porquanto o islão é belicista por natureza. Ler o Alcorão e os autores, nunca traduzidos, citados pelo exímio Aldo Sterone, que os conhece por dentro e por fora. O recuo da influência cristiana traz consigo, obrigatoriamente, o ressurgir do islão TAL COMO É. Acresce a isso a natalidade galopante dos países muçulmanos. Por isso, ou cruzar os braços e deixar-nos invadir e massacrar, ou contra-atacar, espiritualmente (não com Bergoglio, claro) e politicamente. Não há outra alternativa.
ResponderEliminarExcelente análise, ainda que sem solução!
ResponderEliminarFracasso, em toda a linha, do individualismo e do liberalismo. O dinheiro, com ou sem valor, não salva ninguém.
ResponderEliminarBrilhante, mas profundo, e notavelmente bem escrito. Parabéns Prof. Caldeira.
ResponderEliminarParabéns! Já tinha saudades de o ler.
ResponderEliminarNotável, de facto, a sua análise. É preciso alertar.
A luta contra o relativismo era um dos "cavalos de batalha" do papa Bento XVI. Pena ter-se demitido. Mas há quem afirma que foi forçado a isso — até com a interrupção, na última semana do seu pontificado, das operações do IOR (o banco vaticano) com o sistema mundial (SWIFT), como supremo modo de pressão e chantagem — e que foi por causa disso, dessa violência a que foi submetido, que resolveu afastar-se, nunca abandonando, porém, o Vaticano, nem as suas insígnias papais, e continuando a ser, de certo modo, pontífice legítimo. Mistério tremendo, esse, que será talvez, um dia, dilucidado.
ResponderEliminarO economista dos EUA Richard W. Rahn (setembro de 2007) chamou o Putinismo de "uma forma nacionalista autoritária de governo russo, que finge ser uma democracia de livre mercado", que "deve mais de sua linhagem ao fascismo do que ao comunismo;" [7] observando que o "Putinismo depende da economia russa crescendo rapidamente o suficiente para que mais pessoas tivessem melhor qualidade de vida e, em troca, estivessem dispostas a colocar-se à branda repressão existente ",[33] ele previu que "a prosperidade econômica da Rússia mudou, o Putinismo é provável que se torne mais repressivo."
ResponderEliminarSob a falsa aparência de um papa popular, uma característica exaltada principalmente por aqueles que desconhecem ou abominam tudo o que se relaciona à Igreja, a chapa do Vaticano está fervendo.
ResponderEliminarE a fervura aumentou com a sequência de acontecimentos dos últimos dias. Primeiro, foi revelado que o autor do livro The Ditador Pope é o historiador Henry Sire, inglês de origem francesa com pedigree em Oxford e senso de humor suficiente para comentar: “Como dizem os franceses, l’heure est arrivée”.
Segundo, a Ordem de Malta, uma das mais arcaicas instituições católicas, suspendeu Sire de suas fileiras “aproximadamente cinco segundos depois”, no comentário cáustico de um simpatizante do autor.
O detalhe importante é que a Ordem está sob intervenção do papa Francisco desde 2016, no que foi considerado mais um acinte às alas conservadoras da Igreja (no plural, pois são mais de uma e têm motivações diferentes).
Terceiro, o livro se tornou imediatamente conhecido muito além dos círculos estreitos que envolvem historiadores de Oxford, a Ordem e discussões canônicas.
Sire, que escreveu sob o pseudônimo de Marcantonio Colonna, agradeceu aos “muitos críticos que ajudaram a levar meu livro à posição de bestseller global”. ˙
Há algum exagero, no caso de um livro lançado para o Kindle, mas a publicidade gratuita fornecida pela reação destemperada está ajudando.
A escolha do pseudônimo já diz muito sobre o autor. Colonna foi um formidável nobre italiano que ocupou a segunda posição de comando na Batalha de Lepanto, o histórico confronto de 1571 entre cristãos e muçulmanos que determinou o equilíbrio de forças entre os dois grandes movimentos político-religiosos.
Ao segurar a expansão da religião de Alá que havia atingido o ápice simbólico e real com a queda de Constantinopla, renomeada e islamizada a partir de 1453, Lepanto se tornou um dos dois grandes pilares da reação católica (o outro é a Batalha de Viena, de 1683).
Ninguém sabe o que é o "Putinismo", a não ser os neocons histéricos que proliferam no Deep State americano, raivosos por ter sido obrigados por Putin a largar mão de tudo o que tinham roubado aos russos depois da queda da URSS, aproveitando a desorganização das estruturas do Estado sob o governo do bêbado Yeltsin. Uns abutres. Imperdoável!
ResponderEliminarO livro do Colonna/Henry Sire, "O Papa Ditador", é, de facto, excelente.
ResponderEliminarhttps://novusordowatch.org/2018/03/dictator-pope-author-is-henry-sire/
"Lepanto se tornou um dos dois grandes pilares da reação católica"
ResponderEliminarQuis provavelmente dizer que a vitória de Lepanto (7 de Outubro de 1571) "se tornou um dos dois grandes símbolos da contra-ofensiva católica".
Como, de certa maneira, a resistência heróica dos defensores do Alcazar de Toledo em 1936.
Slobodan Despot, escritor e editor suíço, estes suíços que não sabem o que é a liberdade (venham çá aprender!):
ResponderEliminar"Un monde sans Poutine"
https://medium.com/antipresse/ap120-bt-5e1e2e55ab7
Estou muito grata àquele interveniente que me fez descobrir o Maurizio Blondet e o Aldo Sterone. Que eu saiba, não temos ninguém desta qualidade em Portugal. Muito obrigada.
ResponderEliminarBem vindo de volta !
ResponderEliminarEste post é de facto interessante, provocador de reflexão e está bem apresentado.
Bem mais interessante e relevante do que os "fait divers" deste ou daquele; e como se percebe pelos comentários, as pessoas querem este nível.
Por mim, vou tentar contribuir.
Muito lúcido e incisivo este comentário en francês de Peter Koenig no "Saker francophone":
ResponderEliminar"La réaction de la Russie aux insultes de l’Occident est un suicide politique"
http://lesakerfrancophone.fr/la-reaction-de-la-russie-aux-insultes-de-loccident-est-un-suicide-politique
Pessoalmente, concordo inteiramente com o que Koenig escreve.
quem ainda quiser uma fodinha hoje num cu de macho, estarei disponível entre as 19.30 e às 21.00 no Delta Q do Atrium. É para vir rebentar-me o cu todo.
ResponderEliminarEstranho ver como esta Theresa May e o seu ministro dos Negócios Estrangeiros louco, o Boris Johnson, parecem literalmente endemoninhados, prisioneiros como estão na teia de mentiras que eles próprios montaram, da qual já não podem fugir, e cujos fios não param de multiplicar sem nunca oferecer a mínima prova em abono das suas acusações, mais absurdas e mais insultantes umas que as outras… Mesmo assim levam atrás de si meio-mundo, pelo menos meia-Europa (para além dos Estados Unidos, do México e do Canadá), que vai expulsar mais diplomatas russos… Histeria total… Até hoje, Portugal não se pronunciou oficialmente sobre o caso (que eu saiba). Escrúpulos de consciência ? Mas amanhã ? As pressões devem ser enormes.
ResponderEliminarA todas estas provocações imbecis, absolutamente irresponsáveis, respostas admiráveis de calma e de dignidade de Putin, de Lavrov e de Maria Zakharova…
Deus nos ajude, neste momento perigoso, e Nossa Senhora de Fátima. A minha convicção é que Nossa Senhora olha, neste momento, para a Russia com particular solicitude, grata pela sua defesa dos cristãos da Síria e do Iraque.
Não me interessa a entrevista nem a personagem. Um ex-ministro de Salazar que singra sem má imprensa depois do grande acidente nacional, como sucede a este cavalheiro, é para deixar de pé atrás qualquer um que reflicta conscientemente nestes factos.
ResponderEliminarQuando o prof. Marcello Caetano se lhe refere nas Minhas Memórias de Salazar como um «rapaz esperto embora não muito brilhante», subentende-se tudo.
José Hermano Saraiva foi professor no I.S.C.S.P.U. quando Moreira foi ministro do Ultramar e ao depois de ele ser demitido. No cap. 7 do seu Álbum de Memórias conta o que se passou nessa altura com ambos e deixa-nos, sem baixeza, um retrato fidedigno de Adriano Moreira.
Peço desculpa, mas que vem fazer aqui o Adriano Moreira, que ninguém chamou? Parece que houve aqui uma troca de comentário.
ResponderEliminarPutin e o lamaçal que o eixo do mal, USA e GB (embora faltem mais alguns) estão construindo.
ResponderEliminar.
https://www.youtube.com/watch?v=tlaHubJ-fKk
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https://www.youtube.com/watch?v=bN8ianIJ1Sk
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https://www.youtube.com/watch?v=dxRiG8vRRBk
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Porque é professor :)
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Pocketed U.S. Politicians Exposed: The Most Powerful Criminal Organization in The World (Full Video)
https://www.youtube.com/watch?v=ljJE_i6h8es
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Killing Ed: Director's Selection, Part 1
Carlos
...e porque Putin é tão odiado.
ResponderEliminarCarlos
Observador :
ResponderEliminarPortugal decide não expulsar diplomatas russos
26/3/2018, 16:48
Ainda bem !
Damasco, capital da Síria, é a cidade onde São Paulo foi baptizado.
ResponderEliminarA cristandade síria é, depois da de Jerusalém, a mais antiga da Igreja.
Que o demónio procure aniquilar, depois de tantas outras, a cristandade síria, protegida por Bachar al-Assad, e que constitui, por virtude dessa protecção, um dos esteios mais sólidos do seu governo, não deveria surpreender ninguém.
O mesmo já acontecia no Iraque, onde Saddam Hussein defendia os cristãos contra os extremistas muçulmanos. O seu ministro dos Negócios Estrangeiros, o excelente Tariq Aziz, morto nas masmorras do judeo-maçon G. W. Bush, era cristão.
Ao contrário do que se tem afirmado desde o início das hostilidades naquele martirizado país, o que se passa na Síria não é uma guerra civil, nunca foi uma guerra civil, mas sim uma guerra de agressão decidida e liderada, desde o princípio, tal como no Iraque, pelos americanos, com a cumplicidade dos israelitas, dos ingleses, dos franceses, dos belgas, dos sauditas, dos jórdanos, dos qataris e mais alguns (a tal "coalição"), para derrubar o governo legítimo de Bachar e dividir o país, rico de potencialidades de toda a espécie (petróleo e gás principalmente), entre os diversos intervenientes — os USA e a GB arrogando-se, claro, a parte principal.
Esta nova guerra era também uma excelente ocasião — julgavam — de favorecer o projeto do Grande-Israel, desde o Mediterrâneo até ao Eufrates, acalentado, desde sempre, pelos sionistas (que tinham colonizado também, nos últimos decénios, o “Deep State” americano, sob o nome de neocons).
No terreno, foram importados diversos grupos extremistas (Daesh, al-Qaida, al-Nosra, etc.), inicialmente apresentados como “opositores legítimos ao regime sírio” e "rebeldes moderados", mas sempre armados, enquadrados e manipulados por instrutores ocidentais. Esses grupos, compostos por dezenas de milhares de estrangeiros e financiados, essencialmente, pela Arábia Saudita e pelo Qatar, não tardaram a revelar a sua verdadeira face de muçulmanos fanáticos, alguns deles autênticos canibais.
Quando o exército siriano, exausto, estava prestes a sucumbir, os russos intervieram maciçamente em seu apoio, mudando a face do conflito. Estragou-se, pois, a festa já preparada em Jerusalém e nas capitais ocidentais. Um tal “descaramento” por parte da Rússia era imperdoável. Desafiar a América, pouco mais de vinte anos depois da queda do muro de Berlim! Daí o ódio de morte para com Putin fomentado pelos meios de comunicação social controlados, na sua maioria, pelos neocons, ou pelos seus apaniguados, e que acabou por tomar, nas classes dirigentes anglo-americanas, europeias e ocidentais em geral, proporções de completa alucinação. Foi assim que Vladimir Putin chegou a ser declarado “inimigo do género humano”, “novo Hitler”, etc., e banido da sociedade ocidental.
Depois de seis anos de carnificina e de colossal devastação, a guerra na Síria ainda não acabou. Prova-o a recente e criminosa provocação montada em Londres por Theresa May e pelos seus serviços secretos para atingir, uma vez mais, o presidente russo, entretanto triunfalmente reeleito, e isso nas vésperas da libertação da Ghuta, último feudo terrorista perto de Damasco, de onde a capital siriana era constantemente bombardeada. A guerra na Síria ainda não acabou, mas, na verdade, aparece cada vez mais visível, em toda esta louca história de rapina, de destruição e de morte, a mão sinistra do Príncipe deste Mundo, o próprio Satanás.
Excelente síntese. Parabéns ao autor.
ResponderEliminar"Petro-yuan helps Russia & China dump US dollar in oil trade"
ResponderEliminarhttps://www.rt.com/business/422472-russia-china-petro-yuan/
Mais uma razão porque odeiam Putin. "Agora" tb a China, só que estes não são o Saddan nem o Kadafi.
Carlos