segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Balanço para Ano Novo


Uma ocasião de balanço na véspera de Ano Bom, que é sempre aquele em formos autênticos e persistentes. O balanço é avaliação do passado, mas também impulso do futuro. Recordo as vinte e cinco batalhas (não contando os recontros e emboscadas), esgrimidas por Deus e pela Pátria, de 2012, Do Portugal Profundo, nesta campanha longa que é a recuperação moral, política, social, económica e financeira (lista por ordem certa) de Portugal:
  1. Reevangelização: continua. Defronta-se com a verbalização ensurdecedora do relativismo e do ateísmo. Mas a intimidade puxa-nos para Deus. E, quando mais aflitos, menos soberbos, mais próximos, mais conscientes da nossa humanidade e serviço.
  2. Insistência na limpeza dos serviços de informação do Estado, a qual ficou por fazer. Os dirigentes máximos continua e não existe a confiança de que a prática anterior de polícia política tenha mudado, nem que se tenham desmantelado as estruturas de informação vagabundas de registo, intercepção electrónica, escuta, intrusão, vigilância (e ostensiva...), infiltração, perseguição, ameaça e... 
  3. Nomeação de um procurador-geral da República por um magistrado independente do poder político e da Maçonaria. Combatemos as manobras e nomes alternativos que os boatos-balão do poder socialista e do poder promíscuo, iam lançando e apoiámos a nomeação da Dra. Joana Marques Vidal. Foi um vitória quase impossível, dada a desproporção de forças. Mesmo se não ganhámos a substituição do anterior procurador-geral quando atingiu a idade canónica de reforma (os 70 anos).
  4. Barrela geral do Estado. Perdemos a luta em todas as frentes face ao programa patriótico que promovemos: nem auditoria geral das contas públicas, nem limpeza do pessoal político socratino, nem participação à justiça da prevaricação de governantes e gestores públicos, nem renegociação a sério (envolvendo a ameaça de suspensão de pagamentos) das parcerias público-privadas (PPP), sejam as rodoviárias seja as das barragens. Aliás, logo passado um mês do exercício deste Governo, concluí que o atual governo continuaria a política do anterior por outros meios e, por isso, aqui manifestei a minha crítica, que se mantém e reforçou.
  5. Responsabilização judicial do socratismo. Não é a perseguição do indivíduo, que não nos interessa nada. É a necessidade política e pedagógica de perseguição judicial de um regime corrupto. Nesse sentido, aqui se apoiaram os magistrados no julgamento do processo Face Oculta e os inquéritos sobre branqueamento de capitais, Akoyas e medalhas (para quando um inquérito sobre o que foi feito pelos Governos Sócrates, e Passos Coelho, relativamente aos nomes e fluxos portugueses da lista Falciani?), EDP, REN (e quando um sobre a venda Vivo?), corrupção nas PPP, etc. E se insistiu - sem sucesso - na necessidade de reabrir o processo da licenciatura rocambolesca de José Sócrates na Universidade Independente, na sequência dos novos documentos apresentados pelo professor Rui Verde, bem como suscitar o caso perante a justiça francesa, na eventualidade do fornecimento de um certificado de habilitações na Sciences-Po, em Paris, que contivesse essa licenciatura rocambolesca. Bem como na criminalização do enriquecimento ilícito.
  6. Publicação, em 17-8-2012, do texto integral do acórdão Freeport, do tribunal do Barreiro, que constituíu um embaraço para a injustiça neste caso.
  7. Investigação sobre o caso dos gastos dos cartões de crédito rosados (Visa Charge Card) do IGCP, de governantes e assessores, dos governos socratinos e antes. Nada se sabe do inquérito aberto em março de 2012, no DIAP, sobre o caso das despesas dos gabinetes ministeriais, incluindo as dos cartões de crédito, na sequência da luta judicial da ASJP para ter acesso à listagem desses gastos, com a oposição Ministério das Finanças, de Vítor Gaspar. O ministério de Vítor Gaspar é reincidente na proteção socialista, seja nos negócios anteriores, seja no próprio pessoal político socialista que enxameava o ministério.
  8. Reclamação da demissão, pelo primeiro-ministro, da ex-ministra da Educação, Prof. Maria de Lurdes Rodrigues, de Presidente da Fundação Luso-Americana, atenta a sua pronúncia judicial, em 16-1-2012 pelo crime de prevaricação no processo relativo a contratos de serviço de coletânea de legislação sobre educação do Ministério da Educação ao correlegionário advogado, e ex-juiz, João Pedroso. Apesar do pronunciamento, o primeiro-ministro Passos Coelho não demitiu a ex-governante socialista desta fundação internacional, para vergonha do Estado português.
  9. Denúncia do castigo financeiro, com juros desproporcionados e insuportáveis, imposto aos portugueses para financiarem a depauperada banca alemã e de outros países credores, enquanto se praticaram juros mais baixos em empréstimos a três anos aos bancos privados nacionais. Num e noutro caso, o objetivo é manter o fluxo de pagamentos de instituições portuguesas para bancos privados dos países credores e o pagamento de um prémio nas garantias concedidas pelos Estados europeus nos empréstimos europeus. Ou seja, esses Estados comportam-se, através dessas garantias, como usurários da economia nacional. Continua a vigorar aliança político-bancária-construtora, que vinha do socialismo, e com bênção da União Europeia.
  10. Contestação do processo de privatização de grandes empresas do Estado: seja a privatização a pataco, como no BPN (cujo encargo para o Estado pode chegar aos 8,3 mil milhões de euros) e TAP, seja a negociação sombria particular, nos casos da REN, EDP e ANA, em vez da venda às claras, em bolsa, por operação pública de venda.
  11. Crítica da promiscuidade da face negra do cavaquismo, seja nos elos do BPN, com destacados dirigentes do PSD e empresários amigos (Duarte Lima, Dias Loureiro, Arlindo de Carvalho, etc.) seja - o que é mais bem penoso - no negócio do Pavilhão Atlântico e do consentimento no negócio PT-TVI (até 24-6-2009).
  12. Exposição da preponderância da Maçonaria, especialmente a do Grande Oriente Lusitano no Estado e no País, através da publicação, tratada por loja e localidade, e notoriedade, da pertença à organização secreta. E insistência de obrigatoriedade de registo dos interesses dos candidatos a cargos políticos, de nomeação política, partidários, magistrados e altos cargos da administração pública (nomeadamente a sua pertença a organizações secretas) com perda automática de mandato, ou demissão, por incumprimento ou falsas declarações.
  13. Denúncia da tentativa de controlo do poder político na Madeira, através do PSD-passos-coelhista-relvista, de influência maçónica, culminando uma operação de cariz militar (!) contra o Governo regional, em 23-4-2012, a propósito de uma auditoria rápida às contas públicas, que a nível nacional o Governo não fez. A tentativa abortou, mas as nuvens do futuro anunciam-se da cor da romã. Em contraste, nos Açores, o fausto da corte de César, um caso que explorei, foi perdoado.
  14. Combate à tentativa de recuperação do PS pela fação costista e férrica. Em curso.
  15. Denúncia da preparação, pela fação férrica do PS, do ex-coordenador da CGTP, Manuel Carvalho da Silva, como candidato presidencial, em 2016.
  16. Investigação da licenciatura especial do ministro Miguel Relvas na Universidade Lusófona. Tal como no caso Sócrates, sem pesos e medidas diferentes, investigou-se aqui o caso e recomendou-se a demissão do ministro - do Governo e da direção do PSD -, pela vergonha da sua licenciatura, em que lhe foram concedidas equivalências a 32 das 36 cadeiras do curso, com base na seu currículo, e não foram cabalmente esclarecidas a frequência e avaliações nas outras quatro. O ministro manteve-se no Governo, mas é como se publicamente não existisse, fragilizando ainda mais um Governo... de pendor socratino.
  17. Exposição crítica sobre a gestão dos fundos do QREN (Quadro de Referência Estratégica Nacional), onde se prolongou a promiscuidade socratina, agora com novos senhores.
  18. Publicação do fausto delicatessen e vínico do Parlamento, a preço da uva barata.
  19. Reclamação de demissão da direção do Sporting Clube de Portugal, o meu clube, que anda pelas ruas sujas da amargura e, numa situação de penúria da economia nacional, não há quem o reabilite.
  20. A renovação da direcção da Igreja Portuguesa - e da Universidade Católica e da Rádio Renascença - continua pendente da substituição (em fevereiro de 2013?) do Patriarca de Lisboa, D. José Policarpo, pela esperança da vinda de D. Manuel Clemente, que temos defendido há muito. Essa mudança também é necessária para a promoção mais vigorosa da defesa da vida, que a coligação no poder, prometeu atender, mas não cumpriu.
  21. Resistência na preservação da criminalização dos abusos sexuais de crianças da Casa Pia. Há um efeito de confusão provocado por uma decisão controversa de repetir o julgamento na parte referente à casa de Elvas, onde decorreram abusos, e novos depoimentos de arrependidos toxicodependentes, mas nada mudará a sentença firmada na mente do povo.
  22. Denúncia da inequidade na austeridade na distribuição dos sacrifícios, entre um setor político acoitado, com subsídios, refeições, abonos, carros, combustíveis, comunicações, e uma sociedade desamparada nos impostos, nos salários, nos benefícios e nos custos.
  23. Promoção da democracia direta, como o sistema de resolver o distanciamento entre Estado e povo, que abriu a degenerada democracia representativa, dominada pela corrupção, e forma de prevenir o colapso previsível do próprio Estado resultante da revolta das populações. Embora  tenha havido algumas tentativas no PSD e no PS, a verdade é que pouco se avançou nesse domínio.
  24. O projeto de criação um jornal digital da direita moderada cristã, que seja a base de um grupo mediático patriótico, mantém-se.
  25. Pronunciamento patriótico para a convocação de um Congresso Extraordinário do PSD. Antes do tempo dos oportunistas, que vêm sempre depois dos desastres já previstos, apesar da descida dos juros da dívida pública por mudança de política no Banco Central Europeu. Se esta direção do PSD e este Governo não convém à Pátria, então é bom que se promova a sua substituição por uma linha patriótica.

O próximo ano vai ser ainda muito mais difícil do que os anteriores, naquilo que foi glosado, em setembro de 2012, como a real «inversão do ciclo». O combate, por aqui sujeito à condição do tempo disponível, mantém-se. E se, e quando, Deus quiser, eu e nós, que somos servos inúteis, serviremos. Bom Ano para todos.



Limitação de responsabilidade (disclaimer): As entidades referidas nas notícias dos média, que comento, não são suspeitas ou arguidas do cometimento de qualquer irregularidade ou ilegalidade neste caso; e se, e quando, na posição de arguidas, gozam do direito constitucional à presunção de inocência até ao trânsito em julgado de eventual sentença condenatória.

Controlos e barretes


O caso Baptista da Silva, personagem passeada pelo Expresso, do «controlado» Ricardo Costa e do «embarretado» Nicolau Santos, pela SIC e pela TSF, como alto quadro das Nações Unidas e académico de renome, é revelador do enviesamento e do descuido da imprensa nacional.

«O doutor», crítico da austeridade da troika, defensor de uma renegociação da dívida pública portuguesa, na vanguarda da escola científico-política «Não Pagamos», foi também, segundo o 31 da Armada, acolhido pelo PS, de António José Seguro, na sua Universidade de Verão (sic) do PS, de 30-8 a 2-9, em Évora, onde terá perorado sobre estas e outras tretas, demonstrando o novo slogan socialista de que «Há outro caminho» - o mesmo...

O fulgor mediático que Artur Baptista da Silva obteve foi devido à correção política socialista do seu discurso controlado, mais do que ao barrete da ONU e académico que ostentava. Num país onde a vergonha vigorasse, em vez da corrupção, as direções do Expresso, da SIC e da TSF, seriam demitidas, mas aqui esses meios ameaçam com processospressiona-se  a Procuradoria-Geral da República a resgatar a honra dos média enganados, por crendice e desleixo. Como se o caso do Dossiê Sócrates não nos tivesse ilustrado de que um currículo falso - com título profissional falso e pós-graduação falsa -, não tem sanção judicial... Ou deve o caso dos títulos académicos e profissionais de Artur ser apreciado pelo Ministério Público por bitola diferente dos de José?!...

O alegado impostor recorda ao Francisco José Viegas, já liberto do Governo, o romance «A Brasileira de Prazins», no qual o Veríssimo Borges Camelo da Mesquita se faz passar pelo senhor D. Miguel. Mas nesta história político-mediática indecorosa, os Trocatles e précuradores de causas perdidas ainda são mais repugnantes.


* Imagem editada daqui.

Limitação de responsabilidade (disclaimer): as entidades referidas nas notícias dos média, que comento, não são, que eu saiba, arguidas ou suspeitas do cometimento de qualquer ilegalidade ou irregularidade; e mesmo se, e quando, na situação de arguidas gozam do direito constitucional à presunção de inocência até ao trânsito em julgado de sentença condenatória.

domingo, 30 de dezembro de 2012

Contratos secretos das PPP

Para quem não viu, aqui está o linque da reportagem «Parcerias público-privadas: os contratos secretos», de Carlos Enes, na TVI, de 23-12-2012. A reportagem trata dos contratos secretos de aditamento à concessão de parcerias público-privadas (PPP) rodoviárias, que terão sido alegadamente ocultados do Tribunal de Contas e cuja obtenção terá sido alegadamente o motivo das buscas a ex-governantes socialistas e ex-quadros das Estradas de Portugal.


Limitação de responsabilidade (disclaimer): as entidades referidas nas notícias dos média, que comento, não são, que eu saiba, arguidas ou suspeitas do cometimento de qualquer ilegalidade ou irregularidade; e mesmo se, e quando, na situação de arguidas gozam do direito constitucional à presunção de inocência até ao trânsito em julgado de sentença condenatória.

sábado, 29 de dezembro de 2012

O buraco gigantesco do BPN: 7 mil milhões de euros


Caso BPN - Reportagem Especial, 22-12-2012
(cortesia do nosso leitor Livresco)


Aqui fica a reportagem especial da SIC sobre o caso BPN, de 22-12-2012.

O buraco financeiro do BPN pode chegar ao valor astronómiuco de «sete mil milhões de euros», segundo explica a SIC.  A nacionalização que o ministro Teixeira dos Santos disse, em 18-6-2009, que não tinha custado «um euro sequer». Um banco que acabou vendido por 40 milhões de euros ao banco angolano BIC, em dezembro de 2011, já pelo Governo PSD-CDS. O BIC não terá aceite as dívidas de cobrança difícil do «mau banco» e apenas terão ficado, de acordo com a reportagem, com o «banco bom», na divisão que o governo socialista de Sócrates fez  do BPN, em 2010. Tal como as empresas da SLN, agora Galilei , que pertencia ao grupo, e que não foram nacionalizadas - apenas as suas dívidas... ao BPN.

Assim, decorrem algumas privatizações, como as do BPN e agora da TAP: empresas vendidas a pataco, em negócios em que o Estado fica com o osso das dívidas e os compradores com a carne dos ativos. Ou, como no caso da ANA, com a construção do novo aeroporto no pacote (sendo encerrado o da Portela)Em vez da venda clara em bolsa, por operação pública de venda, o Governo atual prefere a sombra da negociação particular.

No BPN existem três grupos de responsabilidades: uma geração de gente ligada à face escura do cavaquismo, políticos e empresários, vários deles mencionadas na reportagem, com algumas alianças de bloco-central (que a reportagem não trata); o Banco de Portugal de Vítor Constâncio, governantes e dirigentes políticos que durante anos varreram o problema para debaixo do tapete; e o novo poder socratino que toma o BPN para se assenhorear de Cavaco e, tal como os anteriores, agora numa aliança bloco-centralista, fazer negócios. O BPN não nunca deveria ter sido privatizado.


Limitação de responsabilidade (disclaimer): as entidades referidas nas notícias dos média, que comento, não são arguidas ou suspeitas do cometimento de qualquer ilegalidade ou irregularidade ou se, e quando, na situação de arguidas gozam do direito constitucional à presunção de inocência até ao trânsito em julgado de sentença condenatória.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

O primado do Espírito



Enquanto desbastava a barba, frente ao espelho, onde um homem se confronta, se envergonha e se reconcilia, meditava no primado do Espírito e na sua consequência. Espírito e carne, mas com a carne comandada pelo espírito.

O maior drama atual é que não prevalece o Espírito, mas a carne. É a carne que determina a preferência pela comodidade, pelo dinheiro, pelo poder. Na carne, o homem amolece. Abandona a Verdade, desonra a autenticidade, desvia-se do caminho, perde esta vida sem ganhar a Outra. No serviço do Espírito, o homem eleva-se, enobrece-se, cumpre. É.

Um efeito indireto do empobrecimento físico é a humildade. Constrangido pela penúria à frugalidade, o homem chega à bondade que se descobre no reencontro com os outros, substituindo a sua petulante omnisuficiência. Nesse sentido, o homem torna-se mais humano, mais caridoso e mais moral.

O peso do dinheiro esmaga o homem. O dinheiro, que é um instrumento de conforto e segurança, passa a ser um fim. O fim de um círculo vicioso de coisas e serviços e dinheiro. Quanto mais tem, mais gasta e, quanto mais gasta, mais quer ter. Um jogo de soma nula em que raramente entra a dádiva. Um fim trágico. Porque é o seu fim.

Creio que a depressão económica - terrível na fome, na doença, na guerra e na morte -, obriga o homem a reclassificar o dinheiro como instrumento e como instrumento menor de felicidade. Mesmo na sociedade tangível atual em que se confunde a felicidade com a euforia e aquém do limiar dos 75 mil dólares/ano. O homem  rico não precisa de nada - mesmo se carece de Tudo. Na sociedade pós-abundância, o reencontro é mais possível. Um reencontro consigo próprio, com os outros homens e com Deus. Cumprindo valores, recomeçando o trabalho e reaprendendo a Viver.

Do Portugal Profundo, agradeço aos comentadores, às fontes de mudança, aos leitores, aos amigos e aos vizinhos, a sua colaboração, e envio-vos votos, que estendo aos adversários, a todos e suas famílias de Santo Natal e de um Ano Bom, melhor do que a amarga expetativa.

domingo, 23 de dezembro de 2012

Egoísmo e ideologia

Primeiro, eles vieram atrás das empresas
E eu não disse nada nada
Porque não era empresário.

Depois, eles vieram atrás dos funcionários públicos
E eu não disse nada
Porque não era funcionário público.

Depois, eles vieram atrás dos empregados do setor privado
E eu não disse nada
Porque não era empregado do setor privado.

Depois, eles vieram atrás dos pensionistas
E eu não disse nada
Porque não era pensionista.

E, então, eles vieram atrás de mim
E já não havia ninguém
Para falar por mim.

Adaptação natalícia minha do famoso trecho do discurso de Martin Niemöller, em 6-1-1946, em Frankfurt am Main.

Mas «eles» não são os Austeritários, alvejados pela cartilha ideológica marxista e agora pela aliança dos socialistas com os neoliberais monetaristas. Eles são os corruptos e os seus criados.

E nós, somos os que consentimos que venham, que levem, que nos destruam as vidas e que nos humilhem. E é por isso que, tal como no passado e ainda em tempo, digo e faço.

A lista Falciani portuguesa

O caso da lista Falciani continua por investigar em Portugal. Hervé Falciani é um bancário do HSBC suíço que terá sacado dos ficheiros do banco informação sobre clientes com transferências duvidosas de dinheiro e a terá tentado vender no Líbano em 2008. Apanhado, a justiça suíça queixa-se às autoridades francesa do furto de informação e quer recuperar o material copiado. A justiça francesa descobre em sua casa ficheiros com 130 mil nomes de suspeitos de evasão fiscal. Em 2010, a procuradoria francesa terá enviado os nomes de clientes suspeitos de evasão fiscal e de branqueamento de capitais a todos os países com quem a França tem acordos de cooperação e que pediram esses dados. A isso se chamou, na Grécia, a lista Lagarde. Depois, Falciani dispôs-se a colaborar com as autoridades. Está agora preso em Espanha por queixa das autoridades suíças relativamente a eventual violação de sigilo bancário.

Mas não pode ser ignorado e o povo tem direito a conhecer o que fizeram os governos portugueses, o anterior e o atual, neste assunto.

No caso grego, a lista continha 1.991 nomes (ou 2.059) e os governantes gregos socialistas alegaram que a perderam... No caso britânico, a lista tinha mais de 6 mil nomes.  No caso espanhol, a lista tinha 6.963 nomes. O caso português não é conhecido. E não se pode dizer que o RERT III (regime excecional de regularização tributária), no qual o Governo português terá arrecado 258,4 milhões de euros até agosto de 2012 seja relativo a este caso - não se sabe.

Por isso, cabe perguntar legitimamente ao Governo português atual:
  1. O Governo português, ou as autoridades judiciais, receberam - em 2010? - a lista de suspeitos de evasão fiscal das autoridades francesas?
  2. Em caso afirmativo, quem recebeu no Governo português a lista com os nomes de clientes do HSBC portugueses suspeitos de evasão fiscal?
  3. A lista foi fornecida, como devia, imediatamente às autoridades judiciais?
  4. Onde está essa lista?
  5. Quantos nomes portugueses tem a lista?
  6. Quais os nomes da lista?
  7. O que foi feito pelo Governo anterior e pelo atual, relativamente a essa lista de clientes suspeitos de evasão fiscal?
Na atual fase da política, a desigualdade penal entre pobres e ricos não é apenas de competência profissional dos advogados e do poder financeiro para os contratar: está firmada na própria lei! Pagando, o criminoso obtém não apenas a isenção de pena fiscal, mas também o sigilo do Estado relativamente ao seu crime. Isto, quando o seu crime não é logo abafado por favores políticos e luvas. Ora, o que o cidadão exige é que a justiça seja igual para todos e que o rico prevaricador não só tenha de pagar ao Estado quando lhe ficou a dever em impostos, mas também cumpra a pena que o ato merece. De outro modo, como atualmente, desaparece, na prática, a sanção e a fraude fiscal gigantesca aumenta porque se trata, então, de um crime sem castigo.


* Imagem picada daqui.


Limitação de responsabilidade (disclaimer): As entidades referidas nas notícias dos média, que comento, ou não são suspeitos ou arguidos do cometimento de crimes neste caso; e se, e quando, condenados na 1.ª instância gozam do direito constitucional à presunção de inocência até ao trânsito em julgado de eventual sentença condenatória.

Luvas e empresas cotadas



Políticos corruptos têm muito maior dificuldade em obter «luvas», em negócios públicos, de empresas cotadas nas bolsas norte-americanas e europeias. Estas empresas, ao contrário das asiáticas, africanas e latino-americanas, estão sujeitas a controlos muito rigorosos dos accionistas.


* Imagem picada daqui.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Dinheiro, dinheiro, dinheiro


Liza Minnelli e Joel Grey, Money,
Bob Fosse, Cabaret, 1972

Uma pausa por necessidade política e voltamos à faina deste campo patriótico. Saíu o que tendes visto, como dizia um cantautor do outro lado.

Na esgrima florentina da política tuga - para usar um qualificativo de um leitor amigo -, se inserem as declarações que destapam, mais do que escondem, vontades de mais e mais. Dinheiro. Na política doméstica, o poder tangibiliza-se em dinheiro, tout court. E não é o dinheiro para alcançar e manter o poder; é o poder para alcançar dinheiro, muito dinheiro.

Noutra frente, acontecem os surtos da justiça, como, em 11-12-2012, as buscas às casas do ex-ministro Teixeira dos Santos, do ex-secretário de Estado Costa Pina, do ex-presidente das Estradas de Portugal Almerindo Marques - como antes, em 26-9-2012, do ex-ministro Mário Lino, do ex-ministro António Mendonça e do ex-secretário de Estado Paulo Campos e da sua colaboradora Ana Tomás. Noutro plano, inclinado, a busca, em 6-12-2012, ao patriota Medina Carreira - já descrita como um «engodo» - que certamente será esclarecida em breve. Neste caso, como nos noutros, uma busca, que é um procedimento muito doloroso, não significa culpabilização. Mas é o sinal de que a justiça, e a investigação que a promove, não discrimina origens e lados. Embora, a lei do Estado, que é feita pelos mesmos homens que o mal servem, permita que uns se socorram do Espírito Santo de orelha, enquanto outros se salgam. Dir-se-á que o cerco da investigação aperta em direção ao cume, mas, lá longe, parece estar a salvo das buscas e das rogatórias. Na verdade, está a salvo por causa do medo dos outros, mesmo se a situação o preocupa até à ansiedade do ataque preventivo... Mas a impunidade não dura para sempre: isto é País de explosões que, num instante, bloqueiam pontes e se atiçam com papeletas da ladroeira...

Noutra atmosfera, a privatização da TAP entretem-se no compasso de espera que também compreendemos  noutro negócio de além-atlântico, primeiro vetado, porque se trataria de um ativo estratégico, e duas semanas depois consentido. Olho vivo e pé ligeiro, assustados os funcionários, esfumados os intermediários e diluídos os interlocutores reais numa multidão que vai até à secretária e ao porteiro, acertado o preço, disfarçado o preço de mais-ou- menos-trinta-e-cinco-milhões-de-euros (!) de compra de uma companhia de bandeira pela habitual engenharia financeira que porá o custo num montante acima do valor bolsista da Apple, lá se fará o negócio. Depois a RTP, outro negócio de Estado, em que o motivo não é o lucro, mas o poder, e a consolidação de um protetorado, cada vez mais vil, cada vez mais humilhante.

Negócios, jazidas de ouro offshore, temporadas no Brasil, New York e Londres, e a convicção ingénua de que a felicidade suprema se obtém pela acumulação desmedida do dinheiro - enquanto se afligem, nas largas noites de insónia, pelo medo de que a tranferência da conta x para a conta do cartão de crédito y é, mais cedo ou mais tarde, detetada por algum procurador teimoso e algum juiz imparcial. A corrupção não consente a segurança de ninguém. É essa a ironia: rouba-se por causa de uma segurança que ainda se degrada mais pelo facto do roubo.


Atualização: emendado às 11:03 de 23-12-2012.

Limitação de responsabilidade (disclaimer): As entidades referidas nas notícias dos média, que comento, não são suspeitas ou arguidas do cometimento de qualquer ilegalidade ou irregularidade nestes casos e mesmo quando, e se, na situação de arguidas gozam do direito constitutucional à presunção de inocência até ao trânsito em julgado de eventual sentença condenatória.

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Pronunciamento patriótico para um Congresso extraordinário do PSD



Neste 4 de dezembro de 2012, data do 32.º aniversário da morte de Francisco Sá Carneiro, e num momento trágico da vida do País, divulgamos o seguinte Pronunciamento Patriótico a conjurar os militantes do PPD-PSD para a realização de um Congresso Extraordinário do PSD. A ordem de trabalhos proposta é clara:
  1. Avaliação da situação do País. 
  2. Destituição da Comissão Política Nacional (e do seu Presidente) do Partido e do seu Conselho Nacional.

Companheiros

Em 5-6-2011 os portugueses, com especial empenho dos militantes e simpatizantes do PPD/PSD, determinaram nas urnas uma solução governativa que se propunha inverter o processo de degradação económica, financeira e social, em que Portugal tinha sido arrastado para a bancarrota por treze anos e meio de políticas socialistas ruinosas. Parecia cumprido o sonho de Francisco Sá Carneiro: «uma maioria, um Governo, um Presidente». Dezassete meses passados, a desilusão é geral: o novo Governo não cortou com as políticas socialistas.

A situação do País é gravíssima:

  • O programa patriótico não foi realizado: nem auditoria geral das contas públicas herdadas do socialismo, nem responsabilização judicial dos prevaricadores, nem limpeza do Estado do pessoal político dirigente socialista, nem avaliação judicial dos contratos das parcerias público-privadas. 
  • As finanças do Estado não são reequilibradas. 
  • A economia deteriora-se: o investimento apaga-se, a falência de empresas aumenta, o desemprego não pára de crescer, o produto interno bruto regride e, enquanto os oligopólios (EDP, PT, Galp, etc.) e bancos são protegidos pelo Estado, as pequenas e médias empresas são sacrificadas com uma carga fiscal incomportável. 
  • As famílias perdem bem-estar: inúmeras caem na insolvência, muitas perdem a casa, outras são forçadas pela penúria a abandonar o País, quase todas perdem bem-estar e condições de educação e de saúde. 
  • As autarquias são penalizadas, mas não se eliminam organismos inúteis do Estado, nem subsídios a fundações parasitas. 
  • O Governo mantém a subserviência do País perante a Alemanha e a submissão dos contribuintes portugueses à política de capitalização de bancos europeus falidos. 

O povo está descontente com o Governo e com o Partido que o lidera; pela falta de combate à corrupção de Estado; pela austeridade iníqua, que castiga uns e poupa outros; pela reforma autárquica confusa e pela suspensão da reorganização do Estado; pela subjugação aos interesses estrangeiros; e pela incapacidade de travar a ruína do País.

Sem mudança na condução do Partido e do Estado, é de prever que o PSD sofra uma derrota irremediável nas eleições autárquicas do outono de 2013, que poderá pôr em causa a unidade e a subsistência do próprio Partido. Assim, por Portugal e pelo Partido, e de acordo com o art.º 14.º e 15.º dos Estatutos do Partido Social Democrata (http://www.psd.pt/archive/doc/Estatutos_aprovados_XXXIV_Congresso_-_versao_B_Acordo_Ortografico_2.pdf), solicitamos a realização de um Congresso Extraordinário do PSD, com a seguinte ordem de trabalhos:

  1. Avaliação da situação do País.
  2. Destituição da Comissão Política Nacional (e do seu Presidente) do Partido e do seu Conselho Nacional.

Se é militante do PSD e concorda com este pronunciamento patriótico clique nas imagens abaixo (pedido individual ou coletivo), guarde no seu computador e imprima o ficheiro, preencha e assine o pedido de convocação de um Congresso Extraordinário do PSD e envie por correio para o companheiro Hélder que está encarregado do secretariado desta iniciativa:
Hélder Marques de Sá
Rua Mestre Martins Correia, n.º 7, 1.º Dto.
2770-208 Paço de Arcos
email: sahelder@hotmail.com

Pedimos ainda aos militantes que adiram a esta iniciativa que descarreguem e imprimam o pedido coletivo do Congresso e recolham assinaturas de militantes regularmente inscritos no Partido, e ainda contactem outros militantes para alargar a recolha de assinaturas. Segundo o art.º 15.º dos Estatutos, precisamos de 2.500 assinaturas de militantes regularmente inscritos para a convocação do Congresso Extraordinário.

Quem queira esclarecimento sobre a iniciativa ou juntar o seu esforço a este pronunciamento patriótico pode fazê-lo com:
  • António Balbino Caldeira
    a.b.caldeira@gmail.com
Ou contactar algum elemento do grupo, que conheça. Estamos ainda disponíveis para realizar sessões de esclarecimento com militantes do Partido sobre este pedido de convocação de um Congresso Extraordinário do PSD.

A direção desta iniciativa cabe aos seguintes militantes:
  • António Manuel Balbino Caldeira
  • Rui Rodrigues 
  • Hélder Filipe Correia Marques de Sá 
  • Henrique de Jesus Teixeira de Sousa 
  • Alexandre Paulo Maria Vieira
  • Paulo Fernando Coelho Carvalho Pascoal
  • António Joaquim Magalhães Cardoso 
  • José António Borges da Rocha
  • João Paulo Pombo de Albuquerque
  • Emanuel José de Sousa Manzarra 
  • Paulo Ricardo Pereira Nogueira Henriques
  • Luís Filipe Henriques dos Santos
  • Ricardo Miguel Patrício Alpande
  • António de Jesus Albuquerque Pinheiro
  • Sandra Maria Castanheira Carvalho Veras
  • António Carlos Batista Parreira
  • Maria Josefina Santiago Centeno Cravo da Silva
  • José Herculano Monteiro Paulo
  • João Miguel Couto Francisco
  • Sandra Arminda João Seixas


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segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Perdoa-me



António Guterres deu nova entrevista à RTP
, em 30-11-2012, para afirmar, mais uma vez, que não é candidato à eleição presidencial do inverno de 2016. Já o tinha dito em 30-9-2011 na RTP-1 e em 30-9-2012 na EuroNews. É caso para dizer que já ouvimos! Guterres pretende o contrário: cada vez que nega - três vezes!... - ser candidato, espera que alguém se lembre dele antes do galo cantar. A procura capitalizar o efeito de uma sondagem do neosocialista i, que em 28-11-2012, o coloca como o Melhor Primeiro-Ministro da Democracia (sic) - uma sondagem em que não entra Francisco Sá Carneiro!... Em tempos de penúria, naquela escolha limitada, os respondentes preferem o franciscano pródigo, o esquecido líder de uma geração pestilenta de pê-ésses jóticos (Sócrates, Vara, Laurentino, etc.)...

Guterres atesta o seu desejo de retornar à política portuguesa e assume parte da culpa do défice (contrastando com a falta de arrependimento de Sócrates, um dos seus rivais para 2016):
«Todos aqueles que exerceram funções em Portugal têm uma responsabilidade no facto de nós, até hoje, ainda não termos sido capazes de ultrapassar esses défices tradicionais, essa incapacidade tradicional para competir em plano de verdadeira igualdade com os nossos parceiros, nomeadamente no quadro europeu. Ainda não fomos capazes - e eu próprio porventura também o não fui - de re-situar o país por forma a pudermos garantir aos nossos cidadãos melhores níveis de emprego e de bem-estar».
E procura justificar a sua decisão, prosseguida nos governos seguintes, de compra de novos submarinos para a Armada portuguesa.

Depois, relativamente ao tema real da entrevista do Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados (crítico da mediocridade dos líderes europeus...), cujo segundo mandato -  - termina em 2015, após um primeiro obtido com campanha no Clube de Bilderberg, Guterres fala novamente sobre uma candidatura sua às presidenciais de 2016:
«Eu não sou candidato a candidato a coisa nenhuma na vida política portuguesa. Entendo que houve uma fase da minha vida em que dei tudo aquilo que podia - melhor ou pior -,  mas dei tudo aquilo que podia para fazer o que pudesse para que o País pudesse seguir por bom caminho. Depois disso... acho que as coisas chamaram-me, uma certa vocação que me chamou, para outras coisas e neste momento sinto-me profundamente realizado a fazer o que estou a fazer.
- Mas afasta por completo a hipótese de regressar à política portuguesa?
Não me está a pedir para fazer juramentos porque juramentos são absurdos... Não tenho qualquer intenção de regressar à política portuguesa. Se quiser, esta é a resposta honesta que lhe posso dar neste momento.»
(Transcrição minha)

No fundo, uma espécie de Perdoa-me, um mea culpa televisivo a rogar ao povo que lhe consinta voltar. Se os portugueses não esquecem o défice, o assistencialismo crónico, a promoção de delfins jóticos, a sua fuga ao pântano da Casa Pia, Guterres tenta que o povo lhe conceda o perdão através desta desobriga à maneira das Donas (relembrando a sua interpretação no debate parlamentar de 22-6-1995)...


* Imagem picada daqui.

Uma mão lava a outra e as duas lavam um regime


A mãe do ex-primeiro-ministro grego, Georgios Papandreou, Margaret, de 89 anos, está alegadamente ligada a uma conta bancária, na Suíça, de 550 milhões de euros
, de acordo com o Telegraph, de 2-12-2012. O filho desmente as imputações, dizendo que se trata apenas de rumores.

A ex-ministra francesa das Finanças, Christine Lagarde havia providenciado, em 2011, uma lista de 1.991 gregos com contas no HSBC de Genève, na Suíça, e suspeitos de evasão fiscal, ao seu homólogo, Georgios Papaconstantinou, do governo socialista grego liderado pelo neto da dinastia Papandreou, do Pasok. Mas o ex-ministro socialista das Finanças desculpou-se que havia perdido  o CD, bem como a pen de back up. Ninguém dessa lista foi investigado pelas autoridades gregas e o jornalista, Kostas Vaxevanis, que divulgou parte da lista, que continha familiares de ex-governantes e de governantes atuais, chegou a ser detido. O Governo francês reenviou novamente a lista e entretanto foi achada a pen que a continha.


* Imagem picada daqui.

domingo, 2 de dezembro de 2012

O sofista Costa



O republicano, socialista e laico, António Costa discursou no 1.º de Dezembro de 2012. O internacionalista  a puxar pelo patriotismo... Já o diabo se faz frade!... Vale tudo para alcançar o poder.


* Imagem picada daqui.