quinta-feira, 2 de março de 2017

Diferenças

Observador, de 1-3-2017, publicou uma crónica de Luís Aguiar-Conraria com o título «À luz de moonlight: a homofobia mata» que contém interpretações que devem ser refutadas, tal como o artigo em que se baseia “Difference-in-differences analysis of the association between state same-sex marriage policies and adolescent suicide attempts”, de Julia Raifman, Ellen Moscoe e S. Bryn Austin, publicado em 20-2-2017, no JAMA Pediatrics, de larga difusão nos meios liberais. Uma crítica mais extensa pode ser encontrada no artigo «No, a study did not show that same-sex “marriage” laws reduce teen suicide rates - sloppy statistics and sad science», de William M. Briggs, de 23-2-2017.


Com todo o respeito, vamos aos factos:
  1. É errado dizer, como Luís Aguiar Conraria, que «a aprovação das novas leis do casamento levaram a uma redução de 7% nas tentativas de suicídio entre jovens LBGT».
  2. Nesse trabalho de Raifman, Moscoe e Austin, é indicada uma redução em termos absolutos das tentativas de suicídio dos jovens de 0,6%, a que corresponde a 7% de redução, no modelo, em termos relativos nos estados que legalizaram o casamento homossexual face ao período anterior.
  3. Raifman, Moscoe e Austin, não indicam o número de suícidios, mas as tentativas de suicídio relatadas pelos próprios jovens (self-reported suicidde attempts). 
  4. Cito os resultados do estudo de Raifman, Moscoe e Austin:
    «um valor ponderado de 8,6% de todos os alunos do liceu (28,5% dos 231.413 alunos que no estudo se identificaram como minorias sexuais) relataram tentativas de suicídio antes da aplicação das políticas de casamento de pessoas do mesmo sexo. As políticas de casamento entre pessoas do mesmo sexo são associadas a 0,6% (95% de intervalo de confiança, –1,2 a –0,01 pontos percentuais) na redução de tentativas de suicídio, representando uma redução, por causa da aplicação de políticas de casamento entre pessoas do mesmo sexo, de 7% na proporção de alunos do liceu que tentaram o suicídio.» (Tradução minha).

  5. Os autores não referem os números de tentativas de suicídio relatadas pelos demais jovens.
  6. Existem estados norte-americanos onde não houve redução, mas aumento de tentativas de suicídio relatadas pelos próprios.
  7. Os autores crêem ter isolado o fator da redução dos suicídios dos jovens homossexuais: a legalização do casamento dos mais velhos nesses estados. 

Em Portugal, a malvada da direita (a conservadora) e a Igreja Católica, atacadas no artigo de Luís Aguiar-Conraria, no Observador, por estarem do presumido lado errado da história, estão é demasiado caladas na afirmação dos valores, por medo de contrariar o totalitarismo do politicamente correto. Os motivos principais são: na direita dos interesses, a ideia de que isso-dos- costumes-não-interessa-nada-pois-o-que-conta-é-o-dinheirinho; e na Igreja, hierarquia e povo, a ideia temerosa de que se nos calarmos ninguém implica connosco. Ora, basta! Não podemos demitir-nos de afirmar os valores, os quais são muito mais importantes do que o dinheiro.

Então:
  1. Casamento é a união entre um homem e uma mulher. 
  2. A adoção de crianças por casais homossexuais não deve ser permitida: todas as crianças, incluindo as órfãs, têm direito a um pai e uma mãe.
  3. O aborto é um crime contra a vida do nascituro e não deve ser legalizado, nem gratuito, nem atribuído subsídio de maternidade à mãe.
  4. A eutanásia é um crime. A ninguém é legítimo tirar a vida de ninguém.
  5. O tráfico e o consumo de drogas deve ser sancionado.
  6. O abuso sexual de crianças é um crime cujas penas devem ser endurecidas, não deve prescrever e a idade de consentimento deve subir dos 14 anos, para evitar o abuso de meninos de 14 anos por homens, como agora se justifica.
  7. Cabe ainda afirmar que todas as ofensas contra homossexuais não são legítimas e, se tiverem relevo criminal, devem ser sancionadas. Não há grego, nem judeu, nem escravo nem livre, nem homem nem mulher. Outra coisa é chamar casamento ao que não é ou descriminar crianças por causa do politicamente correto.

11 comentários:

  1. Boa noite.
    (meu Deus... há quanto não escrevo...)
    permita-me uma outra visão - não sou politica, polida, já fui de esquerda, mas também não sou de direita, já fui convicta da "religião", há muito que aprendi no meu sentido de bem - humilde e que me deixa dormir bem.

    a) o casamento é um contrato. homem ou mulher? até há bem pouco éramos "combinadas" - pelo nosso bem, que sem "bens" que eram só no masculino, não éramos nem as mais que as cabras pelo qual éramos trocadas.
    O Casamento é um contrato, apenas e só, um papel, igual à escritura de uma casa - dizem depois umas coisas de"respeito" e "igualdade", mas deve ser só porque a Constituição deve aprender mais depressa que nós
    b) qualquer criança precisa de quê? De alguém! de Amor, carinho, exemplo, paz, educação, cuidado... Amor...
    Qualquer criança precisa sim: de alguém que a Ame!
    c) qualquer atentado à vida é um crime.
    Mas na Barriga de uma Mulher - e eu tenho "pavio curto", também não há cá modernices de aceitar indulgências eternas de 9 meses - 10 semanas já é muuuuiiito tempo.
    Mas há. Mas eu sei, que não sei, nem imagino o que poderá obrigar uma mulher, alguém que é mãe a tal decisão -mas há. Há quem o tenha que fazer.

    E Mãe, não é quem pare - mas quem cria!
    d) desde que haja um Testamento Vital registado - a Eutanásia é um crime.
    Mas, por favor, desliguem-me toda e deixem-me partir assim que só saiba sofrer.
    Caridade não é só partilhar o pão - é também tratar as feridas... na sua inteira plenitude, mas livre-me de que tenha que ajudar alguém...
    e) morro de medo pela minha Cria. Tentamos "semear as melhores sementinhas" mas não sabemos o que vai brotar!
    Vou deixar de ser mãe se ela a tal se contagiar?
    f) não deve prescrever, deve ter penas duríssimas e... é mesmo só neste caso... só neste que acho que havia de haver mais. Ficar quietinho numa cela é um luxo a quem nada merece - esses, para mim, nem a eutanásia!
    g) diferenças de género, 3º sexo, homossexualidade... a percentagem de indefinição de género à nascença não é assim tão irrelevante.
    A palavra "Liberdade" ainda quer dizer alguma coisa, ou estarei a ser só idealista?

    por favor - só senti necessidade de concordar discordando.
    Não posso dizer que discordo consigo - mas já vi demasiadas vezes o mundo a "preto e Branco" que descobri, com o tempo, (bolas... lá estou eu a pensar "há 20 anos...") que há nuances, tons, culturas, liberdades... há um arco-íris mesmo que a maioria (dos ditos objectos áureos) não consiga ser forte o suficiente para ser claro o Azul Indigo e só se veja as normais 6 cores!

    Foi um prazer.
    Perdoe-me incomodar... (mas não resisti) é demasia "eu" na sua e na minha visão.

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  2. só mais uma pitadinha ao ponto d)

    E apague se assim achar - eu entendo-o. Mesmo!

    http://errografico.blogspot.pt/2017/02/eu-vou-morrer-se-tiver-que-escolher.html

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  3. mnica ;* disse...
    Coisas muito lindas, pela sua verdade, pela sua humanidade.
    Deus a abençoará e à sua Família.
    Amén

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  4. Conraria é, tecnicamente, um idiota. O problema maior das idiotices é que dão muito mais trabalho a desmontar do que em proferi-las. Normalmente, não vale o esforço. Falem sozinhos. O Observador devia reger-se pela diversidade de opiniões de equivalente qualidade argumentativa. Não é o caso com Conraria nem é caso único.

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  5. O Observador é um órgão de desinformação.
    Ponham os olhos no Dinis.
    Quanto ao post, inteiramente de acordo. A sociedade em que vivemos está completamente subvertida por estas idiotices de gente utópica que quer impor as suas fantasias e passar as suas perversões, assassinando a escala de valores tradicional, base da nossa civilização.

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  6. Georgina Santos Monteiro4 de março de 2017 às 16:29


    @Anónimo (4 de março de 2017 às 02:00)

    Perfeito, assim é!


    @Anónimo (3 de março de 2017 às 18:33)

    Rejeitar, sem discussão. Falar com (autênticos) burros é em vão?

    Decadência clara em toda a Europa. Isto não pode terminar bem.

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  7. Um casamento sempre foi e será entre um homem e uma mulher. Embora os homossexuais se sintam na necessidade de subverter o casamento e ter "filhos", coisa que repudiavam e odiavam nos hetero, para se sentirem legitimados não vão alterar o seu significado. A pouca adesão mostra que foi só uma bravata para mostrarem poder e intolerância.

    Depois há os palermas: uma criança "precisa é de amor". Não ... não usem as crianças. Uma criança precisa de um lar seguro, um pai e uma mãe e mais que amor: uma educação para serem adultos.

    Um lar homossexual não é bom para as crianças. Há muitos artigos publicados: uma criança criada numa família de pai e mãe sai com mais aptidões para ser adulto de sucesso e mais tolerante; um lar gay é mais instável, dura menos tempo, há mais violência e mais infidelidade; os gays são 1 a 3% da população contudo são responsáveis por mais de 30% dos abusos sobre crianças.

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  8. Anónimo das 12.33: completamente d'acordo com o que escreveu. Comentário cinco estrelas.

    Parabéns ainda ao António pelos seus últimos textos. Todos brilhantes, para não fugir à regra.
    Maria

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  9. O Observador guinou para a Esquerda.

    Arthur

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